segunda-feira, 25 de julho de 2011

Estou de saco cheio do meu trabalho

Estava eu de férias, sentado numa cadeira de praia, de frente para as águas transparentes da praia de Geribá, em Búzios, quando recebo uma ligação de celular de um amigo. Entre as amenidades de um papo leve, ele diz que estava infeliz no trabalho, de saco cheio e não sabia o que fazer. Daí, eu me lembrei que havia lido recentemente um excelente artigo sobre isso na coluna "Divã Executivo", do caderno Eu&Carreira, do Valor Econômico. Sugeri que ele corresse atrás porque eu havia gostado bastante.

Esse caso me lembra de um outro passado que já descrevi no blog, num post chamado "Socorro! Preciso de Motivação". Aliás, tem sido mais comum do que deveria esse negócio de amigos e colegas se dizendo desmotivados no trabalho. O assunto "ser feliz no trabalho" é recorrente e está na lista dos 10 temas mais conversados ultimamente. Também é um tema muito bem explorado pela mídia, como uma matéria interessante publicada na Época Negócios de 10/07/2009, chamada "Dá para ser feliz no trabalho?"

Ao voltar à ativa, fui atrás do artigo publicado no Valor.
Ele foi publicado na edição de 8 de junho de 2011 e assinado por Sofia Esteves, psicóloga e presidente do grupo DMRH. O título é: "O que fazer se me sinto infeliz nos empregos?"
Infelizmente, o texto está no espaço exclusivo para assinantes no Valor Online. Acesse AQUI. Mas, felizmente, a blogosfera não perdoa. Acabei encontrando o texto publicado no site da SINDHOSBA (Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde do Estado da Bahia). Portanto, veja AQUI.

A autora analisa a situação de um trabalhador, com 24 anos de idade, que se diz infeliz nos empregos que teve. Ele já passou por diversas empresas, em áreas diferentes e a decepção tem sido constante.

Abaixo, registro três partes do texto que gostei muito:

"... se deparar com a realidade do universo organizacional e constatar que ela não é como você idealizava faz parte da maturidade profissional" .

"Todo trabalho, por mais divertido que seja, tem atividades, pessoas e situações que você não irá gostar tanto assim e isso acontece em qualquer carreira e posição hierárquica. Até um espião da CIA depois de voltar de uma missão cheia de adrenalina e emoção tem que, por exemplo, sentar e escrever um relatório".

"Na vida profissional você enfrentará ciclos que são fundamentais para a construção de uma carreira sólida. Desse modo, em muitos momentos surgirão críticas, dúvidas, questionamentos e tarefas mais burocráticas" .

A vida corrida moderna, aliada a um ambiente de trabalho mais competitivo e tenso, tem desafiado cada vez mais os nossos ideais e sonhos de realização pessoal e carreira profissional. Parece que somos obrigados a repensar nossas aspirações de vida a todo momento. Em muitas vezes, isso gera frustrações e ansiedade.

A felicidade, seja ela pessoal ou profissional, é resultado de uma equação muito simples. A sua felicidade é a diferença entre a sua percepção de realidade e as suas expectativas. Seria quase matemático se as parcelas dessa equação não fossem tão subjetivas.

Veja que eu falo de percepção de realidade.
A percepção é algo criado dentro da sua cabeça. É você quem faz, é criação totalmente sua, de mais ninguém. Portanto, trabalhe a sua cabeça para que a realidade do dia a dia seja mais doce dentro de sua mente, entenda que você faz parte de um mundo onde você não controla a maior parte das variáveis. Ou seja, esforce-se para sorrir mais para a "sua" realidade e ela vai retribuir de volta sorrindo para você.

Caso isso seja difícil, quase impossível, como no caso do trabalhador infeliz, então analise melhor as suas expectativas. Redefina-as. O que vale mesmo é ser feliz. Não deixe de buscar e ler o artigo de Sofia Esteves, que vale muito a pena.

Se quiser algo mais provocador, leia a sempre brilhante e provocadora Lucy Kellaway, colunista do Financial Times e Valor, em seu artigo "Felicidade é ganhar dinheiro, exercer o controle e competir". Acesse AQUI.

Ela diz:
"... o verdadeiro caminho para a felicidade envolve fazer o que a maioria de nós faz o tempo todo, gostemos ou não: trabalhar. O estresse... nos faz felizes. A competição é uma coisa boa: sem ela, não seríamos apenas infelizes, teríamos morrido há muito tempo. Ela não nos faz egoístas, ela nos torna cooperativos".

Digite seu email

Um serviço do FeedBurner

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Histórias do Pimentel: Reunião com os funcionários

Pimentel, presidente da empresa XYZ, chamou o gerente de comunicação:
-- Vamos fazer uma reunião com todos os funcionários. Acho que estou muito distante deles.

O gerente de comunicação gostou da ideia, afinal ele já tinha dado esta ideia para o Pimentel no ano passado, que acabou não rolando.
-- Chamamos quem?

Pimentel respondeu:
-- Chame o máximo de funcionários que puder. Vamos encher o auditório. Quero ver o auditório lotado para mostrar que a reunião é um sucesso.

-- E o conteúdo?

Pimentel parou, ele não havia pensado nisso, mas logo veio a ideia:
-- Vamos usar o relatório institucional. Separa umas partes dele e coloque no powerpoint. Faça uns slides bonitos. É isso aí. Eu vou mostrar o conteúdo do relatório institucional, assim fica tudo bem e não vamos ter polêmica.

O gerente de comunicação tentou falar:
-- Mas...

Pimentel interrompeu:
-- E vamos colocar uma sessão de perguntas e respostas no final, para os funcionários fazerem perguntas para mim.

O gerente de comunicação sorriu, gostou da ideia de ver o Pimentel propondo uma conversa com os funcionários, afinal ele não era disso.
-- Pimentel, quanto tempo para as perguntas e respostas?

Pimentel respondeu:
-- O suficiente para três perguntas. Vamos ter uma pergunta sobre sustentabilidade porque está na moda, outra sobre satisfação de clientes e outra sobre os resultados da empresa.

O gerente de comunicação deu de ombros, não estava entendendo nada e resolveu perguntar ao Pimentel:
-- Mas você não falou que ia deixar os funcionários perguntarem?

Pimentel respondeu:
-- Eu disse que vamos ter uma sessão de perguntas e respostas, mas nunca disse que os funcionários poderiam perguntar o que bem entendessem. Eu não sou louco de deixar os funcionários perguntarem qualquer coisa. Vamos fazer o seguinte. Vamos plantar as perguntas. Você, a minha secretária e o Gonçalves, serão vocês três que vão fazer as perguntas para mim.

-- Plantar as perguntas?

-- Sim! Cada um de vocês vai fazer uma pergunta e eu vou ter que treinar as respostas antes para que tudo saia perfeito na hora do evento.

-- Mas tem que ser o Gonçalves? Todo mundo sabe que ele é o maior puxa-saco da empresa.

-- É por isso mesmo. Ou você acha que eu vou pedir isso para outra pessoa para que ela dê com a língua nos dentes e conte para todos o nosso plano? Gostei! Vai ser um sucesso!

Digite seu email

Um serviço do FeedBurner

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Pesquisa: 73% das pessoas confiam mais nos colegas do que na recomendação de especialistas

Dias atrás circulou uma notícia divulgando uma pesquisa realizada pela Oh!Panel, onde a principal manchete dizia que "79% das pessoas são influenciadas nas compras de produtos e serviços pelos posts de amigos publicados nas redes sociais". E que "73% confiam mais na recomendação dos colegas do que no parecer de especialistas". Veja informações da pesquisa AQUI.

A pesquisa confirma algo que já imaginávamos: na hora de pedir uma opinião para uma compra, nada como consultar os amigos. Mas algo mudou. Até a década passada, cada um de nós tinha algumas poucas dezenas de amigos. Agora, no mundo atual das redes sociais, o nosso círculo de amigos pulou para a casa das centenas e continua aumentando.

O estudo confirma o feedback que recebo dos meus colegas de marketing que trabalham em empresas, cujos produtos ou serviços dependem da venda no varejo através das lojas. Eles me dizem que o consumidor, hoje em dia, já chega muito mais informado na loja. De maneira geral, o consumidor não confia mais no vendedor. Quando ele chega na loja, ele já sabe o que quer comprar ou, no mínimo, o que ele não quer comprar. Também já chega mais consciente a respeito das marcas e dos preços, muitas vezes sabendo das vantagens e deficiências de determinado produto. O consumidor chega prontinho para desafiar o vendedor.

A pesquisa da Oh!Panel diz que 61% dos entrevistados brasileiros buscam informações sobre produtos e serviços nas mídias sociais antes de efetuar a compra.

O pessoal da geração mais nova é mais arrojada ainda. Eles não gostam de comprar em loja, talvez só roupas ainda vale a pena, mas mesmo assim sempre em algumas lojas e de marcas específicas. De forma geral, eles preferem navegar na web, trocar ideias com os amigos e, se der, comprar via internet mesmo. Mas nunca, nunca mesmo, perguntar para um vendedor de loja o que ele acha disso ou daquilo.

Perguntei a um vendedor de loja como ocorre isso na prática e ele me respondeu algo do tipo: "Mais da metade das pessoas que entram aqui na loja já fizeram alguma consulta prévia na internet sobre o que eles querem comprar. O mais comum é o pessoal entrar dizendo que viu um preço ou condição de pagamento diferente na internet. E já começa pedindo para fazer um preço igual ou menor. O cliente reage quando oferecemos um produto alternativo, vira a cara e diz que tem que pensar. Está difícil vender. A venda por impulso já não é mais a mesma. Tudo isso está me obrigando a estudar mais cada produto".

A pesquisa da Oh!Panel reforça um estudo antigo feito pela IDC, em 2009, cujo resultado mostrava que a principal fonte de informações das empresas é o boca-a-boca.
Obviamente que não é razoável comparar os processos de tomada de decisão das pessoas e das empresas. São coisas bem diferentes. Porém, dentro de cada empresa, atrás de cada decisão, existem pessoas. A pesquisa da IDC mostrava uma espécie de paradoxo. Enquanto o boca-a-boca era a principal fonte de consulta, os blogs e redes sociais apareciam no terço final do ranking. No meu post da época, eu escrevi que essa situação ia mudar pois blogs e redes sociais nada mais são do que boca-a-boca virtual. A pesquisa da Oh!Panel parece que já sinaliza essa mudança.

A conclusão é evidente. As pessoas querem e confiam nas recomendações das pessoas de seu círculo de relacionamento, querem conhecer as experiências dos amigos e colegas de sua confiança respeito de determinado produto ou serviço. É com essa informação nas mãos que eles decidem, que desafiam e questionam as outras fontes de referência como publicidade e, até mesmo, a imprensa. Portanto, o melhor pré-venda é o pós-venda, ou se preferir, dizendo de forma diferente, clientes satisfeitos são os "mais efetivos vendedores" das empresas.

E aí? Qual o vendedor de loja que você vai desafiar hoje?


Digite seu email

Um serviço do FeedBurner

segunda-feira, 4 de julho de 2011

AliceDisse: a minha presença no Twitter é humana e imperfeita. Será esse o segredo do meu sucesso?

Você conhece a Alice Disse?
Provavelmente não. A Alice Disse é uma empresa de acessórios femininos. Descobri isso ao ler uma coluna no jornal O Globo, em 02/abr/2011, assinada por Mirna Ferraz, uma das sócias da empresa.
Na coluna, Mirna diz que é uma pequena empresária, sócia da empresa que tem três lojas físicas no Rio e uma loja virtual na web. Mas ela diz que o seu maior patrimônio são os 22 mil seguidores da marca no Twitter . Ela afirma que essa desproporção entre o tamanho físico da empresa e o sucesso no Twitter tem sido motivo de muita conversa.

O texto da coluna segue analisando o assunto, mas num determinado momento ela escreve: "enquanto que nas lojas e no SAC da empresa funcionários treinados me representam, no Twitter sou eu, pessoalmente, que faço postagens, ouço críticas, respondo, resolvo e morror de rir com as clientes. A presença de AliceDisse no Twitter não é corporativa: é humana, imperfeita e divertida. Talvez esse seja o segredo do sucesso".

Mirna, ou Alice, pode tirar a palavra "talvez" do seu texto. O sucesso vem exatamente disso. O sucesso do seu Twitter tem origem exatamente na sua presença humana, genuína e divertida. Quanto mais transparente e natural você for, mais gente vai querer ouvir você, conhecê-la melhor e fazer parte de sua rede. E isso vai fazer as pessoas ficarem muito mais simpáticas e receptivas à AliceDisse. As pessoas querem ouvir histórias de pessoas, e você faz exatamente isso ao contar as suas histórias, experiências e percepções.

A ironia disso tudo é que muitas empresas repetem no Twitter e nas redes sociais a frieza e a dinâmica (quase sempre mecânica!!) existentes nos SACs (Serviço de Atendimento ao Cliente) e nos call centers das empresas, que são hoje, na maioria das vezes, poucos admirados pelos seus consumidores. Esse é um dos desafios das empresas que entram nas redes sociais, que pedem uma experiência pessoal, e não algo mecânico ou automático como acontece hoje nos SACs.

Normalmente nos SACs os atendentes seguem roteiros e scripts. Quando enfrentam um problema ou questão não prevista, tais atendentes se enrolam e têm dificuldade de lidar com o inesperado, causando insatisfações no cliente e até algumas situações inusitadas. Já as redes sociais e o Twitter formam uma plataforma aberta por natureza, onde o inesperado e o surpreendente estão sempre a espreita. Como aplicar um roteiro ou script no Twitter? Como gerar interesse por um Twitter corporativo se a empresa vai aplicar um roteiro sem graça, corporativo e conservador em seu Twitter? Difícil, né?

Os admiradores e clientes de uma marca esperam que o Twitter da empresa seja algo humano, condizente à pessoalidade existente nos meios sociais. As empresas têm dificuldade de lidar com isso, pois querem controlar e prever todas as situações possíveis. As empresas não querem correr riscos, eu entendo, mas o mundo real está exigindo uma nova postura em relação a essa forma antiga das empresas se relacionarem com a sociedade.

Por trás de cada empresa existem seres humanos. Alguns são donos, outros são gerentes, alguns são parceiros e outros são funcionários. Mas todos são imperfeitos, têm personalidades diferentes, um dia estão mais felizes, no outro estão fechados. Os clientes sabem disso. E eles querem conversar com as pessoas que formam a empresa e não com máquinas. Uma sensação negativa sentida por um seguidor de uma marca no Twitter é saber que por trás daquele Twitter, que representa a marca, existe um sujeito desconhecido orientado por um rígido script, que não mostra personalidade ou comprometimento com o usuário no caso de uma sugestão, pergunta ou reclamação a respeito de um produto. O que vale é o script.

O que você acha que um cliente prefere? Trocar mensagens no Twitter de uma empresa cuja conta tem o nome da marca ou cuja conta tem o nome de um funcionário, onde esse funcionário pode ser o presidente, o gerente do SAC, o gerente de marketing ou um funcionário de um departamento qualquer? Não tenha dúvida que é a segunda opção. As pessoas querem falar com pessoas. Receber uma mensagem de uma empresa onde ninguém assina é muito ruim. As pessoas querem saber com quem estão falando.

O exemplo da AliceDisse é ótimo.
As pessoas preferem falar no Twitter e Redes Sociais com gente imperfeita, divertida e criativa, como elas. Elas esperam isso das empresas, que sejam atendidas por pessoas que nem elas, mas cúmplices e comprometidas com sua demanda e necessidades. Elas não querem falar com perfeitos, frios e mecânicos. As empresas têm que pensar nisso. Não é fácil, é um desafio e tanto, mas todas as empresas chegarão lá um dia.

Ahhh, da publicação da coluna no jornal para o dia de hoje, o número de seguidores da AliceDisse pulou de 22 para 25 mil pessoas. Ela está fazendo algo certo, né?

Digite seu email

Um serviço do FeedBurner

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...