segunda-feira, 19 de março de 2012

Redes sociais: o perfil no Twitter é do funcionário ou da empresa?

Imagine essas duas situações: uma é ficção e a outra é super real, acontecendo agora.

Primeiro a ficção.

Você trabalha numa grande empresa, respeitada e de vanguarda. Por decisão corporativa, o uso de mídias sociais é incentivado, sendo inclusive uma ferramenta importante para os seus negócios, no relacionamento com clientes e com o mercado. Muitos funcionários, independentemente de sua posição na hierarquia, executivos ou não, possuem blogs, Twitters e contas nas principais mídias sociais, onde falam sobre a empresa, o mercado, as tendências e compartilham conhecimento.

Um desses profissionais, gerente sênior da empresa, cria um Twitter onde compartilha notícias e conhecimento de sua área de atuação. O fato de trabalhar naquela empresa reforça a credibilidade e dá credenciais para o seu reconhecimento pelo mercado. Em vários anos atuando regularmente no Twitter, ele alcança 20 mil seguidores fiéis. Vira um porta-voz real da empresa, tornado-se uma voz influente juntos aos clientes e formadores de opinião na área de atuação da empresa. A organização apoia e reforça o Twitter dele como um canal relevante para comunicação externa da empresa, alavancando e dando mais visibilidade a ele.

Surpreendentemente, quase 4 anos após o lançamento de seu Twitter, ele recebe uma proposta de emprego e sai da empresa. Ao deixar a empresa, ele anuncia sua decisão aos seus 20 mil seguidores no Twitter. Mais surpreendentemente ainda, o seu número de seguidores não cai, em pouco tempo aumenta e ele continua sendo um influenciador de mercado.

Perguntas:

Se você fosse o líder da empresa, o que você faria?
Será que a empresa agiu certo alavancando o Twitter desse profissional?
A empresa pode alegar propriedade sobre o Twitter dele?
A empresa pode proibir que o ex funcionário continue usando o antigo Twitter?

A história acima é uma ficção, mas bem que poderia ser real.

Agora vamos para uma história real, que foi publicada no mês passado no site da BBC e no NY Times. Duas matérias que merecem ser lidas.

O resumo é simples: um ex funcionário está sendo processado por manter seguidores no Twitter que ele atraiu enquanto trabalhava na empresa.

Durante 4 anos, Noah Kravitz, 38 anos, "twittou" para a empresa Phonedog como @Phonedog_Noah. Durante esse tempo, conseguiu 17 mil seguidores no Twitter. Essa era a marca quando ele saiu da empresa em outubro de 2010, quando mudou seu nome no Twitter para @noahkravitz

Oito meses depois de ter deixado a empresa, a PhoneDog processou o ex funcionário, alegando que a lista de seguidores de @Phonedog_Noah era uma lista de clientes da empresa e que tinha investido recursos substanciais para construí-la. O processo contra o ex funcionário envolve a indenização de U$ 2,50 por mês por seguidor por 8 meses, o que dá um total aproximado de 340 mil dólares (segundo o NY Times são 370 mil dólares). Noah afirma que seu ex patrão autorizou que ele continuasse usando a conta depois que saiu da empresa. Hoje, janeiro de 2012, @noahkravitz tem mais de 26 mil seguidores.

Texto publicado no blog da CRN e no blog Midia8

Digite seu email

Um serviço do FeedBurner

5 comentários:

Carol Terra disse...

Caramba, Mauro, que "sinuca de bico"! Há pontos positivos e negativos em torno da questão de dar uma cara real ao Twitter da empresa: por um lado se tem personificação, gente de carne e osso tocando o perfil, se tornando fonte de referência etc. Por outro, se a pessoa vai embora, o perfil realmente pode ir junto e há uma complicação para a empresa. Acho que a saída é combinar os termos antes: se a pessoa sair, não poderá carregar o perfil que mudará de dono ou o contrário. O que é combinado, não sai caro, certo? Abs e excelente reflexão, como sempre!

Bruno Garcia disse...

Prezado Mauro,

Sou leitor do seu blog e gosto muito do conteúdo. Por acaso, estamos produzindo uma reportagem sobre a participação de médicos nas redes sociais e sobre como eles podem utilizar estas ferramentas para melhorar a relação com seus pacientes/clientes.

Esta matéria será publicada na Revista DOC Gestão em Saúde. Gostaria de entrevistá-lo para este material, trazendo exemplos do mundo corporativo. Tem interesse em participar?

Cordial abraço,

Bruno Garcia

Mauro Segura disse...

Carol. Concordo com você. Combinar antes, ter um guia e regras estabelecidas, etc. Isso tudo ajuda muito. O grande dilema é que muitas empresas se lançam em suas atividades nas mídias sociais sem estudar e planejar antes. Vale a pena também visitar outras empresas para conhecer o que está sendo feito. E, obviamente, buscar conhecimento profissional de quem entende e tem experiência. Abraços e obrigado por sempre colaborar com o blog. Mauro.

Mauro Segura disse...

Oi Bruno. Tudo bem? Sim, claro, podemos conversar. Será um prazer, apesar que meu conhecimento na área de saúde se limita aos papos que tenho com meu médico :)
Me passa seu email e vamos manter contato. Abraços e obrigado por visitar/colaborar com o blog.

Bruno Garcia disse...

Prezado Mauro,

Que ótimo você participar dessa reportagem com a gente!

Meu e-mail é bruno.garcia@editoradoc.com.br e meu telefone: 21 2425-8878.

Cordial abraço,

Bruno Garcia

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...