quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Comunicação Interna: As pessoas querem ouvir histórias de pessoas

Imagine que você trabalha na empresa XYZ e é o responsável pela comunicação interna. A XYZ conquistou o maior contrato de sua história e você tem que comunicar para todos os funcionários esta grande conquista. Imagine a história contada de três formas diferentes. Veja a chamada para a notícia que seria publicada na intranet.

1
Título: XYZ fecha o maior contrato de sua história
Chamada: A XYZ acaba de fechar o maior contrato de sua história. Vamos compartilhar esse nosso momento de conquista. Com esse contrato, a XYZ se posiciona de maneira diferenciada no mercado.

2
Título: Presidente anuncia o maior contrato da história da XYZ
Chamada: Presidente Pimentel comemora a assinatura do maior contrato da história da XYZ e fala da importância desse momento.

3
Título: João Marcos conta todos os segredos de como ele conquistou o maior contrato de todos os tempos.
Chamada: A assinatura do maior contrato da história da XYZ teve a liderança do gerente de contas João Marcos. Aqui ele conta todos os segredos dessa grande conquista.

Olhando as 3 alternativas acima para anunciar o mesmo caso, qual você acha que despertaria o maior interesse dos funcionários da XYZ? Considere que esta notícia seria publicada na intranet e você quer que o leitor clique na chamada da notícia para buscar mais informações.

A minha experiência mostra que a opção 3 é a que mais desperta o interesse do leitor, pelas seguintes razões:

1- A chamada fala em "todos os segredos", isso instiga e gera curiosidade (quem não quer saber um segredo?);

2- A chamada cita o João Marcos, que é "gente como a gente". Não é o presidente. Não é o diretor. Isso aproxima o caso dos colaboradores pois mostra o sucesso contado por um colega de trabalho e não por um executivo;

3- A chamada cria o conceito de "herói". As pessoas adoram heróis, especialmente quando eles são "gente comum" e contam todos os segredos. O mundo da comunicação é feito de heróis e malvados, mocinhos e bandidos. Pegue a primeira página de algum jornal brasileiro e faça o teste. Escolha uma matéria e tente identificar quem é o mocinho e quem é o bandido.

Vale dizer que as três alternativas acima sugerem três matérias diferentes.
A primeira seria mais institucional.
A segunda também seria institucional, mas alavancaria a figura do presidente.
A terceira seria bem pessoal e consiste basicamente de uma entrevista.

A minha avaliação é baseada na experiência que temos na empresa onde eu trabalho. As comunicações que contam experiência pessoal são sempre as mais acessadas e discutidas. As pessoas querem ouvir histórias de pessoas, querem heróis, saber de conquistas pessoais, compartilhar experiências e "dicas" de como trabalhar melhor e conquistar sucesso. Fazer a comunicação interna se aproximar desse "desejo" deve estar no radar de qualquer profissional de comunicação das empresas.

Por fim, a terceira alternativa ficaria ainda melhor se fosse feito um vídeo de 3 a 5 minutos com a entrevista de João Marcos. Imagem e voz compõe uma solução muito mais interessante do que uma matéria escrita. Qualquer máquina fotográfica digital de hoje permite fazer uma entrevista filmada de forma simples e com qualidade.

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15 comentários:

Ocappuccino.com disse...

'Quem não quer saber um segredo?'

E com o 'Segredo' a Tijuca foi campeã, as pessoas gostam mesmo disso.

O problema é: se o presidente obrigar a equipe de comunicação a linkar seu nome à conquista? Aí vai tudo por água abaixo? Ou dá para usar este discurso que usou no texto e tentar convencer o presidente?

MATEUS

Mauro Segura disse...

É isso aí Mateus. Deu Unidos da Tijuca como campeã do carnaval carioca. E eu sou tijucano.
A sua pergunta é difícil. Não existe uma resposta que funcione em todas as empresas ou ocasiões. Tem que ser no caso a caso. Esse é um processo que vai seguir uma curva de aprendizado e o time de comunicação da empresa tem que liderar isso. Obviamente que trabalhar a liderança do presidente é primordial, mas saber equilibrar o uso das imagens do presidente e do "povão" é algo também importante. Enfim, conversar com o presidente e com o time executivo da empresa sobre os aspectos de interesse dos funcionários passa a ser cada vez mais importante. Não me parece tão desafiante assim. As vezes, conversando com empresas, eu tenho a impressão que o maior desafio está mais dentro do time de comunicação do que fora. Existe uma tendência de todos nós a fazer "mais do mesmo". Abração. Mauro.

uniRP disse...

Bem legal o texto. Se eu fosse escolher uma das alternativas, teria escolhido a 1ª... trabalho em uma empresa/instituição e gosto muito, por isso sempre me chama a atenção notícias que contenham no título algo que ela tenha feito ou conquistado. Porém, ter lido o texto me mostrou outro lado, e gostei bastante disso. Em comunicação, aprendizados a cada momento é fundamental, essencial... então, parabéns pelo texto!!!

Zee Lima disse...

Sabe Mauro, o comunicador em mim gostaria de trabalhar mais com a primeira manchete... a idéia de compartilhar os louros da vitória é o que realmente me atrai.

Mas o publicitário em mim fica com a terceira alternative. Vide tudo o que temos nos veículos de massa. Assim pegar uma pessoa comum e torná-la especial e única, mas também acessível e cotidiana é com certeza a aposta vencedora.

Claro tudo vai depender mesmo de quem vai escrever e que tom será usado. O caso de usar a figura do presidente só dá certo se a presidente for querido, lembrem-se que Obama já apareceu até como coadjuvante nas histórias do Homem Aranha!

;D

Camila Della Negra disse...

Bom, Mauro, claro que a parte da primeira manchete que fala como a empresa passa a se posicionar após o contrato é bastante interessante e certamente é algo que os funcionários precisam saber.
Mas contar a história da conquista sob a ótica do funcionário que a liderou (nesse caso, o gerente da conta, não o presidente da empresa) dá um sabor especial...Como vc disse no título, queremos ouvir histórias de gente!

Camila

Unknown disse...

Parabéns Mauro, belo texto, apesar de sabermos que nem sempre é essa a realidade que temos que seguir. Mas acredito na sua 'tese', e é isso que eu defendo até hoje!

Um abraço,

RP Brenda

Ieda Diniz disse...

Olá Mauro, boa noite!
Situação no mínimo intrigante...
Particularmente, acredito que a opção 3 despertaria maior interesse dos funcionários, por chamar a atenção de que João Marcos irá contar TODOS os segredos de como conquistou o maior contrato de todos os tempos.
Não sei se por curiosidade ou aprendizado.
Porém não descarto a possibilidade de um outro enfoque: "XYZ fecha o maior contrato de sua história e "VOCÊ" é peça fundamental nessa conquista" Ou será que está muito "apelativo"?
Algumas organizações acreditam que enaltecer colaboradores em conquista é um risco, eles podem se perderem na autoconfiança ou no comodismo. E você o que acha?
Excelente texto!

Mauro Segura disse...

Ieda.
Eu não concordo com a afirmação de que "enaltecer colaboradores nas conquistas é um risco pois eles podem se perder na autoconfiança ou no comodismo". No entanto, tudo tem que ser feito de maneira equilibrada e criteriosa. Só podemos enaltecer os colaboradores que efetivamente tiveram participação diferenciada e destacada no projeto. Em nenhum momento deve existir alguma dúvida ou questionamento se tal funcionário merece ou não ser destaque. Enfim, é necessário saber dosar estas pitadas de destaque. Obviamente que a cultura corporativa também faz a diferença nesta situação. Não dá para forçar a barra. Obrigado por visitar o blog. Abraços. Mauro.

Giulia disse...

Uma das coisas mais difíceis pra quem está na correria do dia a dia de comunicação interna é conseguir enxergar a pauta de um jeito diferente. É muito fácil cair no arroz-com-feijão. Mas já é um começo saber que as pessoas sempre esperam um risotto, um macarrão, uma supernovidade gastronômica ;)

Anônimo disse...

Com certeza a 3ª opção geraria mais visitas, porém, qdo cito apenas 1 pessoa como a "responsável pelo feito" os demais colaboradores que se envolveram no projeto (msm q mto pouco) aqui na empresa que trabalho ficam MTO ofendidos de não serem citados. Já tive vários problemas com isso..portanto, por mais que ela fosse a mais atraente é a que mais geraria confusão e mal clima... =(
Luciana

Mauro Segura disse...

OK, Luciana. Seu feedback é válido e nós vivemos o mesmo problema na empresa onde eu trabalho. Portanto, o caminho correto é sempre avaliar o caso e alavancar as pessoas que realmente merecem ser alavancadas. Ou seja, se o projeto foi uma conquista evidente de um grupo, então o grupo merece ser valorizado e apresentado como os reais conquistadores do projeto. Saber dosar isso tudo é sempre muito importante. Obrigado por visitar o blog e pelo comentário muito válido. Abcs. Mauro.

Alessandra Mazzariolli disse...

Olá Mauro,

Show esse seu texto! O fato também de você estar com dados estatísticos da intranet mostrando que esse modelo de texto atrai é outro item importantíssimo. Pois isso mostra que é um modelo de texto que atrai, comunica e aproxima a corporação do seu diretor. Gostei bastante. Abs!

Thais Catucci disse...

Olá Mauro,
Primeiro, parabéns pelo blog. Sempre leio com frequencia.
Concordo com você que a terceira opçao seria a mais lida, também utilizamos desta estratégia onde trabalho!

Adorei a matéria e os comentários que são sempre mto bons!

Thais

Mauro Segura disse...

Puxa, Thais. Obrigado pelo elogio. Isso me motiva a continuar blogando. Me ajuda divulgando o blog para os seus colegas e amigos. Abraços. Mauro.

Êmili Souza disse...

Olá, meu nome Êmili Souza, estudo no UNIFIEO, sou aluna da Professora Solange Ferrari. Eu estou fazendo um trabalho sobre Redes Sociais internas. Mauro Segura, o Sr. poderia me passar alguma informação ou fazer algum comentário sobre o tema? E quem sabe até nos fazer uma visita? Estou no aguardo.
Atenciosamente.

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