quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Os 5Cs da comunicação moderna

Há pouco mais de 3 anos, eu fiz uma palestra externa onde falei sobre os 5Cs da comunicação moderna. Não é nada muito diferente do que ouvimos e lemos na mídia, mas fica interessante quando juntamos as coisas pois nos faz pensar.

A comunicação nas empresas vem evoluindo rapidamente. Muitas dessas transformações vêm no rastro da própria evolução da sociedade e da globalização, mas sem dúvida, o avanço e a popularização da tecnologia da informação é que permitiram a era da informação que estamos vivendo. Os computadores e a internet são as grandes estrelas desse processo. Essa dinâmica vem mudando radicalmente a comunicação nas empresas.

Eis os 5Cs da era da comunicação moderna.

CONHECIMENTO
O conhecimento está espalhado dentro das empresas. A era da informação escondida, da informação concentrada em poucas cabeças e da informação protegida está acabando. O verdadeiro capital intelectual das empresas está contido na cabeça de todos os empregados. Cada um tem conhecimento, experiência e interfere nos processos e no sucesso das empresas. O grande desafio é: como juntar esse conhecimento? Na verdade, é até pior: como achar e conectar esse conhecimento distribuído?
O desafio não existe somente dentro das empresas. O mesmo se passa fora. O conhecimento agora está com os clientes pois estão muito mais bem informados. A empresa não sobrevive mais sem conversar e criar um diálogo aberto e franco com os clientes. O sucesso das empresas passa por saber trabalhar o enorme conhecimento distribuído dentro e fora das organizações.

COMUNIDADES
A organização corporativa, da maneira hierarquizada e rígida como conhecemos, está com seus dias contados. As pessoas hoje se juntam em comunidades. Isso acontece dentro e fora das empresas. Saber conversar com esses grupos é o novo desafio das corporações. Não estou falando das organizações tradicionais hierarquizadas. Estou falando de comunidades formadas por pessoas que têm interesses comuns, hobbies comuns, que falam a mesma língua ou jargão mas que não necessariamente pertencem ao mesmo departamento, ou tem o mesmo chefe, ou estão no mesmo escritório ou fábrica ou vivem na mesma cidade. Essas múltiplas tribos existem dentro das empresas. Essa capacidade de identificá-las, e criar oportunidades de diálogo, pode fazer muita diferença para as empresas. Juntar essas pessoas ao redor de discussões comuns é o melhor caminho para compartilhar conhecimento. O mesmo ocorre fora das empresas. O mesmo se passa com os clientes. Não estou falando para as empresas abandonarem a velha segmentação de cliente (perfilada por geografia, perfil de compra ou idade), que tem sua utilidade e ainda continua em vigor. Mas posso garantir que essa metodologia de segmentação de mercado ainda tem que evoluir muito.

COLABORAÇÃO
As pessoas querem compartilhar. As pessoas querem contar e ouvir histórias de pessoas, querem trocar experiências. A explosão das redes sociais é o melhor exemplo desse fenômeno da sociedade. A palavra-chave para todas as empresas deveria ser colaboração. Como fazer as pessoas se colaborarem mais? E não estou falando somente dos empregados da empresa. Estou falando também dos clientes, dos formadores de opinião, dos fornecedores e outras entidades relevantes na cadeia de relacionamento das empresas.
Em resumo, temos um enorme conhecimento distribuído, com as pessoas organizadas informalmente em comunidades e todas querendo se falar, compartilhar informação e saber o que as outras estão fazendo. Mas por que as empresas relutam em reconhecer e investir nesse novo ecossistema?

CAOS
Esse é o C que mais gosto. Porque um mundo colaborativo, onde cada um fala com qualquer um, onde todos falam com todos, onde as comunidades crescem e evoluem a cada dia, onde você desenvolve relacionamentos virtuais com pessoas que não conhece, é ou não é caótico? É claro que sim. O mundo de colaboração intensiva é meio caótico. É um mundo sem controle, sem padrão, em mudança constante. E as empresas odeiam esse ambiente. As empresas gostam e precisam de controle. Ou seja, as empresas resistem a entrar nesse mundo, ou até a experimentá-lo, devido a esse ambiente caótico. Mas esse caminho é inevitável. Aliás, nós já estamos nele. O segredo é criarmos mecanismos para organizar o caos. Poderíamos chamar de caos organizado. Esse conceito já existe e várias empresas já entraram nele. São ambientes repletos de bogs, wikis e outras ferramentas web 2.0. As empresas ainda estão descobrindo essa nova era caótica.

CULTURA
As empresas, para entrarem nesse novo mundo, precisam soltar as amarras da organização. Precisam liberar os empregados para falarem o que pensam. Precisam criar fóruns e espaços para que as comunidades internas apareçam e influenciem positivamente as organizações. E essa não é uma mudança fácil, não é uma mera decisão administrativa. É mais do que isso. Essa é uma transformação cultural, significa ousadia e risco. A verdade é que essa mudança já está ocorrendo de forma intensa na sociedade. A geração Y está fazendo isso bem debaixo dos nossos olhos, porém as empresas são lentas. Os processos, a burocracia e os controles impõem barreiras enormes para essa transformação. Falar em colaboração significa remover barreiras de hierarquia, criar redes de relacionamento, onde o presidente fala direto com o empregado mais humilde, sem a interferência e o filtro de assessores.

Os 5Cs da comunicação moderna já são uma realidade. Cabe as empresas decidir se vão se antecipar ou se vão ser atropeladas pela transformação da sociedade. De tudo que falamos, eu não tenho dúvidas de dizer que o maior desafio é o cultural.

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13 comentários:

Anônimo disse...

Mauro, parabéns pelo blog. Muito bom. Agradeço a visita no socialmediaclub e seu link no blogroll.

Claro que me lembro de vc. Vamos agendar uma visita sua à polvora!

Abs.

Anônimo disse...

Mauro, tomei conhecimento do seu blog através do blog do Gaulia, achei muito interessante o que ele escreveu sobre a sua palestra. Adorei os "5Cs da comunicação moderna". Sou estudante de pós graduação em Gestão da Comunicação Empresarial (onde o Gaulia foi meu professor) e estou encantada com todo o conhecimento que o curso e esse "mundo" tem me oferecido. Estou desenvolvendo um trabalho que explica os impactos da cultura organizacional no processo de comunicação interna da empresa onde trabalho. Empresa que ainda opta por ser "atropelada" por toda essa transformação. Parabéns pelo seu blog, excelente. Abs, Milena Apolinário

Mauro Segura disse...

Milena. Obrigado por ter visitado meu blog. Vamos conversar mais. Abcs. Mauro.

Emily Bianquini disse...

Oi Mauro!
Parabéns pelo blog! É bom saber que tem gente empenhada em disseminar o conhecimento na nossa área.
Tbm tenho um blog, se quiser, visite
http://rpublicando.blogspot.com
Abraço, sucesso sempre!
Emily

Fabiana Marschalk disse...

Olá Mauro! Primeiramente gostaria de elogiá-lo pelo artigo e plo blog, simplesmente adorei o tema abordado. Sou formada em RP e tomei conhecimento dessa visão pouco estratégica das empresas quando passei a atuar na área de relacionamento, a carência de ações direcionadas e da crença burocrática e hierarquizada torna cada dia mais dificultoso o nosso papel de comunicador. Desejo que essa visão se altere o mais rápido possível.

Se possível acesse o blog da nossa agência:

http://www.rpmaiscomunicacao.blogspot.com/

Beijos

Fabiana Marschalk

Mauro Segura disse...

Olá Fabiana. Obrigado por visitar meu blog. Já estou visitando o rpmaiscomunicacao. Abçs. Mauro.

cecilia disse...

Olá Mauro, achei seu artigo interessantíssimo. Sou Cecília Bergman, gerente de comunicação da TeleListas.net e gostaria de saber se posso publicá-lo na revista eletrônica Conexão Mercado, voltada para empreendedores de diversos níveis, com os créditos postados sob a forma de mini currículo seu. Visite a revista: www.conexao.com.br para conhecer um pouco mais. Meu e-mail: cbergman@TeleListas.net e gostaria de lhe enviar mais informações.

Diego Galofero disse...

Sou aluno do 4º Semestre de Relações Públicas na Fapcom em SP e descobri a poucos dias esse blog e não tem um dia que eu não entre aqui para ler algum artigo.

Um dia pretendo escrever tão bem quanto vc, dar dicar como vc dar.

Tudo se encaminha para web 2.0 , as relações humans e corporativas.

Muito bom mesmp

Mauro Segura disse...

Oi, Diego.
Muito bom receber seu post e obrigado pelas palavras notoriamente exageradas. O blog não tem nenhum pretensão específica, apenas compartilhar percepções e experiências.
Vou contar um segredo que nunca escrevi aqui. Foram dois objetivos que detonaram o início do blog: um mais óbvio e profissional, e outro mais pessoal.
O primeiro foi me forçar a entrar no mundo dos blogs, aprender como a blogosfera funciona, conhecer experts na rede, ouvir outras pessoas, etc, etc, etc. Como profissional de comunicação de uma grande empresa, era evidente que eu precisava ganhar experiência em redes sociais e conhecer novas cabeças.
O segundo motivo, este sim pessoal, foi a necessidade de voltar a escrever. Eu sou engenheiro por formação universitária. Depois fiz uma pós-gradução de análise de sistemas. Anos depois, já atuando em comunicação, eu parti para uma pós-graduação em marketing e comunicação. Esse meu perfil sempre me trouxe desafios para "crescer" nas áreas de comunicação e marketing. Nunca achei, e continuo achando, que tenho um bom texto. O que eu procuro desenvolver é um texto no estilo bate-papo, sem muita preocupação se o português está rigorosamente correto, e eu acho que as pessoas gostam dessa naturalidade no texto. Enfim, o blog me trouxe um pouco mais de jovialidade na minha forma de escrever que andava um pouco dura. Me surpreende muito quando você escreve "Um dia quero escrever tão bem quanto você".
Enfim, seu post me fez pensar nisso tudo.
Desculpe o longo texto e muito obrigado pelos elogios. Fico contente de saber que minha experiência com o blog tem sido útil e interessante para algumas pessoas.
Agora, por fim, quer me ajudar? Divulgue mais o blog dentro da faculdade e para seus amigos. Tenho aprendido muito mais na blogosfera do que em cursos ou foruns empresariais. Ter comentários, perguntas e pontos de vista diferentes é que fazem a gente aprender e pensar diferente.
Se algum dia desejar um papo com você e outros colegas de turma, por favor pode me chamar.
Um grande abraço e obrigado por "fazer" o meu final de semana. Abraços. Mauro.

Kamila Liz disse...

Mauro, estou fazendo minha monografia voltada para Comunicação Empresarial e Mídias Sociais, e como gosto muito de seus posts, quero ver se tens algumas dicas de obras para eu dar continuidade ao meu material.
Agradeço!!!

Mauro Segura disse...

Puxa Kamila. Eu não tenho dica para dar. As obras que conheço são aquelas mais clássicas que conhecemos nas universidades. Nos últimos anos eu tenho me concentrado mais na blogosfera, acessando blogs e recebendo conhecimento dos outros, e lendo muitas revistas e "papers". Ou seja, tudo muito solto. Obrigado por prestigiar meu blog com sua visita e comentário. Abraços. Mauro.

Anônimo disse...

Mauro, parabéns pelo Blog.
Vivenciei o mundo corporativo por 19 anos, iniciando como contínuo em uma empresa, empresa essa que pagava o meu e demais salários porque possuia clientes. 19 anos depois e depois de estar sentado em mesas de multinacionais, observando o que acontecia à minha volta, me relacionando com líderes nem tão líderes assim, pude constatar o que ocorria do outro lado da janela dos prédios e na recepção das empresas, carros se movimentando nas ruas e pessoas fechando negócios. Pessoas saindo de empresas e indo me busca de seus clientes, o chamado público alvo. Sou formado no curso técnico em mecânica, já fui chão de fábrica, me formei em processos de produção mecânica, depois descobri o chamdo "escritório", onde fico sentado criando processos par serem obedecidos e criar uma peneira de responsabilidades. Implantei em minha carreira ISO 9000, ISO 14000, QS, e descobri que lendo nos balanços das empresas que o funcionário realmente é pouco valorizado frente o lucro que é gerado para a empresa. Até um belo dia que parei e me perguntei: O que as pessoas precisam? Precisam de um lugar para morar, precisam de carros dependendo de onde trabalham e não há logística (e por isso muitas pessoas mudam de residência), precisam se encontrar (tanto virtualmente quanto pessoalmente dependendo do assunto) e fiz-me a pergunta que realmente mudou meu modo de pensar: Porque existe o "emprego"? A resposta foi: Porque existem pessoas com idéias, relações comerciais e pessoas que vendem um produto ou serviço. Resolvi parar de preencher fichas de "headhunters", analisando meu perfil. Cheguei a conclusão que eu deveria analisar o perfil deles, sentandos, com pouca experiência, sem conhecer a "cadeia de suprimentos" de uma empresa e me colocando à sua frente para me avaliar. Fui mais longe, me questionei pq as pessoas investem no inglês para ganharem 1,2 mil reais por mês no CSO da IBM. Tanto tempo em uma faculdade, tanto aprendizado e dinheiro investido. Comecei a perceber que as empresas tercerizam mão-de-obra para reduzirem custos e afastarem-se do risco trabalhista. Cheguei a conclusão que a melhor aula que tive até hoje foi na pré-escola, quando a "tia" pediu para ligar os pontos do desenho e ver que figura formava. No meu tempo a faculdade era longe de casa, hoje faculdades viraram empresas, mas não há vagas par todos devido ao déficit gerado pelas instituições públicas. Ralei muito para entrar no técnico no SENAI e na FATEC. Depois que cursei extensão em Marketing e ouvindo a história de outras pessoas, lendo muito, observando os sites e serviços das empresas, conhecendo a cadeia de suprimentos e serviços, etc. comecei a entender um pouco mais sobre algumas coisas e decidi deixar o VR e o VT e me aventurar no empreendedorismo. Sou o departamento de vendas, o financeiro, o logístico e somente não o contábil porque falta tempo. Hoje emito notas fiscais (que graças a Deus já são digitais) tenho minha empresa, tenho clientes e estou feliz. Tenho uma marca, tenho satisfação no que faço e tenho prazer. infelizmente meu pai faleceu sem ver isso este ano, logo ele que passou 2 anos desempregado e com 2 filhos pequenos e me contou que quase surtou nesta época de sua vida. Mas fica aqui, gravado em seu blog um pouco da minha experiência para esta e outras gerações. Forte abraço, e não pense que esqueci dos furos que você me dava nos processos de mentoring, ok? rs (Agora você vai se lembrar de mim, rs)

Anônimo disse...

Mauro, parabéns pelo Blog.
Vivenciei o mundo corporativo por 19 anos, iniciando como contínuo em uma empresa, empresa essa que pagava o meu e demais salários porque possuia clientes. 19 anos depois e depois de estar sentado em mesas de multinacionais, observando o que acontecia à minha volta, me relacionando com líderes nem tão líderes assim, pude constatar o que ocorria do outro lado da janela dos prédios e na recepção das empresas, carros se movimentando nas ruas e pessoas fechando negócios. Pessoas saindo de empresas e indo me busca de seus clientes, o chamado público alvo. Sou formado no curso técnico em mecânica, já fui chão de fábrica, me formei em processos de produção mecânica, depois descobri o chamdo "escritório", onde fico sentado criando processos par serem obedecidos e criar uma peneira de responsabilidades. Implantei em minha carreira ISO 9000, ISO 14000, QS, e descobri que lendo nos balanços das empresas que o funcionário realmente é pouco valorizado frente o lucro que é gerado para a empresa. Até um belo dia que parei e me perguntei: O que as pessoas precisam? Precisam de um lugar para morar, precisam de carros dependendo de onde trabalham e não há logística (e por isso muitas pessoas mudam de residência), precisam se encontrar (tanto virtualmente quanto pessoalmente dependendo do assunto) e fiz-me a pergunta que realmente mudou meu modo de pensar: Porque existe o "emprego"? A resposta foi: Porque existem pessoas com idéias, relações comerciais e pessoas que vendem um produto ou serviço. Resolvi parar de preencher fichas de "headhunters", analisando meu perfil. Cheguei a conclusão que eu deveria analisar o perfil deles, sentandos, com pouca experiência, sem conhecer a "cadeia de suprimentos" de uma empresa e me colocando à sua frente para me avaliar. Fui mais longe, me questionei pq as pessoas investem no inglês para ganharem 1,2 mil reais por mês no CSO da IBM. Tanto tempo em uma faculdade, tanto aprendizado e dinheiro investido. Comecei a perceber que as empresas tercerizam mão-de-obra para reduzirem custos e afastarem-se do risco trabalhista. Cheguei a conclusão que a melhor aula que tive até hoje foi na pré-escola, quando a "tia" pediu para ligar os pontos do desenho e ver que figura formava. No meu tempo a faculdade era longe de casa, hoje faculdades viraram empresas, mas não há vagas par todos devido ao déficit gerado pelas instituições públicas. Ralei muito para entrar no técnico no SENAI e na FATEC. Depois que cursei extensão em Marketing e ouvindo a história de outras pessoas, lendo muito, observando os sites e serviços das empresas, conhecendo a cadeia de suprimentos e serviços, etc. comecei a entender um pouco mais sobre algumas coisas e decidi deixar o VR e o VT e me aventurar no empreendedorismo. Hoje emito notas fiscais, tenho minha empresa, tenho clientes e estou feliz. Tenho uma marca, tenho satisfação no que faço e tenho prazer. infelizmente meu pai faleceu sem ver isso, mas fica aqui, gravado em seu blog um pouco da minha experiência para esta e outras gerações. Forte abraço, e não pense que esqueci dos furos que você me dava nos processos de mentoring, ok? rs (Agora vc vai se lembrar de mim, rs)

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