quinta-feira, 29 de abril de 2010

Clientes pressionam as empresas nas redes sociais

No dia 13 de abril, o jornal VALOR publicou uma boa matéria chamada "Companhias usam redes sociais para atender reclamações'.

O interessante é que o título passa a percepção de que a maioria das empresas tomou a iniciativa de montar estruturas e processos para atender os seus clientes via redes sociais. A verdade é que a iniciativa não partiu das empresas não. São os clientes que estão atropelando os canais tradicionais de "customer service" das empresas e buscando a solução dos seus problemas via as redes sociais, especialmente o Facebook e o Twitter.

É cada vez mais rotineiro encontrarmos pessoas comuns, como eu e você, colocando a boca no trombone nas redes sociais para tentar solucionar algum problema que não conseguem resolver pelo canal dito "oficial" da empresa. Tempos atrás eu publiquei um post contando um destes casos: Como usar o Twitter para resolver um problema com uma empresa.

As empresas estão correndo atrás do prejuízo e tentando se estruturar para atender a pressão que chega das redes sociais. É uma corrida contra o tempo.

Essa mudança de comportamento das empresas em relação às mídias sociais vem provocando o aparecimento de novas oportunidades de negócios, onde várias agências e consultores se apresentam como especialistas no assunto. No entanto, a minha percepção é que a maioria ainda coloca foco na atividade de monitoramento, quando o grande "pulo do gato" é saber o que fazer no "day after", ou seja, é saber o que fazer quando alguém espinafra a empresa numa rede social.

Voltando para a matéria do Valor, ela cita algumas empresas especializadas em redes sociais. Como de hábito, saí fuçando os sites destas empresas em busca de algo novo. Daí descobri um link interessante. Está no site da Direct Labs e chama-se "FAQ - Mídias Sociais". Trata-se de um conjunto de perguntas enviadas pelos usuários e respondidas por especialistas da área. Achei instrutivo e fica evidente que somos todos "aprendizes de feiticeiro" nas redes sociais corporativas.

Veja uma boa matéria da GloboNews a respeito do tema.


Ache outros vídeos como este em CampiDigital



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domingo, 25 de abril de 2010

Comunicação interna para gerentes: a implementação da estratégia depende deles

Um texto publicado por Ivan Postigo chamado "O segredo do sucesso não está em criar estratégias, mas em executá-las" faz a gente a pensar.

O ponto dele é claro e cristalino. O segredo das gestões vencedoras não está na criação das estratégias, mas na capacidade de implementá-las e no estabelecimento da cultura do sucesso coletivo. Isso me faz lembrar uma frase de Thomas Edson: Talento é 1% inspiração e 99% transpiração.

Para quem trabalha em comunicação interna nas empresas esta abordagem é uma mensagem e tanto. Existe uma preocupação evidente dentro das empresas em informar a estratégia e os objetivos empresariais básicos através dos canais internos de comunicação. Todos consideram importante os funcionários conhecerem a estratégia e entenderem para onde a empresa está indo, mas a grande dificuldade é fazer os funcionários conectarem a tal estratégia da empresa com as suas atividades rotineiras diárias.

Na verdade, de que serve uma estratégia se a empresa não consegue implementá-la? E não são meia dúzia de executivos que farão ela acontecer. A estratégia e os principais planos da empresa devem ser o objetivo primário de todos os funcionários, e cada um deles tem que entender como o seu trabalho diário contribui para tais objetivos. No fundo, no fundo, são os funcionários que determinarão o sucesso da estratégia. É aí que começa o desafio da comunicação interna.

Comunicar a estratégia é a parte mais fácil. Coloca uns tópicos na intranet, publica alguma coisa nos murais, bota o presidente para gravar um vídeo de 5 minutos, tudo isso resolve o problema da divulgação da estratégia. O nó acontece quando o João da contabilidade, a Maria Lúcia da linha de produção, o Márcio da transportadora e a Ana Paula da área financeira tomam conhecimento da estratégia e não se vêem nela. É aí que o problema existe.

É nesta hora que entra a parte mais difícil e existe um elemento fundamental que vai fazer toda a diferença: o gerente imediato. É ele que os funcionários vão procurar nos momentos de aperto e dificuldade. E deveria ser ele o principal elo de ligação entre o trabalho individual dos funcionários e o objetivo coletivo de todos. E este objetivo coletivo tem que ter uma "cola" clara e evidente com a estratégia da empresa.

É por isso que eu sou um entusiasta da comunicação gerencial dentro das empresas. As empresas gastam muito tempo discutindo comunicação interna massiva e aberta, o que é bom, mas a grande maioria negligencia uma comunicação focada e diferenciada para os gerentes. No fim das contas, a comunicação para os gerentes acaba se embolando com a comunicação para os funcionários e tudo vira uma grande salada.

Fazer os gerentes entenderem seu papel na implementação da estratégia da empresa deveria ser uma obsessão das empresas. São eles que são capazes de influenciar a atitude e o foco dos funcionários. E não vejo isto como uma missão de recursos humanos, acho que isto é missão básica da área de comunicação interna.

Conquistar o engajamento e o entusiasmo do corpo gerencial no alinhamento dos objetivos de seu grupo com os objetivos maiores da empresa deveria ser foco da área de comunicação interna. Para isso, o desenvolvimento de programas e a criação de canais diferenciados de comunicação para os gerentes parecem ser um bom caminho, mas isto já é papo para outro post.

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Os benefícios do uso das mídias sociais nas empresas

O relatório "Social Networks vs. Management" da Manpower, publicado no primeiro trimestre de 2010, foi amplamente divulgado pela mídia e muito repercutido nos blogs. No entanto, a grande maioria se concentrou nos números (que são sempre legais de se ver), deixando de destacar uma parte do conteúdo do reporte que lista a capacidade das mídias sociais de atacar as "dores" que toda empresa sofre.

Em relação aos números, vale destacar:
- O estudou pesquisou 34.400 funcionários de empresas no mundo;
- Apenas 20% das empresas pesquisadas tem uma política definida para uso de mídias sociais, e deste grupo, 63% dos funcionários dizem que tal política ajuda a evitar perda de produtividade no uso das mídias;
- Apenas 4% das pessoas consultadas disseram que a reputação da empresa foi afetada negativamente pelo uso de mídias sociais.

O estudo comprova duas situações já conhecidas.
A primeira é que muitas empresas ainda se lançam nas mídias sociais sem definir uma política ou estratégia. A segunda é que, na prática, o potencial de risco à reputação para as empresas é bem menor do que as pessoas imaginam.

Mas o mais legal do reporte é o excelente sumário que a Manpower apresenta para o uso de mídias sociais nas empresas. Consulte o reporte AQUI pois alguns exemplos de empresas são citados.

O uso das mídias sociais nas empresas pode gerar:
- Ganho de produtividade;
- Aumento da colaboração;
- Compartilhamento de conhecimento, ideias e práticas;
- Aumento da inovação aberta e espontânea;
- Maior engajamento e alinhamento dos funcionários;
- Melhoria no processo de recrutamento e seleção:
- Novos recursos para marketing, comunicação e relações públicas;
- Melhor suporte à operação da empresa em casos de desastres e emergências;
- Motivação para os funcionários inovarem e contribuírem com ideias;
- Descoberta de novos talentos e "experts";
- Criação de senso de comunidade;
- Maior envolvimento e participação dos funcionários na estratégia, objetivos e "grandes temas" da empresa.

Mas não são somente as possibilidades acima apontadas pelo relatório que podem ser alvancadas pelo uso das mídias sociais nas empresas. No post "Dez razões para sua empresa ter uma rede social", publicado em março de 2009, eu já apontava outras possibilidades, como por exemplo:
- Quebra da barreira hierárquica;
- Quebra da barreira geográfica;
- Comunicação direta sem intermediários;
- Criação de identidade pessoal;
- Criação de referências;
- Transparência e política de portas abertas.

Quer saber? Eu ainda não entendi o que as empresas estão esperando para entrar nessa.

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quarta-feira, 14 de abril de 2010

Você é um profissional conservador, moderado ou agressivo?

Texto publicado no Nós da Comunicação que reproduzo abaixo.

No início do ano eu encontrei com um colega que contou os desafios que ele estava passando na empresa onde trabalha. Ele atua na área de comunicação de uma grande empresa que está passando por um penoso processo de aquisição/fusão. Lá pelas tantas ele soltou a frase que motivou este post. Ele disse que a empresa tem um business plan detalhado e muito bem definido, repleto de métricas de curto e médio prazo. Os controles são rigorosos e os processos passam por revisão rigorosa. Também existe um plano de comunicação muito detalhado, com objetivos e métricas estabelecidas, ou seja, todo o passo-a-passo está definido. Neste cenário, o meu colega comentou que as duas empresas têm culturas diferentes e que não será possível fazer as grandes transformações necessárias pelos caminhos tradicionais. Será preciso inovar. Tem que pensar diferente, e tomar riscos, pois a transformação tem que ser quântica e não orgânica. Contudo, o plano desenhado não contemplava nada no sentido de tomada de riscos. Aliás, era o contrário, o plano era bem tradicional.

Foi exatamente neste momento que pensei no conceito que aprendi no livro "Onipresente" de Ricardo Cavallini (ainda vou escrever sobre este livro, veja www.onipresentelivro.com.br), e que nunca mais esqueci. Aí vai...

Qualquer empresa pode se cercar de boas práticas, conhecimento, pesquisas, mil planos, etc. Mas inovar significa experimentação e risco. A cultura do "business plan" foi criada e amadurecida para entender o risco, mas acabou virando apenas uma forma de evitá-lo a todo custo. Aceitar o risco significa sair do ambiente de resultado garantido para buscar um resultado acima da média. Soa quase impossível inovar e conquistar saltos quânticos com planos "papai-e-mamãe". Um plano cheio de métricas vai levar você a se concentrar nas métricas. Quanto mais métricas, mais amarrado a elas você fica. Atender as métricas passa a ser o seu objetivo maior, esquecendo outra possibilidades. No fim de tudo, você se acomodará em atendê-las.

No ambiente do marketing e e comunicação corporativa, este conceito é ainda mais evidente. As empresas não esperam que seus profissionais de marketing e comunicação sejam "papai-e-mamãe". Elas esperam profissionais ousados, que pensam diferente, que adoram experimentação e risco, que desafiam constantemente os tais "planos", que gostam de olhar para frente em vez de olhar para trás, que sejam autodidatas e criativos. Além disso, as empresas também esperam que eles entendam os objetivos e os negócios, que sejam estratégicos e visionários. Enfim, em qualquer empresa, não importa o tamanho ou o segmento econômico, o profissional de marketing e comunicação tem que ser aquele que incomoda, que inspira e que faz as pessoas sonharem além dos objetivos e das estratégias da companhia.

Agora, fala sério comigo. Você acredita que uma empresa com um plano de comunicação super-detalhado, repleto de métricas e controles, com seus profissionais sobrecarregados de trabalho com metas de curto e médio prazo, tem chance de pensar em saltos quânticos de inovação? Parece difícil. Inovação, experimentação e risco significa soltar as amarras da organização. Que fique claro, eu não estou dizendo que ter um plano detalhado é ruim, aliás, é muito bom, mas o excesso de controles e métricas normalmente é muito danoso.

Em resumo, eis aqui os três pontos que quero destacar:

1- Caso você sob trabalhe sob um "business plan", meu recado é que você não se satisfaça com ele. Não fique totalmente amarrado a um plano que não vai permitir você experimentar e se arriscar.

2- Não se contente com as "best practices". Implementá-las nas empresas pode significar apenas implementar algo que já foi feito, com resultados já esperados, porém pode ser que não seja realmente inovador. Alguns mais extremados dizem que o foco nas "best practices" é o caminho da mediocridade. Eu não penso desta forma, mas definitivamente "best practices" significa copiar ou adaptar algo que alguém já fez, tentou, e aparentemente deu certo. Introduzir uma "best practice" pode ser SIM inovador para uma empresa ou área que nunca pensou naquilo, mas não se acomode com elas. Tente criar as suas práticas.

3- O profissional de marketing e comunicação tem que ser ousado, questionar sempre, desafiar o "status quo" e não se satisfazer com as "best practices" e "business plans" da vida.

Por fim, não venha você me dizer que trabalha numa empresa pública, ou numa pequena empresa, e que nela você não consegue inovar ou propor algo diferente. Esqueça isso. Espaço para propor, criar e testar coisas novas sempre existe. É uma questão de atitude e engajamento individual. É claro que em algumas empresas isso fica mais difícil, mas espaço para inovação é possível em todos os lugares. É uma questão de comportamento.

Avalie o seu perfil de profissional como o perfil de investidor. Podemos pensar em carreira como investimento. Afinal, qual é o seu perfil de profissional? Conservador, moderado ou agressivo? Olhando os 3 pontos acima, como você se auto-avalia?

Por sinal, falei para o meu colega que eu não acreditava nos planos da empresa dele. Ou, pelo menos, que ele não deveria se satisfazer com o que tem nas mãos.

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domingo, 11 de abril de 2010

Nas redes sociais corporativas, educar é mais importante do que controlar

Entrevista concedida ao repórter Alexandre Raupp e publicada originalmente na edição 60 da revista BB.COM.VOCÊ, do Banco do Brasil.

Qual o papel da comunicação dentro das empresas atualmente e como torna-la mais efetiva?
Comunicação hoje tem um papel estratégico dentro das empresas, deixou de ser o "velho jornalismo corporativo" de duas décadas atrás para se tornar fundamental no relacionamento com os clientes e com a comunidade, bem como na formação e capacitação dos colaboradores. Para isso, é fundamental que a comunicação esteja conectada às prioridades corporativas, ou seja, a comunicação efetiva nas empresas é aquela que colabora para o atingimento dos objetivos estratégicos.
Existe um desafio evidente na comunicação interna em todas as empresas que é fazer com que cada funcionário tenha conhecimento dos objetivos corporativos, que entenda a estratégia, que viva os valores da empresa e que saiba como o seu trabalho diário pode colaborar para o sucesso de todos.

Como a IBM vê as mudanças que a era digital tem provocado na comunicação corporativa?
O mundo digital transformou a forma como nos relacionamos e como fazemos negócios, trouxe mais velocidade, derrubou barreiras e vem criando novos modelos de negócios. A globalização que vemos hoje no mundo veio a reboque da internet e das novas tecnologias. Tudo isso exige uma nova comunicação mais alinhada com os negócios, ativa e inovadora, e mais conectada com as demandas da sociedade. O crescimento acentuado das redes sociais é um exemplo evidente dessa transformação da comunicação na era digital.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Redes Sociais e ações judiciais: uma rima indesejada

Adoro navegar pela internet, muitas vezes a esmo tentando descobrir coisas novas e fontes interessantes. Eu fico surpreso cada vez que faço isso. A quantidade de perfis falsos, textos copiados, ofensas, plágios e outras barbaridades me impressionam. O que muitos não sabem é que tais atitudes podem gerar graves problemas com a lei. Tudo que rola nas redes sociais fica registrado no computador e pode servir de prova para uma ação judicial.

Sabemos que o Judiciário ainda tem que evoluir muito no mundo digital, mas alguns alguns paradigmas já foram quebrados. O email hoje já é considerado prova escrita. Quando você envia um email pela internet, ele fica registrado em pelo menos quatro máquinas (a sua, a do destinatário, o servidor de onde sai e o servidor que recebe) e todo o conteúdo registrado pode servir de prova eletrônica. Provas oriundas do Orkut, Facebook, Twitter e YouTube também já são consideradas válidas em processos judiciais.

A matéria "As ações da vida online que podem resultar em processos judiciais", publicada no Caderno Digital do O GLOBO em 15 de março, aponta algumas das ações judiciais que qualquer pessoa pode sofrer no uso das redes sociais. A fonte foi a advogada Patrícia Peck Pinheiro. Acesse aqui o Código Penal e a Constituição Federal.

Eis algumas partes retiradas da matéria:

FALSA IDENTIDADE
Criar um perfil falso na numa rede social, blog ou microblog pode levar a processo judicial com base no Artigo 307 do Código Penal. Pena: multa ou detenção de três meses a um ano.

USO INDEVIDO DE IMAGEM
Postar fotos de terceiros sem autorização pode levar a processo. O artigo 5o Inciso X da Constituição Federal diz que "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando direito à indenização pelo dano material ou moral".

CÓPIA NÃO AUTORIZADA
Copiar ou plagiar obras de terceiros viola seus direitos autorais, o que cai no Artigo 184 do Código Penal. Penalidade: multa e detenção de três meses a um ano.

DIVULGAÇÃO DE UM SEGREDO
Revelar segredos de terceiros na internet ou de documentos/correspondência confidencial que possam causar dano, pode levar a processo com base no Artigo 153 de Código Penal. A punição é multa oui detenção de um a seis meses.

DIFAMAÇÃO
Associar uma pessoa a um fato que ofende sua reputação pode render prisão de três meses a um ano e multa (Art 139 do Código Penal)

CALÚNIA
Inventar histórias falsas sobre alguém no Orkut, Twitter ou Facebook pode ser enquadrado no Artigo 138 do Código Penal. A punição nesses casos consiste em multa e detenção de seis meses a dois anos.

VIOLAÇÃO DE SEGREDO DO TRABALHO
Divulgar informações confidenciais referentes ao seu trabalho, através de e-mails, chats e comunidades viola o Artigo 154 do Código Penal.


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quinta-feira, 1 de abril de 2010

Caso Locaweb motiva debate sobre o uso de redes sociais nas empresas

O caso da Locaweb bombou na web nos últimos dias. Tenho que confessar que fiquei com a maior vontade de escrever um post sobre o caso logo após a primeira sequência dos fatos, mas resolvi esperar para ver os desdobramentos do caso. O resultado é que o executivo da Locaweb foi demitido, o que transforma esta história num caso muito especial.

Para quem não conhece o caso, eis um resumo do ocorrido.

A Locaweb é patrocinadora do São Paulo Futebol Clube. Por conta disso, a empresa tem a sua marca gravada na camisa de futebol do clube. No domingo passado, durante o jogo São Paulo e Corínthians, o diretor comercial da Locaweb, em seu twitter pessoal, postou mensagens muito inconvenientes, que ofenderam os torcedores do São Paulo e ironizaram o patrocínio da Locaweb ao clube. Clica na imagem ao lado. Ou seja, o torcedor apaixonado emergiu no twitter e criou uma "saia justíssima" para a empresa. O assunto repercutiu na web e muitos clientes da Locaweb se manifestaram a respeito. Com a repercussão do caso, a Locaweb reagiu rapidamente e publicou um pedido de desculpas em seu blog corporativo. Veja AQUI o post completo da empresa.

O post-comunicado da empresa termina com a frase: "Esperamos que todos que se sentiram ofendidos pelo nosso funcionário nos desculpem e garantimos que medidas cabíveis serão tomadas em relação a isso". Ou seja, a empresa pediu desculpas, em parte assumindo a responsabilidade do problema.

Ao mesmo tempo, em seu twitter, o causador do problema postou: “Sinceras desculpas à torcida e ao SPFC. No calor do clássico, o torcedor tomou conta do profissional. Não acontecerá de novo”. Ver imagem ao lado.

Neste momento, o caso já bombava nos principais veículos online, ganhando uma repercussão enorme.

O desfecho, aparentemente surpreendente e publicado ontem na mídia, foi a decisão da Locaweb de demitir o funcionário diretor. O comunicado da Locaweb informou que a decisão da saída do diretor foi tomada em comum acordo.

Este caso, apesar de lamentável, é riquíssimo para estudo pois evidencia o dilema do uso das redes sociais nas empresas. A princípio, já podemos pensar logo em algumas perguntas:
- O funcionário não tem direito de se expressar livremente?
- Será que a demissão foi realmente a melhor ação que a empresa poderia tomar?
- A empresa tem o direito de demiti-lo por conta do acontecido?
- Será que o caso foi realmente tão grave assim?
- E se em vez do twitter o funcionário tivesse se expressado numa mesa de bar junto a amigos?

Dá para enumerar facilmente mais meia dúzia de perguntas, o duro é pensar nas respostas.

Mas, pensando nas perguntas, acho que vale a pena fazer os seguintes comentários:

1- Na eminência de uma crise, a empresa deve agir rapidamente
Regularmente eu escrevo neste blog que as redes sociais trazem muitas vantagens para as empresas, mas o exemplo da Locaweb mostra que certos erros podem trazer sérios desgastes para a marca e até prejuízo financeiro. Ter consciência destes riscos e saber agir rapidamente ao enfrentá-los faz parte do jogo. Podemos até questionar se a Locaweb deveria ou não ter publicado o post-comunicado em seu blog e se ela deveria ter demitido o seu diretor comercial, mas não podemos desprezar o fato que a Locaweb agiu rapidamente, tomou uma decisão firme, ficou do lado do São Paulo e transmitiu a imagem de uma empresa ética e pragmática.
A lição aqui é clara: se algo sair errado, a empresa tem que agir rapidamente, assumindo a responsabilidade e sendo transparente na sua comunicação.

2- O conflito entre o pessoal e o profissional
Esta é uma fronteira muito tênue. A nota da Locaweb diz: "Infelizmente, o Alex Glikas torcedor se sobrepôs ao profissional e, com isso, não se deu conta de que fazia suas declarações em um espaço público, dando a muitas pessoas a impressão de que a sua opinião pessoal era a opinião institucional da empresa". Nas redes sociais, saber separar os papéis é uma responsabilidade pessoal que cada funcionário de empresa deve ter. Por outro lado, cabe a empresa alertar e treinar seus funcionários para que entendam a importância disso, ainda mais quando o funcionário é executivo da empresa. Se você olhar o meu blog com atenção, você verá que na página principal existe a seguinte sentença: "Todos os posts foram escritos pelo autor do blog e não necessariamente representam as posições, estratégias e opiniões da IBM". É importante esclarecer e separar as coisas, por mais que o pessoal e profissional se misturem. No ano passado eu publiquei um post contando um caso muito interessante, que é um exemplo claro deste dilema. Acesse AQUI.
Uma pesquisa publicada nos EUA no ano passado afirma que 17% das empresas americanas já puniram empregados por violação das políticas de uso de blogs no trabalho. E a tendência é que este número aumente.

3- Orientação e diretrizes de uso são muito importantes
A empresa tem que se preparar para entrar nas redes sociais. Duas coisas não podem faltar: treinamento e diretrizes de uso. É preciso esclarecer e treinar os funcionários para participar das redes sociais, que devem entender que, ao postarem algo numa rede social, eles estão agindo como porta-vozes da empresa. É imprescindível disponibilizar diretrizes bem claras para os funcionários e manter uma comunicação contínua sobre o assunto.

4- Errar para aprender
A empresa tem que ter consciência que está sujeita a escorregões nesta curva de aprendizado das redes sociais. É importante que a empresa não ande para trás quando um ou mais problemas ocorrerem. Na verdade, casos como o da Locaweb devem ser usados como exemplos e lições para evolução e aprendizado da empresa. No caso específico, a ação rápida da Locaweb foi decisiva para sua reputação no mercado, mas mais ainda para o aprendizado dos seus próprios funcionários. Ou você acha que algum funcionário da Locaweb vai escorregar nas redes sociais a partir de agora?

5- Controle não existe
Este é um paradigma que as empresas terão que vencer. Nas redes sociais corporativas, educação e orientação são mais importantes do que o controle, até porque ninguém controla ninguém. Como já dito, estabelecer diretrizes é importante. O caso da Rede Globo é clássico. A empresa verificou que muitos de seus artistas estavam divulgando informações sobre capítulos de novelas e programas em seus twitters e blogs pessoais. O que fez a Globo? Criou um guia de conduta, que gerou polêmico no início, mas agora todos estão seguindo.

6- Seja cuidadoso nas redes sociais
O alerta é simples. Você é o que escreve e opina. A atenção tem que ser ainda maior quando suas opiniões ou comportamento pessoal se conectam de alguma forma com seu lado profissional. As redes sociais funcionam como um grande espaço público, portanto, potencialmente, todos os habitantes do planeta têm acesso ao que você escreve e publica, que pode trazer consequências para sua vida pessoal e carreira, mesmo que numa primeira análise pareçam irrelevantes. Veja este caso AQUI que exemplifica muito bem como fatos corriqueiros podem trazer consequências não imaginadas.

7- Redes Sociais é coisa séria
O caso da Locaweb fez pipocar uma série de avaliações de advogados em relação ao caso. Um dos principais aprendizados é que os comentários nas redes sociais são considerados como registros válidos, ou seja viram prova para possíveis punições, podendo chegar a demissão se o funcionário descumprir alguma norma interna ou tenha um comportamento inadequado que possa gerar dano à imagem da empresa. Aqui vale comentar que o comportamento do brasileiro em suas relações de trabalho o colocam numa posição de risco constante. Acho que o brasileiro dever ser o único povo que termina seus emails de trabalho desejando beijos. Tudo isso é documentação para caracterizar um assédio moral ou sexual.
Veja AQUI uma boa entrevista da advogada Patrícia Peck ao IT Web.

Para fechar o post e exemplificar o burburinho na web, eis uma relação de matérias publicadas sobre o caso:

Mensagem no Twitter causa demissão de executivo da Locaweb - Época Negócios

"Diretor torcedor" expõe riscos do twitter para empresas - Economia Terra

Desligamento de diretor da Locaweb levanta discussão sobre políticas de uso das redes sociais - IT Web

Para advogado, fato de Alex Glikas ser diretor da Locaweb justifica demissão - IT Web

Rede Social: Uso indevido constrange a Locaweb - Convergência Digital

Locaweb: fato de Gilkas ser diretor justifica demissão - Financial Web


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