segunda-feira, 27 de outubro de 2014

A banalização da demissão: Funcionário do Google anuncia demissão por vídeo


Está virando moda. Aliás, já virou. Surgiu mais um caso de funcionário que registra sua demissão em vídeo e publica no YouTube. Mas esse é um caso diferente, trata-se de alguém que decidiu sair do Google, que é considerado pelas pesquisas como o lugar dos sonhos para se trabalhar.

Michael Peggs escreveu um artigo que foi publicado no Huffington Post, onde apresenta as suas razões para sair do Google depois de quatro anos de trabalho. Em resumo: acomodação e desejo de fazer algo diferente. Ele começa o artigo dizendo que ganhou o "golden ticket" ao entrar na empresa. Michael não deixa de valorizar os benefícios que o Google oferece aos funcionários, como comida farta grátis, massagistas e outras coisas mais. No entanto, isso tudo não foi capaz de criar um sentimento de realização.

Para complementar o artigo, ele fez um vídeo chamado "Google, I quit!" e publicou no YouTube. No vídeo, ele passeia pelas instalações do Google mostrando todos os confortos e regalias, quase sempre de patinete, e termina dando um "Goodbye Google. Thanks for everything!".



O caso acima não é apenas inusitado por envolver o Google, mas também porque o ex-funcionário deixa o emprego agradecendo a empresa de forma bem humorada. Ou seja, é um vídeo com final feliz, não existe rancor, apenas agradecimento. O mesmo aconteceu recentemente com o Rafael, que ao decidir sair da IBM Brasil resolveu registrar e justificar sua saída através do seu Farewell Blog Post, com um post bem humorado e criativo, deixando claro que "ama a IBM".

A verdade é que os dois casos citados não são comuns. Posts e vídeos de demissão postados na web são quase sempre de pessoas infelizes, no limite da paciência, que chutam o pau da barraca e resolvem escancarar o lado mais perverso de seus antigos empregadores. Mesmo considerando que muitos de tais vídeos são criativos, com mensagens duras, mas divertidos.

O caso mais legal que conheço é a da jovem Marina Shifrin, que pediu demissão da empresa em 2013 através de uma forma completamente diferente. Ela postou um vídeo no YouTube com uma dança bem pessoal e criativa. Aliás, o antigo empregador alegava que ela não era criativa, daí ela partiu para esse vídeo ousado e diferente. O vídeo se tornou hit na web e ganhou destaque pelo mundo.

http://aquintaonda.blogspot.com.br/2013/11/funcionaria-demissao-danca-video.htmlO caso é divertido, mas tenho muitas perguntas sem resposta: Como pode uma pessoa ter a ousadia de se expor dessa forma? Isso ajuda ou não ajuda na formação de sua personalidade e exposição pública? Será que a "dancinha da demissão" beneficia ou atrapalha a sua busca por um novo emprego? Este caso se tornou único porque a empresa resolveu responder a demissionária da mesma forma, ou seja, através de um vídeo. Escrevi sobre ele detalhadamente no post chamado "Funcionária pede demissão dançando, a Empresa dá o troco e os dois vídeos são vistos por milhões de pessoas".

O que me chama atenção nos vídeos de demissão na internet é a "banalização da demissão". Já escrevi sobre isso antes nesse blog. Até anos atrás, se demitir de um emprego doía no coração, abalava a autoestima, exigia reflexão e planejamento, era quase um tabu. Quase sempre tratávamos demissão como algo perverso e ruim. Hoje falamos em sabático, cabeça aberta e satisfação pessoal. A demissão se banalizou. Graças a Deus :)

Nos dias de hoje, a demissão ficou menos importante, parece ser algo natural, corriqueiro, como um almoço ou uma ida a esquina. O "pleno emprego" e a "carreira longa na mesma empresa" estão em extinção. Apesar de tudo, por que a necessidade de expor publicamente uma demissão? Quais são as motivações por trás desse comportamento? Os casos conhecidos são aqueles que ganharam maior reverberação pública, mas certamente existem milhares de situações que acontecem pelo mundo e que acabam não ganhando tanta notoriedade na web.

Além dos dois casos citados acima, o divertido blog Distractify apresenta 14 casos surreais e folclóricos de pessoas que pediram demissão pelo mundo. Vale a pena ver. Quem sabe você não cria algo diferente? :)


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terça-feira, 21 de outubro de 2014

As mídias sociais tornam a sociedade melhor?


A pergunta título deste post me incomoda, pois a resposta não é clara. Sou entusiasta do mundo digital. Ele viabiliza a inclusão social e reforça a cidadania, mas muitas vezes eu tenho dúvidas dos reais benefícios e dos impactos a médio e curto prazo que as mídias sociais podem trazer às nossas vidas.

Me responda: os enormes movimentos populares ocorridos nas mídias sociais em junho de 2013 em nosso País trouxeram quais resultados práticos para a sociedade brasileira? Os resultados parecem incrivelmente acanhados quando comparados ao tamanho do que foi alcançado nas mídias sociais.

Participar das causas ou protestos nas mídias sociais é muito fácil, basta apertar um botão, pressionar o "curtir", digitar algo no teclado no aconchego do lar, com uma Coca-Cola aberta e um saco de batatas fritas ao alcance das mãos. Será que ao utilizar as novas tecnologias nós não estamos nos esquecendo de fazer as coisas de forma mais lenta, sustentável e profunda? Será que existe debate genuíno, senso de coletividade e senso de pertencimento no ambiente digital?

A diferença entre os movimentos online e os movimentos nas ruas é o olho-no-olho, a emoção, o comprometimento... o ar. Os movimentos têm que ir além dos protestos virtuais em larga escala. Só boa intenção não basta. Parece que estamos mais frívolos e superficiais. Protestamos nas mídias sociais ao mesmo tempo em que abrimos uma janela para ver Gangnam Style no YouTube. É quase uma casualidade.

O que é democracia na era da internet? Os movimentos nas mídias sociais parecem um burburinho, um ruído que incomoda, porém, quando temos um zumbido inconveniente, a gente desliga ou coloca um som mais alto. Será que o que ouvimos no mundo online é a voz do povo? Não serão vozes individuais de pessoas em suas casas e tocas, escondidas, protegidas, se pronunciando atrás do universo digital? Será que as mídias sociais realmente permitem a diversidade e o debate de ideias ou são meros engasgos individuais?

Pense bem, as comunidades virtuais as quais você pertence não são formadas por pessoas parecidas com você, com suas visões, percepções, crenças e interesses? Se você não curte alguém, você não o retira de sua rede virtual? Será isso diversidade?
Para sermos cidadãos não basta sermos ativistas digitais, temos que ser inclusivos. É preciso haver disposição das pessoas para se engajarem nas organizações políticas e sociais. O mundo real está aí. Somos animais sociais, mas as chamadas mídias sociais não necessariamente nos tornam mais sociais.

Hoje, como cidadãos, votamos a cada dois anos. Isso não me parece suficiente. Empoderar as pessoas somente a cada eleição não é uma boa. É preciso estarmos empoderados a todo momento. Queremos, ou precisamos, opinar na gestão dos recursos naturais do planeta, na ocupação do solo e no uso do orçamento do governo. E em tempo real. Estes são apenas alguns exemplos. As novas tecnologias podem viabilizar isso. Isso é exercer a cidadania, algo muito além dos protestos e indignações digitais. Podemos mudar as coisas.

As novas tecnologias conectam pessoas e promovem conversas, isto é inquestionável, mas não mudam as coisas. E, pior, nem sempre o mundo virtual espelha verdadeiramente o mundo real. As pessoas nas mídias sociais, muitas vezes, são personagens que elas mesmas criam. Elas nem sempre agem no mundo digital como elas realmente pensam, mas como desejam ser conhecidas ou como as comunidades esperam que elas ajam.

Também me parece que as pessoas se sentem vigiadas pelos seus amigos, colegas, empresas e até pelo próprio governo. Uma sociedade monitorada e vigiada cria conformismo, submissão e até repressão, restringe escolhas e opiniões, estabelece padrões, cria limites e inibe sonhos e diversidade. Parece até que existe um Big Brother, um Big Brother criado em nossas próprias cabeças. Quer saber? Em vez de o Big Brother nos olhar, nós é que deveríamos olhar o Big Brother. Pense em como pode se tornar um cidadão melhor. Nunca a sociedade teve nas mãos armas tão poderosas de mobilização como as mídias sociais. Cabe a nós sabermos usá-las com sabedoria.

Agradeço a Pia Mancini, Zeynep Tufekci e Alessandra Orofino. Suas palestras no TED Global no Rio inspiraram tudo que escrevi acima.


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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O engodo dos twitters dos presidenciáveis


Como adepto às mídias sociais e comprometido com as recentes eleições governamentais, eu decidi acompanhar no mundo digital a atuação dos candidatos à presidência. Minha expectativa era descobrir o quão genuíno são as declarações e exposições dos candidatos nas redes.


Os debates na TV têm sido decepcionantes. Em vez de uma discussão construtiva e olhando para o futuro, a discussão é destrutiva, rancorosa e com foco no passado obscuro do candidato oponente. Já os programas eleitorais na TV são feitos por marqueteiros e pouco instrutivos. Nas mídias sociais a minha principal atenção ficou no twitter, onde acompanhei as contas @AecioNeves e @dilmabr por mais de duas semanas. Minha expectativa era encontrar uma discussão mais decente, mas não foi isso que encontrei no dia a dia. 

O caso mais incrível foi o debate no SBT em 16 de outubro, onde acusações e leviandades permearam a discussão na TV entre Aécio e Dilma. Uma decepção profunda. Não foi por acaso que os jornais estamparam na primeira página o vale tudo na TV. O surpreendente foi acompanhar o twitter dos dois candidatos, simultaneamente ao debate. Como os candidatos estavam ao vivo na TV, eles certamente não poderiam estar postando tweets na rede, portanto ficou fácil constatar que as contas dos twitters dos candidatos não são genuinamente controlados por eles e sim por outros, certamente os marqueteiros contratados. Mas a decepção maior foi constatar que os "pilotos" dos twitters dos candidatos entraram na onda do bate boca e dispararam acusações um ao outro, como podemos ver abaixo. Uma perda de tempo e um desrespeito aos eleitores e cidadãos brasileiros. O menos pior é o twitter @AecioNeves , porque muitas vezes o texto evidencia que não é o candidato que está escrevendo e está escrito na terceira pessoa. Já o twitter da @dilmabr fica o tempo todo na primeira pessoa, como se fosse a própria candidata escrevendo seus tweets, o que sabemos ser impossível.

Achei interessante a primeira página do O Globo, que ilustra este texto, mostrando fotos dos candidatos olhando smartphones. O que será que eles estavam vendo na telinha? 

Enfim, desisto.


 



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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

4 Estatísticas Assustadoras sobre Engajamento dos Funcionários no Trabalho


Estou estudando o tema "engajamento de funcionários no ambiente de trabalho" e me deparei com 4 estatísticas chocantes.

70% dos trabalhadores não se sentem engajados no trabalho;

75% das pessoas que pedem demissão não estão saindo pela insatisfação que tem pelo seu trabalho, mas sim porque não suportam mais seus chefes;

89% dos empregadores pensam que seus funcionários deixam o emprego para ganhar um salário maior, mas somente 12% mudam de emprego realmente por esse motivo;

Apenas 40% dos funcionários dizem conhecer os objetivos, estratégias e táticas das empresas onde trabalham


Fonte: Upworthy


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