domingo, 23 de março de 2014

Dá para Confiar no Endoserment do LinkedIn?

Semanas atrás eu recebi uma mensagem no LinkedIn de um sujeito que eu não conheço, com uma proposta esquisita. Ele dizia mais ou menos assim:

"Oi, Mauro, Meu nome é Fulano e acompanho o seu blog já há algum tempo. Admiro o seu trabalho..." e blá, blá e blá. No final da mensagem ele dizia que ia fazer um endorsement a meu respeito no LinkedIn e me pediu o mesmo como cortesia. Ou seja, o sujeito veio me pedir que eu fizesse um endorsement sobre ele, que nunca vi "mais gordo".

Respondi delicadamente que eu não o conhecia e portanto seria impossível citar qualquer referência ou endorsement.

Ele me respondeu dizendo que entendia o meu ponto, mas que eu poderia dar um endorsement mais genérico, citando algo mais comportamental, como "forte espírito de time", "determinado", ou algo do tipo. No final, para meu espanto, ele disse que isso já era uma espécie de prática de mercado, ou seja, "eu endorso você... e você me endorsa". E disse que todos respondem positivamente para ele.

Como assim?
Fiquei surpreso e decepcionado. A primeira percepção é que o endorsement do LinkedIn pode ser um tremendo engodo, onde pessoas escrevem e apertam o botão de forma inconsequente e descomprometida. A segunda onda no pensamento foi imaginar se os caçadores de talento na web estão realmente levando a sério os endorsements. Será que os RHs das empresas, que vêm usando fortemente o LinkedIn como um aliado confiável na busca de profissionais, têm consciência dessa "prática de mercado" citado pelo "meu amigo virtual"? Uma espécie de "tomá lá, dá cá"...

Infelizmente, eu estou inclinado a acreditar que uma boa parte dos endorsements no LinkedIn não são realmente confiáveis. Os relacionamentos na web, especialmente nas redes sociais, são voláteis, privilegiando mais o contato rápido e superficial do que uma relação mais profunda e densa, isso faz com que nossas "curtidas" e conversas sejam mais inconsequentes. Gostei do que li? Achei interessante?  Aperto o "curtir". Puxa, o meu amigo que não vejo há muito tempo escreveu uma coisa legal? Aperto o "like". E por aí vai... A impressão é que o endorsement pode estar se tornando uma espécie de botão de "Curtir" ou de "Like", onde a facilidade e a conveniência do pressionar de um botão pode transformar uma declaração em algo leviano, um pouco irresponsável e inconsequente.

E, por fim, em relação ao pedido do mais novo amigo virtual, eu fiquei devendo...

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5 comentários:

Rosaria Selo disse...

Bem Mauro, os meus foram feitos por ex-colegas ou ex-chefes. Acho que o primeiro critério seria avaliar se quem escreveu o depoimento realmente trabalhou junto a pessoa avaliada.

Avi Alkalay disse...

Isso se chama “escambo de karma” e foi criado como brincadeira na época do Orkut (com os corações, estrelas e gelinhos daquele site).

Nunca me ofereceram e nunca fiz com ninguém no LinkedIn. Eu também declinaria e acho que não é prática estabelecida coisa nenhuma, principalmente não no LinkedIn. Acho simplesmente que ele te vê como uma celebridade da web corporativa e achou que seria maneiro (a qualquer custo) ter seu endosso.

Furada total.

Newton Alexandria disse...

Também discordo que seja uma prática comum no LindedIn, mas já me deparei com casos de pessoas das quais conheço o trabalho superficialmente, pelas mídias sociais basicamente, me pedindo recomendação. Simplesmente ignoro. Tenho um número acima da média de recomendações; a maioria que pedi, mas todas de pessoas que trabalharam diretamente comigo; algumas dadas espontaneamente, isto é, sem que eu tenha pedido. O bom senso tem que prevalecer. E acredito que os selecionadores precisam estar mais atentos pra uma análise mais apurada do recomendador e seu contexto.

Muito válidas a exposição do caso e a reflexão trazida, Mauro.

Um abraço,
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Lucia Freitas disse...

Mauro,
Os brasileiros no LinkedIn funcionam como um Orkut (geralmente). O que recebo de convites de conexão de gente que não me conhece e nunca trabalhou comigo é coisa do demonio...
E eu dou altas gargalhadas com os endorsements automáticos de lá.
Segundo eles eu sei fazer Assessoria de imprensa/PR (coisa que nunca fiz muito bem e não faço há mais de 10 anos).
Eu confio muito no LinkedIn, trato com uma seriedade enorme (é uma rede profissional, no jokes over there), prefiro manter meu perfil em inglês e recuso contato com gente que não conheço/não sei quem é/não tem a ver com leads que desejo...
Como em toda rede social, vale o que vc faz dela e como trata. Só não sei (mesmo) se os RHs e quetais que usam os currículos de lá têm essa noção...

Aldo Barduco disse...

Mauro,
Não sei se é uma prática, mas já vi (não vou citar nomes, apesar da tentação) algumas recomendações falsas.

Mas acho que acontece mais isso em relação aos "skills". As pessoas normalmente validam o que você já tem como os mais altos, mesmo sem te conhecerem.
[]s Aldo

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