Puxa, lá vou eu escrever mais uma vez sobre isso. As vezes me sinto chato e repetitivo, pareço um papagaio.
Um estudo da consultoria americana Robert Half Technology apontou que 54% das empresas pesquisadas proíbem completamente o acesso de seus funcionários a redes sociais (como Facebook e Twitter) no ambiente de trabalho. A pesquisa foi feita através de 1.400 entrevistas por telefone com CIOs (Chief Information Officer) de empresas americanas com 100 ou mais empregados. Acesse AQUI.
Os CIOs tiveram que responder a seguinte pergunta: "Qual das sentenças abaixo descreve mais fielmente a política da sua empresa em relação ao acesso a redes sociais como Facebook, MySpace e Twitter, no ambiente de trabalho?". Eis as respostas:
54% - Acesso proibido completamente
19% - Acesso permitido somente para fins profissionais
16% - Acesso permitido para uso pessoal, mas limitado
10% - Acesso livre e irrestrito, inclusive para uso pessoal
1% - Não sabe / não respondeu
Os números acima não surpreendem, mas tenho que admitir que esperava um resultado melhor no item "Acesso livre e irrestrito, inclusive para uso pessoal".
O resultado dessa pesquisa é o retrato de uma outra pesquisa já citada num post semanas atrás. Nela é dito que 8 em 10 executivos têm uma preocupação enorme com os riscos de segurança e de danos à reputação da empresa que a mídia social pode causar. E apenas 1/3 dos entrevistados disseram ter implementado políticas de mídia social. Acesse o post "O que os Executivos pensam a respeito das Mídias Sociais nas Empresas" se quiser mais detalhes.
Um outro ponto que sempre aparece é o "velho debate" a respeito do impacto na produtividade dos empregados que a rede social pode causar. Quase sempre essa é a principal justificativa para a restrição de acesso. Essa é uma discussão sem fim e tenho que confessar que já me cansei um pouco dela.
Uma pesquisa da Universidade de Melbourne, publicada em abril de 2009, afirma que em média, os empregados que usam a internet para fins pessoais durante o expediente são 9% mais produtivos do que aqueles que não usam. Veja mais detalhes AQUI.
Por outro lado, uma pesquisa da Nucleus Research, publicada em julho de 2009, indica uma queda de 1,5% na produtividade de empregados que acessam o Facebook no ambiente de trabalho. Veja mais detalhes AQUI.
Enfim, você pode escolher uma pesquisa acima e tomar partido. Eu vou repetir a minha posição em posts anteriores. Acho uma tremenda balela esse negócio de dizer que as mídias sociais causam dispersão e distração na força de trabalho. Minha experiência pessoal mostra exatamente o contrário. Se a empresa tem funcionários dispersivos, pouco engajados, que adoram um cafezinho a cada meia hora e que gostam de um disse-me-disse, pode ter certeza que as redes sociais serão somente mais um tempero nessa salada tropical já existente. Aliás, será um tempero ótimo. O que eu quero dizer é que o uso que os empregados darão as redes sociais no trabalho será diretamente proporcional ao engajamento e atitude já existente dentro da empresa.
Eu criei aqui do lado direito da página do blog uma enquete a respeito desse assunto. Quer dar seu palpite?
8 comentários:
Mauro. Recentemente foi liberado o twitter na empresa, mas sinto que todos tem 'medo' de usar e depois serem alvo de fofocas ('ah, fulando não sai do twitter e bla bla bla'). Também tomo precauções para não usar muito. hehehe. Claro que este 'medo' é reflexo da cultura organizacional da empresa. Mas como trabalhar isso, uma reunião aberta do chefe explicando sobre a conduto no uso? Até por que quando foi liberado não foi avisado de modo algum.
MATEUS
Olá Mauro!
Dei uma lida no estudo da Nucleus, que não conhecia. Parece-me claro que há uma preocupação maior com o bloqueio do que com a normatização do uso. Até citam a existência de políticas corporativas de comunicação, mas mais pelo aspecto da vigilância que pelo aspecto da conscientização (falam, por exemplo, que o e-mail é mais fácil de monitorar).
Acho que tratar colaboradores como se fossem crianças que precisam ser vigiadas ou bloquear acesso às ferramentas de sociabilização não seja o melhor caminho para aumentar a produtividade. Talvez tais atitudes contribuam mais para um pior clima organizacional, uma sensação de controle que não considero benéfica nem estimulante.
No mais, gostaria de ver uma pesquisa que aponte para a queda de produtividade por conta do uso que os funcionários fazem da cantina da empresa. Acho que escolheram as redes sociais como bode expiatório quando, na verdade, as causas de queda de produtividade são muito mais relacionadas a climas agradáveis no trabalho, estímulos e incentivos do que saber que site o colaborador acessa ou não.
Oi, Gabriel. Concordo muito com você. Excelente post. Tratar os colaboradores como se fossem crianças que precisam ser vigiadas é algo ligado a cultura corporativa da empresa. Se isto já é feito sistematicamente, a entrada das redes sociais só vai alavancar ainda mais essa atitude da empresa.
Adorei quando você escreveu que gostaria de ver uma pesquisa sobre a produtividade que a cantina traz para empresa. É isso mesmo. As causas de queda de produtividade são muito mais relacionadas aos estímulos e incentivos no trabalho do que os colaboradores fazem com as redes sociais. Enfim, isto é mudança cultural que aos poucos todas as empresas enfrentarão. Foi assim quando o computador e a internet foram introduzidas nas empresas. Todos alegaram que que as novas tecnologias iriam trazer improdutividade interna e dispersão. Abraços e obrigado por visitar meu blog. Mauro.
Oi, Mateus.
Eu fiquei com uma dúvida. Você diz que o twitter foi liberado na sua empresa, mas outras redes sociais já eram liberadas ou esta é a primeira rede liberada? Isto pode fazer diferença na análise. Bem, independentemente da sua resposta, eu tenho comentários.
O primeiro é o post que vou publicar amanhã, terça-feira, dia 13/10/2009, chamado "A síndrome do elefante indiano". Acho que a resistência e a falta de iniciativa colaborativa dos empregados é muito natural. A desinibição vai acontecer naturalmente se a empresa incentivar a participação dos empregados e perserverar no uso das ferramentas.
O segundo ponto importante é a publicacao de um guia de uso do twitter (ou de redes sociais). É importante que a empresa publique uma regra estabelecendo o que os empregados podem fazer, quando usar e em que condições. Isso é fundamental para os empregados entenderem a "regra do jogo".
O terceiro ponto é a sua sugestão. Se o chefe pudesse conversar diretamente com os empregados seria formidável. Seria uma forma transparente e direta de dar o recado. Mas isto não diminui a importância da publicação de um guia.
Enfim, estas são minhas sugestões. Abraços e obrigado por sempre contribuir com meu blog. Mauro.
Oi Mauro, outras redes não são permitidas. Inclusive alguns sites são impossíveis de acessar pois aparece na tela a mensagem do administrador 'este site não é permitido' ou algo do tipo hehehhee
Olha o que eu descobri hoje num blog que ainda não conhecia, é uma matéria sobre sua palestra no Age 2.0 http://mosaicosocial.blogspot.com/2009/09/ibm-mudanca-dos-tempos-quem-diria-e.html
Mas não é qualquer matéria, olha um trecho 'Mauro T. V. B. Segura, que se autointitula um quarentão imigrante digital...' É bem legal.
MATEUS
Grande Mateus. Adorei a matéria no Mosaico Social. Muito divertida. Ano que vem eu deixarei de ser quarentão imigrante digital para me tornar um cinquentão... abcs. Mauro.
Olá Mauro,
Seus posts sempre trazem um conteúdo interessante e essencial para ser lido!
Parabéns pela iniciativa: é por meio de atitudes como essa que podemos pensar a sociedade e questionar atitudes que causam atraso ao invés de avanço!
Um abraço,
Tatiana
Interessante tudo, meu ponto continua o mesmo: e os donos e decisores das empresas, eles seguem essa toada?
A idéia de hierarquia sempre fascinou a mente humana. Quanto mais alto vc sobe, mais vantagens tem em relação aos outros.
Com isso todos querem subir, para serem mais "livres".
Como a internet quebra essa hierarquia e ergue a bandeira da responsabilidade... temos dois problemas, no mínimo!
Um é tácito... como ela se encaixa nesse padrão de hierarquia? e o segundo é: como podemos falar de responsabilidade se ela está atrelada a hierarquia?
Ou seja os niveis inferiores são mais irresponsáveis do que os níveis superiores.
Enfim, toda esta mudança de hábitos e regras está em nossas mãos, dos nossos filhos e futuros netos. Pois nossos pais já fizeram bastante nesse sentido...
Abraço a todos!
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