quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Prezado funcionário

Trabalhei numa empresa onde ocorreu um fato curioso.

Toda a comunicação interna era muito centralizada na comunicação do presidente. O líder tinha uma imagem muito forte e ele era muito assertivo. O presidente se dirigia aos funcionários, via cartas e emails, sempre de forma muito direta e pragmática, até mesmo um pouco dura. Ele não era um presidente carismático, nem popular, uma de suas características eram seus textos curtos e impositivos. Ele não falava muito. Sempre começava o texto com “Prezado funcionário”.

Em determinado momento esse presidente se aposentou. A empresa, que tinha o objetivo de fazer uma grande transformação em seus negócios e cultura, decidiu contratar um presidente vindo do mercado.

O executivo contratado era muito mais jovem que o anterior, mais de 20 anos de diferença de idade. O novo líder era falante, gostava de conversar com os funcionários e muito informal. Ele tinha a capacidade de inspirar as pessoas e exalava carisma por todos os lados.

Tudo ia bem, mas a grande falha de todo o processo foi que a comunicação do novo presidente passou pela velha máquina de comunicação interna da empresa. Máquina que muitas vezes eu chamo de “máquina de moer carne”, porque na saída o resultado é sempre o mesmo, independentemente do que entra nela.

O problema ficou flagrante logo no início. As primeiras cartas do novo presidente continuaram a usar o velho chavão do “prezado funcionário”, expressão que ele nunca usava no dia a dia. O texto e estilo das cartas eram quase nada diferentes do presidente anterior, continuavam duras, secas e impositivas. Ou seja, a máquina de comunicação interna estava pasteurizando a comunicação, tirando o brilho dos olhos do novo presidente e colocando-o atrás do muro corporativo.

Essa experiência foi muito ruim e impactou seriamente a liderança do novo executivo. Graças a Deus, em poucos meses, uma turma de iluminados descobriu e corrigiu o problema.

Em resumo, não podemos deixar a comunicação interna de uma empresa virar uma máquina de moer carne (onde a saída é igual independente do que entra) ou uma padaria de pãozinho quente (onde o negócio é quantidade, e todo dia é a mesma coisa). A comunicação interna tem que transmitir o estado de espírito da liderança e criar gatilhos que evidenciem a personalidade do executivo. Tem que usar as expressões que o executivo usa no dia a dia. Tem que aproximar os líderes das tropas, criar um estado de proximidade e até intimidade. Manter a atenção nesses pontos permitirá que a comunicação interna execute seu papel, gerando credibilidade e tornando-se uma ferramenta eficaz dentro da empresa.

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