
É verdade que a maioria das áreas de TI das empresas sentem receio de abraçar as novas tecnologias e as inovações.
Existe uma tendência de esperar que elas amadureçam antes de entrar de cabeça. Foi isso que aconteceu quando surgiu a microinformática, o movimento cliente-servidor e a internet. Atualmente o mesmo fenômeno vem ocorrendo com o cloud computing e as rede sociais. No caso das redes sociais existem dois paradigmas a serem quebrados. O primeiro é que as redes sociais não passam de entretenimento e que seu uso afeta a produtividade dos funcionários. O segundo é a velha questão da segurança da informação. Além disso, a TI acha que as redes sociais não têm relacionamento com o seu "core business" que é fornecer infraestrutura para os sistemas corporativos, manter as aplicações de negócio, suportar o business da empresa, etc.
Portanto, não me surpreende saber que apenas uma empresa em cada dez envolve a área de TI em projetos para utilização de redes sociais. Se consultarmos as áreas de marketing e vendas das empresas, será fácil constatar que as suas respectivas áreas de TI são avaliadas como lentas, poucos flexíveis e não aderentes às novas tecnologias. É por isso que a maioria das iniciativas de marketing e comunicação é conduzida sem envolver a TI, com budget próprio. Por outro lado, nunca a área de TI foi tão demandada pelas empresas. A introdução de novas tecnologias, a informatização intensa de tudo que imaginamos, a necessidade de conectar os sistemas legados com os mais novos e as constantes mudanças na esfera da economia e dos negócios (que exigem atualizações e ajustes frequentes nos "velhos" sistemas) colocam a TI numa posição de pressão contínua.

Para ter idéia da situação, ainda existem empresas onde o acesso à internet é totalmente bloqueado, onde os funcionários somente têm acesso a determinados sites. Pesquisas nos EUA mostram que aproximadamente 50% das empresas bloqueiam o acesso de seus funcionários a redes sociais, e a maioria das que permitem o fazem de maneira limitada.
Eu não tenho dúvidas de que TI nas empresas têm que começar a explorar o mundo das redes sociais. A integração das redes sociais com os sistemas corporativos das empresas é uma mera questão de tempo. Já existem exemplos que mostram essa tendência. Essa integração vai forçar a quebra das barreiras que existem entre estes dois mundos. Além disso, a entrada da geração Y como força de trabalho vem colocando intensa pressão nesse ambiente ainda muito restritivo e controlado.

Neste post, eu faço referência a um white paper chamado “Social Media: Embracing the Opportunities, Averting the Risks” publicado nos EUA em meados de 2009. O reporte foi produzido pela Russel Herder e pelo Ethos Business Law, a partir de 438 entrevistas online realizadas em julho de 2009 com executivos de empresas dos EUA. Os dados mais surpreendentes aparecem logo no sumário executivo do documento. É dito que 8 em 10 executivos estão preocupados com os riscos de segurança e de danos à reputação da empresa que a mídia social pode causar. Existe também uma preocupação enorme com a questão da perda da produtividade. Apenas 1/3 dos entrevistados dizem ter implementado políticas de mídia social. O documento também diz que 40% das companhias pesquisadas bloqueiam o acesso de seus funcionários às redes sociais.
Para ter uma visão complementar muito interessante, eu recomendo a leitura da entrevista da Viviane Mansi no Nós da Comunicação. Ela fala sobre a integração entre TI, RH e Comunicação e como as redes sociais aparecem no meio de tudo isso. Muita boa esta entrevista.
Enfim, não me parece razoável assumir que a demora na introdução das redes sociais nas empresas é culpa da área de TI. O desafio é de todos.
Um comentário:
Sabe Mauro, venho pensando nisso com mais intensidade do que o habitual, comecei a prestar mais atenção a quantidade de conversas informais, telefonemas pessoais, caminhadas fora da mesa dos meus gerentes e diretores.
No populacho, eu comecei sim a observá-los como eles me observam. Com a diferença que tenho amplo treinamento em antropologia, eles não.
Não é novidade que a realidade empresarial é a visão de poucos sobre a vida de muitos. Assim a visão destes "senhores e senhoras" no jogo do poder impera sobre qualquer outra visão.
Num trabalho que fiz para uma empresa de treinamento, identifiquei um padrão humano que no mundo dos negócios é praticamente uma lei: "se não gosto, não faço."
A priori parece algo normal, afinal quem faz o que não gosta por muito tempo? Agora no mundo do gerenciamento de pessoas... a coisa não é tão simples.
Digamos que o gerente não goste de samba, mas sua equipe adora. Ele quer presentear a equipe. As chances dele presenteá-los com ingressos para a Sapucaí é baixíssima. A tendência é optar pela neutralidade, chocolates, bonificações, e dias de folga.
Agora estamos vivendo uma fusão de mundos, de idéias, de gerações. Nós, os X estamos em meio a mudanças e pressões de todos os lados, e estamos respondendo. A pergunta é: com o que?
Muitos gerenciadores de pessoas não compreendem que suas visões movimentam a vidas de pessoas. Simplesmente nunca pararam pra pensar que a visão deles é a realidade para outros.
Outro dia presenciei uma cena sui generis! Um diretor começa a contar uma piada que assistiu no you tube. Ninguém sabia do que se tratava. Então ele, meio que frustrado, soltou outro gracejo com o fato de só ele acessar o you tube e nós não.
O fato me lembrou as idas ao zoológico com meus pais. Nós indo e vindo, e eles fazendo... bem fazendo o que quer que seja que eles fazem!! Não importava, a graça era vê-los em seu "habitat natural"!!!
Abraços a Todos!!!
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