terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Vamos pular bastante em 2009 !!!

O ano de 2008 termina como um dos melhores anos da era recente do Brasil. O país ganhou relevância no cenário internacional, ficou mais forte e influente, e o mercado doméstico cresceu com mais empregos e melhor distribuição de renda.

A crise chegou repentinamente. Fomos abalroados de lado, que nem um carro em alta velocidade numa estrada, quando nós vivíamos a plena euforia do pré-sal e da explosão das bolsas.

Esse negócio de crise é engraçado, começa como uma perspectiva, depois vira uma percepção (“acho que já estamos em crise”), aí vem a fase da prevenção (“é melhor parar prá ver o que vai acontecer”) e finalmente ela chega com força, de verdade. Vale a pena ler a historinha do vendedor de cachorro-quente.

O fato verdadeiro é que parte da crise somos nós mesmos. O tamanho da crise depende de como nós enfrentamos e reagimos frente ao clima de pessimismo e incertezas. Aliás, estamos cansados de ouvir que crise significa oportunidade. Eu concordo muuuito com isso.

Prá fechar o ano, nada melhor do que o filme abaixo. É o vídeo que mais gosto da Pixar pois ele retrata muito bem o que comentei acima. Fazer de 2009 um ano inesquecível dependerá de cada um de nós. Portanto, vamos pular bastante em 2009!!!!

Que venha o ano novo, com crise ou sem crise!!!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Web já é a 2a. fonte de informação nos EUA, na frente dos jornais

Eu já havia publicado post anteriores informando que publicações impressas estavam abandonando o papel e migrando definitivamente para web. Agora vem uma informação que reforça mais uma vez a força da Web versus Mídia Impressa.

A Pew Research Center acaba de publicar (bem na véspera do Natal) um estudo onde afirma que a web já é a segunda fonte de informação dos norte-americanos, superando os jornais e só perdendo para a TV.

Não deixe de ler o sumário do estudo e aprender com ele. Tem dados interessantes.

A TV está em primeiro lugar folgadamente (70% TV versus 40% web) no quadro geral. No entanto, quando analisamos o segmento “Young People”, a tal geração Y, dá empate. Ou seja, para a nova geração, a web fica empatada com a TV como fonte de informação. Em pouquíssimo tempo a TV vai ficar prá trás.

Enfim, não vou ficar mais de blá-blá-blá. Entra no link abaixo, ou clica na figura, prá ver mais detalhes e tratar de pensar a forma como fazemos comunicação empresarial. Tem muita mudança em curso... não vamos ficar na janelinha vendo a banda passar, né?

http://pewresearch.org/pubs/1066/internet-overtakes-newspapers-as-news-source

sábado, 20 de dezembro de 2008

IBM , Google e Microsoft

Em várias das reuniões externas que participo, quando as pessoas descobrem que eu trabalho na IBM, logo começam a fazer perguntas centradas na comparação entre IBM, Google e Microsoft. As pessoas tendem a achar que as três são concorrentes, mas a realidade é que as três atuam em áreas bem distintas.

A Google, a empresa que parece dominar o mundo, tem somente 10 aninhos de idade. Ela fez aniversário no dia sete de setembro passado. Apesar de “novinha”, ela já é uma das marcas mais fortes do mundo.

Na sexta eu brinquei com um amigo meu dizendo que...

A IBM inventou o PC;
A Microsoft inventou o que colocar dentro do PC inventado pela IBM;
A Google inventou uma forma de achar as coisas perdidas no Windows da Microsoft que roda no PC da IBM.

A Google foi fundado por Larry Page e Sergey Brin, dois estudantes PhD de Stanford em 1998. A empresa surgiu com o objetivo de oferecer a melhor opção de busca na Internet e cresceu com base no produto de mesmo nome.

Já a Microsoft foi fundada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen. A empresa começou desenvolvendo e comercializando interpretadores da linguagem BASIC, mas foi com o produto Windows que ele realmente cresceu. O primeiro Windows foi lançado em 1981.
O Windows 3.0 foi o primeiro sucesso amplo da Microsoft e foi lançado em 22 de Maio de 1990. Ao contrário das versões anteriores, ele era um Windows completamente novo e considerado o primeiro sistema gráfico da empresa.

A IBM foi fundada por um senhor chamado Thomas Watson, em 1911, naquela época já com “velhos” 37 anos. Ele não tinha sido um estudante brilhante, aliás, havia estudado pouco e tido uma formação educacional básica, mas era um brilhante vendedor e empreendedor.
A IBM teve origem na junção de 3 empresas: a International Time Recording Company (de registradores mecânicos de tempo), a Computing Scale Company (de instrumentos de aferição de peso - balanças) e a Tabulating Machine Company. As 3 juntas formaram uma empresa chamada Computing Tabulating Recording Company – CTR. Somente em 1924 a CTR mudou seu nome para IBM - International Business Machines.
Os primeiros produtos comerciais da IBM foram cortadores de frios, balanças e relógios de ponto. Foi na década de 50 que a IBM deu uma guinada e resolveu investir tudo que tinha nas máquinas que mais tarde iriam ser conhecidas como computadores. Já nos anos 60, sob o comando do filho Thomas Watson Junior, a IBM cresceu vertiginosamente com o lançamento dos mainframes System/360. Estava lançado o computador empresarial. Em 1981, a IBM lançou o Personal Computer. Em 2002, a IBM vendeu toda a linha de PCs para Lenovo e parou de vender produtos para pessoa física. A empresa se centrou no mercado corporativo.

Google é um trocadilho com a palavra 'googol', que designa o número representado por 1 seguido de 100 zeros. O uso do termo Google pretendia refletir a missão da empresa de organizar o enorme montante de informações disponíveis na web. Tenho a impressão que ninguém sabe disso... mas a palavra é bacana.

Microsoft significa micro software, ou seja, software para micros, delineando claramente a missão da empresa. Já a palavra Windows, em inglês “janelas”, mostra uma clara alusão ao espírito do software que permite ao usuário trabalhar através de janelas.

IBM, como já dito antes, significa International Business Machines. Um nome ousado para época de 1924, já que ninguém sabia muito bem o que significava máquinas de negócios ou para negócios. O International ficou por conta de Thomas Watson, que quando lançou o nome, disse para todos que sonhava em tornar aquela empresa puramente americana numa empresa internacional. Na época, a empresa era quase toda concentrada no estado de Nova Iorque.

A IBM, hoje, comercializa soluções (combinação de consultoria, serviços, hardware e software) para o mercado corporativo, ou seja, vende para empresas.
A Microsoft está centrada na venda de software para pessoa física e mercado corporativo.
A Google vende serviços inovadores centrados na internet.

O faturamento da Google é de U$ 16bi e tem quase 20 mil funcionários no mundo (dados de 2007).

Já a receita da Microsoft é de U$ 51bi , com um pouco menos de 90 mil empregados (dados de 2007).

Já a IBM faturou U$ 99bi (em 2007) e tem hoje mais de 380 mil funcionários no mundo.

Uma curiosidade:
A Google tem 200 funcionários no Brasil, com média de idade de 29 anos.
Já a Microsoft Brasil tem algo em torno de 400 empregados.
A IBM Brasil tem mais de 13 mil funcionários diretos, com média de idade de 32 anos, e contrata uma média de 200 novos funcionários por mês. Ou seja, contrata uma Google Brasil por mês!!!

Em 2011:
- a IBM fará 100 anos de idade,
- a Microsoft completará 36 anos e...
- a Google terá apenas 13 aninhos.

Enfim, pra resumir, podemos dizer que...

A IBM é um vovô moderninho... a Microsoft é meio tiozão... já a Google é o netinho descolado.

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terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Socorro ! Estou me afogando nos emails !

Na semana passada, uma colega de trabalho soltou essa frase espontaneamente. Foi quase um desabafo. Adorei a frase, pois ela traduz o nosso sentimento em relação aos emails no trabalho. Ninguém agüenta mais a quantidade de emails dentro das empresas, não é mesmo? Nós viramos reféns da caixa de entrada de emails. Estamos o tempo todo checando o que entra e o que sai, os spams estão aumentando e vivemos paranóicos com o fato de termos emails não lidos.

No evento Futurecom, o presidente da Brasscom, Antonio Carlos do Rego Gil, soltou uma frase muito engraçada no microfone: "—Alguém precisa inventar o email que dá choque, pois hoje, com mais de duzentos emails na caixa de entrada, só assim conseguiremos a atenção do destinatário. Seria bom, também, inventarem um mecanismo para proibir a cópia automática".

O correio eletrônico surgiu como uma importante ferramenta de produtividade em nosso trabalho, permitindo a conexão simples e fácil de todo o ecossistema de uma empresa: funcionários, clientes, parceiros, fornecedores e sociedade. Essa plataforma evoluiu e virou a principal ferramenta da comunicação corporativa. O problema agora é que nós geramos cada vez mais mensagens, copiamos cada vez mais pessoas, arquivamos cada vez mais conteúdo que consideramos importante para controle, registro histórico e consulta futura.

Vejam esse exemplo, que é muito comum nas empresas: um email com conteúdo importante, enviado para vinte pessoas, provavelmente será arquivado por essas mesmas vinte pessoas. Ou seja, teremos dezenas de pessoas guardando o mesmo conteúdo, que ocupa espaço de armazenamento nos computadores, que custam muito dinheiro, que precisam de sistemas complexos para serem gerenciados e que consomem energia para funcionar. Enfim, pode até parecer engraçado, mas o acúmulo de emails contribui fortemente para o aquecimento global e o aumento de consumo de energia no mundo.

Recentemente, a IBM publicou um excelente "paper" cujo título é "You’ve got (too much) mail". Vale ler. O documento traz informações interessantes sobre o mundo do email. Lá é dito que o usuário comum gasta mais de 30% do seu tempo diário criando, organizando, lendo e respondendo emails. É muito tempo, né? E pior, essa média de tempo está aumentando.

O assunto é tão sério, que a IBM, Microsoft, Google, Intel e muitos outros se juntaram para formar a IORG, que é uma organização não lucrativa, que nasceu para tentar salvar as nossas vidas do absurdo volume de emails que temos que lidar todos os dias. Essa nova entidade está fresquinha (sem trocadilho, estou falando de fresquinha de pouco tempo) e ainda começando os trabalhos, mas já dá prá encontrar algumas coisas interessantes no site. O importante disso tudo é saber que grandes empresas e entidades estão preocupadas em nos tirar da sinuca em que estamos metidos. O nome do instituto não poderia ser mais apropriado: Information Overload Research Group.

Enfim, é interessante ver duas notícias diferentes e publicadas quase que simultaneamente: uma dizendo que os emails vão terminar em 2015 (ver meu post de 29/10/2008) e outra anunciando uma organização formada por notáveis para encontrar alternativas para gerenciar o enorme número de emails em nossas vidas. Está faltando alguma coisa nesse meio, né? Eu estou com Taurion. Eu acredito que a própria geração Y vai enterrar o email por considerá-lo algo antigo e improdutivo. Vamos ver quem vai fazer o email desaparecer primeiro: a geração Y ou o IORG.

Enquanto a solução não aparece, vamos tratar de seguir as dicas de uso do e-mail existentes na blogosfera. Entre tantas dicas, valer ler as do Gaulia em seu blog.

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Comunicado da Monsanto

Como já escrevi anteriormente, eu sou um apreciador e colecionador de comunicados das empresas. Tenho um post exclusivo sobre esse assunto. Pode ser publicação nos jornais, nas revistas, email, anúncios na TV, etc. Veiculou? Eu estou lá prestando atenção.

Na maioria das vezes, as empresas usam os comunicados em situações críticas e adversas. Vale a pena conhecer e estudar os movimentos das corporações para ver como que elas tratam casos complicados. A gente sempre acaba aprendendo com isso.

Agora quem está passando por uma situação delicada é a Monsanto no Brasil.

Chega no Brasil um documentário que já havia sido lançado em março de 2008 na França. O documentário, filme e livro, traça a história da empresa com claro foco nos perigos do crescimento exponencial das plantações de transgênicos.

A autora é a francesa Marie-Monique Robin, jornalista independente, polêmica e autora de outros trabalhos parecidos. Ela cita que a empresa comercializa 90% dos cultivos transgênicos no mundo. O título, irônico, é "O mundo segundo a Monsanto", que denuncia o estilo escolhido pela jornalista ao desenvolver o tema.

Um capítulo do livro chamado "Paraguai, Brasil, Argentina: A República Unida da Soja" cita claramente o nosso país e relata uma série de fatos relacionados à "política da soja", numa das maiores regiões de produção de soja no mundo.

A versão em português do documentário, e livro, é agora lançada no Brasil. A autora está em nosso país e tem agenda cheia, repleta de apresentações e muito apoiada por entidades ambientalistas, que abrem seus espaços e agendas (generosamente!) para dar visibilidade ao caso. E o caso vem obtendo grande repercussão, especialmente nas mídias online e blogs.

A Monsanto vem tratando o caso com muito cuidado. Existe um comunicado bastante longo da empresa em seu site na internet, mas não vi nada publicado na mídia impressa e a empresa vem negando pedidos de entrevistas. Por outro lado, existe um comunicado da empresa circulando na internet, de modo viral, que vem se multiplicando pela própria onda dos internautas. Ou seja, o comunicado tem circulado entre formadores de opinião, influenciadores e interessados no caso. Não tenho conhecimento de outras ações feitas pela empresa. Eis abaixo o comunicado, chamado de "Carta ao Público Externo", circulando na rede...

CARTA AO PÚBLICO EXTERNO

Como alguns de vocês devem ter lido ou ouvido na imprensa, acaba de ser lançado no Brasil um filme produzido por uma jornalista francesa sobre supostas posturas da Monsanto ao longo de sua história.

Este material está sendo extensamente divulgado por algumas entidades ao redor do mundo, com o intuito de denegrir a imagem da empresa. Acreditamos tratar-se de mais uma ofensiva por parte de setores movidos pela ideologia, e que parecem ainda não aceitar a evolução científica que vem se mostrando capaz de proporcionar importantes inovações para a agricultura moderna.

Dentre os principais benefícios que hoje estão à disposição do agricultor estão a possibilidade de escolher entre uma maior diversidade de tecnologias que pretende utilizar – desde a agricultura considerada orgânica até a denominada convencional ou aquela baseada na biotecnologia, avaliando os benefícios ambientais e sociais que cada tecnologia oferece e a produtividade que poderá extrair de sua propriedade. A biotecnologia agrícola tem se mostrado, ao longo de seus cerca de 30 anos de pesquisas e mais de 12 anos de plantio comercial em diversos países, uma moderna ferramenta para aumento da produtividade, com melhor preservação ambiental e maior inclusão social.

Exemplos disso podem se notar na maior produtividade por hectare plantado, o que pode permitir a redução de abertura de novas áreas de mata nativa para uma maior produção de alimentos; a menor utilização de inseticidas para controle de pragas e o menor custo total por hectare plantado, que tem já beneficiado diretamente os pequenos agricultores de várias partes do mundo e incentivado a adoção do plantio direto.


No Brasil, temos excelentes exemplos destes benefícios, desde o plantio da soja Roundup Ready que tem se mostrado um grande aliado dos agricultores do Sul do Brasil, composto quase que exclusivamente por pequenos agricultores organizados em cooperativas locais, até a mais recente experiência de sucesso no norte do estado de Minas Gerais, na região de Catuti, onde a cultura do algodão Bollgard tem sido a responsável pela recuperação daquela comunidade. Este exemplo pode ser visto e melhor entendido ao assistir o vídeo “A Semente da Mudança”, produzido pela produtora Toureg e pela renomada jornalista Ana Paula Padrão (www.monsanto.com.br ou www.youtube.com/monsantobrasil) e, a partir de 11/12/2008, o impacto que ele teve na região, na produção denominada “Do sonho à realidade”.


Além dos benefícios que os produtos da empresa têm demonstrado para o país, a Monsanto também tem contribuído intensamente e se mostrado uma importante parceira da sociedade brasileira através de seus programas socioambientais e de educação. A Monsanto tem investido mais de R$ 3,5 milhões por ano nessa área com programas como: CineMonsanto, que desde 2005 já encantou mais de 110 mil pessoas de 10 estados brasileiros que nunca estiveram em um cinema antes; Crianças Saudáveis, Futuro Saudável, que já beneficia mais de 50 mil crianças do ensino fundamental com tratamento de doenças que retardam o desenvolvimento escolar, e com a implementação de hortas escolares desde 2000; Projeto de Monitoramento da Onça-Pintada, que monitora a população deste importante felino em diversos biomas, como o Cerrado e o Pantanal, de forma a preservá-la e evitar desequilíbrios ambientais; Cidade dos Meninos, em Campinas (SP), que resgata a dignidade e proporciona o aprendizado de uma profissão a 200 jovens que foram destituídos de suas famílias por maus tratos ou abandono; entre outras iniciativas voltadas ao desenvolvimento da comunidade em diversas cidades do país, não só onde está presente.


Por fim, em nome da transparência e respeito ao direito à informação, se quiser saber mais sobre a posição da Monsanto frente aos assuntos abordados no material produzido pela jornalista Marie-Monique Robin, acesse (www.monsanto.com.br/monsanto/para_sua_informacao/documentario_frances.asp) .


Atenciosamente,


Monsanto do Brasil


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sábado, 6 de dezembro de 2008

RP 2.0 - Uma experiência de jornalismo multimídia

Em julho de 2005, Edu Vasquez postou em seu blog um texto cujo título era: “O Press-Release morreu?” Passados mais de dois anos, acho incrível como o conteúdo do post continua atual.

Em 2007, Thiane publicou um artigo muito pertinente. Falava em assessores de imprensa preguiçosos e PR 2.0.

Agora caminhemos para o post “O papel das Relações Publicas no Mundo Digital” publicado no blog da Thiane em set de 2008.

Ler os três posts juntos faz a gente pensar.

O que mais assusta nisso tudo é que o tempo passa, o tempo voa, mas o press-release tradicional, “velho de guerra”, continua numa boa. Ou seja, as assessorias insistem na fórmula do press-release pois ainda acham um método eficaz e mais conveniente de fazer RP.

Temos debatido muito isso dentro da IBM.

No final de 2007, nós decidimos fazer uma experiência. Fizemos algo diferente. Nós chamamos a experiência de “webrelease”. Criamos um “release 2.0” a respeito de novidades de tecnologia (mais focado em hardware), contemplando o que anunciamos no ano que se encerrava e com uma previsão das tendências para o ano seguinte. O webrelease incluía links interessantes, com um vídeo de um executivo nosso importante e muitas mensagens em formato multimídia.

Ou seja, criamos um release bem diferente do tradicional, realmente com conteúdo interessante, inovador e muito rico. Quando lançamos nesse projeto, nós não estabelecemos nenhum objetivo claro em termos de resultados. O objetivo maior era experimentar algo novo e sentir a receptividade.

E o resultado?

O fato é que recebemos bom feedback de vários jornalistas. Eles gostaram da proposta, pelo menos foi o que alguns nos disseram via email. Quase nada foi publicado daquele conteúdo que enviamos. Fiquei surpreso com o pouco entusiasmo dos nossos jornalistas mais chegados. Mas quero lembrar que não estabelecemos objetivos para a iniciativa.

De forma geral, o grupo de comunicação que trabalhou no projeto achou o resultado bom. A minha avaliação foi um pouco diferente. A minha percepção é que a maior parte dos jornalistas prefere informação objetiva. Algo no estilo: “Fala o que tem que falar e pá-pum! Nada de lero-lero”. O nosso webrelease tinha vários links e conteúdos. Acho que isso é meio “lero-lero” para muitos jornalistas. É quase como dizer para eles: “Olha, eu tenho muita coisa para dizer, eu tenho tudo isso aqui, dá uma pesquisada e veja o que te interessa”.

Infelizmente, a maior parte do jornalismo opera no estilo “máquina de moer carne”, ou seja, não tem muito tempo para pesquisar e fazer coisas muito elaboradas. Será que estou sendo injusto? Conversei isso com meu grupo e eles acham que estou sendo radical nessa linha de raciocínio. O fato é que a experiência evidenciou prá mim que a maioria dos jornalistas quer informação resumida, bem pragmática e factual. Ou seja, eles querem ainda o press release... mas não para publicar o release e sim para usá-lo como pauta.

Não estou falando que os jornalistas são preguiçosos. Aliás, é uma covardia quem fala isso. Obviamente que existem alguns jornalistas displicentes na tarefa de buscar e apurar fatos, mas a maioria sofre mesmo é com a pressão do tempo e do editor. O volume absurdo de informação com que bombardeamos (nós, empresas!!) os jornalistas, todos os dias, é matador. Eles recebem toneladas de releases e gastam uma parte considerável do dia garimpando as pepitas de ouro no meio de um monte de pedras que encontram em suas caixas de entrada. É garimpagem mesmo. Parte do problema somos nós, das assessorias das empresas, que não temos piedade no uso da tecla “send”. Por outro lado, parte da culpa vem dos próprios jornalistas, que não tem tempo para (ou não querem) pesquisar e fazer matérias mais elaboradas. Ou seja, o binômio pressa-comodidade tem maior peso na balança.

Enfim, diante desse imbróglio, eu ainda vejo dificuldade em fazer da tal RP 2.0 uma realidade em nosso dia a dia. Não por parte das ferramentas, mas sim por conta da dificuldade de entender exatamente o que os jornalistas desejam e o que as empresas podem ganhar ao entrarem nessa jornada. Para quem se interessa pelo assunto, vale a pena ler o post do último Newscamp que dá uma exata noção dessa dificuldade.

Para apimentar mais esse cenário, discute-se muito sobre o futuro dos jornais, tendo em vista que existe uma transformação evidente em curso. Muitas mídias já estão abandonando sua versão impressa e adotando exclusivamente a online. Na verdade, a discussão do futuro do jornalismo vai além da mídia. O Luis Nassif é um que pôe lenha na fogueira quando fala nesse assunto. Vale ler esse post. Enfim, não dá para falarmos de RP 2.0 sem pensarmos em "novos" profissionais de comunicação e em novos conceitos de jornalismo.

Voltando ao RP 2.0...
No evento 2º. Fórum de Comunicação do Governo Federal, a Patrícia Moreira (editora de política, economia e Brasil) do Jornal da Tarde, falou sobre isso. Ela disse que as redações estão inundadas de emails com releases e sugestões de pauta. Um jornalista no evento comentou que, recentemente, perdeu uma coletiva importante pois o convite foi enviado unicamente via e-mail e ele não viu. O convite ficou perdido no meio de duzentos emails não lidos. O assunto era muito importante. O jornal e a empresa se sentiram prejudicados com o ocorrido. Por fim, Patrícia foi clara ao microfone: “-- Se você tem algo relevante e diferente, o melhor é usar a velha fórmula: pega o telefone e liga”.

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terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Redes Virtuais nas empresas

No mesmo evento que citei no último post , Comunicação Interna do IQPC, eu fiz uma apresentação sobre a experiência da IBM Brasil em comunicação interna.

Pelas minhas contas, o evento tinha quase 100 participantes, sendo que maior parte era formada por profissionais de comunicação de empresas. Haviam poucas pessoas de agência. Lá pelas tantas, no final da palestra, eu fiz as seguintes perguntas:

1- Na empresa em que trabalham, vocês têm acesso livre ao MSN e Orkut?
Resposta: Apenas 5 pessoas levantaram a mão. Ou, seja, 95% disseram não ter acesso.

2- A empresa de vocês tem blog corporativo?
Resposta: Apenas 2 pessoas se pronunciaram. 98% deram a negativa.

3- Aí fiz a pergunta mais específica, aquela mais cruel. A empresa em que trabalham tem uma política de blog ou permite que seus funcionários criem blogs internos ou externos?
Resposta: Zero. Ninguém levantou a mão.

Os índices de resposta não surpreendem, mas assustam.

O cenário descrito é muito simples: as pessoas têm, em suas casas, computadores com acesso à internet, participam de redes sociais, falam e compartilham livremente suas idéias e percepções em fóruns virtuais, muitas vezes com pessoas que elas nem conhecem bem. Já nas empresas, elas se deparam com um ambiente limitado, super-hiper-ultra-controlado, sem fóruns de compartilhamento livre, instantâneo e aberto.

Ou seja, as pessoas têm em suas casas um ambiente muito mais colaborativo do que em seus ambientes de trabalho, onde elas passam, pelo menos, oito horas por dia.
Não é incrível?

Por que as empresas não soltam as amarras da organização favorecendo a criação e estabelecimento de redes e fóruns de discussão aberta?

Alguém me respondeu dizendo que é porque as empresas têm medo de perder o controle da comunicação. Já ouvi pessoas comentando que é porque existe o receio de informações confidenciais e estratégicas vazarem nesses fóruns. Por trás disso, está a palavra que as empresas adoram e temem: controle. Mas que controle é esse? As empresas se iludem, pensando que controlam alguma coisa. Esse compartilhamento de opiniões, idéias e percepções já acontece diariamente nos corredores e "cafezinhos" das empresas. As pessoas falam e se relacionam minuto a minuto durante o trabalho, portanto a colaboração entre elas já existe. A questão é que, na maioria das vezes, esses momentos de colaboração não ficam registrados em lugar nenhum. Aliás, ficam sim, na cabeça das pessoas que participaram, somente isso. Muitas idéias e conceitos inovadores ficam pedidos nos “corredores da vida” das empresas.

Resumindo, volto a pergunta: por que as empresas não disponibilizam fóruns, blogs e outras ferramentas para que as pessoas migrem suas conversas de corredor para esse novo “corredor virtual”? Vamos alavancar essa vontade que existe dentro de cada um de nós para opinar, dar idéias e trocar figurinhas sobre qualquer coisa. As empresas têm muito mais a ganhar do que a perder com isso. Pelo menos, ao criar esses espaços de discussão e colaboração, as empresas irão saber qual é o papo que rola nos corredores.

Enfim, as redes sociais e os blogs nas empresas são os “corredores e cafezinhos” do futuro. E esse é um caminho inevitável. Transformá-los em algo do presente depende exclusivamente das empresas. É por isso que sou chato e repito sempre que o profissional de comunicação nunca teve um papel tão importante e transformador como o que estamos tendo agora.

O grupo de comunicação nas empresas (interna e externa) tem que deixar de fazer mais do mesmo e entender o papel de agente de mudança que está diante de nossos olhos. É uma oportunidade única e imperdível. Falta coragem, né? Entrar nesse mundo novo significa risco. Aí vem a velha palavrinha de sempre... controooole.

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