quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Em quê a geração Y é mais interessante que as outras gerações

Texto meu publicado no blog Foco em Gerações que reproduzo abaixo.

Perguntei para alguns adolescentes com quantos amigos eles conversam, em média, todos os dias pela internet ou pelo celular via torpedo. A resposta foi “algumas dezenas”. Valia tudo: torpedo pelo celular, mensagens no orkut, posts e comentários em blogs, twitadas, etc. Valia desde um “olá” até uma conversa longa. As respostas confirmaram o que todos nós desconfiamos: os jovens tem um número impressionante de interações na web e em dispositivos móveis (diga-se celular) diariamente.

Vivo escutando que os jovens da geração Y têm relações humanas muito mais frágeis e voláteis do que os jovens do passado. Pode ser até que isso seja verdade, mas enxergo uma geração muito mais interessante, preparada, madura e preocupada em se relacionar do que a minha geração. Quando eu tinha 15 anos, a minha rotina era jogar futebol no final das tardes, estudar a enciclopédia Barsa e acreditar em tudo que o meu professor falava, achando que ele sabia de tudo e era o dono da verdade, incluindo que o presidente Médici era um bom camarada. Meu relacionamento se limitava aos meus colegas de escola, aos amigos vizinhos e à minha família.

A juventude de hoje sai para passear virtualmente pelo mundo todos os dias. Pessoas de todos os lugares, de classes sociais diversas, de culturas diferentes, numa intensidade que impressiona, vinte e quatro horas por dia. São jovens muito mais informados e atentos do que os da minha época. São pessoas mais conscientes dos dilemas e das mazelas do planeta, muito mais preocupados em serem transformadores do mundo e agentes de mudança.

O grande desafio que os jovens da geração Y enfrentam hoje é o tempo. Diante de tantas possibilidades e alternativas para se relacionar, o dia de apenas 24 horas parece curto. A conta é meramente matemática. Se o dia se mantém em 24 horas e o jovem tem muito mais oportunidades de falar com mais pessoas, obviamente que cada um destes relacionamentos, individualmente falando, será mais curto e, portanto, mais volátil. Mas não se iluda: os jovens de hoje continuam com as mesmas características dos jovens do passado: tem amigos confidentes, procuram se aproximar de quem mais confiam e se identificam e querem ser profissionais de sucesso.

Existe uma eterna discussão de que os jovens da geração Y não são preocupados com sua privacidade, que falam demais na redes sociais. que criam relacionamentos virtuais e abandonam as reais. Isso não é culpa da geração Y ou das redes sociais, a sociedade atual está assim, o país está assim. O Brasil é um país democrático, as coisas estão cada vez mais expostas, a mídia está mais ousada, cada vez mais as pessoas falam o que pensam ser a verdade e o que seus corações pedem. Então, essa “tal” perda da privacidade não é algo somente da geração Y, isso faz parte da transformação da sociedade, estamos todos “mais abertos”.

Aliás, toda hora que surge algo novo e impactante, levantam vôo os abutres de prontidão para dizer que aquilo vai piorar a sociedade, a família e as relações humanas. Foi assim com o rádio, com a televisão e a internet. Esta é uma balela. A sociedade está se desenvolvendo, se tornando mais justa e criando cidadãos melhores e mais conscientes.

O importante aqui, e por isso escrevo tudo isso, é dizer que a geração Y é muito mais interessante do que as gerações anteriores. Estamos criando cidadãos do mundo, cidadãos globais e transformadores da sociedade.

Para terminar, se você leitor é da geração Y, veja abaixo qual era o herói dos meus tempos. Em 1970, aos dez anos de idade, eu sentava na frente da TV para sonhar.





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8 comentários:

Diego Galofero disse...

Cada vez mais teremos que nos adaptar a geração Y, para mim será masi fácil pois não estou tão distante dessa geração que já nasceu conectada, mas os mais velhos deverão perder um pouco da resistencia sobreo assunto.
Tem um livro de castells que se chama galaxia da Internet que fala muito sobre isso

Tatiana Kielberman disse...

Mauro,
Brilhante contribuição para o Gerações, e certamente esse texto não poderia faltar no seu blog!

A Geração Y realmente apresenta diferenças que nem sempre entendemos por completo, mas nosso papel como futuros líderes é entrar cada vez mais nesse universo, trocando, compartilhando e, principalmente, desenvolvendo o que temos de muito bom para acrescentar!

Parabéns mais uma vez!

Um abraço,
Tatiana - Grupo Foco

Zee Lima disse...

Isso tudo me lembra uma história que me aconteceu...

Era aniversário de um padrinho meu, típico publicitário dos anos 70/80. Daqueles que se jogou nos movimentos estundantis e se rendeu aos yupis devido a recheada conta bancária.

Dada hora este meu padrinho, eu e meu pai acabamos parando para conversar.

Meu pai era o típico Baby Boomer: se fez sozinho, saído de uma familia paupérrima e se tornando grande comerciante. Acostumado a grandes aventuras, arrebatadoras paixões e a viver a vida como se fosse um filme do John Wayne.

E eu. Viciado em games, adorador e entusiasta dos computadores, das interações sociais e relações humanas. Estava empolgadíssimo pois a internet estava se popularizando por estas bandas e parecia que meus sonhos digitalizantes iam se realizar.

Foi uma conversa no mínimo engraçada. Cada um expressando um estilo de vida... um modo de pensar e interagir com o mundo. E o pior, falando de experiências nesse sentido.

Enquanto meu pai falava de "simplesmente pegar um ônibus e ir aonde se quiser", meu padrinho falava em "descobrir a alma Brasileira nas páginas de livros" e eu falava em "descolar fitas musica de bandas européias via correio!"

Hoje quando me lembro daquela reunião, fico imaginando como seria isso agora...

Sei que eu vivo uma deliciosa realidade de interconexão; de interface serhumano-máquina, e amo tudo isso como sempre.

Mas para eles... essa nunca foi a onda deles. Meu padrinho sempre me chamou de "alienado" e "despolitizado"...

Já meu pai sempre me taxou de "louco" afinal como alguém pode ter qualquer relacionamento via máquina? Máquinas são no máximo brinquedos, meras distrações...

E não, ninguém está errado, só um pouco exagerado.

Abraço à todos.

Ocappuccino.com disse...

Bah Mauro.Agora conseguiu me emocionar. Não por causa do Nacional Kid. Mas por causa dos meus heróis de infância, por causa de quem eu sentava no sofa no mesmo horário e sentava quietinho para ver suas proezas: jiban e jiraya. Mas é o Jiraya, o incrível ninja, que remete as lembranças à minha infância. Apesar de todo benefício e possibilidades da geração y hoje com as tecnologias, eles não tem este referencial, este herói.

MATEUS

BETH GUARALDO disse...

Cruzes, Mauro!!! Esse Nacional Kid vc tirou mesmo do fundo do baú. Jamais gostei muito dele, mas meu irmão adorava.
E, sim, concordo, a geração Y é muito interessante. Não sei se mais do que as demais. De alguma forma, todas as gerações trazem contribuições, boas ou não.
Mas, confesso, convivo com várias pessoas desta geração e tenho aprendido um bocado com elas.
Beth

Tainan B Alves disse...

Muito legal o seu post, mas não posso deixar de concordar qdo algumas pessoas dizem que os relacionamentos da geração Y são frágeis. Hoje posso conversar com pessoas do mundo todo em alguns cliques mas não posso dizer que as 200 pessoas adicionadas como amigas no meu orkut são realmente próximas. Percebo que hoje conta-se muito com o que os outros dizem e pensam, então se você não tiver mais de 200 amigos você ouve "nossa vc deve ser bem chato não?"
Outra ponto um pouco triste é que a maioria destas relações é baseada no interesse, não adicionei aquela pessoa porque a conheço e quero ter mais contato com ela mas sim porque ela pode me ser útil para algo, seja para aumentar minha lista de "amigos" seja porque queria pedir algo, seja porque ela simplesmente me adicionou. É como disseram em alguns dos comentários, também nos falta, a geração Y, sonhos e ideais, posso ser mais consciente mas isso também me torna mais insenssível, qto esta geração esta realmente empenhada em resolver os problemas do mundo? ou será que não estamos nos tornando cada vez mais arrogantes e centrados em nós mesmos, no melhor estilo, seu eu me der bem isso é o que importa?
Não reclamo de todo este avanço, sinceramente me pergunto como vocês viviam sem a internet, risos, mas ao mesmo tempo sinto certa inveja do estilo de vida que vocês puderam vivenciar, acredito que todo crescimento e evolução é válido desde que seja para melhor e que as coisas boas aprendidas com erros antigos sejam mantidas ou aprimoradas, porém com este andar da carruagem fica dificil notar um progresso pelo menos em níveis sociais e de relacionamento.

Abraços,
Tainan

Mauro Segura disse...

Tainan. Adorei seu post-comentário.
Também me pergunto como podíamos viver sem internet, celular e outras traquitanas que julgamos imprescindíveis para a vida moderna. Quer saber? Acho que vivíamos melhor, com menos ansiedade e pressa. Acho que tínhamos mais tempo de curtir a vida. Mas isso dá sempre uma boa discussão, pois o simples fato de eu estar aqui no computador falando com você seria uma coisa inconcebível há 10 ou 20 anos. Enfim, é o progresso...
Já que estamos falando de progresso, eu não concordo com a frase que você fechou o seu post: "com este andar da carruagem fica difícil notar um progresso pelo menos em níveis sociais e de relacionamento". Acho que o mundo está muito mais justo, aberto e equilibrado do que antigamente. Acabou a ditadura. O Muro de Berlim caiu. A democracia impera em quase todas as partes do mundo. Mais e mais pessoas saem da classe obscura da pobreza e se transformam em cidadãos. Temos problemas? Claro que temos. Aos montes. Mas o mundo moderno coloca as vísceras destes problemas bem na nossa frente, não escapa ninguém, com todos tendo oportunidade de falar e ouvir. Esse mundo aberto e escancarado é a grande novidade das últimas décadas, onde a internet vem desempenhando um papel fundamental de dispersão de informação e agregação de ideias. É muito bom ver que meus filhos têm uma cabeça aberta e muito madura do que no meu tempo, Enfim, obrigado por brilhar no meu blog. Volte sempre. Mauro.

Tainan B Alves disse...

Oi Mauro, agradeço a resposta, fiquei sem graça , a timidez me consome nestes momentos ,risos, mas também fiquei muito feliz.
Concordo com o que disse com relação a minha última frase, acredito que não me expressei como queria o que acabou dando um tom meio, como posso dizer? melodramático? rs
Porém quando comentei não enxergar o progresso com relação aos aspectos sociais e de relacionamento estava me referindo a superficialidade com a qual os relacionamentos entre as pessoas ocorrem hoje, mas parando para refletir mais um pouco, pensei que isso se deve não só aos avanços da tecnologia e/ou mudanças no modo de vida da sociedade, mas trata-se basicamente das escolhas como cada um decide se relacionar, é comum seguir o fluxo do que as pessoas fazem e dizem, e com toda essa massificação da informação fica mais fácil ainda difundir ou até criar uma mesma opinião a respeito de determinado assunto o que pode influenciar diretamente nas nossas decisões de como agir em sociedade. Como sou integrante de carteirinha da geração Y sinto-me um tanto sufocada e cheia de ansiosidade com relação as consequencias desta realidade, mas cabe a cada um parar para pensar e tentar mudar ou se adaptar a nova realidade, se não quero ter apenas relações superficiais, cabe a mim tomar a atitude de aprofundá-las, nem sempre é fácil, afinal hoje pensar ou agir de forma diferenciada pode não ser bem recebido.
Aliás li um artigo recentemente que falava justamente sobre isso, sobre como a diferença está sendo tratada nas escolas, caso tenha interesse aqui está o link:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI95467-15230,00-ENTRE+OS+MUROS+DA+OUTRA+ESCOLA.html

Mas é como você disse, problemas é claro que temos, o que importa é como lidar com eles e pensando na parte bacana hoje posso começar uma conversa com alguem desconhecido no msn ou trocar idéias e opiniões super bacanas num blog como o seu na internet porém com o diferencial de ser recebida sem tantas reservas, podendo trocar experiências e aprimorar conhecimentos e isso com certeza não tem preço.
Mais uma vez um super obrigada pela resposta ao meu "post-comentário" anterior.
Abraços

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