sábado, 18 de dezembro de 2010

Ser multitarefa pode ser ineficiente e estressante, diz estudo

O texto abaixo foi adaptado do original publicado no blog Foco em Gerações.

Desempenhar muitas tarefas ao mesmo tempo nem sempre significa ter um bom desempenho, demonstrou um estudo publicado há algum tempo pela Universidade de Stanford, nos EUA.

Para desenvolvê-lo, foram reunidos cem estudantes, divididos em dois times. O primeiro grupo era composto por estudantes “super multitarefas”, que têm o hábito de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o tempo todo.

O segundo era formado por “multitarefas normais”, ou seja, que só fazem atividades simultâneas de vez em quando. Testes foram aplicados aos dois grupos e o resultado apresentado mostrou que os primeiros distraem-se com mais facilidade e são menos hábeis em filtrar informações irrelevantes do que os demais.

A Universidade de Utah também conduziu um estudo similar, que mostrou que apenas 2,5% das pessoas têm a capacidade de alternar tarefas simultaneamente de forma rápida e eficiente. Ou seja, essa é uma virtude rara, como se pode conferir nos links abaixo:

Supertaskers: Why Some Can Do Two Things at Once
Supertaskers: Profiles in extraordinary multitasking ability

Essas lições são importantes para colocarmos a questão na perspectiva do mundo corporativo. Cada vez mais as empresas buscam profissionais polivalentes, mais produtivos, mais colaborativos e flexíveis. Tudo isso pressiona os trabalhadores a terem um perfil mais multitarefa. Não é por acaso que muitos vangloriam a geração Y, que é multi-tarefa "by design"

O grande problema é que parece que a sociedade atual está passando do ponto razoável.

Eu conheço muitas pessoas que vivem conectadas, o que a princípio parece bom e interessante para a empresa onde trabalham, afinal velocidade e disponibilidade são virtudes bem vistas no mundo corporativo. A questão é que tais pessoas vivem com o cérebro em sobrecarga constante. A pressão contínua provoca uma espécie de “fadiga do cérebro”, que nada mais é do que a saturação da capacidade de memória ou dificuldade de assimilar informação.

Os especialistas dizem que estamos muito longe de ter atingido o limite da “fadiga mental” ou de “adaptação do cérebro” ao bombardeamento de informação, mas a verdade é que estamos todos mais angustiados com o dia a dia da vida moderna, especialmente no trabalho.

Uma maneira simples de analisar a realidade atual é observar o comportamento das pessoas. É quase impossível que alguém que receba de 50 a 100 e-mails por dia consiga responder a todos eles. E é preciso ser muito pragmático para elaborar e escrever a maior parte das respostas, que geralmente são feitas com atenção reduzida e talvez sem a análise adequada de cada caso, já que a pessoa já está pensando no próximo e-mail e em todas as pendências que tem em sua caixa de entrada.

O espaço mental para a reflexão diminuiu consideravelmente. Eu mesmo recebo mais de 200 emails por dia. E você acha que consigo ler todos?

Por fim, outro ponto é que o cérebro cheio e ocupado tira o tempo necessário para descanso e pensamento de novas ideias. E aí vem o conceito do ócio criativo, muito bem explorado no famoso livro de Domenico de Masi.

O tempo de descanso para o cérebro permite à pessoa pensar nas experiências que teve e transformá-las em memória de longo prazo. E isso quem disse foi Loren Frank, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade da Califórnia de São Francisco, numa boa matéria chamada "Digital Devices Deprive Brain of Needed Downtime" publicada no NY Times. O conceito foi reforçado por um estudo da Universidade de Michigan que diz que as pessoas aprendem melhor se, depois de uma aula, forem dar uma caminhada num bosque em vez de irem andar um ambiente urbano agitado.

Enfim, tudo isso exige uma reflexão individual de como sobreviver a tanta estimulação simultânea. Que tal se desconectar um pouco?



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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Blog de um executivo - uma experiência real que não deu certo

É sempre bacana ler livros e revistas a respeito do potencial de uso das redes sociais nas empresas, o problema é que eles raramente falam de experiências negativas, todos gostam de contar casos que deram certo. O nosso dia a dia mostra que a gente acaba aprendendo mais com os erros do que com os acertos. Este caso que vou contar é real e foi vivido por mim.

Um executivo me procurou dizendo que gostaria de lançar um blog interno para falar com sua organização. É bem verdade que eu incentivei este projeto desde o início, não foi somente uma iniciativa dele, mas como ele tinha uma organização enorme, certamente um blog seria um bom canal de relacionamento dele com seus funcionários.

O objetivo inicial do blog era estabelecer uma conversa com os funcionários, fomentando discussões sobre estratégia, planos e resultados. Numa organização com vários níveis hierárquicos, com um número enorme de funcionários, a meta era a conversa direta, sem interferência e filtros.

O primeiro post foi uma "festa". A notícia do blog correu dentro da empresa, foram vários comentários, apesar do primeiro post ter sido aquele tradicional "boas-vindas, cheguei", prometendo uma conversa franca e direta. O executivo estava feliz. Parecia que o blog já estava cumprindo o seu papel. Os comentários escritos no blog davam os parabéns pela iniciativa, pela ousadia e pelo exemplo que serviria para os executivos de outras áreas.

Nos 2 meses seguintes o executivo publicou 6 posts, alguns longos, outros mais curtos, e quase sempre recebeu comentários. Nos posts publicados eu não identifiquei novidades diferentes daquelas já ditas nos meios de comunicação interna da empresa. Mas vale destacar o terceiro post, quando ele apresentou sua visão a respeito de uma prática de recursos humanos da empresa. Ele deu uma opinião pessoal e particular, e isso sempre cai bem num blog, especialmente de um executivo. O problema é que o blog ficou mudo após 2 meses de atividade, nada mais foi publicado. O próximo e último post do blog foi publicado 60 dias depois, que acabou sendo escrito por uma funcionária da área de comunicação que estava preocupada com a morte precoce do blog. Ela escreveu o texto e sugeriu ao executivo para publicar, ele fez a revisão e deu OK. O post foi publicado em seguida, com a assinatura dele.

Esta foi a história do blog, que teve vida de quase 4 meses, com apenas 8 posts, sendo um de boas-vindas e outro escrito por uma ghost-writer. Meses depois, conversando com o executivo, ele lamentava do blog não ter dado certo, dizia que teve pouca repercussão, que esperava mais comentários e mais interesse da comunidade. Reclamou da sua falta de tempo e disse que preferia investir mais na comunicação interna tradicional (como newsletter eletrônica, mural e intranet) do que num blog ou redes sociais. E deu a experiência como encerrada.

Olhando pelo retrovisor, me atrevo a dizer que o blog teve mais acertos do que erros, mas ficou evidente que o blog não emplacou devido a pequenas coisas. As coisas estavam indo bem no início do projeto, a experiência era positiva, mas pequenos obstáculos começaram a aparecer. Eis a minha avaliação pessoal:

1- Os posts não tiveram regularidade de publicação.

2- A maiorias dos posts não tinham informação exclusiva ou uma abordagem diferente do que era publicado nos outros canais de comunicação. Ou seja, eles não traziam algo realmente especial, pareciam mais do mesmo. Portanto, não havia uma motivação esepcial dos funcionários para acessá-lo.

3- Muitas vezes o executivo usou uma linguagem mais institucional do que pessoal, com frases frias, distanciando a conversa pessoal que todos esperavam do executivo. Talvez eu esteja sendo duro aqui, mas quero alertar este ponto porque ele é muito importante.

4- Os posts eram sempre muito assertivos, não apresentavam perguntas ou dúvidas e não convidavam os funcionários a opinarem sobre algo. Ou seja, faltou polêmica.

5- E o mais importante: faltou crença, perseverança e tempo. Faltou o executivo acreditar de verdade no projeto, investir um pouco mais de tempo e dedicação, me parece que ele desistiu muito facilmente.

Enfim, este foi um caso que não deu certo, quando tinha tudo para ser sucesso. O executivo é um vencedor, admirado por todos e com conteúdo riquíssimo que merecia ser compartilhado com a organização. Analisá-lo depois é muito fácil, da mesma forma que analisamos uma partida de futebol. Difícil é analisar e tomar decisões durante a partida. Existem inúmeros casos de projetos de blog que deram certo, mas, particularmente, com eu já disse antes, eu acho que aprendemos mais nas experiências negativas do que nas positivas.

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Como (não?) fazer um jingle

A história que vou contar abaixo é parcialmente verdadeira. Depois explico.

A agência sabia que aquela reunião não seria trivial. O cliente acabara de chegar na agência e todos sabiam que aquele era um cliente difícil. Era um diretor e dois gerentes. Do lado da agência também eram três pessoas, entre elas um profissional de criação e o gerente de atendimento. O objetivo da reunião era discutir o briefing para a criação de um jingle de rádio.

Logo no início da conversa, o diretor do cliente desandou a falar: "Acho que essa reunião vai ser rápida. O briefing é bem simples. Temos que falar que vendemos soluções customizadas..."

A criação da agência interrompeu:
"Soluções customizadas? Num jingle de rádio? Mas ninguém vai entender o que é isso..."

"Enteeeende, entende sim", respondeu o executivo do cliente. "Quem compra sabe o que é isso. E tem que falar que vendemos soluções customizadas em facilities..."

"Facilities?"

"E também multi-serviços integrados..."

"Não esquece de falar da otimização de resultados", disse um dos gerentes do cliente para desespero da agência.

O outro complementou: "Tem que colocar também gestão de infraestrutura..."

O rapaz da criação coçava a cabeça enquanto o atendimento da agência pulava da cadeira: "mas isso é muito ruim para um jingle. Ninguém vai entender nada".

O cliente continuou: "E tem colocar as duas marcas da nossa empresa, que é confiança e qualidade". O colega dele complementou: "E a tradição? Tem que colocar também, afinal somos uma empresa muito tradicional".

O pessoal da agência estava atônito. Um deles falou: "mas está muito complicado... e não dá para colocar tudo isso num jingle de apenas 30 segundos".

O diretor do cliente respondeu: "Dááá... dá sim. Para isso contratamos uma agência como vocês. Um bom criativo faz isso fácil, fácil. E tem que terminar repetindo que nós vendemos soluções customizadas em facilities. Tem que reforçar isso. É nisso que nós somos bons. Aahhhh, e não pode deixar de fechar o jingle dando o número de telefone da empresa".

Obviamente que a história acima fui eu que inventei, mas daqui prá frente não é não.

Eu ouço o jingle abaixo há anos. Acho incrível que este jingle ainda permaneça no ar, na mesma rádio e sempre no mesmo horário. Tenho ele memorizado na minha mente durante todo este tempo, mas não sei dizer se isso é positivo ou negativo. Mas tudo bem, eu não faço parte do público alvo deste anúncio. O fato é que eu não acho razoável um jingle ficar no ar durante todo esse tempo e sempre faço zapping no rádio quando ele toca, simplesmente porque não suporto mais ouvi-lo.

Me conta o que você achou do jingle.



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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CEOs perdem tempo nas redes sociais

Vejam a história abaixo publicada pela Lucy Kellaway em sua excelente coluna do Financial Times, reproduzida em terra-brasilis no jornal Valor Econônico. Eu fiz o sumário abaixo agregado com meus comentários, mas o artigo original se encontra AQUI (vale a muito a pena ler ele todinho!!!!). Este é um bom exemplo a respeito do assunto que toquei no post "Os executivos não blogam porque eles têm coisas mais importantes para fazer".

Meses atrás, o comediante Armando Iannucci, que é bem conhecido no Reino Unido, conduzia seu carro numa rodovia e resolveu parar numa loja da Starbucks na estrada. Ele é um sujeito que escreve muito no seu twitter, compartilhando o seu cotidiano. Ao se deparar com algo que não gostou no banheiro da Starbucks, ele não titubeou e soltou uma mensagem no twitter para os seus 93 mil seguidores: "Me surpreendo que, embora domine o mercado, a Starbucks ainda não consiga eliminar aquele cheirinho de banheiro que a gente sente quando entra".

Rapidamente o presidente da Starbucks no Reino Unido, Darcy Willson-Rymer, respondeu em seu twitter:
"Obrigado pela informação. Que loja você visitou?".

Ainda pelo twitter, Iannucci respondeu que estava na cidade de Warwick, mas que o "cheirinho ruim" era sentido em várias lojas da Starbucks. Willson-Rymer agradeceu novamente e prometeu investigar. Em seguinda o comediante tuitou: "Uma boa notícia. A Starbucks agora está preocupada com o seu cheiro de banheiro".

Estou certo que a grande maioria dos especialistas em mídias sociais vão afirmar que este é um excelente exemplo de como as empresas podem e devem se relacionar com os seus clientes e sociedade nas redes sociais. Ou seja, uma resposta rápida, assertiva e vinda de um líder credenciado da empresa. A princípio eu até concordo, mas acho o caso questionável como um exemplo realmente útil.

As redes sociais são um tremendo canal de relacionamento com os clientes, funcionários e sociedade. Mas também formam um poderoso instrumento de distração e devaneio. Estou convencido que tais redes podem causar distúrbios imensos nas lideranças das empresas, fazendo com que eles gastem tempo e recursos em coisas que não valem a pena.

A análise de Lucy Kellaway em seu artigo é excelente. Será que a rede Starbucks realmente tem "cheirinho" de banheiro? Vamos supor que sim, então o presidente não deveria depender de uma tuitada para descobrir isso. Certamente o seu staff deveria tê-lo informado disso há muito tempo e já deveria ter tomado providências.

Outro ponto é se o que este sujeito escreveu tem realmente relevância ou causa algum impacto para a imagem do Starbucks, mesmo considerando que ele tem mais de 90 mil seguidores. Sinceramente? Eu acho que não. E, mesmo que aja alguma relevância, a mensagem do comediante não foi direcionada para a Starbucks. Ou seja, não havia nenhuma expectativa de resposta por parte da rede de cafeterias. O post poderia ter passado desapercebido.

Se eu estivesse no comando desse processo, provavelmente tomaria duas providências. A primeira seria disparar um processo interno na empresa para verificar se o que ele falou realmente é fato. A segunda seria monitorar o twitter e ver se a mensagem do comediante iria ter alguma repercussão ou consequência, como por exemplo retuitadas dos seguidores do comediante e comentários adicionais. Só depois disso é que eu pensaria em tomar alguma ação na rede.

Independentemente de tudo que eu escrevi acima, o fato é que ignorar uma coisa como essa poderia ter poupado tempo à administração da empresa. Agora eles devem estar colocando um monte de gente para cheirar os banheiros... :)

Lucy diz que fez uma pesquisa na rede e não viu ninguém reclamando ou repercutindo o fato do cheiro nos banheiros. Ou seja, muito provavelmente esse assunto não tem nenhuma relevância para os usuários e clientes da rede de cafeterias e parece ser um tremendo desvio das prioridades da empresa.

O resumo disso tudo é que as redes sociais podem ser perversas para as empresas. As empresas e os executivos têm que estar conscientes disso. Ficam dois recados aqui:
- Blogs e redes sociais não podem ser encaradas como aventuras empresariais;
- Os executivos não devem assumir que os integrantes da rede têm consciência plena do que vale ou não a pena reclamar ou comentar.

As redes é uma arena aberta, onde todos entram para elogiar e, muito especialmente, para espinafrar e zombar. Portanto, critério, planejamento e "canja de galinha" não fazem mal a ninguém.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Liberdade nas redes sociais dá nisso...

Para quem dá liberdade completa no uso de mídias sociais como a IBM, as vezes a gente se depara com algumas surpresas na web. Basta peneirar um pouco mais na rede e aparecem algumas pérolas como o vídeo abaixo:



Esse vídeo foi feito dentro do nosso Centro de Serviços em Hortolândia, em São Paulo. O pessoal pareceu meio constrangido, não?
Ô, pessoal! Dá prá próxima vez capricha mais!!

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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Os executivos não blogam porque eles têm coisas mais importantes para fazer

Texto publicado no Nós da Comunicação.

Uma pesquisa no ano passado, publicado pelo site UBERCEO, mostrou que os executivos realmente estão distantes das redes sociais, e os principais motivos são os riscos que as redes podem trazer para a reputação da empresa, pelo vazamento de informações estratégicas, pela falta de conhecimento em como lidar com as redes e pela paranoica percepção de que o acesso livre às redes gera improdutividade do funcionário.

Uma pesquisa feita por mim junto a CEOs de algumas empresas, recentemente, apontou dez motivos por que os executivos não blogam.

Sabendo que sou estudioso do tema redes sociais nas empresas, muitos colegas me perguntam qual é a minha visão pessoal a respeito dos executivos não blogarem. Pois bem, eu tenho uma visão bem simplista a este tema e desculpe se ela vai decepcionar você. Os executivos não blogam porque eles têm coisas mais importantes para fazer. Tão simples quanto isso.

Imagine a situação de um executivo que está assoberbado de tarefas e, de repente, chega uma tuitada dizendo que o banheiro do terceiro andar está sujo e que isso é um absurdo, que a empresa deveria se preocupar mais com o banheiro dos funcionários, e blá, blá, blá. O que o executivo deve fazer? Ele deve parar o projeto estratégico da empresa de ‘transformar o mundo’ e cuidar de chamar alguém para limpar o banheiro ou... ele não deve dar ouvidos para aquele funcionário chato que resolveu reclamar do banheiro com o cara errado?

Os executivos, especialmente os presidentes, estão focados em cumprir os objetivos assumidos com a empresa e seus investidores, em criar relações sadias e duradouras com a sociedade, em atender e surpreender seus clientes, etc etc. As metas são desafiadoras e os planos arrojados, quase impossíveis. Colocando tudo isso na balança, fica quase evidente que blogar não parece algo tão prioritário assim. Ahhh, soma-se a isso o velho dilema da falta de tempo, que é algo real... e vai sempre piorar.

Investir num blog só vale a pena para alguém que tenha realmente o que falar. Se o executivo precisa falar com diversos públicos e identifica um blog como um canal adequado, então é hora de ir a luta e investir num projeto desse tipo.

Tenho que reconhecer que blogs e redes sociais têm um enorme poder de causar distração, de tirar você do foco. Analise você mesmo ao navegar na internet. Você começa por um caminho e, em menos de 10 minutos, você já está navegando por outros mares, vendo e fazendo outras coisas que não pensou inicialmente. Aplique este mesmo conceito na vida de um executivo e você verá o poder de destruição que isto pode causar em sua agenda de prioridades. No fundo, no fundo, blogar é uma delícia, mas a obrigatoriedade de blogar é um saco... e a obrigatoriedade de blogar ‘certo’ é pior ainda.

Tudo isso é uma pena. Eu acho que um blog seria um espaço perfeito para os executivos falarem o que pensam. Atualmente os CEOs são muito controlados para falar publicamente. Qualquer coisa impacta as ações na bolsa, os clientes, os funcionários e a sociedade. Eu, confesso, faço parte da turma que coordena relações públicas numa grande empresa e ajudo na construção desta percepção a respeito dos CEOs. Isso tudo transforma os comandantes das empresas em seres arredios a emitir opinião própria, especialmente as negativas e polêmicas, eles quase sempre seguem a visão da empresa a respeito de determinado assunto.

Seria maravilhoso para sociedade ver os executivos contribuindo para a blogosfera. São pessoas mais experientes, com muito conteúdo, que contribuiriam para uma discussão melhor e mais rica. Infelizmente a internet está abarrotada de pessoas que contribuem pouco, a maioria participa de forma muito superficial. Como diz a Lucy Kellaway, colunista do ‘Financial Times’: "a maioria das pessoas entra na internet para esculhambar algo ou alguém, é um grande passatempo global".

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terça-feira, 23 de novembro de 2010

10 motivos por que os executivos não blogam

A Época Negócios deste mês publica uma colaboração minha. A matéria "Cadê seu blog, presidente?" tem origem numa pesquisa que eu fiz. Perguntei a dez executivos, de diferentes empresas, o motivo deles não terem blogs ou não participarem ativamente das redes sociais. As respostas não me surpreenderam, mas fiquei incomodado com elas.

Aí vai: Por que você não bloga?

1- FALTA DE TEMPO
A maioria alega falta de tempo. Todos eles afirmaram que os blogs e as redes sociais significam relacionamento, portanto dedicar tempo é pré-requisito fundamental. Eles acham que se o blog for bem, existe o risco deles precisarem de cada vez mais tempo para manter o diálogo. Ficou claro que a falta de tempo é uma síndrome de todos os executivos.

2- MEDO DE ENTRAR EM DISCUSSÕES POLÊMICAS
A maioria acha que os funcionários usarão a rede social interna de empresa para reclamar de alguma coisa da empresa ou do ambiente de trabalho: salário, benefícios, clima, instalações, etc. Ou seja, existe a percepção de que os funcionários tratarão a rede social como um canal de críticas e registro de insatisfação. Eu, particularmente, não acredito nisso. Existem pesquisas que mostram que a maioria dos funcionários nas empresas usam os blogs e redes como via para colaborações construtivas e positivas. Afinal, ao se identificar com seu nome e senha para comentar numa rede ou blog, o funcionário estará se expondo para toda a empresa, e ele vai querer aparecer bonito na foto, né? Já nas redes sociais externas, para clientes, existe o conceito de que os clientes usarão este canal para fazer reclamações e como complemento aos canais tradicionais de atendimento ao cliente.

3- PERCEPÇÃO DE QUE NÃO É RELEVANTE
Existe um sentimento de que as discussões nas redes sociais poderão não ser interessantes, e isto reforça o conceito da falta de tempo. Afinal, por que alguém vai investir tempo em algo que não julga relevante? A maioria acha que os assuntos serão fúteis. Este é um equívoco, pois um dos maiores benefícios das redes sociais é evidenciar os assuntos que interessam à comunidade. Na verdade, o conceito é exatamente o oposto do que os executivos disseram, ou seja, os executivos deveriam usar as redes sociais para descobrir e entender os principais temas que preocupam a comunidade e trabalhar neles.

4- INSEGURANÇA DE ATÉ ONDE VAI A CONVERSA
Este é um conceito interessante. Alguns executivos sentem medo de uma conversa sem fim. É como se um determinado assunto começasse a ser discutido e os posts/comentários subsequentes levassem a conversa para um patamar exageradamente específico e desinteressante, quase pessoal. É como se a rede social fosse usada para discutir/evoluir a respeito de uma situação individual, que seria desinteressante para a comunidade como um todo. Ou seja, existe uma insegurança de quando terminar a conversa sobre algo.

5- INSEGURANÇA PARA ESCREVER
Alguns poucos me disseram que se sentem inseguros para escrever e alegaram falta de fluência na escrita. Usaram a expressão "eu estou enferrujado". Outros me disseram que gostariam da ajuda de alguém para escrever no blog ou rede por eles, mas sempre sob sua supervisão e orientação.

6- RISCO DE IMAGEM
Este foi um ponto citado por alguns, mas não senti que é um grave problema. Existe uma insegurança de que muitos funcionários falando sobre a empresa poderão causar problemas de imagem, especialmente porque dará visibilidade de algumas situações negativas que podem estar confinadas a algum departamento ou setor da empresa, e que numa rede social teriam ampla divulgação e/ou debate. A preocupação aumenta se imaginarmos uma rede social ou blog externo.

7- VAZAMENTO DE INFORMAÇÃO
Esta é uma preocupação geral, mas notei que ela é mais evidente nas empresas onde não existe a cultura de "proteção à informação". Os executivos que trabalham nas empresas onde os funcionários já são treinados e têm consciência do que é informação, se mostraram bem mais relaxados com este tipo de preocupação.

8- MEDO DE DIZER QUE NÃO DEU CERTO
Este é um conceito interessante. O maior problema de um blog é que ele é um passo de difícil retorno. Se o blog der certo, a tendência é ele consumir cada vez mais tempo e atenção, ocupando mais espaço na agenda do executivo (e este é um temor já descrito no primeiro item). Se o blog der errado, o executivo vai se expor e terá de reconhecer que errou em alguma coisa. Ou seja, o lançamento de um blog sempre tem seu preço, mas o medo de fracassar aterroriza os executivos. Já imaginou ter de reconhecer de que não foi capaz de estabelecer e sustentar um diálogo com a comunidade?

9- IMAGEM PERANTE OS COLEGAS EXECUTIVOS
Este é um feedback inesperado. Acredite se quiser, mas existe ainda entre os executivos a imagem de que ter um blog é para quem tem tempo sobrando, para quem está mais à vontade para navegar pelas redes sociais. E esta não é uma imagem que os executivos desejam demonstrar para os seus outros colegas executivos, né? Eles têm que se mostrar bastante atarefados, angustiados e apressados. Um dos executivos me contou que lançou um blog pessoal no passado, ao contar para o chefe, a resposta dele foi: "que bom que você tem tempo para isso".

10- A COMUNIDADE NÃO ESTÁ PREPARADA
De maneira geral, os executivos alegam que a comunidade com que desejam interagir não está preparada para usar as mídias sociais de maneira adequada. Os motivos são alguns dos citados nos itens anteriores. A surpresa aqui é que eles "jogam a culpa" nos outros, esquecendo que eles próprios parecem também não estar preparados para o mundo das redes, conforme evidenciado em alguns medos já descritos acima. Daí eles alegam que precisam esperar um pouco mais.

Apesar de algumas preocupações exageradas e o tradicional receio de entrar em algo novo, eu adorei descobrir que ninguém citou a velha questão da perda de produtividade. Isso foi muito bom. O mito da perda de produtividade é algo que sempre me incomoda. Outra coisa boa é que todos falaram que está cada vez mais impossível não ter um blog ou negligenciar as redes sociais. Foi bom saber que eles estão incomodados com a distância das redes. Enfim, todos têm que consciência que terão que entrar nas redes em breve.

Se eu tivesse que resumir todo o texto acima em poucas palavras, eu diria que os executivos não blogam por 2 motivos básicos:
1- Porque acham que vão perder tempo;
2- Porque têm medo do diálogo.

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sábado, 20 de novembro de 2010

As gerações no mercado de trabalho

Na semana passada, o Jornal da Globo apresentou uma série especial sobre as gerações no mercado de trabalho. É um dos melhores materiais que já assisti a respeito dos Baby Boomers e das gerações X e Y no trabalho. A matéria também fala sobre a geração Z, a geração mais nova que estará chegando no ambiente de trabalho em pouco tempo. Aí o bicho vai pegar ainda mais!!! :)
A série nos brinda com entrevistas de Eline Kullock, Mário Sérgio Cortella e outros profissionais. Vale a pena assistir e indicar para os amigos e colegas que estudam o tema. Muito rico. Veja abaixo os 5 filmes que compõe a série.

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Estudante de Direito faz um melê no twitter, é demitida e responderá por crime de racismo

Eu poderia montar um blog só relatando casos de uso inapropriado de redes sociais. O número é enorme e crescente, mas existem alguns casos realmente emblemáticos, como por exemplo a história abaixo, que foi noticiada largamente nas duas últimas semanas.

No domingo das eleições no Brasil, o twitter foi inundado de mensagens agressivas contra pessoas de origem nordestina. Foram manifestações de ironia, preconceito, ódio e depreciação explícita, muito deprimente mesmo. O pano de fundo era o forte apoio da região nordeste à candidata Dilma para presidente. Aparentemente, a maioria das mensagens eram de pessoas do "sudeste-sul maravilha" que criaram uma espécie de corrente no twitter.

Nesta enxurrada de mensagens no twitter, alguns nomes se destacaram negativamente (esse é o lado bom e perverso das redes sociais, elas deixam nomes, rastros, dia e hora... prá sempre!!), entre eles o nome de Mayara Petruso. Foram várias mensagens agressivas publicadas no twitter, como por exemplo:

"AFUNDA BRASIL. Deem direito de votos pros nordestinos e afundem o país de quem trabalhava pra sustentar os vagabundos que fazem filho para ganhar o bolsa 171".

"Nordestino não é gente. Faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado!"


A percepção é que os posts de Mayara Petruso foram o estopim de tudo. Dias depois do fato, os jornais divulgaram que o escritório de advocacia onde ela estagiava enviou uma nota para imprensa comunicando que "a estudante não fazia mais parte dos quadros do escritório" e expressando indignação pela atitude dela. O irmão de Mayara publicou uma carta aberta pedindo compreensão e desculpas. O pai da estudante também falou aos jornais sobre o episódio. Enfim, foi um melê só. Experimenta digitar o nome dela no google e veja o resultado.

A Ordem dos Advogados do Brasil de Pernambuco (PAB-PE) entrou com uma notícia crime contra Mayara. A princípio ela poderá ser acusada de dois crimes: crime de racismo e de incitação ao homicídio. São penas de anos de prisão mais pagamento de multa. O caso ocupou os jornais do país e a notícia foi publicada em alguns veículos do exterior.

A mesma punição aplicada à estudante poderá ser aplicada a todos aqueles que publicaram frases preconceituosas, inclusive os nordestinos que, para se defender, publicaram e ainda publicam mensagens de ódio regional. A Procuradoria Regional da República de São Paulo quer punir pessoas para servir como exemplo.

Esta situação se junta a tantas outras que poderão contribuir para o fim da percepção que a internet é um território livre, onde qualquer um escreve o que bem entende, publicando calúnias e ficando isento de punições ou sanções de qualquer espécie. Já existem muitos exemplos mostrando que esse contexto está mudando. No caso de Mayara, ela poderá nem mais se formar no seu curso de direito, perdeu o emprego e teve seu nome publicamente conectado a um episódio lamentável. Só isso já seria uma "bela" punição, mas ela poderá passar algum tempo na prisão também.

O mais incrível na análise desses casos é que eles acontecem com pessoas esclarecidas. Tal qual o caso do diretor de marketing que foi demitido por uso inadequado do twitter, este caso é de uma estudante direito. Parece incrível, e é mesmo. Ela foi imprudente, emocional e incoveniente, tudo que um pretendente à cadeira de advogado não deveria ser. Juro que sinto vergonha e tristeza em ver cidadãos gastando tempo na web neste tipo de ação. Em resumo, trata-se de mais um caso na rota de amadurecimento das redes sociais.
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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Foto no Facebook provoca demissão de funcionário na Austrália

Um homem na Austrália, que tomou dois dias de licença médica, foi demitido de seu emprego depois que seu empregador viu uma foto dele numa festa no Facebook. O ex-funcionário ainda buscou um atestado médico para tentar rever o caso, mas foi em vão. Ele foi ao FWA - Fair Work Australia (uma espécie de Tribunal de Relações Trabalhistas do país) - para tentar apelar contra a sua demissão, mas o tribunal afirmou que existiam "claras evidências" da conduta negativa do rapaz.

Existem, pelo menos, cinco casos registrados na FWA onde funcionários foram demitidos por conta de evidências no Facebook. É bem possível que existam mais casos que não foram registrados na FWA. Segundo declaração de autoridade da FWA, cada vez mais é maior o número de trabalhadores reclamando de seus empregadores nos sites de redes sociais. O problema é que o Facebook é uma plataforma pública e muitas vezes os trabalhadores se equivocam em suas colocações e acabam se expondo de maneira inadequada.

A mesma autoridade afirma que posts no Facebook, mesmo que realizados fora do horário de trabalho, ainda estarão lá no dia seguinte quando o trabalho recomeça. E termina dizendo: "Seria insensato os funcionários pensarem que podem dizer o que quiserem em sua página de Facebook com imunidade total de todas as consequências". Veja AQUI a história publicada em um dos jornais locais.

Este é mais um caso que pode ser incluído no capítulo "Use as Redes Sociais com moderação. A vítima pode ser você". Aliás, eu já publiquei várias histórias aqui neste blog. Eis algumas para recordar:
Ex-funcionária sofre ação judicial por sua atuação em rede social
Mulher canadense tem benefício da seguradora suspenso devido a fotos no Facebook
Justiça condena dono de blog por comentário de internauta
Diretor de empresa faz comentário inapropriado no twitter e é demitido

Por outro lado, um caso recente mostra que o assunto é polêmico e pode ser analisado por prismas diferentes. Uma empresa americana está sendo acusada de demitir ilegalmente uma funcionária por ter criticado o chefe no Facebook. O Conselho Nacional de Relações Trabalhistas, uma agência federal americana, afirma que os empregados tem direito de conversar sobre as condições de trabalho, seja no bebedouro ou no Facebook". Ou seja, segundo a agência, um trabalhador não pode ser demitido por externar uma opinião no Facebook. Veja mais detalhes do caso AQUI.

O fato é que este cenário turbulento sustenta o resultado de uma pesquisa que apontou que 17% das empresas americanas já puniram empregados por violação das políticas de uso de blogs no trabalho e 9% reportaram que demitiram empregados por tal violação. O risco é estes índices aumentarem. Como já escrevi em outras vezes, minha percepção é que parte do problema vem das próprias empresas. Muitas delas se aventuram nas redes sociais e lançam blogs sem uma preparação adequada.

Enfim, este é um processo de aprendizado. Ainda estamos só no comecinho...



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quinta-feira, 11 de novembro de 2010

We All Want to Be Young - Um Filme Emocionante sobre a Geração Y

Relaxe, se esparrame na poltrona e separe 10 minutos do seu tempo para assistir o melhor filme sobre a Geração Y. Segundo o que apurei na web, o filme "We All Want to Be Young" foi realizado pela BOX1824, uma empresa brasileira especializada em pesquisas. É um filme apaixonado sobre a nova geração. Emociona mesmo. Imperdível do início ao fim.

O filme termina com uma frase mágica: "Entender a evolução do mundo é uma busca que pode nos manter jovens para sempre".



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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Apenas 7% das empresas consideram que as mídias sociais são imprescindíveis

Veja que interessante, o Instituto Brasileiro de Inteligência de Mercado (Ibramerc) divulgou uma pesquisa indicando que 65% das empresas brasileiras já estão presentes nas redes sociais. Apesar deste número significativo, apenas 7% das empresas consideram que utilizar redes sociais seja algo realmente imprescindível. A maior parte delas encara apenas como uma iniciativa desejável (48%).

A ironia é que o meu post anterior cita uma pesquisa que afirma que "70% dos clientes querem acessar as empresas via mídia social". Ou seja, temos aí um problema. Os clientes querem muito conversar através das redes sociais, mas as empresas encaram tais ferramentas como algo complementar, não importante e não relevante para seus negócios e relacionamento com os clientes. Tem ruído na linha...

A pesquisa foi feita com 251 empresas.
25% das empresas têm, pelo menos, um funcionário dedicado para cuidar das redes sociais. Já em 42% delas não há nenhum funcionário fazendo exclusivamente esse trabalho, neste caso as redes são atualizadas e monitoradas de forma compartilhada.

A pesquisa reforçou uma tendência já identificada em outros estudos que afirma que o Twitter vem se tornando a principal ferramenta de rede social das empresas, não só pela velocidade, mas principalmente pela facilidade de atualização. O Ibramerc afirma que as redes sociais de maior destaque entre as empresas são Twitter (84%), YouTube (62%) e Facebook (61%).

Tem um dado que me surpreendeu.
44% dos pesquisados alegaram que as redes sociais ainda não trouxeram nenhum benefício para a empresa. Caramba! Este número é alto. Já 45% disseram que o fortalecimento da marca é o maior benefício.

Das empresas pesquisadas, 46% usam as redes para monitorar o mercado, 45% para acompanhar o comportamento dos clientes e 39% para monitorar a concorrência.

A conclusão evidente é que as empresas estão ainda experimentando e conhecendo esta nova plataforma de se relacionar com a sociedade e seus clientes. O problema é que os clientes não querem esperar.

Acesse AQUI o comunicado do Ibramerc.

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domingo, 7 de novembro de 2010

70% dos clientes querem acessar as empresas via mídia social

O estudo encomendado pela Siemens Enterprise chamado "Social Media Means Serious Business" é relevador e tem uma mensagem clara: as empresas ainda não entenderam o potencial de oportunidades que as mídias sociais podem oferecer para os negócios e no relacionamento com os clientes.

O estudo foi realizado pelo Yankee Group e publicado em julho de 2010. Foram 750 entrevistas online com consumidores e empregados para identificar suas opiniões e necessidades em relação ao uso de mídia social e suas interações com as empresas. A pesquisa é bem recente e foi feita entre março e abril de 2010. Recomendo a leitura do documento por inteiro, ele é repleto de números e avaliações interessantes. Este é daqueles que vale a pena imprimir para ler com calma e... guardar.

O estudo mostra que os clientes desejam interagir com as empresas através das mídias sociais. A satisfação dos consumidores em suas interações com as empresas é de apenas 65%, ou seja, existe uma grande oportunidade para melhorar este índice. Afinal, não é novidade que os contact centers das empresas provocam verdadeiros arrepios em seus clientes, né?

Eis alguns "findings" interessantes do estudo:

70% dos consumidores entrevistados gostariam de ter acesso a especialistas e suporte via canais de mídia social. E não é só isso, ele dizem que confiam nas informações que recebem das empresas por meio destas plataformas.

58% deles dizem que uma comunicação regular da empresa via mídia social aumentaria a confiança que eles têm na companhia.

50% dos entrevistados utilizam a mídia social diariamente ou várias vezes ao dia.

80% acham importante que as empresas monitorem as mídias sociais para descobrir o que os clientes estão falando, e 75% afirmam que elas deveriam ver especificamente os comentários postados pelos indivíduos. Ou seja, o pessoal está dizendo para as empresas: É para fazer pente fino mesmo!!

Aproximadamente 70% dos funcionários dizem que necessitam de melhores ferramentas para rastrear e gerenciar a mídia social para os negócios. Eles também gostariam de contar com a capacidade de iniciar uma sessão de webconference automaticamente a partir de um chat no trabalho e convidar contatos pessoais e profissionais para participar.

Não existem dúvidas que as mídias sociais têm enorme potencial para criar um novo perfil de relacionamento entre empresas e clientes. Porém, o estudo afirma que somente 30% das empresas estão preparadas para isso e lista uma série de complicadores.

É evidente que as empresas que saírem na frente vão conquistar clientes e credibilidade, principalmente entre a turma da geração Y que mostra clara preferência pelo uso das mídias sociais no ambiente de trabalho. Este é um desafio e tanto para as empresas!! Aliás, o estudo tem dados interessantes a respeito do perfil dos consumidores e trabalhadores da nova geração.

O conjunto da obra deste estudo permite muitas conclusões interessantes, mas destaco quatro:
1- Os clientes desejam que suas relações com as empresas melhorem e acham que as mídias sociais é um bom caminho para isso;
2- As empresas devem ver as mídias sociais como uma ferramenta para melhor servir ao cliente, não apenas vender... servir é bem diferente de vender;
3- A nova geração vem a galope, portanto atender as suas necessidades e desejos definirá o sucesso das empresas;
4- As empresas ainda não estão estruturadas para o mundo das redes sociais. Segundo o estudo, o maior desafio para as empresas é integrar essas ferramentas sociais aos seus contact centers.

Não deixe de acessar o estudo. Vale a pena mesmo. Acesse AQUI.



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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O avô, o neto e a máquina de escrever

Texto publicado no blog Foco em Gerações.

Eric olhou, olhou de novo, deu um passo pro lado para ver melhor, mas ele ainda não havia entendido para o que aquilo servia.

O avô exclamou:
– É uma máquina de escrever.

Escrever? Huuummmm, isso o Eric sabia. Ele tinha recém aprendido a ler e escrever. Olhou para aquilo e reconheceu as letras desenhadas nas teclas redondinhas.

Levantou o rosto e fitando o avô soltou:
– Parece um teclado, mas cadê a tela? Este computador tá quebrado?

O avô apenas sorriu e disse que aquilo não era um computador. Repetiu que era uma máquina de escrever. O semblante do neto não mudou. Ele ainda não entendia como aquilo funcionava, nem para que servia.

O avô pegou uma folha em branco e introduziu na máquina. Puxou uma pequena alavanca, colocou a folha no espaço correto, girou o rolo e voltou a alavanca para a posição original. Tudo isso acompanhado de uma série de barulhos mecânicos. O avô, então, apertou em sequência quatro teclas: E – R – I – C.

O barulho das batidas assustou o neto, que deu um passo para trás e exclamou:
– Vô, tá quebrado?

O avô riu. E mostrou no papel o nome do neto. Eric se aproximou e deu um sorriso:
– É meu nome!

O avô abraçou o neto e deu um beijo em sua testa. Eric, fazendo pouco caso do beijo do avô, perguntou:
– Vô, como faz?

O avô escreveu outras palavras para mostrar como fazer.

Eric então decidiu tentar. Mas, ao pressionar as teclas, sentido dificuldade, olhou para o avô:
– As teclas estão duras. Este computador tá quebrado.

O avô explicou que aquela era uma máquina mecânica, que tinha de fazer força, que quando ele apertava as teclas, aquilo nada mais era que uma alavanca. Eric não parecia muito interessado. O avô, então, chamou-o para ver atrás da máquina:
– Viu? Não tem fio ligado na tomada. Esta máquina é puramente mecânica.

A esta altura, Eric já havia descoberto a máquina e começara a escrever várias palavras. Sentia alguma dificuldade, pois as teclas continuavam duras, mas estava se divertindo. A diversão durou exatos 5 minutos. Eric se afastou da máquina e, virando-se para o avô, exclamou:
– Vô. Eu ainda não entendi direito para que serve, mas este computador tem uma coisa melhor do que o meu.

O avô chegou mais perto do neto, levantou os olhos por cima dos óculos, sorriu e perguntou:
– Diga então. O que você gostou na máquina?

E Eric respondeu:
– Olha só, a gente bate aqui e ele já imprime na impressora. E eu nem tenho impressora…

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

Histórias do Pimentel: Meu salário é uma M

Da série Histórias do Pimentel

Pimentel, presidente da XYZ, convocou uma reunião urgente com o gerente de comunicação e o gerente de RH da empresa.

Olhando firmemente para ambos, Pimentel falou:
-- Olha só, me disseram que existem funcionários falando sobre a empresa no Orkut, sem falar com a gente. É um absurdo.

O gerente de comunicação olhou com cara de interrogação. Pimentel continuou falando:
-- A secretária me disse que é uma comunidade chamada "Meu salário é uma M".

Cabral, o gerente de RH, respondeu:
-- Não tenho ideia, mas...

Pimentel interrompeu:
-- Parece que existem várias citações à nossa empresa, mas ninguém assina com o nome verdadeiro. Tem um que assina como Espoletinha, veja se pode.

O gerente de comunicação se pronunciou:
-- Eu não sabia disso, mas não podemos fazer nada...

Pimentel interrompeu mais uma vez:
-- Como não podemos fazer nada? Podemos sim e vamos fazer agora. Olha só, anota aí. A partir de agora estão todos proibidos de entrar nas redes sociais.

O gerente de comunicação olhou para seu colega de RH e exclamou, quase sussurrando:
-- Mas o acesso já é proibido dentro da empresa. Ninguém pode acessar o MSN, o twitter...

-- Mas quem disse que eu falei dentro da empresa? - falou Pimentel - Anota aí. Todos os funcionários estão proibidos de entrar nas redes sociais, em qualquer lugar, até em suas casas, para escrever qualquer coisa que fale de trabalho e da nossa empresa. É uma ordem. Assim ninguém mais vai falar da empresa, nem para o bem, nem para o mal. Pode soltar a comunicação.

O pobre do gerente se virou e disse:
-- Mas...

E Pimentel emendou:
-- E tem mais, quero que você coloque o seu pessoal vasculhando todas as redes sociais, todos os dias, para ver o que estão falando da XYZ. Vamos botar ordem na casa.

-- Mas...

-- Não acabei. E mande alguém tirar essa tal comunidade "Meu salário é uma M" do Orkut. E vem falar comigo se não deixarem tirar.

E dando as costas para os gerentes, exclamou baixinho:
-- O que seria da XYZ se não fosse eu...

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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Socorro! Preciso de motivação.

Semanas atrás, um amigo me ligou e disse que queria falar comigo pessoalmente. O encontro demorou um pouco para sair, mas acabou rolando dias atrás. Ele trabalha numa grande empresa, que tem uma marca muito conhecida e que muitas vezes já apareceu na lista das "Melhores Empresas para se Trabalhar". Dado este contexto, o papo dele me surpreendeu.

Ele disse algo do tipo: "Estou desmotivado no trabalho. Não vejo oportunidade de crescimento onde estou. A pressão está enorme. O meu chefe não me dá atenção. A empresa prefere contratar gente nova em vez de investir no pessoal interno mais antigo. O salário está achatado. Quase não recebo treinamento. Estou totalmente desmotivado".

Olhei firmemente para ele e a minha primeira reação foi: "Então o que você fazendo ainda lá? Vai embora. Vai procurar sua realização". E ele, olhando cabisbaixo, virou para mim e exclamou: "Mas eu adoro esta empresa. Não consigo me ver em outro lugar".

O papo durou toda a noite. E constatei que se tratava de um amor não correspondido. Ou melhor, de um casamento que precisava ser revisto. O meu amigo se sentia traído pela sua empresa querida.

Uma relação de trabalho não é, ou pelo menos não deveria ser, uma relação emocional. As empresas contratam trabalhadores para prestar um serviço, que são remunerados e compensados conforme a sua performance e comprometimento. O mesmo se passa com consumidores, que pagam o que acham justo por determinado produto ou serviço. Mas a vida não é tão racional assim. Os trabalhadores, bem como os consumidores, desenvolvem relações de paixão, amor e ódio com as empresas. Se tornam ferrenhos admiradores ou inimigos das empresas em função das experiências e percepções acumuladas.

O chato disso tudo é que muitas empresas têm dificuldades para identificar e entender essa "relação emocional", e a grande maioria não sabe como capitalizar todo esse potencial emocional acumulado no perfil de trabalhadores e clientes que existe em cada um de nós. Mais difícil ainda é ver as empresas entrando nas redes sociais para "discutir a relação" com seus funcionários e clientes.

A dinâmica moderna do mundo corporativo, a chegada da geração Y, a volatilidade atual dos empregos e muitos outros fatores afetando as empresas estão gerando um monte de trabalhadores frustrados como o meu amigo. A nova geração de funcionários não demonstra o mesmo "pacto emocional" demonstrado pelos trabalhadores mais antigos. Eu não estou lamentando aqui, mas apenas citando uma constatação.

A mensagem parece simples. Quando algum amigo seu procurar você falando aquilo tudo que meu amigo disse, eu sugiro você fazer o seguinte...
Fique de frente para ele, olhos nos olhos. Pegue os dois braços dele e sacuda muito, mas muito mesmo, bem forte, pra despentear o cabelo, dizendo: "Sai desse corpo que não te pertence. Vai procurar o seu caminho e seja feliz!!!"

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A empresa que os trabalhadores estão buscando

Pegando carona no último post, eu fiz um pequeno exercício invertido, ou seja, pensei no que os trabalhadores procuram nas empresas. Isso é resultado de tudo que ouço, leio e recebo como feedback de amigos e colegas de trabalho.

Qual é o perfil de empresa que os trabalhadores estão buscando?

Os trabalhadores desejam trabalhar numa empresa de fortes princípios éticos, que tenha valores dignos, que valorize e respeite o ser humano, que acredite que a evolução da empresa é diretamente dependente da evolução de seus empregados, que busque resultados possíveis e não metas delirantes, que entenda que os recursos são finitos, que incentive a colaboração e a transparência, que reconheça que cada trabalhador colabora para o resultado da empresa, que construa e mantenha bons relacionamentos com seus empregados, que seja centrada em confiança e credibilidade, que incentive a criatividade e crie mecanismos para isso, que exija dos colaboradores uma produtividade decente e não uma produtividade indecente, que saiba expressar com clareza o que espera de cada um, que seja uma empresa empreendedora, que saiba trabalhar com prioridades e não pedir tudo ao mesmo tempo, que seus líderes sejam transparentes e inspiradores, que sejam acessíveis e gerem orgulho nos liderados, que a empresa explique obsessivamente a estratégia para os seus empregados através de uma comunicação interna eficaz, que promova a integração e o trabalho em equipe, que seja uma empresa-exemplo para outras companhias, que mantenha um ambiente de trabalho saudável e bem humorado, que tenha plano de carreira estruturado e possibilidade de participação em projetos internacionais, que pague um salário digno, que saiba premiar e reconhecer os funcionários que mais contribuem, de preferência que tenha uma remuneração variável de acordo com a performance individual e os resultados da empresa, que tenha planos de aposentadoria para todos os níveis, que ofereça oportunidades contínuas de desenvolvimento de habilidades e competências profissionais, que ofereça bolsas de estudo, que tenha práticas eficientes de recrutamento interno e job rotation, que incentive o compartilhamento de conhecimento, que tenha política de portas abertas, que o processo de comunicação seja descentralizado permitindo que cada um contribua à sua maneira, que promova o empowerment de todos os níveis da empresa, que ofereça estabilidade de emprego a quem merece, que só contrate quem realmente quer trabalhar, que tenha um excelente pacote de benefícios para toda a família do trabalhador, que tenha horário flexível, que permita e incentive o home-office, que estimule o exercício de outras atividades profissionais, que promova a integração entre as diferentes gerações de trabalhadores, que apresente desafios constantes para os seus colaboradores, que invista na qualidade de vida de seus profissionais, promovendo o equilíbrio da vida profissional com a vida pessoal, contemplando seu bem-estar profissional, físico, social, material e espiritual. Que em períodos de dificuldades a empresa não penalize o colaborador, que não faça demissões injustas e que não corte benefícios. Que seja uma empresa socialmente responsável, uma verdadeira empresa-cidadã, que suas metas estejam ligadas aos atributos da sustentabilidade ambiental e social, que promova diversidade e inclusão, que incentive o voluntariado e a participação dos colaboradores em projetos sociais. Que não haja politicagem, que tenha chefes éticos, justos, ouvintes, disponíveis, equilibrados, otimistas e competentes. E que estes chefes tenham preocupação constante para ensinar e desenvolver seus profissionais.

Ahhh, esqueci... e que pague o curso de inglês.

Olha, a gente promete "vestir a camisa", viu?

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

O profissional que as empresas estão buscando

Fui fazer uma apresentação num evento sobre carreira e resolvi fazer uma "pesquisazinha" a respeito das características e competências que as empresas estão buscando ao contratar novos funcionários. É muito simples. Quer ver?

Qual é o perfil de profissional que as empresas estão buscando?

As empresas desejam um profissional que tenha boa conduta, que exerça e acredite nos valores da empresa, de preferência que seus valores pessoais estejam em sintonia com os valores da empresa, que seja flexível, que seja orientado a resultados, que apresente contínua boa performance, que tenha características de liderança, que seja colaborativo e saiba trabalhar em equipe, que tenha foco constante no cliente, que entenda onde o seu trabalho colabora para o negócio da empresa, que faça a diferença no grupo onde atua, que mantenha o cliente satisfeito, que seja hábil em construir e manter relacionamentos baseados em confiança e credibilidade, que seja dedicado, que tenha ambição para se desenvolver e crescer, que seja responsável, que seja criativo, que colabore para a inovação da empresa de alguma forma, que apresente produtividade crescente, que saiba expressar ideias com clareza, que seja bom de execução, que tenha perseverança diante das dificuldades, que faça um trabalho sempre de qualidade, que tenha espírito empreendedor, que seja diplomático quando necessário, que saiba trabalhar com prioridades, que tenha iniciativa, que seja motivado e que motive os colegas, que saiba trabalhar sob pressão, que aceite mudanças, que tenha conhecimento de estratégia, que navegue bem dentro da organização, que tome decisões com rapidez evitando a procrastinação, que seja bom de persuasão, que apresente suas ideias e propostas com convicção, que seja bom ouvinte, que saiba trabalhar com certa independência e precise pouca supervisão, que tenha inspiração, que seja um exemplo para os colegas, que seja um bom "resolvedor de problemas", que saiba tomar riscos calculados, que saiba se expor e trabalhar num ambiente 360 graus, que se expresse bem através da comunicação escrita e oral, que invista em seu desenvolvimento técnico e em competências, que seja bem humorado, que esteja sempre disponível quando a empresa precisar e que entenda todo o portfólio e estratégia da empresa. Ahhh, esqueci... e que tenha inglês fluente.

E aí? Topas?

A bem da verdade, estas são as condições básicas. Você tem algum diferencial?

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domingo, 17 de outubro de 2010

Emoções Tóxicas no Trabalho

Ganhei de uma querida amiga um livro chamado "Emoções Tóxicas no Trabalho", de Peter J. Frost. O título é muito interessante, mas o conteúdo é muito mais. Eu me achei em diversas partes do livro.

O livro é fascinante pois cobre um tema que as empresas não gostam de falar. Aliás, nós gerentes, convivemos com ela rotineiramente, quase como uma carga individual que carregamos em nossas costas. Estou falando da "dor emocional" no trabalho.

Todos nós, trabalhadores, sofremos com a carga exagerada de trabalho, prazos absurdos, chefes intransigentes e metas impossíveis. Tudo isso num clima de economia instável, alteração de regras empresariais, fusões, terceirizações e toda sorte de mudanças. O conjunto dessa obra é o surgimento de pessoas angustiadas e frustradas no ambiente de trabalho. Desculpe o meu exagero e dramaturgia, mas você, leitor, entende o que eu estou falando. Peter J. Frost chama isso de "a dor emocional inevitável da atual vida corporativa".

Essa dor emocional, se não tratada adequadamente, transforma-se em emoções tóxicas, ou seja, em atitudes prejudiciais e não curativas que as pessoas têm ante as dificuldades enfrentadas no trabalho. Se este clima negativo for crescente, o ambiente de trabalho torna-se nocivo, drenando a vitalidade, motivação e energia das pessoas.

Infelizmente, na maioria das empresas, existe uma forte ética corporativa de não se discutir a dor emocional. Prefere-se fingir que ela não existe. Ou, as vezes, até é dito que ela existe, mas não é importante, o que faz com que o assunto não apareça na lista das prioridades das empresas.

Quase sempre esta dor emocional, não reconhecida pelas empresas, cai no colo dos chamados "manipuladores de toxinas", termo usado pelo autor para designar aquelas pessoas, gerentes e profissionais, que ajudam a aliviar o sofrimento dos colegas, fazendo com que estes se concentrem no trabalho. Estou falando daquelas pessoas que os colegas procuram para desabafar, para pedir conselhos e compartilhar aquelas ideias que não gostam de falar abertamente. Muitas vezes, esses "manipuladores de toxinas" não têm consciência do que fazem, na maioria dos casos agem por instinto e por convicções pessoais e emocionais, já que as empresas não endereçam o problema.

Existem empresas que parecem panelas de pressão. Estou falando daquelas onde o clima interno de trabalho não é saudável, ou daquelas onde os funcionários não se identificam com os valores e ideais corporativos. Nestas empresas, é muito comum encontrar alguns colegas que "seguram a onda", que sabem ver a parte cheia do copo quase vazio. Parecem evangelistas, sem saberem que são. O pior de tudo é que muitas empresas não conseguem identificar o poder e a importância destes "seguradores de onda", e acabam dispensando estes trabalhadores tão importantes para a manutenção do clima corporativo.

Uma vez, muito anos atrás, ouvi um colega comentar que fulano era muito bom, gerava resultados incríveis para a empresa, mas por onde passava ele deixava um rastro de sangue atrás. A empresa parecia gostar deste executivo, afinal os seus resultados de curto prazo eram fantásticos, mas era um sujeito difícil e que levava a organização ao estresse extremo. Os resultados eram sempre bons no início, mas com o tempo a situação se invertia. Nestas situações, quase sempre, é que os manipuladores de toxinas aparecem e se destacam. Certamente você, que está lendo este texto agora, entende e deve ter um caso parecido para contar.

Segundo Peter J. Frost, "muitos gerentes não possuem o treinamento sistemático na arte de criar relações produtivas com seu pessoal. Eles foram promovidos ou contratados, muitas vezes, de outras empresas com base em suas habilidades técnicas. Ninguém verifica a competência do gerente para trabalhar com pessoas, ou se o fazem, não dão importância às fracas ou modestas habilidades interpessoais quando comparadas a fortes habilidades de venda ou TI e um recorde de entrega de produtos". É aí que aparecem muitos dos perfis gerenciais que conhecemos. Tem aquele gerente que gosta de colocar o pessoal "contra a parede" devido a sua falta de aptidão em tomar decisões. Tem aquele outro que exagera no pedido de conselhos e análises antes de qualquer decisão. Existem também os gerentes maníacos por controle e microgerenciamento. Outros querem rever tudo. E assim vai...

Mas sabe o que é pior? É que os "manipuladores de toxinas" também precisam de ajuda. Ele são seres humanos e também sofrem dores emocionais. Infelizmente, em geral, o trabalho de um manipulador não é celebrado ou admirado, talvez nem mesmo pelas pessoas que estão sendo ajudadas, uma vez que esse trabalho muitas vezes ocorre "nos bastidores". As empresas deveriam identificar e investir fortemente nestas pessoas, que influenciam diretamente na produtividade e no clima organizacional.

Se você se interessa pelo assunto, ou se sente um "manipulador de toxinas", o livro vale muito a pena. O autor discute os efeitos destas toxinas, apresentando de forma bem prática as ferramentas e técnicas para administrá-las e neutralizá-las.

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