terça-feira, 23 de outubro de 2012

As mídias sociais diminuem as nossas habilidades sociais, afirma Daniel Goleman


Li uma entrevista muito interessante de Daniel Goleman na revista Eu& do Valor, edição de 11/10/2012.  Goleman é autor do livro "O Cérebro e a Inteligência emocional: Novas Perspectivas".

Em determinado momento ele diz: "Nunca antes na história humana tantos jovens passaram tantas horas olhando fixamente para uma tela, em vez de jogando ou brincando. A preocupação é que isso vai diminuir suas habilidades sociais à medida que o tempo passar".

Isso é paradoxal. Nunca os jovens desenvolveram tantos relacionamentos com tantas pessoas como hoje, muitos deles por trás das telas, sejam grandes (computadores) ou pequenas (smartphones). Podemos especular que os relacionamentos não são puramente genuínos, se considerarmos que numa rede social digital, muitas vezes, nós não somos realmente quem somos e sim personagens, aqueles que gostaríamos ser. O fato é que nosso comportamento na internet quase sempre é diferente daquele que temos no "face-to-face".

Segundo Goleman: "nós temos que esperar uma década para entender os custos humanos - se houver - dessa mudança em grande escala".

Por trás disso está um conceito chamado "inteligência emocional".  Na minha adolescência se falava muito em QI - Quociente de Inteligência. Claramente conectávamos um alto QI a uma maior probabilidade de sucesso profissional. Segundo Goleman, o QE - Quociente Emocional - importa mais do que o QI, apesar dos dois serem muito importantes.

A inteligência emocional vai determinar a capacidade da pessoa em lidar com chefes e liderados, enfrentar tarefas complexas, suportar pressão, moldar emoções e desenvolver boas interações sociais com outras pessoas. Num mundo onde as empresas clamam por trabalhadores mais engajados, colaborativos, flexíveis e conectados, o QE parece ser ainda mais importante. Por outro lado, procuram-se chefes mais inspiradores, participativos e generosos em termos de compartilhamento de conhecimento e tomadas de decisão. Isso tudo faz o QE ser a bola da vez.

Lembro que fui treinado para ler e estudar muito, com o claro objetivo de desenvolver conhecimento para ter uma carreira de sucesso. Isso já não basta, as dinâmicas do mundo atual não aceitam mais trabalhadores espetaculares que não demonstrem fortes características sociais e emocionais. Os novos jovens trabalhadores, com esse especial comportamento "atrás da tela" citado por Goleman, colocam um boa pitada de pimenta em tudo isso. Enfim, reflexões de um mundo novo!


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Um comentário:

Marcos Masini disse...

Vez ou outra o tema aparece nas rodas de conversa dos amigos e profissionais com quem trabalho. Não há dados. Não há números. O processo ainda está ocorrendo. E como o texto diz muito bem "temos que esperar para verificar os "custos". #BETA

As opiniões são sempre divididas. Há os que acreditam que as redes encurtaram caminhos e ampliaram o leque social. Há os que dizem que elas nos dão uma falsa sensação de leque ampliado e ainda nos tiram o convívio face to face de quem está perto - as pessoas se comunicam e jogam pelo celular, mas não conversam ou olham para quem está sentado ao seu lado no ônibus, no metrô. Não sabem mais quem são seus vizinhos. Aliás, a Televisão já fazia isso. E aí de quem entrar na frente da tela quando há uma "ameaça" de gol.

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