domingo, 23 de maio de 2010

Minha experiência na Índia

Voltei!

Voltei depois de passar duas semanas na Índia. Metade a trabalho, metade como turista. Foi uma das mais incríveis experiências da minha vida.

A Índia é um país fascinante. A população se aproxima de 1 bilhão e 300 milhões de habitantes. Sua economia cresce aproximadamente 10% ao ano. O país dobrou o tamanho da sua indústria nos últimos 10 anos. Em apenas dois anos, o número de celulares passou de 346 milhões para 562 milhões. A projeção é que em 2015 a população será de 1 bilhão 500 milhões de habitantes com 1 bilhão de 200 milhões de celulares. Em todas as análises globais, a Índia aparece como uma nova super-potência do planeta.

O governo tem seus sonhos. Diz que até 2030 vai multiplicar por dez a capacidade de produção de energia nuclear. Já prometeu que vai construir 20 quilômetros de estradas por dia até 2015. E afirma que vai levar um homem a Lua em 2025.

A minha experiência na Índia mostrou que eles deveriam colocar mais os pés na terra do que no céu. O país vive uma crise sem precendentes de falta de infraestrutura. As estradas estão em péssimas condições, os portos inexistem, as cidades convivem com um trânsito caótico, problemas sérios de habitação, água, esgoto e energia. Aliás, durante todos os meus dias na Índia eu convivi com falta de energia. Em todas as cidades que passei (Bangalore, Delhi, Agra, Jaipur e Mandawa) a energia falta, pelos menos, umas seis vezes por dia. A Índia não consegue produzir e distribuir toda a energia elétrica que o país precisa. As empresas têm geradores, os hotéis também, as lojas têm lanternas e por aí vai. Quando o consumo chega no auge, simplesmente o fornecimento de energia cai. Depois de alguns minutos a energia volta. E assim o indiano vai levando a vida.

Mas o maior problema da Índia não é a energia. É a disparidade social. O Banco Mundial afirma que 76% da população indiana vive com menos de U$ 2 por dia. As cem pessoas mais ricas da Índia detém 8% do PIB nacional. Praticamente 50% da população não tem conta bancária. Apenas 61% das crianças vão à escola. Eu vi isso em todos os meus minutos na Índia, em todos os lugares que eu fui. A pobreza da população ficou na minha cara o tempo todo.

Este é o retrato de um país que se tornou independente pouco tempo atrás. Até 1947 a Índia era uma colônia dos britânicos. Parece que só agora o gigante está realmente despertando. Apesar da independência, a influência dos britânicos está por toda parte.

Uma nova Índia emerge. O país forma por ano, mais de 300 mil engenheiros. O Brasil, algo ao redor de 30 mil. Isto já é resultado da política do governo indiano nos últimos 20 anos. Por todos os cantos e estradas que passei, me deparei com escolas e institutos de tecnologia e engenharia. Os estudantes chegam em ônibus mal conservados, em tuk tuks, em motos, pendurados em caminhões, a pé e de todas as formas que você possa imaginar. Muitos chegam maltrapilhos. Em poucos anos se tornarão trabalhadores globais, engenheiros de alto potencial trabalhando para algumas das dezenas ou centenas de grandes empresas do mundo que vêm se instalando no país e contratando milhares de jovens indianos.

A globalização que chega ao país é tão forte que vem conseguindo desestruturar o rigoroso sistema de castas que ainda existe no país. Os jovens indianos são contratados pelas empresas estrangeiras independentemente de suas classes sociais, castas e religião. Tal movimento vem criando uma nova geração de indianos, onde competência e capacidade estão acima da história, cultura e paradigmas de seus ancestrais. Existe uma revolução silenciosa ocorrendo no país.

É uma país encantador, mas que assusta. É uma realidade que choca. A melhor imagem que captei desta transformação está abaixo. É uma foto que tirei na estrada a caminho de Jaipur.

Quem quiser ver um pouco mais da minha experiência e muitas fotos, basta acessar http://vieguardei.blogspot.com/


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