Imagine essas duas situações: uma é ficção e a outra é super real, acontecendo agora.
Primeiro a ficção.
Você trabalha numa grande empresa, respeitada e de vanguarda. Por decisão corporativa, o uso de mídias sociais é incentivado, sendo inclusive uma ferramenta importante para os seus negócios, no relacionamento com clientes e com o mercado. Muitos funcionários, independentemente de sua posição na hierarquia, executivos ou não, possuem blogs, Twitters e contas nas principais mídias sociais, onde falam sobre a empresa, o mercado, as tendências e compartilham conhecimento.
Um desses profissionais, gerente sênior da empresa, cria um Twitter onde compartilha notícias e conhecimento de sua área de atuação. O fato de trabalhar naquela empresa reforça a credibilidade e dá credenciais para o seu reconhecimento pelo mercado. Em vários anos atuando regularmente no Twitter, ele alcança 20 mil seguidores fiéis. Vira um porta-voz real da empresa, tornado-se uma voz influente juntos aos clientes e formadores de opinião na área de atuação da empresa. A organização apoia e reforça o Twitter dele como um canal relevante para comunicação externa da empresa, alavancando e dando mais visibilidade a ele.
Surpreendentemente, quase 4 anos após o lançamento de seu Twitter, ele recebe uma proposta de emprego e sai da empresa. Ao deixar a empresa, ele anuncia sua decisão aos seus 20 mil seguidores no Twitter. Mais surpreendentemente ainda, o seu número de seguidores não cai, em pouco tempo aumenta e ele continua sendo um influenciador de mercado.
Perguntas:
Se você fosse o líder da empresa, o que você faria?
Será que a empresa agiu certo alavancando o Twitter desse profissional?
A empresa pode alegar propriedade sobre o Twitter dele?
A empresa pode proibir que o ex funcionário continue usando o antigo Twitter?
A história acima é uma ficção, mas bem que poderia ser real.
Agora vamos para uma história real, que foi publicada no mês passado no site da BBC e no NY Times. Duas matérias que merecem ser lidas.
O resumo é simples: um ex funcionário está sendo processado por manter seguidores no Twitter que ele atraiu enquanto trabalhava na empresa.
Durante 4 anos, Noah Kravitz, 38 anos, "twittou" para a empresa Phonedog como @Phonedog_Noah. Durante esse tempo, conseguiu 17 mil seguidores no Twitter. Essa era a marca quando ele saiu da empresa em outubro de 2010, quando mudou seu nome no Twitter para @noahkravitz
Oito meses depois de ter deixado a empresa, a PhoneDog processou o ex funcionário, alegando que a lista de seguidores de @Phonedog_Noah era uma lista de clientes da empresa e que tinha investido recursos substanciais para construí-la. O processo contra o ex funcionário envolve a indenização de U$ 2,50 por mês por seguidor por 8 meses, o que dá um total aproximado de 340 mil dólares (segundo o NY Times são 370 mil dólares). Noah afirma que seu ex patrão autorizou que ele continuasse usando a conta depois que saiu da empresa. Hoje, janeiro de 2012, @noahkravitz tem mais de 26 mil seguidores.
Texto publicado no blog da CRN e no blog Midia8
5 comentários:
Caramba, Mauro, que "sinuca de bico"! Há pontos positivos e negativos em torno da questão de dar uma cara real ao Twitter da empresa: por um lado se tem personificação, gente de carne e osso tocando o perfil, se tornando fonte de referência etc. Por outro, se a pessoa vai embora, o perfil realmente pode ir junto e há uma complicação para a empresa. Acho que a saída é combinar os termos antes: se a pessoa sair, não poderá carregar o perfil que mudará de dono ou o contrário. O que é combinado, não sai caro, certo? Abs e excelente reflexão, como sempre!
Prezado Mauro,
Sou leitor do seu blog e gosto muito do conteúdo. Por acaso, estamos produzindo uma reportagem sobre a participação de médicos nas redes sociais e sobre como eles podem utilizar estas ferramentas para melhorar a relação com seus pacientes/clientes.
Esta matéria será publicada na Revista DOC Gestão em Saúde. Gostaria de entrevistá-lo para este material, trazendo exemplos do mundo corporativo. Tem interesse em participar?
Cordial abraço,
Bruno Garcia
Carol. Concordo com você. Combinar antes, ter um guia e regras estabelecidas, etc. Isso tudo ajuda muito. O grande dilema é que muitas empresas se lançam em suas atividades nas mídias sociais sem estudar e planejar antes. Vale a pena também visitar outras empresas para conhecer o que está sendo feito. E, obviamente, buscar conhecimento profissional de quem entende e tem experiência. Abraços e obrigado por sempre colaborar com o blog. Mauro.
Oi Bruno. Tudo bem? Sim, claro, podemos conversar. Será um prazer, apesar que meu conhecimento na área de saúde se limita aos papos que tenho com meu médico :)
Me passa seu email e vamos manter contato. Abraços e obrigado por visitar/colaborar com o blog.
Prezado Mauro,
Que ótimo você participar dessa reportagem com a gente!
Meu e-mail é bruno.garcia@editoradoc.com.br e meu telefone: 21 2425-8878.
Cordial abraço,
Bruno Garcia
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