Temos visto vários exemplos de empresas onde a “marca” do fundador ou do líder se confunde com a própria marca da empresa. Dois exemplos de empresas de tecnologia se destacam nesse cenário. A “marca” Bill Gates é tão ou mais forte que a própria marca da Microsoft. O mesmo podemos dizer de Steve Jobs e a Apple. Mas existem muitos outros, como, por exemplo, Sam Walton e o Walmart.
Aqui no Brasil poderíamos citar Antonio Ermírio de Morais e a Votorantim, Abílio Diniz e o Pão de Açúcar e vários outros. Temos alguns exemplos extremos como o Eike Batista, que tem uma marca muito mais forte do que qualquer empresa dele.
Enfim, essa mistura de marcas pessoais com marcas corporativas torna-se um desafio ao longo do tempo para as empresas. Acho que esse é o momento vivido hoje pela Apple, que tem uma ligação simbiótica com a personalidade e imagem de Steve Jobs.
A história de Steve Jobs é interessante. Nasceu em 1955, foi adotado, não completou o curso universitário, viveu sérias dificuldades financeiras, até que se juntou com um tal de Steve Wozniak e começou a fazer algumas coisas interessantes na garagem de seus pais adotivos (vale dizer que isso é mais folclore do que realidade, parece que nada surgiu de verdade naquela garagem, segundo o livro que cito mais abaixo). Foi nessa época que nasceu a Apple, mais ou menos quando ele tinha 20 anos de idade. Depois de um tempo ele saiu da Apple, derrotado, quase expulso, criou a Pixar e voltou para Apple como um salvador.
O vídeo de Stanford é imperdível. O speech de 15 minutos dado por Steve Jobs para os formandos em 2005 é o retrato claro e pragmático de um empreendedor, de uma personalidade intrigante, de uma mente inquieta e em constante busca de coisas novas. O vídeo inspira e nos surpreende.
Por outro lado, é sabido que Steve Jobs é um líder tirano, numa relação constante de amor e ódio com seus funcionários. Definitivamente ele não é o líder preconizado pelas boas práticas de recursos humanos. A última edição da Super-Interessante traz uma matéria polêmica a respeito desse lado “dark” de Jobs. Infelizmente a matéria não está disponível online. O que vale mesmo é ler o livro de Leander Kahney, chamado “A Cabeça de Steve Jobs”, que evidencia com primor as contradições da cabeça de Jobs, um sujeito apaixonado e que sempre seguiu seus próprios instintos. Leia AQUI o primeiro capítulo, imperdível. Duro vai ser você não correr na livraria para ler o resto.

Mas antes de você ver o vídeo de Stanford, eu recomendo que você veja esse post que eu publiquei no ano passado, onde comento o lançamento do Macintosh em 1984. É um momento histórico, especialmente pelo filme que mostra um Steve Jobs muito jovem, com 28 anos de idade, arrogante, desafiando alguns gigantes da tecnologia, especialmente a IBM, falando com um sorriso sarcástico e denunciando que estava prestes a conquistar o mundo.
Todo esse contexto só potencializa o mérito do vídeo memorável de Stanford. Ver o Steve Jobs falando aos 28 anos, e depois aos 50 anos, é muito interessante. Da vontade de ver e rever.
A história contada no vídeo de Stanford pelo próprio Jobs me faz lembrar o pensamento de Albert Eisntein, que dizia que a criatividade nasce da angústia como o dia nasce de uma noite escura. É na crise que nasce a invenção, os descobrimentos e as grandes estratégias. Quem atribui à crise seus fracassos e penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais os problemas do que as soluções. A verdadeira crise é a crise de incompetência. Sem crises não há desafios, sem desafios a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crises não há méritos. Falar da crise é promovê-la, e calar nas crises é exaltar o conformismo. Todas essas palavras e frases são de Einstein. Mas a que mais gosto é uma frase que ilustra meu blog desde o primeiro dia: Não se pode esperar resultados diferentes fazendo as coisas do mesmo jeito.
Por fim, eis o vídeo de Stanford dividido em duas partes:
Parte 1:
Parte 2:
3 comentários:
Acredito que quando uma personalidade é/foi importante para criação, "manutenção" e/ou divulgação da marca fica difícil não serem associadas. A pessoa, por estar em constante mudança, emitir opiniões, pode chamar mais atenção do que a marca em si.
Lembro de um exemplo simples, não tem a ver com criação da marca, mas sim da divulgação: o garoto propaganda Bombril. Sua imagem ficou associada tão fortemente a marca que depois de um tempo longe das propagandas o chamaram de volta. E muitas pessoas nem sabem o nome do ator que faz a propaganda, apenas o conhecem como o garoto bombril.
Excelente artigo!
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Puxa, Katia, fiquei lisonjeado com a indicação. Já sou leitor frequente do Nós da Comunicação, portanto é um orgulho estar lá. Abraços e obrigado por visitar meu blog. Mauro.
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