sábado, 18 de dezembro de 2010

Ser multitarefa pode ser ineficiente e estressante, diz estudo

O texto abaixo foi adaptado do original publicado no blog Foco em Gerações.

Desempenhar muitas tarefas ao mesmo tempo nem sempre significa ter um bom desempenho, demonstrou um estudo publicado há algum tempo pela Universidade de Stanford, nos EUA.

Para desenvolvê-lo, foram reunidos cem estudantes, divididos em dois times. O primeiro grupo era composto por estudantes “super multitarefas”, que têm o hábito de fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o tempo todo.

O segundo era formado por “multitarefas normais”, ou seja, que só fazem atividades simultâneas de vez em quando. Testes foram aplicados aos dois grupos e o resultado apresentado mostrou que os primeiros distraem-se com mais facilidade e são menos hábeis em filtrar informações irrelevantes do que os demais.

A Universidade de Utah também conduziu um estudo similar, que mostrou que apenas 2,5% das pessoas têm a capacidade de alternar tarefas simultaneamente de forma rápida e eficiente. Ou seja, essa é uma virtude rara, como se pode conferir nos links abaixo:

Supertaskers: Why Some Can Do Two Things at Once
Supertaskers: Profiles in extraordinary multitasking ability

Essas lições são importantes para colocarmos a questão na perspectiva do mundo corporativo. Cada vez mais as empresas buscam profissionais polivalentes, mais produtivos, mais colaborativos e flexíveis. Tudo isso pressiona os trabalhadores a terem um perfil mais multitarefa. Não é por acaso que muitos vangloriam a geração Y, que é multi-tarefa "by design"

O grande problema é que parece que a sociedade atual está passando do ponto razoável.

Eu conheço muitas pessoas que vivem conectadas, o que a princípio parece bom e interessante para a empresa onde trabalham, afinal velocidade e disponibilidade são virtudes bem vistas no mundo corporativo. A questão é que tais pessoas vivem com o cérebro em sobrecarga constante. A pressão contínua provoca uma espécie de “fadiga do cérebro”, que nada mais é do que a saturação da capacidade de memória ou dificuldade de assimilar informação.

Os especialistas dizem que estamos muito longe de ter atingido o limite da “fadiga mental” ou de “adaptação do cérebro” ao bombardeamento de informação, mas a verdade é que estamos todos mais angustiados com o dia a dia da vida moderna, especialmente no trabalho.

Uma maneira simples de analisar a realidade atual é observar o comportamento das pessoas. É quase impossível que alguém que receba de 50 a 100 e-mails por dia consiga responder a todos eles. E é preciso ser muito pragmático para elaborar e escrever a maior parte das respostas, que geralmente são feitas com atenção reduzida e talvez sem a análise adequada de cada caso, já que a pessoa já está pensando no próximo e-mail e em todas as pendências que tem em sua caixa de entrada.

O espaço mental para a reflexão diminuiu consideravelmente. Eu mesmo recebo mais de 200 emails por dia. E você acha que consigo ler todos?

Por fim, outro ponto é que o cérebro cheio e ocupado tira o tempo necessário para descanso e pensamento de novas ideias. E aí vem o conceito do ócio criativo, muito bem explorado no famoso livro de Domenico de Masi.

O tempo de descanso para o cérebro permite à pessoa pensar nas experiências que teve e transformá-las em memória de longo prazo. E isso quem disse foi Loren Frank, professor do Departamento de Fisiologia da Universidade da Califórnia de São Francisco, numa boa matéria chamada "Digital Devices Deprive Brain of Needed Downtime" publicada no NY Times. O conceito foi reforçado por um estudo da Universidade de Michigan que diz que as pessoas aprendem melhor se, depois de uma aula, forem dar uma caminhada num bosque em vez de irem andar um ambiente urbano agitado.

Enfim, tudo isso exige uma reflexão individual de como sobreviver a tanta estimulação simultânea. Que tal se desconectar um pouco?



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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Blog de um executivo - uma experiência real que não deu certo

É sempre bacana ler livros e revistas a respeito do potencial de uso das redes sociais nas empresas, o problema é que eles raramente falam de experiências negativas, todos gostam de contar casos que deram certo. O nosso dia a dia mostra que a gente acaba aprendendo mais com os erros do que com os acertos. Este caso que vou contar é real e foi vivido por mim.

Um executivo me procurou dizendo que gostaria de lançar um blog interno para falar com sua organização. É bem verdade que eu incentivei este projeto desde o início, não foi somente uma iniciativa dele, mas como ele tinha uma organização enorme, certamente um blog seria um bom canal de relacionamento dele com seus funcionários.

O objetivo inicial do blog era estabelecer uma conversa com os funcionários, fomentando discussões sobre estratégia, planos e resultados. Numa organização com vários níveis hierárquicos, com um número enorme de funcionários, a meta era a conversa direta, sem interferência e filtros.

O primeiro post foi uma "festa". A notícia do blog correu dentro da empresa, foram vários comentários, apesar do primeiro post ter sido aquele tradicional "boas-vindas, cheguei", prometendo uma conversa franca e direta. O executivo estava feliz. Parecia que o blog já estava cumprindo o seu papel. Os comentários escritos no blog davam os parabéns pela iniciativa, pela ousadia e pelo exemplo que serviria para os executivos de outras áreas.

Nos 2 meses seguintes o executivo publicou 6 posts, alguns longos, outros mais curtos, e quase sempre recebeu comentários. Nos posts publicados eu não identifiquei novidades diferentes daquelas já ditas nos meios de comunicação interna da empresa. Mas vale destacar o terceiro post, quando ele apresentou sua visão a respeito de uma prática de recursos humanos da empresa. Ele deu uma opinião pessoal e particular, e isso sempre cai bem num blog, especialmente de um executivo. O problema é que o blog ficou mudo após 2 meses de atividade, nada mais foi publicado. O próximo e último post do blog foi publicado 60 dias depois, que acabou sendo escrito por uma funcionária da área de comunicação que estava preocupada com a morte precoce do blog. Ela escreveu o texto e sugeriu ao executivo para publicar, ele fez a revisão e deu OK. O post foi publicado em seguida, com a assinatura dele.

Esta foi a história do blog, que teve vida de quase 4 meses, com apenas 8 posts, sendo um de boas-vindas e outro escrito por uma ghost-writer. Meses depois, conversando com o executivo, ele lamentava do blog não ter dado certo, dizia que teve pouca repercussão, que esperava mais comentários e mais interesse da comunidade. Reclamou da sua falta de tempo e disse que preferia investir mais na comunicação interna tradicional (como newsletter eletrônica, mural e intranet) do que num blog ou redes sociais. E deu a experiência como encerrada.

Olhando pelo retrovisor, me atrevo a dizer que o blog teve mais acertos do que erros, mas ficou evidente que o blog não emplacou devido a pequenas coisas. As coisas estavam indo bem no início do projeto, a experiência era positiva, mas pequenos obstáculos começaram a aparecer. Eis a minha avaliação pessoal:

1- Os posts não tiveram regularidade de publicação.

2- A maiorias dos posts não tinham informação exclusiva ou uma abordagem diferente do que era publicado nos outros canais de comunicação. Ou seja, eles não traziam algo realmente especial, pareciam mais do mesmo. Portanto, não havia uma motivação esepcial dos funcionários para acessá-lo.

3- Muitas vezes o executivo usou uma linguagem mais institucional do que pessoal, com frases frias, distanciando a conversa pessoal que todos esperavam do executivo. Talvez eu esteja sendo duro aqui, mas quero alertar este ponto porque ele é muito importante.

4- Os posts eram sempre muito assertivos, não apresentavam perguntas ou dúvidas e não convidavam os funcionários a opinarem sobre algo. Ou seja, faltou polêmica.

5- E o mais importante: faltou crença, perseverança e tempo. Faltou o executivo acreditar de verdade no projeto, investir um pouco mais de tempo e dedicação, me parece que ele desistiu muito facilmente.

Enfim, este foi um caso que não deu certo, quando tinha tudo para ser sucesso. O executivo é um vencedor, admirado por todos e com conteúdo riquíssimo que merecia ser compartilhado com a organização. Analisá-lo depois é muito fácil, da mesma forma que analisamos uma partida de futebol. Difícil é analisar e tomar decisões durante a partida. Existem inúmeros casos de projetos de blog que deram certo, mas, particularmente, com eu já disse antes, eu acho que aprendemos mais nas experiências negativas do que nas positivas.

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Como (não?) fazer um jingle

A história que vou contar abaixo é parcialmente verdadeira. Depois explico.

A agência sabia que aquela reunião não seria trivial. O cliente acabara de chegar na agência e todos sabiam que aquele era um cliente difícil. Era um diretor e dois gerentes. Do lado da agência também eram três pessoas, entre elas um profissional de criação e o gerente de atendimento. O objetivo da reunião era discutir o briefing para a criação de um jingle de rádio.

Logo no início da conversa, o diretor do cliente desandou a falar: "Acho que essa reunião vai ser rápida. O briefing é bem simples. Temos que falar que vendemos soluções customizadas..."

A criação da agência interrompeu:
"Soluções customizadas? Num jingle de rádio? Mas ninguém vai entender o que é isso..."

"Enteeeende, entende sim", respondeu o executivo do cliente. "Quem compra sabe o que é isso. E tem que falar que vendemos soluções customizadas em facilities..."

"Facilities?"

"E também multi-serviços integrados..."

"Não esquece de falar da otimização de resultados", disse um dos gerentes do cliente para desespero da agência.

O outro complementou: "Tem que colocar também gestão de infraestrutura..."

O rapaz da criação coçava a cabeça enquanto o atendimento da agência pulava da cadeira: "mas isso é muito ruim para um jingle. Ninguém vai entender nada".

O cliente continuou: "E tem colocar as duas marcas da nossa empresa, que é confiança e qualidade". O colega dele complementou: "E a tradição? Tem que colocar também, afinal somos uma empresa muito tradicional".

O pessoal da agência estava atônito. Um deles falou: "mas está muito complicado... e não dá para colocar tudo isso num jingle de apenas 30 segundos".

O diretor do cliente respondeu: "Dááá... dá sim. Para isso contratamos uma agência como vocês. Um bom criativo faz isso fácil, fácil. E tem que terminar repetindo que nós vendemos soluções customizadas em facilities. Tem que reforçar isso. É nisso que nós somos bons. Aahhhh, e não pode deixar de fechar o jingle dando o número de telefone da empresa".

Obviamente que a história acima fui eu que inventei, mas daqui prá frente não é não.

Eu ouço o jingle abaixo há anos. Acho incrível que este jingle ainda permaneça no ar, na mesma rádio e sempre no mesmo horário. Tenho ele memorizado na minha mente durante todo este tempo, mas não sei dizer se isso é positivo ou negativo. Mas tudo bem, eu não faço parte do público alvo deste anúncio. O fato é que eu não acho razoável um jingle ficar no ar durante todo esse tempo e sempre faço zapping no rádio quando ele toca, simplesmente porque não suporto mais ouvi-lo.

Me conta o que você achou do jingle.



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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CEOs perdem tempo nas redes sociais

Vejam a história abaixo publicada pela Lucy Kellaway em sua excelente coluna do Financial Times, reproduzida em terra-brasilis no jornal Valor Econônico. Eu fiz o sumário abaixo agregado com meus comentários, mas o artigo original se encontra AQUI (vale a muito a pena ler ele todinho!!!!). Este é um bom exemplo a respeito do assunto que toquei no post "Os executivos não blogam porque eles têm coisas mais importantes para fazer".

Meses atrás, o comediante Armando Iannucci, que é bem conhecido no Reino Unido, conduzia seu carro numa rodovia e resolveu parar numa loja da Starbucks na estrada. Ele é um sujeito que escreve muito no seu twitter, compartilhando o seu cotidiano. Ao se deparar com algo que não gostou no banheiro da Starbucks, ele não titubeou e soltou uma mensagem no twitter para os seus 93 mil seguidores: "Me surpreendo que, embora domine o mercado, a Starbucks ainda não consiga eliminar aquele cheirinho de banheiro que a gente sente quando entra".

Rapidamente o presidente da Starbucks no Reino Unido, Darcy Willson-Rymer, respondeu em seu twitter:
"Obrigado pela informação. Que loja você visitou?".

Ainda pelo twitter, Iannucci respondeu que estava na cidade de Warwick, mas que o "cheirinho ruim" era sentido em várias lojas da Starbucks. Willson-Rymer agradeceu novamente e prometeu investigar. Em seguinda o comediante tuitou: "Uma boa notícia. A Starbucks agora está preocupada com o seu cheiro de banheiro".

Estou certo que a grande maioria dos especialistas em mídias sociais vão afirmar que este é um excelente exemplo de como as empresas podem e devem se relacionar com os seus clientes e sociedade nas redes sociais. Ou seja, uma resposta rápida, assertiva e vinda de um líder credenciado da empresa. A princípio eu até concordo, mas acho o caso questionável como um exemplo realmente útil.

As redes sociais são um tremendo canal de relacionamento com os clientes, funcionários e sociedade. Mas também formam um poderoso instrumento de distração e devaneio. Estou convencido que tais redes podem causar distúrbios imensos nas lideranças das empresas, fazendo com que eles gastem tempo e recursos em coisas que não valem a pena.

A análise de Lucy Kellaway em seu artigo é excelente. Será que a rede Starbucks realmente tem "cheirinho" de banheiro? Vamos supor que sim, então o presidente não deveria depender de uma tuitada para descobrir isso. Certamente o seu staff deveria tê-lo informado disso há muito tempo e já deveria ter tomado providências.

Outro ponto é se o que este sujeito escreveu tem realmente relevância ou causa algum impacto para a imagem do Starbucks, mesmo considerando que ele tem mais de 90 mil seguidores. Sinceramente? Eu acho que não. E, mesmo que aja alguma relevância, a mensagem do comediante não foi direcionada para a Starbucks. Ou seja, não havia nenhuma expectativa de resposta por parte da rede de cafeterias. O post poderia ter passado desapercebido.

Se eu estivesse no comando desse processo, provavelmente tomaria duas providências. A primeira seria disparar um processo interno na empresa para verificar se o que ele falou realmente é fato. A segunda seria monitorar o twitter e ver se a mensagem do comediante iria ter alguma repercussão ou consequência, como por exemplo retuitadas dos seguidores do comediante e comentários adicionais. Só depois disso é que eu pensaria em tomar alguma ação na rede.

Independentemente de tudo que eu escrevi acima, o fato é que ignorar uma coisa como essa poderia ter poupado tempo à administração da empresa. Agora eles devem estar colocando um monte de gente para cheirar os banheiros... :)

Lucy diz que fez uma pesquisa na rede e não viu ninguém reclamando ou repercutindo o fato do cheiro nos banheiros. Ou seja, muito provavelmente esse assunto não tem nenhuma relevância para os usuários e clientes da rede de cafeterias e parece ser um tremendo desvio das prioridades da empresa.

O resumo disso tudo é que as redes sociais podem ser perversas para as empresas. As empresas e os executivos têm que estar conscientes disso. Ficam dois recados aqui:
- Blogs e redes sociais não podem ser encaradas como aventuras empresariais;
- Os executivos não devem assumir que os integrantes da rede têm consciência plena do que vale ou não a pena reclamar ou comentar.

As redes é uma arena aberta, onde todos entram para elogiar e, muito especialmente, para espinafrar e zombar. Portanto, critério, planejamento e "canja de galinha" não fazem mal a ninguém.

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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Liberdade nas redes sociais dá nisso...

Para quem dá liberdade completa no uso de mídias sociais como a IBM, as vezes a gente se depara com algumas surpresas na web. Basta peneirar um pouco mais na rede e aparecem algumas pérolas como o vídeo abaixo:



Esse vídeo foi feito dentro do nosso Centro de Serviços em Hortolândia, em São Paulo. O pessoal pareceu meio constrangido, não?
Ô, pessoal! Dá prá próxima vez capricha mais!!

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