Uma matéria da Business Week dessa semana (edição de 9/03/2009) é imperdível e assustadora. Um resumo da matéria está na businessweek.com , mas a edição impressa está melhor pois tem a matéria completa e mapas que ilustram muito bem a principal mensagem. O artigo chamado “The Next Net”, assinado por Stephen Baker, fala sobre uma nova indústria ou serviço que vai revolucionar as nossas vidas.
O celular trouxe conectividade total para as pessoas, provendo comunicação móvel de qualidade e criando, na prática, uma identificação individual para cada indivíduo. Ou seja, globalmente, cada indivíduo tem um número de celular diferente, incluindo os códigos de país e cidade.
Agora imagine se conseguíssemos acompanhar, num mapa, o movimento do celular de uma pessoa ao longo do dia. Considerando que a pessoa carrega o celular consigo durante todo o tempo, tal mapeamento (tal qual um dispositivo GPS) daria um registro completo da andança daquela pessoa naquele dia: a ida ao supermercado, o caminho para o trabalho, as lojas percorridas, quanto tempo passou em cada local, etc. Agora pense esse mesmo registro sendo feito para milhares ou milhões de pessoas simultaneamente.
Parece sonho ou ficção científica, mas não é. A tecnologia atual já permite isso. A matéria fala sobre essa nascente indústria de serviço onde a Google (sempre ela...) e a Nokia já estão trabalhando.
Em resumo, o conceito é simples: mapear os movimentos e comportamento de milhões de celulares e vender isso para empresas.
Imagine...
- o que as empresas poderiam fazer com esse conhecimento nas mãos?
- a capacidade que as empresas teriam para aprender mais sobre seus clientes, costumes e padrões de comportamento;
- os novos bens e serviços que poderiam ser criados para atender essa nova demanda que vai surgir;
- a capacidade que as empresas teriam para identificar novos clientes.
Em cima disso tem a velha questão da privacidade. É ético ter alguém acompanhando seus passos durante 24hs por dia?
O fato é que esse tipo de serviço vai prover um nível de conhecimento da sociedade que nunca se viu antes. O Google hoje, através de seu mecanismo de busca, já consegue dissecar o comportamento dos internautas que passam pelos seus sistemas, quais “sites” ele visitam e quais links eles têm pendurados em seus blogs e redes sociais. Com esse conhecimento o Google já consegue desenvolver um mapa de influência e relevância de bilhões de “web sites”. Esse é o coração do negócio do Google e base para seus negócios de venda de “advertising”. Agora, pegue esse cenário e propague para o mundo todo, onde o mesmo tipo de mapeamento passa a ser feito em função do tráfego e uso de cada celular. Pense num mapa geográfico “vivo”, cheio de pontinhos coloridos caracterizando concentrações de pessoas de padrões de comportamento iguais e distintos. Será possível ver diferentes tribos, “clusters” que crescem numa determinada hora do dia ao redor de um restaurante ou loja.
Vale a pena ler o artigo da edição impressa da Business Week para entender a revolução que vem por aí. Se não conseguir a revista impressa, não deixe de ver aqui o resumo da matéria na edição online da revista. Também tem um vídeo muito bacana aqui de 2 min que explica essa “nova net”.
Eles dizem que não querem criar mapas de cada indivíduo, mas sim identificar grupos com padrões de comportamentos similares.
A matéria na edição impressa termina com uma pergunta de difícil resposta: “Você acharia legal se o seu chefe pudesse saber onde você está durante todo o dia através de um software tipo GPS instalado em seu telefone celular?” Estamos indo para esse mundo. E isso não vale só para o trabalho não. Chegaremos em breve a um ponto onde o seu telefone celular poderá mapear onde estão os celulares dos seus principais familiares, denunciando onde cada pessoa está fisicamente e o que, possivelmente, está fazendo. Enfim, a ficção científica está batendo às portas do nosso mundo real.
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