quarta-feira, 6 de maio de 2009

As Empresas perdem Memória Institucional nas Crises

As organizações ficam mais vulneráveis a perder sua memória institucional durante os períodos de crise e recessão. Essa é uma das conclusões mostradas no Estudo “The New Economic Environment” do IBV, publicado em dezembro de 2008.

Mas o que é Memória Institucional?

Memória Institucional é todo conhecimento gerado pela empresa, ou seja, inclui o que está registrado na documentação formal existente dentro da companhia, mas também considera aquele conhecimento que aparece nas inúmeras interações diárias que os funcionários têm em seu dia a dia, quase sempre de maneira informal e repletas de cultura corporativa.

Em períodos recessivos, as organizações enfrentam grandes desafios para manter seu conhecimento. Eis abaixo alguns dos desafios enfrentados pela empresas em período de turbulência:

- Os programas de demissão voluntária, e mais especificamente programas de aposentadoria antecipada, são focados nos funcionários mais experientes, com farta memória institucional;

- Nos programas de corte de empregos, redes sociais informais são decepadas, atingindo indivíduos que frequentemente funcionam como elos de ligação entre departamentos e projetos. Muitas companhias não têm noção do valor que estes funcionários representam para a empresa e acabam não considerando-os em seus programas de retenção e desenvolvimento;

- No momento mais duro das crises, a credibilidade da organização sofre bastante pois a demissão de trabalhadores exerce enorme impacto negativo nos funcionários que ficam, afetando os relacionamentos internos, entre os funcionários e a própria empresa. Além disso, muitos empregados vêem demissões com uma quebra de confiança entre eles e a empresa, é o velho sentimento de traição, o que leva muitos deles a não compartilhar ou explorar seu potencial de conhecimento (consciente ou inconscientemente) para o sucesso da empresa. E pode ser até pior, pois alguns funcionários escondem ou seguram conhecimento propositadamente como uma estratégia de manter seus empregos;

- Ambiente negativo e pressionado também pode roubar tempo precioso no compartilhamento eficaz de conhecimento e informação. Parece que o tempo para desenvolver capacidades, rever projetos e compartilhar experiências desaparece. Os empregados mais seniores acabam se concentrando nas urgências do dia-a-dia e ficam menos disponíveis ou interessados em mentorizar os funcionários mais jovens ou compartilhar informação relevante com os colegas.

Vivemos dias de turbulência no mundo. As empresas estão pedindo para fazermos mais com menos. Temos a sensação de estarmos menos disponíveis para pensar e colaborar com os outros. Estamos todos mais concentrados em eficiência operacional e em um monte de prioridades que, antes da crise mundial, pareciam não existir.

Um dos passos importantes para evitar essa erosão de memória institucional é se antecipar. As empresas deveriam se preocupar mais com isso. Uma das alternativas seria criar formas de compartilhamento de conhecimento crítico e estratégico com um maior número de pessoas dentro da empresa. Como fazer isso? Existem muitas formas. Eis apenas algumas ideias:
- Através de gravação de entrevistas via vídeo ou podcast com especialistas internos;
- Desenvolvimento de blogs, wikis e redes sociais;
- Incentivar a criação de comunidades (virtuais ou não) em torno de temas importantes;
- Rotação de funções - permitir que funcionários-chave circulem por diferentes funções dentro da empresa;
- Aumentar as oportunidades de mentorização;

Acredito que as alternativas acima só funcionarão se forem feitas durante um período de normalidade dentro da empresa. Numa fase de crise ou emergência não existirá clima favorável para qualquer uma destas iniciativas, pois a organização estará concentrada em apagar os incêndios. Ou seja, para isso funcionar, o ambiente tem que estar receptivo.

Entender as redes mais críticas de informação dentro da empresa pode ajudar muito na identificação dos funcionários de maior valor para a empresa. Dimensionar o valor contributivo desse pessoal é fundamental para que a empresa tenha clareza em que ela deve investir e reter.
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10 comentários:

Ocappuccino.com disse...

O que mais gosto no teu blog é que não demonstra somente o 'problema', mas fala das 'soluções'. Ou seja, perder a memória institucional da empresa é um grande problema, mas há como manter esta memória de acordo com as opções que exemplificou.

Abraços,
Mateus d'Ocappuccino

Anônimo disse...

Mauro,também acredito que as empresas perdem sua memória institucional no momento em que deixam de lado os seus colaboradores. Tornando-os inimigos, que confabulam no almoço e no local do café, articulam modos de ver sua própria empresa fechar as portas, sem perceber que também estão perdendo.
Em momentos de crise estes sentimentos afloram, as empresas não reunem seus funcionários para pedir a colaboração e compreensão. Elas reunem os seus diretores e buscam estratégias para o bem da empresa e não do conjunto. Esquecem a primeira regra da convivência saúdavel, o respeito e na minha opinião o compartilhamento de idèias. Todos são peças de um mesmo jogo, e todos são importantes para a vitória no final de cada dia.
Portanto, defendo a idéia da integração comunicativa dentro e fora do trabalho, funcionário que trabalha feliz, faz o seu melhor e quer crescer junto, portanto conservsa a memória da intituição.

Adriana Carrara
Estudante de Jornalismo UNIFIEO
www.adrianacarrara.blogspot.com

Anônimo disse...

Mauro, gostaria de parabenizá-lo pela palestra proferida ontem no I Fórum de Pós-Graduação do UNIFIEO em Osasco.
Com certeza, muito do que foi aplicado por você e pelos demais palestrantes serão levados para a nossa vida profissional.
A cada dia a integração entre povos é maior, derrubando fronteiras, e toda e qualquer diferença entre hierarquias, visando o entendimento e desenvolvimento da humanidade através do saber compartilhado pelas redes.

Durante todo o fórum a mensagem que mais se fez presente foi a de que devemos nos reciclar, aprimorar e estar abertos para novos desafios.
Todos os meios permitem integração e disceminação da informação, então todos nós somos veículos para qualquer tipo de informação. Gostaria de saber sua opinião sobre um assunto polêmico, a necessidade do diploma para os jornalistas. È necessário ou não, qualquer pessoa pode ser um jornalista, montar seu site ou blog e divulgar as notícias que desejar?

Obrigada

Adriana Carrara
Estudadnte de Jornalismo do UNIFIEO
www.adrianacarrara.blogspot.com

Mauro Segura disse...

Oi, Adriana.
Que bom que você gostou da palestra. Obrigado pelas palavras carinhosas e elogiosas.
Sobre sua pergunta eu tenho alguns comentários.
É verdade que cada vez mais os meios permitem a disseminação ampla e irrestrita da informação, fazendo com que cada ser humano tenha sua oportunidade de atuar como jornalista e fotógrafo. Eu sou um exemplo disso. A tecnologia e a sociedade empurram cada um de nós para esse cenário de informação intensa. Os blogs e outras tecnologias de web 2.0 nos transformam em comunicadores, mas ainda assim eu acredito que a sociedade vai continuar demandando conteúdo organizado. É aí que entra o jornalista. Mas um jornalista diferente daquele da década passada. É preciso de jornalistas que estimulem o raciocínio do leitor/ouvinte, que façam o leitor entender os fatos, muito mais do que simplesmente tomar conhecimento deles. O jornalista do novo século tem que ter a capacidade de melhor organizar e selecionar a quantidade crescente da informação. Esses são desafios bem diferentes de um passado recente. Sugiro fortemente que você leia a entrevista de Ricardo Gandour no link abaixo. Eu vou até escrever um post sobre isso mas ainda não tive tempo. Vale a pena a leitura. Acho que ele vai colocar algumas minhocas na sua cabeça.
Enfim, não tenha com dúvidas. Estudar, desenvolver conhecimento e capacidades em jornalismo é e ainda será fundamental. Corra atrás do diploma e não se contente só com ele. O mundo vai empurrar você para correr atrás de outros diplomas.

http://www.jornalistasecia.com.br/edicoes/jornalistasecia689a.pdf?__akacao=137168&__akcnt=a7e8d634&__akvkey=f21f&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Jornalistas%26Cia+--+Edi%E7%E3o+689A+--+Especial+Grupo+Estado+%28assinantes%29

Por fim, obrigado por ter visitado meu blog. Abçs. Mauro.

Marcia Ceschini disse...

Mauro, peço licença para usar esse seu post no meu outro blog, o You too!, um blog que tem o objetivo de evangelizar Araraquara e região com o que há de mais novo em comunicação. Mais do que nunca, esse post precisa veicular por lá.
Claro que colocarei os devidos créditos.
Abraços

Mauro Segura disse...

Marcia, a casa é sua... use a abuse. Abçs. Mauro.

Ignes disse...

Caro Mauro,

na crista do assunto "crise", gostaria de saber sua opinião sobre a influência da crise sobre o trabalhado da área de marketing.

Tenho lido diversos artigos como o da Harvard Businees Review (http://www.hbrbr.com.br/index.php?codid=83), da McKinsey (http://www.mckinseyquarterly.com/the_downturn_new_rules_for_marketers_2262), Reuters (http://www.reuters.com/article/pressRelease/idUS125503+30-Jun-2008+BW20080630), The Economist (http://www.woweffect.be/?p=2127), entre outros sobre esse tema.

Porém, sabemos que os efeitos da crise no Brasil são diferenciados. E nossa forma de encarar clima de recessão também é diversa, até mesmo pela experiência estendida no assunto. Mas a maioria dos produtos de que dispomos são de marcas estrangeiras. O perfil do consumidor diante da crise tem se diferenciando de forma contínua no exterior, conforme já apresentado por instituições como Harvard, e o mesmo já está sendo comprovado no Brasil através de pesquisas do Observatório dos Sinais, Latin Panel etc.

Diante desse cenário, quais seriam as novas perspectivas do Marketing? Como se preparar para uma conjuntura mais nebulosa e frente ao medo instaurado e comprovado da crise econômica global?

Desde já, agradeço por suas preciosas informações,

Ignes

Mauro Segura disse...

Ignes. Sua questão é complexa e não sei responder de bate-pronto. Até porque eu estou embarcando agora para uma viagem para o exterior onde ficou desconectado durante um tempo. Respondo na volta. Obrigado por visitar meu blog. Abçs. Mauro.

Stelleo Tolda disse...

Mauro, muito lúcida e atual a sua reflexão sobre a perda de memória em tempos de crise e recessão. Porém, acredito que devido ao barateamento dos mecanismos de armazenagem, as organizações deveriam se preocupar mais com a conservação de suas memórias institucionais.

Abraços,
Stelleo Tolda
http://mlonlinegeneration.wordpress.com/2009/05/25/perda-de-memoria/.

Sucesso Empresarial disse...

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