sábado, 26 de abril de 2014

Acredite. É verdade. Ranking coloca a Skol como a Marca Mais Valiosa do Brasil

Acabou de sair o ranking BrandZ das 50 marcas mais valiosas do Brasil, elaborado pela BrandAnalytics. Fiquei surpreso. Das 10 primeiras marcas, 4 são de cervejas da Ambev: Skol, Brahma, Antartica e... Bohemia.

Fala sério. Skol em primeiro lugar? Na frente de Itaú, Natura, Petrobras e Bradesco? Este é o segundo ano consecutivo que a Skol está no topo deste mesmo ranking. Bohemia aparece em décimo lugar, valendo mais que a marca Vale. A marca Skol vale mais do que Petrobras e Itaú... juntas.

Eu sei que não devemos misturar valor de marca com valor de empresa, mas é difícil digerir este ranking, né? Não estou afirmando que o ranking é manipulado, longe disso, o ranking BrandZ tem alta credibilidade e valor, mas ele evidencia o quanto de poder tem a máquina de publicidade das cervejas no Brasil. O ranking foi montado a partir da análise de quase 13 mil entrevistas e analisou 480 marcas.

É muito interessante descobrir a posição de determinadas marcas na lista. Chega a surpreender constatar que algumas delas estão entre as TOP 50. Algumas marcas desceram forte a ladeira no ranking 2014, como BB, Petrobras, Gol, Net e Natura. Outras subiram aceleradamente como Embraer, Estácio, Pão de Açucar, Sadia e Seara. Aliás, Seara foi a marca que mais se valorizou no ranking com um aumento de 47%.

Particularmente, eu acredito mais em outro ranking. O ranking da Interbrand das marcas mais valiosas do Brasil, divulgado em novembro de 2013, coloca o Itaú em primeiro lugar. A marca Skoll aparece em quarto lugar. A análise da Interbrand envolve 3 critérios: Resultados Financeiros (geração de valor financeiro dos produtos e serviços vinculados à marca), Papel da Marca (influência no processo de escolha do cliente) e Força da Marca (capacidade de superar a concorrência e garantir a demanda e os ganhos ao longo do tempo).

Enfim, o ranking BrandZ reflete as marcas que os brasileiros mais se identificam e mais valorizam. Confesso, mais uma vez, e desculpe a sinceridade, é decepcionante ver 4 marcas de cervejas entre as 10 mais. Acho que este ranking vai além de uma mera lista classificatória, ele mostra o retrato do Brasil, do impacto da publicidade em nossas vidas e do que anda na cabeça do cidadão.

As 10 marcas mais valiosas no Brasil - ranking 2014 da BrandZ - são:

1- Skol – US$ 7,05 bilhões
2- Bradesco – US$ 4,17 bilhões
3- Brahma – US$ 3,8 bilhões
4- Itaú – US$ 4 bilhões
5- Petrobras – US$ 3,25 bilhões
6- Sadia – US$ 2,46 bilhões
7- Natura – US$ 2,23 bilhões
8- Antarctica – US$ 1,14 bilhão
9- Ipiranga – US$ 1,1 bilhão
10- Bohemia – US$ 1,09 bilhão

Se deseja conhecer mais do ranking, não deixe de ver a matéria da Isto É Dinheiro que faz uma boa análise e conheça o ranking completo das TOP 50 abaixo.



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terça-feira, 22 de abril de 2014

Marketing em Busca de Engenheiros


Em março desse ano eu fui procurado pelo Meio&Mensagem para falar sobre Big Data & Analytics em Marketing. Eis as minhas respostas às perguntas que depois ajudaram a montar uma matéria bem bacana.

1- Com o big data ganhando espaço nas estratégias das empresas, profissionais ligados à área de engenharia começam a assumir funções de marketing. Como você que tem a formação em engenharia chegou ao marketing? Conte um pouco da sua história profissional também. 

Por formação universitária eu sou engenheiro eletricista e analista de sistemas. Eu fiz dois cursos. Na década de 80, quando me formei engenheiro, o mercado estava muito ruim para os engenheiros, por outro lado surgia a tecnologia de informação que naquela época era conhecida como Informática. Este foi o caminho natural para muitos engenheiros. A demanda por profissionais de informática era enorme e os engenheiros tinham perfil e formação muito adequadas. Eu trabalhei vários anos como engenheiro, até que em determinado momento eu comecei a receber muitas propostas interessantes para migrar para informática. A chance de trabalhar com computadores era algo fascinante naquele tempo e não resisti. No final da década de 80 eu já havia trabalhado em várias empresas atuando como analistas de sistemas, como por exemplo: Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (que naquela época era muito forte), Citibank e Burroughs (nome antigo da Unisys). Entrei na IBM em 1987 como analista de sistemas. Eu tinha um perfil de consultor e poucos anos depois migrei para a área comercial, onde os conhecimentos técnicos faziam diferença. Em 1995, quando a IBM se reposicionou como uma empresa de serviços, eu recebi o convite para assumir a área de Comunicações da empresa. Eles queriam fazer uma grande mudança e estavam buscando um novo talento adepto a desafios. Eu aceitei no ato. Nessa posição eu já tinha sob o meu comando a área de publicidade. De lá foi um pulo para começar a assumir outras atividades de marketing. Olhando para trás, minha carreira sempre ficou entre as áreas comercial, de marketing e comunicações. Tenho múltiplas experiências e a formação de engenharia me ajudou muito nisso tudo. Em 1998 eu fiz uma pós-graduação em marketing, ou seja, virei um "engenheiro mais redondo".

2- Como as habilidades de engenharia estão ajudando o marketing? 

Marketing, por tradição, sempre foi uma área onde criatividade, intuição e emoção fizeram a diferença. Isso continua valendo, mas num mundo extremamente recheado de informações e dados, começa a ganhar relevância a capacidade de ser racional, analítico e assertivo. Essas são características naturais dos engenheiros, que naturalmente investem muito tempo e recursos em planejamento e análise. O mundo de marketing hoje está mais nervoso, tudo é online, o grande número de canais trazem complexidade sistêmica, onde uma ação influencia outra, a capacidade de pensamento sistêmico e conhecimento de gerência de projetos são capacidades extraordinárias para o mundo atual de marketing.  

3- O digital, com suas métricas, dados e milhares de informações, tem um papel fundamental nessa migração dos profissionais de áreas mais exatas pensarem as estratégias de marketing? 

Sim, com certeza, o mundo digital é uma porta natural de entrada para os profissionais de ciências exatas no mundo do marketing, e não somente engenheiros, mas também matemáticos, estatísticos e engenheiros de sistemas de computação. Mas limitar ao digital é algo muito pequeno, um dos grandes dilemas do marketing moderno é a complexidade de planejamento e operação, com um grande número de variáveis e de canais de prospecção e relacionamento com consumidores, uma dinâmica incrível de dados trafegando para todos os lados, especialmente via redes sociais, mas também por outros canais como os call centers e aplicativos móveis. Existe uma armadilha muito comum dentro da área de marketing, que ainda acontece entre os profissionais e líderes mais experientes, que é concentrar muitos esforços em advertising em detrimento das outras áreas. Isso muitas vezes ocorre pois os investimentos em advertising são tradicionalmente vultuosos, o que acaba drenando a atenção e o foco da liderança de marketing. Mas a gestão da marca e dos negócios cada vez menos depende de advertising, outros canais e meios surgem a galope, especialmente aqueles que estabelecem diálogo e relacionamento da empresa com o mercado e seus consumidores. Planejar, fazer a gestão, medir, agir, reagir, tudo isso exige processos e ferramentas muitas vezes complexas, encadeadas, que só funcionam com um bom planejamento e um sistema gerencial de alto nível e eficiente. Tudo isso sob uma forte pressão para gastar menos e fazer mais. Esse é um ambiente natural dos engenheiros. Por isso eles podem trazer conhecimento e experiências muito interessantes para o marketing.

4- Para a IBM, que é uma empresa de tecnologia, as habilidades e pensamentos de disciplinas de exatas ajudam na estratégia de comunicação? como? 

Sim, ajuda muito. A IBM é uma empresa essencialmente técnica. Somos mais de 400 mil funcionários, sendo que mais de 3/4 dessa contingente trabalha em áreas técnicas, portanto nosso jeito de ser, nossa gestão e nossa forma de pensar e decidir tem forte influência do estilo e das características dos profissionais de ciências exatas. No entanto, cabe ressaltar que a grande maioria dos profissionais das áreas de comunicação e marketing da IBM tem por base a formação técnica nestas áreas de especialização, ou seja, marketing e comunicação. Não pense que tais áreas estão inundadas de engenheiros e analistas de sistemas. O que ocorre hoje é um mix muito saudável de profissionais. Eu, com minha formação de engenheiro, ajudo muito o time de comunicação e marketing no planejamento e na gestão da estratégia, me preocupando com métricas, modelos de controle e operação, medição de resultados e retorno dos investimentos. Acho que estas são áreas que os profissionais de ciências exatas podem ajudar muito.

5- Como você se atualiza na profissão?

Basicamente sou um leitor compulsivo. Leio até bula de remédio :)
Mas tenho uma rotina muito regular. O Meio&Mensagem e a Proxxima são leituras obrigatórias. Nelas eu descubro o que está acontecendo no mercado, as tendências e as novidades. Impossível não ler. Acompanho regularmente em torno de 20 blogs nacionais e internacionais nas áreas de marketing e comunicação. Sou blogueiro do Meio&Mensagem, do Brasil Post e tenho o meu próprio blog chamado "A Quinta Onda". Esta atividade me abre relacionamentos importantes, muitos duradouros. Participo de pelo menos 1 evento de mercado por mês, as vezes como palestrante. E, por fim, mantenho relacionamento com CMOs e outros profissionais da área, sempre trocando informação e experiências. Esse mix de atividades me coloca antenado e conectado com o que acontece de mais importante na profissão. E, super importante também citar que a IBM possui serviços, soluções e consultoria nas áreas de marketing e comunicação, que crescem aceleradamente e me colocam na roda do que existe de mais moderno e arrojado nestas áreas em todo mundo.

6- Como está aprendendo a lidar com as novas ferramentas, circunstâncias e novas realidades que o digital traz para a área de marketing? 

A gente sé aprende se colocar a mão. Tem que se jogar, se arriscar e testar coisas novas. Este é um lado que nem todo engenheiro gosta, né? Normalmente engenheiros gostam do que já deu certo, do que já foi testado, de risco zero e de controle total. Infelizmente isso não funciona em marketing, por isso é que não dá para imaginar as áreas de marketing e comunicação puramente sendo geridas e operadas por engenheiros. O meu lado de marketing me joga para testar coisas novas e tomar riscos, experimentar projetos diferentes e ousados. Um grande exemplo que posso citar é o projeto Ei!, criado e implementado pela IBM Brasil na Copa das Confederações em 2013. Foi o primeiro projeto de grande porte de análise de sentimentos nas redes sociais em português. Este foi um projeto construído com muito mais perguntas do que respostas, mas o time encarou o desafio e partiu para um projeto inovador. O projeto alcançou grande sucesso, apresentou excepcional resultado, e isso só foi alcançado pela ousadia das pessoas na tomada de risco e de aprender algo novo em pleno vôo. Acho que este é o melhor caminho para lidar com as novas ferramentas e realidades do mundo digital.


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terça-feira, 15 de abril de 2014

Filme da Kombi é um Oásis na Publicidade Brasileira


Xuxa usa Monange, Caroline prefere Francis, Flávia prefere Neutrox, Angélica usa Paixão e Ivete se cuida com Frutics Garnier. Já Fátima come Seara e Roberto come Friboi.  Reynaldo passa cheque do Banco do Brasil. Luciano liga TIM. Anderson faz inglês no Wizard e toma Budweiser. Gisele vê Sky. Ronaldo liga Claro, dirige Fiat e toma todas da Ambev. Já Romário prefere Devassa. Felipão usa Vivo, dirige Peugeot e curte guaraná Antarctica. Ele e a esposa Olga fazem compras no Walmart. Ronaldo compra no Pão de Açúcar e Pelé no Carrefour. David se trata na Unimed. Neymar é outro que toma guaraná Antártica, veste meias Lupo e ainda se vira com Claro, Heliar, Unilever, Nike, Panasonic, Red Bull, Volkswagen, Santander e Tennis Pé. Que tédio!

Alguém me disse que a época da boa publicidade está no fim. Escuto isso por vários lados, mas não concordo. É verdade que tem muitas coisas mudando. O foco no curto prazo, o uso de fórmulas repetidas, a imposição da racionalidade das métricas, a complexidade dos múltiplos meios, a preferência por ações de guerrilha, a falta de tempo para planejar e investir nas boas ideias, o receio de investir no incerto, a pressão da concorrência e a atenção excessiva em promoções e táticas de preços têm gerado consequências no marketing e comunicação das empresas. Assistir à TV brasileira é uma constatação dessa realidade. Ações reais de branding, de construção de imagem e de inspiração têm diminuído na publicidade da TV. O Itaú, com seu enorme caminhão de dinheiro aplicado em publicidade, parece ser um dos exemplos de como ainda trabalhar o branding com sucesso e de forma consistente, não é por acaso que Itaú é a marca mais valiosa do mercado brasileiro.

O lado cheio do copo nessa jornada de transformação da publicidade fica por conta das mídias digitais, que abrem espaço para maior criatividade e alternativas à fórmula enlatada da TV. Salve as redes sociais e a internet!! Elas abriram uma nova frente e atuam como um sopro de oportunidade única para publicidade se renovar e buscar novos propostas. Por conta dessas novas oportunidades, o filme documentário "Os últimos desejos da Kombi" é um oásis na imensidão da publicidade brasileira. É um exemplo perfeito de storytelling, que surpreende e inspira, toca o coração. Os criadores do filme transformaram a Kombi num ser, numa amiga, numa irmã, num membro da família, exatamente como as pessoas amantes da Kombi olham para a sua companheira inseparável de momentos marcantes em suas vidas. No filme, a Kombi relembra sua vida na estrada e conta histórias, sempre falando na primeira pessoa. Parabéns a Volkswagen do Brasil que nos brindou com um filme comovente, por homenagear um dos maiores ícones de sua história, por celebrar e reverenciar este momento com os seus clientes mais fiéis e fãs incondicionais da Kombi. É muito bom saber que ainda temos momentos publicitários como esse. Vai vender mais? Não! Afinal o produto está saindo de linha, mas a marca sai fortalecida e revigorada.




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terça-feira, 8 de abril de 2014

Redes Sociais não perdoam: CEO do Mozilla pede demissão depois da polêmica sobre casamento gay

As redes sociais funcionam para o bem e para o mal. Existem exemplos para todos os lados, mas é sempre maravilhoso constatar o poder que elas evocam ao mudarem o destino de determinadas coisas.
A novidade da hora é Brendan Eich, que no dia 3 abril pediu demissão da posição de CEO do Mozilla depois de ter sido nomeado para o cargo duas semanas antes. Sua renúncia foi consequência do enorme movimento nas redes sociais contra o seu nome para o cargo, gerando desgaste na imagem da empresa, insatisfação dos colegas de trabalho e conflito com as crenças e valores praticados pela Mozilla. Caso não conheça a Mozilla, ela é a dona do navegador Firefox.

Brendan Eich não é figura nova na área de tecnologia, ele sempre foi um cara respeitado, especialmente pelo legado de seu trabalho na Netscape e na Mozilla. Ele quase sempre é apresentado como o criador da linguagem JavaScript, atividade que desempenhou quando ainda trabalhava na Netscape. Eich é conhecido como um excepcional técnico, muito admirado no meio da tecnologia, porém começou a cair em desgraça pública em 2012, quando ele era diretor da Mozilla e fez uma doação em dinheiro para a Proposition 8, emenda constitucional do Estado da Califórnia cujo objetivo era derrubar a legalização do casamento homossexual. A repercussão foi muito ruim na época, ainda mais depois que Brad Pitt, Steven Spielberg, Ellen DeGeneres e a Apple, todas celebridades californianas, doaram dinheiro pesado a favor do "Não" à Proposition 8.  Brendan Eich teve que se explicar publicamente em relação ao assunto e muito gente não aceitou suas justificativas. O fato foi mal digerido não só dentro da empresa, mas por todo o mercado.

A reação foi intensa e imediata ao anúncio de Brendan Eich como CEO da empresa em 24 de março de 2014. O mais impressionante foi a reação dos próprios funcionários através das redes sociais, especialmente no Twitter. Muitos pediram a renúncia imediata do CEO. Um abaixo-assinado digital foi criado pedindo a cabeça de Eich, superando 70 mil adesões. Por outro lado, alguns defenderam a liberdade de expressão e alegaram que o CEO poderia ter crenças diferentes de seus colegas. O debate acalorado cresceu nos dias seguintes, extrapolando as fronteiras da empresa e chegando ao mercado, especialmente entre os parceiros e desenvolvedores da Mozilla. Ocorreram até algumas campanhas contra o uso do Firefox numa tentativa de colocar pressão na empresa.

A pressão fez o presidente do conselho da empresa, Mitchell Backer, escrever sobre o caso em seu blog no dia 26 de março, apenas dois dias depois da nomeação do novo CEO: "O compromisso da Mozilla com a inclusão para a nossa comunidade LGBT e todas as minorias, não muda. Ao agir para ou em nome da Mozilla, é inaceitável limitar as oportunidades a qualquer um baseado na orientação sexual e/ou gênero. Isso não é só um compromisso, é a nossa identidade".

Numa entrevista dada para a CNET, publicada em 1 de abril, ainda no calor das discussões, Eich não apresentou claramente a sua posição sobre o casamento homossexual, mas disse que ser contra a união gay não indica que ele é racista e que a liberdade de opinião e religiosa é protegida. E pediu para que as pessoas não misturassem a sua vida particular com o seu trabalho à frente da Mozilla.

O clima dentro da empresa piorou muito. Notícias na imprensa citaram que alguns diretores da Mozilla pediram demissão por não aceitarem Eich como chefe. Tudo parecia alimentar ainda mais a polêmica nas redes sociais. O desfecho do caso foi no dia 3 de abril, quando um comunicado da empresa, carregado de explicações, informou a saída do CEO recém anunciado: "A Mozilla se orgulha de ser colocada em um padrão diferenciado e, na última semana, nós não honramos isso. Nós sabemos porque as pessoas estão magoadas e com raiva, e elas estão certas: é porque nós não fomos fiéis a nós mesmos". Em outro ponto é dito: “Brendan Eich escolheu renunciar ao cargo. Ele tomou a decisão em benefício da Mozilla e da nossa comunidade”. O comunicado foi assinado por Mitchell Backer. Veja o comunicado na íntegra.

No mesmo dia 3, Brendan Eich comentou em seu blog sobre a sua saída da empresa. Em determinado ponto ele diz: "Eu renunciei a posição de CEO e estou saindo da Mozilla para ter um descanso, fazer algumas viagens com minha família e olhar os problemas por outros ângulos".

A Mozilla agiu corretamente ao forçar a renúncia. Reconhecer o erro de tê-lo nomeado CEO foi um acerto, persistir no erro seria um equívoco. Outras empresas talvez procrastinassem, mas a ação rápida da Mozilla traz a paz de espírito que a empresa precisa para voltar a trabalhar. O líder maior de qualquer empresa tem que gerar orgulho nos funcionários, tem que inspirar e ser um exemplo indiscutível dos valores e da cultura da organização. Confrontar este conceito põe em risco a imagem e a credibilidade da marca, perturba o engajamento dos funcionários e cria rugas no relacionamento com os clientes.  

O alcance, a velocidade e a relevância do caso só foram alcançados devido a força das redes sociais. A rapidez e a repercussão do caso me lembram o caso recente de Justine Sacco, a executiva que foi demitida por ter publicado um post racista no Twitter. O caso de Justine foi mais rápido, tudo aconteceu num final de semana. Enfim, novos tempos.

Ahhhh... hoje, no dia em que este post é publicado, o cargo de CEO da Mozilla continua em aberto.

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terça-feira, 1 de abril de 2014

Devo ser Amigo do meu Chefe no Facebook?

Sábado de manhã.
Você acorda cedo, resolve "gastar um tempo" no celular e pensa: "Vou ficar uns 30 minutos no facebook". Abre o aplicativo e, de repente, salta na tela o convite: o seu chefe do trabalho está pedindo para ser seu amigo no facebook. Quase que por instinto você se movimenta para aceitá-lo, mas pensa melhor: devo ou não devo aceitá-lo?  Você lembra daquelas fotos postadas onde aparece bebendo com os amigos no bar. Todos muito doidos :)  Lembra também daquele post onde você falava que precisava de férias urgentes para recuperar a energia porque não aguentava mais o trabalho. Isso sem falar nos comentários que você fez sobre as melhores empresas para se trabalhar e que seu sonho era trabalhar no Google.

Sábado à noite.
Aceita ou não aceita o seu chefe como amigo? Isso não sai da sua cabeça. Se não aceitar, vai ficar muito chato, né? Qual vai ser a desculpa? Como explicar que você é amigo de vários colegas de trabalho mas não aceita o seu chefe? Você se convence que tem que aceitar, até para o bem do seu relacionamento. Mas espera, se você aceitar, o que vai acontecer se no meio do expediente você escreve um post no facebook e o seu chefe olha? Ele vai pensar que você não está trabalhando e está se distraindo durante o trabalho, vai logo falar em perda de produtividade. Puxa, você vai ter que se controlar em tudo que escrever. Que chatice! Que cilada você se meteu!! Você perde a vontade de continuar a ver facebook e deixa para decidir sobre o que fazer no dia seguinte.

Domingo de manhã.
Você abre o facebook e o convite do seu chefe ainda está lá. Você olha para ele e não sabe o que fazer. Tem uma ideia: o que será que seu chefe escreve no facebook? Você vasculha e descobre que o seu chefe tem apenas três semanas no facebook... e não escreveu nada ainda, nem foto ou qualquer comentário. Ele está mudo. Será que ele entrou no facebook somente para fiscalizar os funcionários?

Domingo à tarde.
O seu chefe é legal, gente boa, mas você não tem muita intimidade com ele no trabalho. Você não costuma falar de assuntos pessoais com ele e nem conta confidencias. É difícil imaginar o seu chefe vendo fotos de sua intimidade, seus momentos com amigos e os comentários engraçados e sarcásticos que muitos deles deixam em seu mural de atividades. Não! Definitivamente você não pode aceitá-lo como amigo. Poderia ser constrangedor e até impactar negativamente a sua carreira. Então deixa para decidir depois.

Domingo à noite.
Mas, espera, você é criativo, bem humorado, é bem comportado no Facebook, ele vai ver que você tem uma vida pessoal saudável e uma família legal. O seu chefe vai saber separar as suas opiniões pessoais do que os outros escrevem em seu mural. E pensa: ser amigo do seu chefe no facebook vai ajudar você a ter mais exposição com ele e mostrar coisas legais. Quem sabe você pode passar a escrever coisas mais relevantes e até chamar a atenção do seu chefe?

Segunda-feira de manhã.
Você chega no escritório. Passa na frente da mesa do chefe. Ele olha, sorri e dá um aceno de bom dia. Você senta em sua mesa, pega o smartphone e aceita o seu chefe como amigo.

Essa história é uma ficção, mas comum a um grande número de trabalhadores que passam por situação similar diariamente. A conversa de ser ou não ser amigo do chefe no Facebook já é algo corriqueiro no ambiente de trabalho. Muitas vezes a iniciativa parte do chefe, outras vezes é o funcionário que dispara o convite para o chefe.

O Brasil é país mais ativo no Facebook, e o dilema acontece de forma muito mais contundente exatamente nessa rede social, que é uma rede com claros propósitos pessoais. O LinkedIn tem uma pegada diferente, lá a exposição é profissional e criar conexões profissionais é sempre visto como uma ação positiva. O Twitter parece não sofrer este tipo de análise.

Uma pesquisa feita no ano passado mostrou que os brasileiros pensam diferente do resto do mundo em relação a amizades com colegas de trabalho e chefes no mundo virtual. 41% dos brasileiros se sentem a vontade para ter o chefe como amigo nas redes sociais, enquanto que a média mundial é de apenas 19%. Sobre ter os colegas de trabalho como amigos, os números são ainda maiores, 51% para os brasileiros e 25% para o resto do mundo. A pesquisa foi feita pela Robert Half junto a 1.775 líderes de Recursos Humanos em 13 países e grandes centros.

Um outro estudo mostrou que cerca de 25% dos jovens no mundo entre 18 e 25 anos já são amigos de seus chefes na rede social. E a maioria dos entrevistados disse que não se preocupa com o conteúdo publicado nos perfis. 60% dos jovens que são amigos virtuais de colegas de trabalho não restringem o conteúdo para eles.

A decisão de aceitar ou não aceitar o seu chefe como amigo no Facebook não pode ser algo emocional, deve ser algo racional, onde a decisão poderá causar impactos no relacionamento entre ambos e até em sua carreira profissional. Existem alguns pontos que merecem análise e consideração. Coloque-os na balança para que a decisão faça sentido.

Vale a pena ser Amigo do seu Chefe no Facebook:
1. Se você já tem um bom relacionamento com ele, compartilha informações pessoais e tem até alguns interesses similares fora do ambiente do trabalho;
2. Se seu chefe já é amigo no Facebook de colegas no trabalho, ou seja, já rola um ambiente online colaborativo entre todos; 
3. Se seu chefe é usuário ativo no Facebook, valoriza o mundo online, compartilha opiniões e mostra que não está lá para fiscalizar, mas sim para compartilhar;
4. Para que você conheça melhor o seu chefe fora do trabalho, conhecer suas predileções, expectativas e características pessoais. Isso vai ajudar a melhorar seu relacionamento com ele;
5. Para que ele conheça melhor você, saber de seus interesses pessoais e profissionais, constatar que você é um cara bacana e com bons propósitos. 


Se você já é amigo do seu chefe no Facebook, pode valer a pena:
1. Postar algumas coisas para que sinalize a ele seus objetivos de carreira, aspirações e desejos profissionais. Seja sutil, afinal de contas todos estão vendo, mas deixar alguns rastros pode ser uma boa;
2. Compartilhar a sua criatividade, coisas interessantes que toquem em sua área de trabalho e que reforcem seu conhecimento;
3. Ser bem humorado. Todos gostam de pessoas otimistas e de bem com a vida.  

Mas...
1.  Cuidado com o você posta;  
2. Não faça reclamações sobre a empresa, salário e carreira nas redes sociais. Este não é o local correto para isso. E nem seja irônico;
3. Ahhh... e não vale falar mal também da ex-empresa ou do ex-chefe;
4. Não mostre intimidades e nem informações muito pessoais. Se este é o caso, então mantenha a sua página no Facebook apenas conectada com sua família e amigos íntimos;
5. Não seja polêmico ou irônico sobre assuntos sensíveis, especialmente aqueles que dizem respeito a preconceitos e tabus da sociedade. Isso pode ser um tiro no pé.
6. E, nunca, jamais, bajule o seu chefe virtualmente, ou você vai querer ficar conhecido com puxa-saco virtual do seu chefe?

E, não esqueça, você é um ser humano único. No mundo das redes sociais, onde a transparência é completa, não existe mais fronteiras entre o lado pessoal e o lado profissional. É tudo uma coisa só. O que você faz lá bate cá e vice-versa.

Enfim, no mundo digital você é que você publica.


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