terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Carreira, vocação e outras divagações para a geração Y

Texto meu publicado no blog Foco em Gerações 

Muitas vezes, ao longo da vida, eu ouvi a expressão: “Puxa, o trem está passando e eu não estou nele”. Quase sempre essa frase veio de colegas de trabalho que se mostravam insatisfeitos com suas carreiras e falta de oportunidades de desenvolvimento profissional.

O que sempre falo para meus amigos é que, para entrarem no trem, minimamente, têm que estar na estação onde o trem vai passar. Se existe alguma oportunidade de mudar de posição no trabalho e ninguém considera seu nome, saiba que uma boa parte da culpa é sua. Isso significa que você não estava na estação quando o trem passou.

Estar na estação significa expor suas vontades e aspirações. Mas não é expor para o seu melhor colega, nos corredores da empresa ou no cafezinho. Você tem que falar para quem tem interferência, influência ou decisão no processo. Uma ação recomendável é expor para o seu gerente o que deseja para sua carreira. É compartilhar com ele o seu interesse em mudar de área, suas ansiedades e planos de desenvolvimento. Se você trabalha numa companhia que se preocupa com a carreira de seus funcionários, muito provavelmente esse papo será muito bem recebido pelo seu gerente. Isso fará que ele seja seus olhos dentro da empresa, identificando oportunidades e caminhos para atender suas aspirações. Isso é colocar você na estação.

Infelizmente, existem empresas ou situações nas quais o funcionário não tem liberdade ou incentivo para ter esse tipo de conversa com seu superior. Já ouvi as pessoas falarem que não conseguem ter um papo transparente com o chefe, que ele entende tudo errado, etc. Enfim, nesse caso, será preciso pensar em alternativas.


Uma delas é procurar se aproximar dos colegas que trabalham na área que você está buscando. Será uma outra forma de se expor e construir relacionamentos saudáveis, que ajudarão a colocar seu nome na prateleira de candidatos, para a primeira oportunidade que aparecer.

Também que vale a pena procurar se desenvolver na área que está buscando. Vamos imaginar que você trabalha na área administrativa e deseja trabalhar numa área ligada a marketing. Minha sugestão é que comece a estudar marketing, não importa se for um curso básico ou avançado. O importante aqui é começar a entender a linguagem e acumular conhecimento. Isso permitirá criar novos contatos que trarão informações e oportunidades. Esse movimento positivo é altamente saudável para sua carreira.

Nos últimos dez anos, se eu pudesse selecionar as três perguntas mais comuns ligadas à carreira e desenvolvimento que tenho recebido, eu diria que são estas:

- Devo perseverar na minha carreira atual e me tornar um especialista?
- Devo procurar novas oportunidades em áreas diferentes para me tornar um profissional mais eclético e com mais opções de desenvolvimento?
- Estou insatisfeito com minha carreira e gostaria de procurar outros caminhos. Como faço?

Infelizmente, ou felizmente, não existem respostas simples para essas perguntas. Não existem respostas mágicas. As respostas são individuais para cada pessoa, pois cada caso é um caso. O importante é avaliar sua situação regularmente. A melhor decisão de hoje não significa que será a melhor decisão no futuro.

Aí entra uma outra dimensão que sempre tentamos considerar quando analisamos carreira e crescimento profissional: a vocação. Muitas vezes ouvimos a expressão: “Fulano de Tal tem vocação para isso ou para aquilo”.

A melhor abordagem que vi a respeito do tema “vocação” foi na revista Super-Interessante Ed. 262 (de Fev/09). A matéria aborda o tema de maneira simples e descomplicada, sem mistérios. Abaixo misturei algumas partes da matéria com minhas percepções.

A vocação é formada por dois elementos: a aptidão que uma pessoa tem para fazer determinada coisa e o interesse que ela sente por aquilo.

O interesse vem de fora, o seja, é influenciado pelas experiências individuais e pelo ambiente em que cada pessoa vive. Já a aptidão, ou seja, a facilidade natural que uma pessoa tem para fazer determinada coisa, está escrita nos genes.

Em resumo…

Vocação não é destino, ela depende do que você faz na vida.

Vocação é a soma de sua aptidão com as experiências que você vive na vida. Isso nos leva a concluir que nossa vocação vai sofrendo alterações, ou evoluindo, ao longo do tempo. Ou seja, nós temos mais certeza do que queremos a cada ano que vivemos. Ao ficarmos mais velhos, a nossa vocação fica mais evidente.

Misturando tudo isso e colocando sob o prisma de nossa carreira, chegaremos à conclusão que a melhor maneira de descobrir o que cada um sabe e gosta de fazer ainda é o método da tentativa e erro – experimentar várias e ver o que dá certo.

É essa a essência da geração Y. Experimentar bastante. Podemos afirmar que os primeiros anos de trabalho são anos experimentais e muito marcantes para o desenvolvimento de qualquer carreira.

A conclusão dessa conversa toda é que a carreira é responsabilidade exclusivamente sua. Não a delegue para seu gerente, para sua empresa ou para o destino. Não deixe a vida levar você. Não fique ao sabor das ondas. Trocando em miúdos: esteja na estação para poder entrar no trem.

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2 comentários:

Zee Lima disse...

Sabe Mauro, outro dia lí um post no blog do Carlos Faccina (Carreira 2.0) uma idéia muito legal e que está em total sintonia com sentimentos meus: "você constrói sua carreira, não o contrário."

Explico pela minha ótica: Empresas e pessoas são mundos complexos e ambiguos, além de serem completamente distintos. Existe a pessoa física e jurídica, mas ambas são "pessoas". Entes sociais.

Natural que existam conflitos quando os dois entes começem a se relacionar. Mas o conflito do trabalho tem raizes externas fortíssimas.

Crescemos ouvindo histórias sobre como o "trabalho constrói" e nos "dá sustento". Se você tem como base pais ou avós imigrantes terá histórias de empreendedorismo como berço.

Tudo isso pesa. Pressiona. Ainda mais quando vc começa a perceber que o mundo está mudando para caminhos que as histórias dos seus antepassados jamais previram...

Vejam só, em meio ao mundo 2.0 quantos politicos utilizam a internet como ferramenta útil de trabalho politico? E quantos se opõe a seus avanços? Como pesar isso na hora do voto?

Isso para citar apenas uma situação que teremos que passar este ano. E as outras situações?

Por isso creio que a revolução que estamos buscando é uma mudança de ponto de vista. Nós somos a ultima fronteira a ser descoberta e explorada.

O emprego dos sonhos não existe, o que existe somos nós e nossos sonhos. E eles podem se concretizar, e só depende de nós. Nossas escolhas.

E as empresas?

Elas compram nossa força criativa, nosso suór, nosso tempo, eles são nossos clientes. Clientes de nossas idéias. Nosso laboratório e campo de expressão.

O trem da história é feito por Nós. Coletivo e colaborativo, não único e exclusivo. Mas este colaborativo só existe se nós extivermos em equilibrio com nossas exclusividades.

É paradoxal e ambiguo, eu sei. Por isso é verdadeiro e humano.


Abraço a todos!

Mauro Segura disse...

Zee.
Eu não conhecia o blog do Carlos Faccina. Muito bom. Eu acho que o post que você cita é o apontado no link abaixo.
http://colunas.epocanegocios.globo.com/carreira/2010/01/26/nao-existe-plano-de-carreira-nas-empresas/

Concordo muito com a afirmação "você constrói sua carreira, não o contrário". Aliás, concordo com todos os seus comentários. Abraços. Mauro.

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