A discussão sobre o futuro do jornalismo frente às novas mídias continua pipocando em tudo que é lugar. Tenho constantes oportunidades de falar com profissionais e lideranças da área e o tema sempre provoca discussões “quentes”.
Na penúltima edição da revista Época, no. 574, Helio Gurovitz, Diretor de Redação, escreve um editorial cujo título já denuncia o seu ponto de vista: “Em defesa do jornalismo”. Aliás, posição que eu concordo e compartilho, apesar de reconhecer que nem tudo são flores na mídia nacional. Veja AQUI.
Dias atrás, eu publiquei um post recomendando a leitura de uma excelente entrevista dada por Ricardo Gandour, Diretor de Conteúdo do Grupo Estado, para a Jornalistas&Cia. Ele navega muito bem a respeito do tema. Veja AQUI.
O New York Times, ícone do jornalismo americano, está à deriva. Outros canais importantes de informação dos EUA também estão sofrendo. Em fevereiro deste ano, a Time publicou um artigo que merece ser lido, chamado "How to Save Your Newspaper". Veja AQUI.
Recentemente eu tive um ótimo encontro com Silvia Bassi, Diretora Geral e Publisher do IDG Brasil, e Ralphe Manzoni, Editor-Chefe do mesmo grupo. O assunto foi o mesmo. A posição é clara. Eles não são contra as novas tecnologias e o ambiente digital colaborativo, o que se discute é um novo modelo de negócio para o jornalismo continuar sendo viável, sério e de qualidade. Aliás, vale destacar que o sempre excelente IDGNow! foi um dos pioneiros no uso de mídia digital, sempre adiante no tempo, usando e abusando de inovação. Hoje, o IDGNow! é o meu principal canal pessoal de informação a respeito do mundo de TI, que é super relevante para um cara como eu que trabalha numa empresa de tecnologia. Eu tenho interesse pessoal e profissional que o IDGNow! e outros veículos de informação importantes continuem saudáveis e provendo um jornalismo de qualidade. E essa, no final das contas, que é a discussão de todos nós. Aliás, só para comentar, o IDGNow! vai muito bem em seu modelo de negócio.
O mundo dos blogs é formidável e um caminho sem volta. A comunicação aberta, transparente e altamente colaborativa é uma dádiva da tecnologia, criando um ambiente que está revolucionando as nossas vidas, mudando a forma como a sociedade se relaciona e gerando inclusão social e educação massiva. Por outro lado, as redes sociais e blogs vêm alcançando um poder influência na sociedade que merece reflexão. Como gerenciar isso? Será que deve ser gerenciado? Conceitualmente, como diz Gurovitz, os conteúdos gerados nos meios online deveriam ser sujeitos às mesmas normas e leis que regem a imprensa tradicional. Infelizmente, o mundo online tem muitos pernas-de-pau. Gente que copia, faz pirataria de conteúdo, gera informação ofensiva e mentirosa, espalha factóides, etc. Toda essa turma influencia a sociedade através de pequenos delitos, pois pirataria e mentiras são crimes.
Existem opiniões polêmicas, como a de Luiz Nassif, que entrou em rota de colisão com alguns jornais e revistas. Ele diz que alguns veículos da nossa mídia nem sempre representam a imparcialidade ou seguem os preceitos do chamado bom jornalismo. Acesse AQUI o papo que eu tive com Nassif. Mas, por mais polêmica que seja a opinião de Nassif, todos nós caminhamos pelo mesmo de viés de que cada um deve ser responsável pelo que escreve, fala, opina e informa. Podemos, sim, fazer um bom jornalismo, independentemente do meio.
Quero deixar claro que blogueiro e jornalista são figuras diferentes. Como disse Renato Cruz, jornalista do Estadão: "não funciona avaliar a blogosfera por critérios estritamente jornalísticos, pois ela é maior que o jornalismo". Leia AQUI o artigo de Renato. Concordo com o que ele fala.
Alessandro Martins, jornalista, escreveu um post muito interessante chamado "Você, jornalista, também vai ter um blog; saiba por quê", onde ele comenta as diferenças entre blogueiros e jornalistas. Acesse AQUI. O mesmo Alessandro escreve um outro post a respeito da responsabilidade dos blogueiros. Vale a pena ler AQUI.
O IDGNow! publicou recentemente uma notícia informando que o número de processos contra blogueiros tem aumentado aceleradamente nos Estados Unidos. Acesse AQUI a matéria. Eu acho essa tendência inevitável, especialmente nos EUA onde "tudo" vale um "processinho". Acredito que em breve teremos ações parecidas por aqui em Terra Brasilis.
Mas por agora, eu quero incentivar a todos aqueles que blogam, acessam blogs, participam de redes sociais e fazem parte de alguma forma dessa sociedade digital, que fiquem de olhos abertos e saibam separar o joio do trigo. Parodiando o que Gurovitz escreveu, vamos ajudar a manter vivo o bom jornalismo dentro desse mundo digital. Os blogueiros têm papel fundamental nisso tudo.
Um comentário:
Mauro, é aquele negócio. A internet é linda, as estruturas são maravilhosos, o material enriquecedor, mas na prática, ninguém quer pagar com isso. Acho que é o efeito - devastador, diga-se de passagem, na maioria dos casos da mídia - da cultura "free" que se convencionou na internet.
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