Certa vez, num encontro inesperado no aeroporto, eu me deparei com um colega que eu não via há muito tempo. Fiquei feliz ao saber que ele acessava o meu blog de vez em quando para conhecer minhas histórias. Perguntei qual era o interesse e ele me surpreendeu ao dizer que estava pensando em ter um blog próprio.
Como executivo de empresa, ele enxergava naquilo uma forma de se aproximar dos funcionários e se tornar um executivo mais de vanguarda. Daí fiz a pergunta que sempre faço: "qual é a sua experiência anterior com mídias sociais?" A resposta veio rápida e certeira: "nenhuma". Na verdade ele tinha uma conta pouca acessada no LinkedIn. Coloquei a mão em cima de seu ombro, resgatando a velha intimidade de antigamente e falei: "por que você não abre uma conta no Twitter e no Facebook antes de tentar um blog? Brinca com isso e veja se gosta". Ele riu, mas entendeu o recado.
Passaram meses antes de encontrá-lo novamente no aeroporto, de forma casual mais uma vez, na fila do café. Ele me falou que tinha aberto uma conta no Twitter e outra conta no Facebook. Disse que não curtiu o Twitter e raramente acessava o programa. Afirmou que teve grande dificuldade para pensar no que postar e mais ainda em definir um propósito para gastar tempo em escrever num lugar onde ninguém poderia ter interesse. Já o Facebook ele gostou porque conseguiu acompanhar os filhos e alguns parentes que já se aventuravam por ali, mas me confidenciou que raramente escrevia posts, dava alguns "curtir" e que somente acessava tal rede social em momentos de total falta do que fazer. Ou seja, não existia nele a vontade e a necessidade de se conectar ao longo do dia. Por fim a pergunta fatal: "e o blog?" A resposta veio nua e crua: "Desisti. Descobri que não gosto disso, não vou dar atenção e dar prioridade. É melhor esperar um pouco mais".
Casos como esse não são raros. Conheço vários colegas de marketing e comunicação que passam pela mesma experiência. Infelizmente alguns colegas, por ansiedade e pressão, tentam forçar executivos a constituírem blogs e outras iniciativas de mídias sociais sem a devida fase de experimentação, tão necessária para assimilação e aprendizado.
Se você é profissional de marketing e comunicação, e o seu executivo chegar com esse papo de fazer um blog porque acha que é legal, convide-o antes para uma fase de degustação. Peça para ele escolher uma ou duas mídias e brincar: pode ser LinkedIn, Facebook, Twitter, Instagram ou Pinterest. Qualquer um serve. Não tem como criar relevância nas mídias sociais sem antes passar pela fase inicial de presença e experimentação. Ele precisa sentir na pele que as mídias sociais exigem planejamento, dedicação, propósito, vontade e perseverança. Oferecer esse período de experimentação permitirá que ele desista no meio do caminho se sentir que "isso não é para ele".
Enfim, não deixe o seu executivo tratar as mídias sociais como uma simples aventura.
2 comentários:
Realmente são poucos os executivos que estão presentes e que perseveram nas mídias sociais. Será que existe uma razão concreta para essa ausência? Ou apenas o fato de "não terem tempo" é o suficiente para justificar essa falta de interesse?
Mauro, você acredita que esse cenário pode ser mudado?
Muito bom, Mauro. Grande parte dessa atitude tem a ver com o próprio intraempreendedorismo. Experimentação de coisas com o sentimento de melhoria. Ativdades em que o risco é o alto e o resultado pouco claro. É precciso arriscar!
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