Texto meu publicado no blog Foco em Gerações que reproduzo abaixo.
Conheço executivos muito bem sucedidos em suas carreiras que tremeram e enfrentaram enormes dificuldades para ajudar os filhos no início da vida profissional. Nessa hora, todos somos iguais, né? Não adianta doutorado em Harvard e liderar milhares de funcionários. Muito do aprendizado executivo acaba não funcionando tão bem dentro de casa.
As coisas no passado eram mais difíceis. Os jovens tinham muito mais dificuldade para obter informações a respeito das profissões e especializações. Esse processo dependia muito do interesse e da iniciativa dos estudantes, que tinham que sair em campo para caçar informações, conhecer as novas carreiras e entender o que valia pena. Lembro do “velho” teste vocacional, que nunca foi algo que me cativou muito na minha época. Aliás, se dependesse dele, eu teria estudado geografia e seria um provável bibliotecário hoje.
A realidade atual é diferente. O mundo interconectado e aberto facilitou muito. A informação chega até dentro de casa via internet e outros canais de comunicação. Aliás, os estudantes são bombardeados por todos os lados. O que não mudou foi a necessidade absoluta da iniciativa e curiosidade dos jovens para entender as opções, ouvir conselhos de diversas fontes e trocar ideias. É aí, exatamente neste ponto, que os pais podem ajudar muito os seus filhos.
O que me inspirou escrever esse post foram as últimas conversas que tive com meus dois filhos. Ambos estão no início de suas vidas profissionais, estão cheio de dúvidas e dilemas. Os passos abaixo vêm do meu aprendizado prático nos últimos meses e, certamente, dos conselhos de amigos e colegas que já passaram pela mesma experiência.
1- ENTENDA O QUE É SUCESSO PARA ELE
Um ponto importante é não colocar a sua expectativa de sucesso em cima de seu filho. O sucesso é relativo. O que é sucesso para você pode não ser para ele.
2- EVITE SER ASSERTIVO
Não seja afirmativo o tempo todo, afinal conselhos muito pragmáticos poderão pressioná-lo numa direção que talvez não seja a decisão que bate no coração dele.
3- TENHA UM PAPO ABERTO
O seu papel mais importante será criar um ambiente para troca de ideias, de bate-papo aberto, sem posições certas ou erradas.
4- OUÇA MAIS DO QUE FALE
Instigue seu filho para falar de suas angústias, indecisões e interesses. Muito provavelmente as aflições dele serão bem diferentes das que você tinha quando jovem, portanto mantenha o coração aberto nestes papos.
5- INCENTIVE-O A BUSCAR INFORMAÇÕES
Inventive seu filho para buscar informações sobre carreira e profissões, além de motivá-lo para falar com mais pessoas, inclusive alguns amigos seus. Facilite esse caminho.
6- NÃO FAÇA O TRABALHO PELO SEU FILHO
Por favor não faça a pesquisa de informações pelo seu filho. Isso é responsabilidade dele. Se ele realmente estiver motivado e interessado, você não precisará fazer nada. Ele vai procurar você com todos os dados nas mãos.
7- AJUDE-O A DESCOBRIR SUAS HABILIDADES NATURAIS
Motive-o a fazer uma auto-reflexão para imaginar que tipo de trabalho futuro mais lhe agrada. Nestas horas, olhar para sua própria rotina e satisfações pessoais pode ajudar a encontrar o caminho.
8- ESTEJA SEMPRE DISPONÍVEL PARA DIALOGAR
Estar disponível para dialogar será uma bênção para seu filho. Ele poderá viver grandes momentos de indecisão, se aproximando e se afastando da decisão final.
9- TENHA PACIÊNCIA. ELE PRECISA DE TEMPO
Ter paciência vai ajudá-lo bastante. Nestas horas sua principal missão será incentivá-lo a continuar pensando e conversando. Faca ele se auto-questionar. Não tenha pressa.
10- ACEITE BEM O EMPREENDEDORISMO
O futuro do mercado de trabalho sinaliza que cada vez mais os trabalhadores serão empreendedores. O primeiro momento de empreendedorismo de seu filho será esse começo de vida profissional. Conversas francas, sem paradigmas, mente aberta e visão flexível é maior contribuição que você pode dar para seu filhos nos primeiros passos de sua carreira.
Uma outra recomendação adicional seria não se preocupar se ele escolher a mesma profissão que você, mesmo que você sinta no íntimo que ele foi influenciado por você. A maior preocupação é você estar tranquilo com sua consciência de que ele escolheu o caminho por iniciativa e decisão própria.
Enfim, apesar dessa nova geração estar muito mais informada e madura sobre carreira, os jovens ainda tem a mesma insegurança e angústia que tínhamos quando adolescentes. Imaginar o que gostaríamos de ter recebido na nossa época pode servir de inspiração para nossa preparação de conversa com nossos filhos. Só na esqueça de uma coisa: o mundo passa por grandes transformações na sociedade, onde o trabalhador de emprego perene e 35 anos de serviço está destinado a desaparecer para sempre, ou seja, o sucesso profissional não mais será o salário fixo no final do mês.
As palavras de ordem são: empreendedorismo e satisfação pessoal.
2 comentários:
Olá a todos!
Minha experiência sempre foi tangida pela incoerência do que se fala com o que se faz.
Geralmente vejo discursos vazios e ações inócuas, pelos mais variados motivos... moralmente bons e íntegros e os completamente desprezíveis e vís.
O problema é a tendência de confundir a vida com a percepção pessoal. Qual o problema disso tudo? Tomar a parte pelo todo.
Assim aquelas coisas de "aconteceu comigo, logo acontece com todos" se torna uma verdade incontestável. E infelizmente vivemos um mundo de "verdades incontestáveis" a todo dia!
Enfim, esse paradoxo não é novo e não vai passar pois fazem parte do épico humano. Assim como a dor, a tristeza, e a melancolia.
Erros e acertos vão nos acompanhando em todos os níveis de consciência que temos. Agora de maneira mais prática, imaginem só, se no mundo corporativo enfrentamos uma duelo de gerações tão ferrenho imagine isso dentro de casa...
Ou alguém ainda duvida que não existe separação entre "vida profissional" e "vida pessoal"?
Zee. O seu comentário me fez lembrar algo que conversei noutro dia com um colega de trabalho. Comentávamos que nós todos somos atores no ambiente de trabalho, ou seja, podemos imaginar um grande teatro corporativo no qual representamos todos os dias. Na maioria das vezes, a nossa personalidade na vida profissional é distinta daquela que temos na vida pessoal, especialmente dentro de nossas casas. Enfim, somos todos grandes atores nessa aldeia corporativa. Isso pode dar um belo post... Abraços e obrigado por postar comentários realmente instigantes. Mauro.
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