segunda-feira, 28 de junho de 2010

Guia de uso de redes sociais nas empresas, ajuda mas não resolve

Após o painel do info@trends, dias atrás, ainda dentro do evento, uma pessoa veio conversar comigo sobre uma situação que ela está passando na empresa onde trabalha. Ela disse que o acesso às redes sociais é limitado e que o principal motivo da proibição de acesso é a preocupação que os executivos tem com a reputação da empresa. Em seguida, afirmou que a empresa está para publicar um guia corporativo de uso de redes sociais e que pretende liberar o acesso para os funcionários. Ela me perguntou se a publicação de um guia é capaz de minimizar o tal risco de imagem que tanto amedronta a empresa.

Para melhor responder esta pergunta, sugiro consultarmos o estudo "Social networking and reputational risk in the workplace - Deloitte LLP 2009 Ethics & Workplace Survey results " de 2009.

Este interessante documento apontou que 74% dos trabalhadores pesquisados avaliaram ser fácil prejudicar a reputação da empresa numa rede social. Por outro lado, 58% dos executivos concordaram que o risco de reputação deveria ser uma questão de diretoria, mas apenas 15% disseram que realmente é. Ou seja, existe uma distância considerável entre percepção e realidade. Apenas 22% das empresas afirmaram ter políticas formais que orientam como os funcionários devem usar as ferramentas de redes sociais. O resultado mais impactante. porém, foi que 49% dos trabalhadores disseram que não alterariam a forma como se comportam nas redes se sociais se a empresa adotasse uma política de uso de tais ferramentais. Caramba! Isso é sério. E, finalmente, não me surpreendi quando 24% dos pesquisados não souberam responder se a empresa onde trabalham tem alguma política publicada de uso de redes sociais. Não é por acaso que 27% afirmaram que não estão nem aí para eventuais consequências éticas oriundas de comentários, vídeos e fotos postadas no mundo online.

Recomendo que você consulte o documento por inteiro. Tem mais dados super interessantes além dos já informados. Consulte AQUI.

Voltando para pergunta original: o quanto que a publicação de um guia corporativo pode minimizar o risco de reputação no uso das redes sociais pelos funcionários de uma empresa? A resposta direta, nua e crua, é: pouco.

O estudo da Deloitte mostrou que políticas publicadas por uma empresa não seriam suficientes para alterar o comportamento nas redes sociais de quase metade dos entrevistados. Ou seja, um guia é importante, mas não é suficiente. O guia ajuda a determinar regras de conduta e a criar jurisprudência para que um funcionário seja questionado por desvios ou atuação inadequada nas redes sociais.

Para mitigar os riscos de reputação e imagem nas redes sociais são necessárias iniciativas com ênfase na cultura, valores e ética dentro da organização. É preciso que os funcionários desenvolvam consciência e bom senso no trato da informação, que entendam o que é informação estratégica e confidencial, e que tenham melhor capacidade para tomadas de decisão a respeito do que podem ou não falar sobre a empresa, seja dentro do ambiente do trabalho, no "choppinho" de domingo ou nas redes sociais. O desenvolvimento de consciência, coerência e bom senso transcende a publicação de um guia corporativo. Enfim, o guia é importante, mas ele sozinho não resolve.

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