Gosto de escrever e comentar sobre gerações no ambiente de trabalho, portanto é comum as pessoas me perguntarem com qual geração em me identifico mais. Alguns me perguntam de qual geração eu me sinto parte. Eu sempre acho tais perguntas divertidas porque a geração, na verdade, não é algo propriamente ligado a idade do indivíduo, e sim ao seu comportamento, valores e credos. Com base nesse conceito uma pessoa de 80 anos pode ter um espírito muito mais jovem e empreendedor do que um adolescente em seus primeiros anos de independência de trabalho.
Eu sempre respondo que eu sou da geração XYZ, ou seja, uma combinação de todas as gerações.
Eu nasci em 1960, portanto sou nativamente um Baby Boomer. Cresci respeitando a hierarquia, sendo incentivado a buscar o sucesso profissional na frente das outras coisas, vendo o dinheiro como símbolo do status na sociedade, o que me tornou um ser humano muito focado em prioridades. Isso é totalmente "Baby Boomer" :) Mas tem mais.. sou da geração da TV (com todos no sofá da sala assistindo), vivi a ditadura no Brasil, fã alucinado do Pink Floyd e do Beatles, assisti o Raul Seixas fazendo sucesso com o "Maluco Beleza" e vibrei com o homem na Lua.
Confesso que muitas vezes me sinto como da geração X. Vivi o surgimento dos games (que saudade do Atari!!), assisti os hippies mas nunca fiz parte deles, tive uma vitrola portátil onde fazia as festas com meus amigos todo final de semana em casa, testemunhei o impeachment do Collor e vibrei muito com o movimento das Diretas Já. Senti na pele a hiperinflação e as diversas trocas de moedas no país, adoro a Rita Lee, Paralamos do Sucesso e Titãs. Conforme fui amadurecendo eu aprendi que o sucesso profissional não é tudo, e a busca de uma vida mais equilibrada passou a rondar as minhas decisões. Aos poucos incorporei características de X no meu coração Baby Boomer.
Vivi a chegada e a popularização do PC. Me tornei um ser digital, o que é totalmente geração Y. Mas não foi só isso. Mudei do walkman para um MP3 player, aprendi a gostar de música eletrônica, fui muitas vezes ao Rock in Rio, também aprendi a viver num país de moeda estável, que hoje é um dos BRICs. Curti os Mamonas Assassinas, vibrei com a entrada do Lula no poder mesmo não tendo votado nele, e ainda tenho na memória as cenas inesquecíveis de Ayrton Senna. Sou entusiasta da tecnologia e um ser plenamente conectado digitalmente. Tenho um blog há mais de 4 anos. Passei a ser uma pessoa mais questionadora e obstinada na busca do equilíbrio pessoal e profissional. Adoro colaboração, transparência e liberdade de expressão... e sempre carrego o meu celular comigo. Sou um Y :)
Nas minhas décadas de vida eu presenciei várias transformações e mudanças de paradigmas. Saí de um mundo fechado para um mundo aberto, de uma sociedade hierarquizada e controlada para uma nova sociedade aberta e livre, do conhecimento proprietário para um conhecimento colaborativo, da aparência para a autenticidade, da voz de poucos para a voz de muitos e do currículo impresso para o virtual. Vivemos uma época onde as coisas estão mais escancaradas e acessíveis. Conseguimos viajar pelo mundo sem sair de casa. Comunidades surgem e crescem num cenário impensável na década de 60. Eu passei por tudo isso e não somente sobrevivi, eu cresci, me desenvolvi e me adaptei... enfim, evoluí.
Sou um ser que ainda usa relógio... mas estou sempre de celular ligado. Sou XYZ :)
Texto montado com base em artigo da revista Galileu - globo.com
3 comentários:
Mauro, que texto fenomenal! To sempre de olho aqui, e esse é um dos meus posts favoritos. Ja ouvi tantas vezes que a gente que quer ser tudo acaba não sendo nada. Estamos nós aqui pra provar o contrário. Obrigada pelo blog!
E como vc, Mauro, existem milhares de XYZ (eu posso dizer que sou um desses tbm!!)
Muita coisa mudou, e nós mudamos juntos!!
Parabéns pelo texto!
Obrigado, Vivian.
Obrigado, Carol.
Que bom que gostaram. Mas me sinto XYZ mesmo, apesar que hoje, mais do que nunca, o lado X está pesando bastante... :)
Obrigado por colaborar com o blog. Abraços. Mauro.
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