domingo, 20 de dezembro de 2009

Essas maravilhosas empresas sonhadoras e seus fantásticos canos furados

Eu lembro muito bem de um filme chamado "Esses Homens Maravilhosos e Suas Máquinas Voadoras". Você não conhece? Vale a pena assistir. O filme é antigo mas é muito bom. Sempre adorei o título de filme e usei-o como inspiração para o título deste post.

Num evento recente, onde eu participava de uma discussão sobre como incrementar o ambiente colaborativo nas empresas (liberdade para as redes sociais!!!), mais uma vez surgiu a velha e tradicional pergunta sobre como controlar a informação, aquela costumeira preocupação do vazamento de dados e informações estratégicas via redes sociais nas empresas.

A minha resposta foi uma pergunta. Indaguei: "Mas, hoje, a sua empresa controla alguma coisa?"

A resposta veio através de um sinal afirmativo com a cabeça.

Eu retruquei dizendo que o controle de informação nas empresas é apenas uma percepção, ou melhor, uma boa intenção. As empresas controlam somente o que elas enxergam, somente o que passa nos canais oficiais de comunicação. As empresas não controlam a conversa nos corredores, nos cafezinhos e nos almoços. As empresas não controlam o que os seus funcionários conversam no telefone todos os dias, com familiares, fornecedores e clientes. As empresas não controlam todos os emails que chegam e saem das caixas postais de seus funcionários. Enfim, se pudéssemos criar uma metáfora para isso, eu diria que a comunicação nas empresas é um enorme cano furado, vazando água por todos os lados. É um Titanic em constante rota de colisão. As informações vazam por todos os lados, diariamente, hora a hora, minuto a minuto. Da mesma maneira que elas saem, chegam um monte de outras de diversas fontes diferentes.

Quanto maior o número de funcionários, pior. Serão mais bocas e mais ouvidos. Quanto mais global é a empresa, mais complexa será a coordenação das diversas geografias e das diferenças culturais. Quanto maior o número de clientes, mais difícil será imaginar o controle de informação. Como controlar milhares de interações diárias com os clientes? E com os fornecedores, parceiros, intermediários, canais de vendas, distribuidores, etc?

Enfim, neste contexto, as redes sociais parecem ser a ilha da fantasia. Afinal, é um lugar onde todas as interações são registradas, os nomes de quem fala, responde e opina estão escritos e disponíveis, está tudo lá registradinho. É um ambiente muito mais seguro e visível do que o cafezinho de qualquer empresa.

E qual é a saída?
O caminho correto é a conscientização dos funcionários de que informação estratégica é diferencial competitivo, seja ela tratada numa conversa informal, numa reunião de planejamento ou "postada" numa rede social. Se o funcionário tiver consciência disso, e sabedor de como cuidar da informação que possui, então não importará o ambiente ou a mídia, ele sempre saberá tratar a informação com critério. Este é um passo importante para uma empresa entrar de verdade num ambiente colaborativo. E, sendo repetitivo como sempre, a empresa não pode esquecer de desenvolver um guia corporativo que dará a orientação básica de como os funcionários devem usar as ferramentas sociais.

Enfim, se alguém aparecer dizendo que tem medo de redes sociais nas empresas por conta de vazamento de informação, pense no cano furado.

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7 comentários:

Zee Lima disse...

É exatamente esse o ponto Mauro... é a tecla que eu tbm sempre toco pras bandas de cá...

Gente, o controle é apenas uma percepção. Uma ilusão de controle, nada mais. Ou uma alusão ao controle, sendo um pouco mais poético!

As redes sociais, MSNs, entre outras formas de comunicação via internet só realçam a verdade, de que não controlamos nada a não ser nosso quinhão de espaço.

É isso ai... quanto mais cedo tomarmos consciência de nossos limites mais rápido tomamos consciência de como maximizar nossas ações e tornamos tudo mais harmônico... ou vamos ficar muito frustrados com o desmoronamento do castelinho de areia!!!

Forte Abraço à todos!

Anônimo disse...

Mauro,

Somente hoje fiquei sabendo do seu blog. Já li boa parte dele e é fantástico. Estou adorando cada texto. Parabéns, pois é muito atraente, interessante e útil na nossa profissão de comunicador corporativo.
Continue assim, que cada vez mais eu ficarei cativo.
Grande abraço.
Bom te ver, ainda que seja virtualmente! hehehe
Marceloxxxx!

Mauro Segura disse...

Fala Marcelox. Obrigado por visitar o blog. Divulga ele pra quem você puder... vamos bombar esse blog. Abraços. Mauro.

Heitor Botan disse...

Mauro, olá!

Incrível como essa é uma coisa que me aflige cada vez mais: a ilusão de controlar informações não passa de uma boa intenção, como você bem definiu. Então, que posturas a empresa toma para analisar as manifestações dos empregados nas redes sociais?

Na minha percepção, não consigo imaginar outra postura corporativa a não ser a capacitação e instrução. Deixar claro aos colaboradores as consequências que qualquer informação compartilhada pode causar. E eu, como empregado, também esperaria que a empresa onde trabalho respondesse sobre o que posso ou não publicar. Várias vezes já pensei algumas vezes antes de clicar no 'enviar' de um post sobre o trabalho.

Sempre quanto toco nesse assunto, lembro do exemplo de Social Media Guide Line que a Dell disponibilizou na internet, voltado a pequenos empreendedores. E, pelo menos na teoria, estou convicto de que esta é a maneira mais adequada de uma política de comunicação interna que avalie as manifestações dos empregados nas mídias sociais, desde que aliado às demais políticas de conduta da empresa, mesmo que seja para torná-lo uma política de RH.

No Social Media Vale do Paraíba, grupo de interessados em discutir o emprego das mídias sociais na nossa região, comecei uma discussão nesse sentido. Aqui vai o link: http://bit.ly/7sdCgg Sua contribuição seria muito válida para nossas discussões.

Abraços, Heitor

Washington Sales disse...

Mauro,
Lembro que a um tempo atráz onde trabalhava assinei uma folha, onde o objetivo era garantir a segurança da informação da organização, nem lembro o que estava escrito pois o documento foi passado de forma repressão, ou seja, eu tinha que tratar com cuidado as informações da empresa ou era justa causa! Concordo com vc, quando fala sobre controle e ainda mas sobre conscientização.Essa semana também ouvir que, "acessar o orkut na hora do trabalho é para desocupado", e lembro que meus colegas em nem um momento trocou suas atividades para esses acessos, pelo contrario. Mais quem bom, creio que um dia as empresas iram perceber o poder das redes sociais no ambiente de comunicação seja como for, é isso que procuro passar para outros. Mais queria saber de uma coisa, será que esse dia vai demorar achegar? Ou já estamos nesse processo??
Parabéns,
Washington Sales

Tatiana Kielberman disse...

Mauro, se possível por favor me adicione no MSN: tatikielber@hotmail.com.

Quero te apresentar um projeto!!

Luiz Antônio Gaulia. disse...

Mauro, canos furados estão vazando por parte - a comunicação não é controlável. Basta ver o final das reuniões: no cafézinho em roda, os próprios executivos que buscam "controle" comentam abertamente situações até confidenciais.
Mas acho que isso tudo é uma transição entre modelos velhos e novos. Vamos ver o que o futuro nos reserva!
Abraços,
Gaulia

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