segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ninguém entende nada de redes sociais nas empresas

No mês passado eu participei de um painel sobre Redes Sociais na Futurecom. A mediadora foi Renata Fan e o painel contou com 9 participantes, além da própria Renata. Todos eram estudiosos e supostos conhecedores do tema. Acho que o painel durou mais de 1h20 de excelente debate, com boas discussões e evidente interesse da platéia, o que me surpreendeu, já que estávamos falando de uma sessão que acontecia no último horário do último dia do evento, período que tradicionalmente rola o espírito de "fim de festa".

O painel serviu para constatar algo que eu já tenho na cabeça faz tempo: ninguém entende nada de redes sociais nas empresas, eu inclusive, me incluo neste time "com louvor". Somos todos aprendizes e curiosos do assunto.

O universo das pessoas que discute redes sociais atualmente é formado por muitos teóricos e especialistas de última hora, falando mais pela percepção pessoal do que por alguma experiência prática realmente relevante. Aliás, sugiro que sempre quando você conversar com um suposto especialista, pergunte a ele pelas suas credenciais, pergunte se ele tem um blog, qual rede social ele participa e quantas horas por dia ele gasta em relações virtuais. Se ele falar que conhece redes sociais nas empresas, pergunte se na empresa onde ele trabalha o acesso é livre às redes sociais, se existe política corporativa e qual é o papel dele na gestão disso dentro da empresa. Enfim, desafie ele.

Em resumo: ninguém entende nada desse mundo novo de redes sociais. Estamos todos aprendendo. Se alguém falar que entende, desconfie.

Rolaram 3 discussões no painel que me incomodaram.

Comentei que as redes sociais para darem certo nas empresas é necessária a introdução de um guia corporativo de uso. Acho que o pessoal não entendeu bem, pois surgiu o comentário de que as redes sociais não podem ser reguladas ou controladas. Ou seja, houve um mal entendido que tentei corrigir depois. Uma coisa não tem relação com a outra. Um guia corporativo não pretende regular ou controlar o uso de redes sociais, mas sim instituir recomendações de conduta para os funcionários e participantes da rede. Trata-se do mesmo espírito do código de conduta que existe dentro das grandes empresas, que apresenta normas de conduta e ética, mas não controla nada. Enfim, veja mais detalhes AQUI.

O segundo assunto foi em relação a simplicidade de implementação de redes sociais. Em determinado momento do painel se criou a percepção que introduzir redes sociais nas empresas é algo fácil e simples. Isso é um equívoco evidente. A única coisa fácil é a tecnologia, já que atualmente um blog ou rede social pode ser criado com muita facilidade, num piscar de olhos, haja vista as ferramentas blogger e wordpress. O resto é um tremendo desafio. Desenvolver redes sociais dentro das empresas exige uma transformação cultural, educação dos funcionários, envolvimento executivo, objetivos definidos, etc. Ou seja, é uma baita complexidade. Lançar o blog é fácil, duro é fazer ele acontecer. A síndrome do elefante indiano é um dos maiores obstáculos nessa jornada.

O terceiro assunto foi o comentário do representante do governo que disse que o governo já está evoluindo no mundo da web 2.0 e que o Blog do Planalto é um exemplo disso. A realidade é que não existe uma política clara e definida do governo, o que existe são iniciativas individuais de alguns governantes ou parlamentares que acreditam no potencial dessas ferramentas e que estão entrando nisso de verdade. Não resisti, e peguei o microfone para comentar que o Blog do Planalto não aceita comentários, o que descaracteriza uma das maiores características do blog que é o diálogo.

Por fim, para fechar o post, tenho que citar que o verdadeiro destaque do painel não foi o debate. O maior sucesso foi a cruzada de pernas da Renata Fan, num vestido curto, que provocou uma migração de homens do lado esquerdo para o lado direito do auditório. Lá do palco deu para ver o movimento migratório. Coincidência ou não, o lado direito do auditório terminou muito mais cheio que o esquerdo. Parabéns para Renata, que conseguiu coordenar muito bem o painel, tornando-o mais brilhante com sua inteligência, beleza e simpatia.

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16 comentários:

Tiago da Costa disse...

Belo post! Essa história dos "especialistas" em redes sociais também foi abordada nesse interessante post de André de Abreu (Intermezzo): http://imezzo.wordpress.com/2009/08/25/cuidado-com-o-especialista-em-redes-sociais/.

Só um detalhe: acho que o elefante indiano não usa telefone. :)

Ocappuccino.com disse...

E o que o representante do governo disse quando o indagou sobre não ser possível comentar no blog?

Renata Fan é demais e ainda entende de futebol e é colorada, a mulher perfeita.

MATEUS

Tatiana Kielberman disse...

Fantástico, Mauro!

É sempre muito bom poder ter um outro olhar sobre ferramentas com as quais estamos tão acostumados a lidar. Por vezes, ficamos tão envolvidos que nem percebemos o real sentido do que estamos fazendo!
Parabéns pela contribuição!

Beijos,
Taty - Grupo Foco

Carol Terra disse...

Mauro, concordo que estejamos em fase de experimentação, erros e acertos. Porém, como em todas as mídias, já vemos alguns profissionais que despontam como referência no assunto. Basta ver a campanha de Obama, a do Rio2016...ambas contaram com feras das mídias sociais. Abraços, Carol Terra (http://rpalavreando.blogspot.com)

Renato Andrade disse...

Olá, realmente o assunto é muito novo, não existem "especialistas" pq a cada segundo aparece uma nova ferramenta... e um novo estudo é criado.

Sou o responsavel sobre as redes sociais do Grupo Foco, abrimos as redes sociais na empresa, oferecemos treinamento e até criei um sistema de informação interna para trocar de informações sobre redes sociais... tivemos exito!

Temos os blogs e neles abrimos espaço para o internauta perguntar sobre estágios e trainees, todas as questões são encaminhadas para as consultoras, existe um espaço livre para o debate. Nos blogs também abrimos espaço para artigos de outros internautas, questões sobre processos de seleção são respondidas via twitter, orkut e facebook.... acredite... já utilizaram o CHAT do facebook para tirar duvidas.

No orkut a nossa presidente debate questões com os internautas. Sugiro uma visita na comunidade TRAINEE BRASIL.

Como vc deve saber, o anonimato faz criar um mundo cruel, algumas vezes a moderação é necessária... não critico o governo de moderar ou proibir comentários. Internautas poderiam usar palavras sujas e calúnias... já pensou como moderar a quantidade de mensagens?

Todos os blogs corporativos possuem um manual de conduta, assim como existe um manual de conduta na TV e na rádio... o famoso "PIIIIII" nos palavrões :-)

Voce poderia ter acompanhado o SOCIAL MEDIA BRASIL ou acompanhar o trabalho da Tecnisa nas redes sociais... daí sím a sua idéia seria diferente.

Sou admirador do seu trabalho e um dia podemos conversar sobre o assunto. Um grande abraço

Mauro Segura disse...

Tiago.
Quero agradecer a indicação do post de André de Abreu no Intermezzo. Excelente post!! Não conhecia e ele endereça super-bem o tema. Obrigado por visitar meu blog. Abraços. Mauro.

Mauro Segura disse...

Mateus.
Quando eu falei sobre o Blog do Planalto, um outro panelista pediu o microfone, depois outro e o representante do governo ficou sem poder responder no momento correto. No final do debate, a Renata Fan passou o microfone para ele dando chance dele falar, mas aí ele voltou a dizer que o governo está evoluindo na web 2.0. Enfim, não teve uma resposta pragmática em relação ao meu comentário. Em relação a Renata Fan, ela seria perfeita se fosse rubro-negra... Abçs. Mauro.

Mauro Segura disse...

Taty.
Eu também sinto a mesma coisa. Eu tenho muita dificuldade de ter um olhar diferente sobre coisas que estamos mergulhados no dia a dia. Este é um desafio para todo profissional de comunicação e marketing. Obrigado por prestigiar meu blog com sua visita. Bjs. Mauro.

Mauro Segura disse...

Carol.
Você tem razão. Eu resolvi colocar este título no post para perturbar mesmo, para instigar as pessoas a comentar e falar sobre suas visões. Com certeza já existem profissionais que são referência no assunto, e você é uma delas. Os casos citados por você (campanha do Obama e Rio 2016) realmente foram campeões. Obrigado por visitar meu blog, Carol. Abraços. Mauro.

Mauro Segura disse...

Renato.
Obrigado pelos seus comentários.
Você tem razão em tudo que escreveu.
Vou repetir o que escrevi na resposta para Carol. Eu resolvi colocar este título no post para perturbar, para instigar as pessoas a comentar e falar sobre suas visões. Com certeza existem boas experiências e projetos em redes sociais, e cada vez mais existem profissionais que começam a se especializar no assunto. Mas, infelizmente, o número de especialistas curiosos é muito maior que os especialistas de fato. Essa situação faz com que muitos projetos comecem tortos nas empresas, sem objetivos definidos e com expectativas incompatíveis com a realidade. Muitas vezes isso acontece pois os projetos de redes sociais são tratados meramente como um projeto de tecnologia, sem o engajamento executivo e dissonante da cultura corporativa existente na empresa. Enfim, essa é uma discussão longa. Conheço sim o Social Media Brasil, onde as agências apresentaram seus projetos e cases de sucesso. A Tecnisa é uma boa referência no uso da web 2.0 para o relacionamento da empresa com seus clientes, eu desconheço se os colaboradores da Tecnisa também usufruem de todo este ferramental de web 2.0 em seus processos internos e no desenvolvimento de sua força de trabalho.
Enfim, desculpe pelo exagero das afirmativas do meu post e parabéns por tudo que tem feito no Grupo Foco, eu não sabia de todo esse trabalho. Abraços. Mauro.

Mauro Segura disse...

Tiago. Telefone indiano?? Eu não havia entendido seu comentário, mas aí fui no post e vi que escrevi telefone em vez de elefante. Ridículo, né?? É isso que dá fazer essas coisas tarde da noite. Obrigado pelo alerta. Abcs. Mauro.

Washington Sales disse...

Mauro, concordo com você venho alguns dias pesquisando e procurando entender sobre as rede sociais, o que tenho a dizer é que um processo dinamico, e realmente ainda não sabemos onde isso vai parar e sim vai parar um dia. Estou gostando muito desse assunto venho acompanhando seu blog, que vem esclarecendo muito sobre esse assunto. Parabéns pelo blog!

Washington Sales

Washington Sales disse...

Mauro, concordo com você venho alguns dias pesquisando e procurando entender sobre as rede sociais, o que tenho a dizer é que um processo dinamico, e realmente ainda não sabemos onde isso vai parar e sim vai parar um dia. Estou gostando muito desse assunto venho acompanhando seu blog, que vem esclarecendo muito sobre esse assunto. Parabéns pelo blog!

Washington Sales

Zee Lima disse...

É... eu já comentei isso certa vez, mas minha impressão é que vivemos num mundo de super especialistas. Mestres, pós doutores em todo tipo de assunto!!

O que tbm é natural, unindo narcisismo e pluralismo temos uma combinação perigosa que resulta num: "não me diga o que fazer" coletivo.

Mas complexidades à parte, é um grande passo as redes sociais estarem em debate franco e aberto (e tão bem mediado!).

Só trocando informações nós podemos caminhar nessa estrada confusa e completamente nova de relações humanas (ou como preferem alguns: humano-máquina-humana; ou ainda indivíduo-máquina-coletivo).

Quanto aos pontos levantados, Mauro, eu divido a percepção contigo. Por hora a melhor idéia ainda me parece um bom guia corporativo. E leia-se por bom: efixcaz dentro da cultura da empresa.

Imagino se eu tentasse colocar algo na empresa onde estou. Seria como se advocasse a favor da pedofilia! E sem exageros, pois basta lembrar um dos meus carros chefes de venda é justamente filtros extremamente eficazes para coibir a navegação e a interação na internet.

Simplicidade. Tbm compartilho o seu ponto, Mauro. Não vejo como uma situação tão simples como abrir uma conta no Orkut e "deixar rolar", o que eu faria sossegadamente enquanto indivíduo.

Empresas tem objetivos, normas, metas, culturas e alguns punhados de pessoas completamente diferentes em seus quadros de colaboradores. Não levar pelo menos estes aspectos em conta na hora de traçar qualquer estratégia para mídia social, me parece um equívoco.

Entendo que a palavra "simplicidade" pode ter vários sentidos neste caso. Podemos estar falando de "vontade politica" por parte da empresa... neste caso, minha percepção me diz que é mais simples decidir se a empresa "entra ou não" nesta avenida.

Estamos falando de relações humanas aqui. Todo cuidado, é sempre pouco.


Forte Abraço a todos!!!

Alex disse...

Muito bom o artigo, Mauro. Ainda estamos engatinhando no assunto das mídias sociais. Até que os verdadeiros "especialistas" estejam prontos precisamos desse tipo de análise para conseguirmos lapidar as habilidades necessárias e enxergar o que é realmente importante nesse vasto assunto.

Abs,
Alex - Cresça e Apareça 2.0

Candice Vitale disse...

Olá Mauro,

Muito legal seu artigo. Concordo que é difícil falarmos em especialistas em um campo tão novo e dinâmico.
Como você, também considero fundamental que existam treinamentos em empresas para preparação dos funcionários no uso das redes sociais.

Um abraço

Candice

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