domingo, 24 de novembro de 2013

Funcionária pede demissão dançando, a Empresa dá o troco e os dois vídeos são vistos por milhões de pessoas.


Esse caso foi bastante badalado há algumas semanas. Mas, propositadamente, eu esperei algumas semanas para ver os desdobramentos do caso. E algo me surpreendeu.


A jovem Marina Shifrin, escritora, pediu demissão da empresa onde trabalhava através de uma forma completamente diferente. Ela postou um vídeo no YouTube com uma dança bem pessoal. O vídeo se tornou hit na web e ganhou destaque pelo mundo. Ele teve tanta repercussão que colocou a música "Gone", do cantor Kanye West, de novo nas paradas.

O vídeo da Marina era claramente um protesto dirigido ao seu chefe, mas ao postar no YouTube, acredito que milhares de pessoas se identificaram com a sua atitude e se imaginaram fazendo a mesma coisa ou algo parecido. Não houve ofensas ao chefe ou a empresa, apenas uma performance bem divertida e uma comunicação direta mostrando a motivação de sua saída.

Duas coisas me chamaram a atenção em relação ao fato, e não foi a atitude da ex funcionária ou a repercussão do vídeo. Estou falando da banalização do ato da demissão e, melhor ainda, do vídeo resposta da empresa.

Eline Kullock, em seu texto "O presentismo da geração Y e o vídeo de demissão da Marina Shifrin" faz uma excelente reflexão sobre essa tal "banalização da demissão". Vale muito ler. Para a geração mais antiga o ato de se demitir é algo complicado, mexe com a autoestima, precisa de muita reflexão e planejamento. É algo que dói no coração, para fazer escondido. A demissão sempre foi tratada com algum tabu e era algo discutido dentro de ambientes controlados. Nos tempos atuais, parece que o processo de demissão ficou menos importante, parece ser algo natural, corriqueiro, como um almoço ou uma ida a esquina. O "pleno emprego" e a "carreira longa na mesma empresa" estão em extinção.

Qual foi a real motivação da Marina para fazer um vídeo, posta-lo no YouTube, em vez de realizar um pedido de demissão numa sala fechada com seu chefe?
Por que fazer de sua saída um desabafo público?
O que ela queria como imagem a partir dessa atitude? Ela pretendia conquistar algo?
Qual o legado deixado por ela na antiga empresa?
Será que a "dancinha da demissão" ajuda ou atrapalha na busca dela por um novo emprego?
Será que ela vai conseguir um melhor emprego depois dessa experiência e iniciativa?        

Marina explicou a razão de sua demissão em seu blog, Deu para entender muito bem, mas não ela comentou a ideia do vídeo. Seria divertido e interessante se fizesse. 

Marina trabalhava na Next Media Animation, uma companhia produtora de vídeos de Taiwan. A resposta da empresa para ex funcionária veio no mesmo remédio, ou seja, na forma de um vídeo bem humorado onde os funcionários fazem uma performance e tentam responder a Marina. O chefe também respondeu a altura as acusações apresentadas por Marina. Ele diz algo na linha:  "Eu gostaria que a Marina tivesse aplicado a criatividade mostrada por ela no vídeo em seu trabalho diário aqui na empresa". O vídeo é divertido, valoriza alguns benefícios da empresa, mostra cenas gravadas na piscina e diz que está com vagas abertas para novas contratações.

Apesar de ser uma empresa pequena, produtora de vídeos, a resposta da empresa foi bastante surpreendente. Se fosse uma companhia grande, mais burocrática, certamente o desdobramento seria outro. Mas o exemplo é válido para mostrar que vivemos outros tempos. Trata-se quase de uma "guerra" pública, de posicionamento, onde uma funcionária deixa a empresa através de um vídeo no YouTube que já alcançou quase 17 16 milhões de views, sem pudor, mas com criatividade. A empresa, em contra-ataque, responde na mesma moeda, com sarcasmo, alavancando sua imagem, posicionando-se publicamente para fazer frente a uma exposição pública não planejada. O seu vídeo resposta já tem mais de 4 milhões de views. 

São sinais de novos tempos, onde conversas e atitudes anteriormente privadas se tornam públicas. Milhões de pessoas acompanham.

Veja o vídeo da Marina.
A ex funcionária mostra que sabe dançar, parece se divertir e e apresenta suas razões por tomar aquela atitude.



Veja o video resposta da empresa.


Publicado no blog Ponto de Vista do Meio&Mensagem
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3 comentários:

Anônimo disse...

Sou muito preconceituoso com a chamada "Geração Y", basicamente por conta do seu imediatismo descontrolado. Mas não posso negar que essa geração esta contribuindo em muito para as gerações futuras e para as antigas também.
Não sei se a atitude de Marina foi a mais sensata, mas hoje ainda vivemos onde algumas empresas utilizam esse "algo que dói no coração" como um cabresto, uma coleira curta sobre o terror do desemprego. Essa geração veio pra mostrar que as gerações mais antigas que estávamos em uma sala totalmente escura com uma lanterna fraca na mão onde enxergamos apenas onde o facho dessa lanterna alcança. Essa geração Y veio para acender a luz dessa sala. Quanto a banalização da demissão, essa geração simplesmente esta dizendo que existem muitas empresas la fora e se essa não me respeitou, estou fora.
Em fim, eu não faria igual, sairia da maneira formal, cheias de tabu e seria algo discutido dentro de ambientes controlados como diz o texto, mas esse aviso que a Marina deu as outras empresas que insistem em sugar o capital intelectual dos funcionários, chegando a mudar a identidade das pessoas para uns termos como se a empresa fosse um outro mundo, veja exemplo dos Googlers em "os estagiários". não seria dado.
É necessário que isso aconteça, hoje o mercado esta aquecido, é uma guerra campal, e com certeza não existe apenas aquela ou essa empresa, só o fato da empresa se prestar a fazer um vídeo resposta já da pra ver que não se trata de um empresa digna ou que respeita seus funcionários.
"Eu gostaria que a Marina tivesse aplicado a criatividade mostrada por ela no vídeo em seu trabalho diário aqui na empresa", vamos analisar essa frase, uma funcionaria que estava ate as 4h da manha na empresa e que mais energia e criatividade queriam que ela desprendesse?
Seja mais produtivo, cuidado com sua avaliação anual, nosso plano de negocio para 2016 impede isso, não podemos te promover, estamos com retenção de gastos, frases feitas que essa geração Y soube fazer perder o sentido. O que as empresas chamam nessa geração de reatividade eu chamo de revolução.
Será que ela vai conseguir um melhor emprego depois dessa experiência e iniciativa? Com certeza sim, essa menina é uma ferramenta publicitaria que sozinha alcançou 16, 17 milhões de acessos.
Em fim, como eu disse, a maneira que Marina optou para se demitir eu não faria, mas talvez se ninguém tomasse tal atitude continuaríamos no quarto escuro com a pequena lanterna.

Só uma observação, tenho 40 anos e não faço parte da geração Y

Anônimo disse...

Ela deve estar pensando assim:
Pô, esses eram meus "colegas" de tabalho..."
;)

Anônimo disse...

Primeiro, acho que essa Marina deve ter casado com alguém rico, ou ganho na loteria para imaginar que não vai mais ter que trabalhar num ritmo tão melhor que esse que ela tinha. E, se virou empresária, se prepare, ser seu próprio chefe na maioria das vezes é pior do que ter chefe, uma vez que tudo é sua responsabilidade. Sobre ela ter alcançado popularidade com um vídeo desses... bom, é de se esperar isso. Inédito o que ela fez. E agora? Vamos ver o que será de Marina.
E, finalmente, não vejo outro problema na geração Y do que simplesmente não apreciar o que faz. E apreciar o que faz, o trabalho, ou qualquer outra coisa, de verdade, exige dedicação. Exige tempo. Exige tudo o que de certa forma o imediatismo não permite, característica esta que dizem ser a principal desse grupo. Então, fica difícil mesmo essa geração dar-se bem em algum lugar, dar-se o tempo necessário para apreciar a fundo alguma coisa e daí então resolver o que quer da própria vida. O que se vê são pessoas indecisas, hora voltadas para um sucesso material que não requer de fato amar o trabalho que se faz. Talvez uma vantagem que dizem que possuem é dar valor a vida pessoal. Será? Por que então pulam de um emprego para o outro caso a oferta seja interessante e daí aparecem reclamando: esse emprego me suga? Aliás, o que tem a ver emprego com trabalho? Ao meu ver, cargo, emprego, salário, status são uma coisa. Trabalho, o que se faz, resultado da própria criação diária - este sim, merece ser elaborado, estudado, sentido. Então se dirá: isso é o que amo fazer, e farei o melhor de mim. Quem sabe a Marina encontre dentro dela o que ela de fato ame fazer e nos presenteie com um vídeo que não precise caçoar de outras pessoas ou da empresa que, mal ou bem, pagou-a para outros fins. Não gostou, a porta está aberta, serventia da casa. Tchau! Vá ser feliz! Ou a empresa também agora é responsável pelas escolhas diárias e pela felicidade individual?

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