Texto publicado no blog Foco em Gerações
O garoto chegou ao seu primeiro dia de trabalho. Era um edifício enorme. Não sabia direito como fazer. Era uma grande empresa, com milhares de funcionários e admirada pelo mercado. Estava contente pela conquista do emprego e, na verdade, aquele era o primeiro de sua vida, os anteriores haviam sido estágios.
Terno novo, barba impecável, cabelo penteado. Chegou cedo. "Não vou vacilar no primeiro dia".
Calculou mal o tempo e chegou cedo demais. Eram sete horas da manhã e não havia ninguém na recepção para autorizar sua entrada. Como fazer? Resolveu sentar no sofá ao lado da recepção.
Poucos minutos depois, surgiu um senhor, que exclamou:
- Oi rapaz, bom dia, qual é o seu nome?
O garoto, surpreso, respondeu. E o senhor retornou:
- Meu nome é Miguel, o que está fazendo aí? Esperando alguém?
Ele explicou que era o seu primeiro dia de trabalho na nova empresa.
O senhor de cabelo branco sorriu, simpático, e respondeu:
- Vamos lá, entra comigo, vou tomar um café rápido. Quer ir comigo?
O garoto aceitou desconfiado, mas topou porque seria uma forma de entrar no prédio. Entram numa lanchonete linda, ao lado de um restaurante bem grande. O senhor entrou na fila, onde havia apenas duas pessoas, e perguntou para o garoto se ele queria comer algo. O garoto ficou ao lado dele.
"Quem é esse cara? Por que ele está fazendo aquilo?"
"Deve ser um aposentado"
"Quem se interessaria por um garoto perdido na porta do prédio que não fosse alguém com tempo sobrando?"
O garoto divagava nesses pensamentos...
O senhor fez muitas perguntas para o garoto: o que faz, do que gosta, porque ele tinha escolhido aquela empresa, quais eram os sonhos dele no trabalho. Depois de 5 minutos os dois já estavam sorrindo como se fossem velhos amigos. O garoto já gostava do "bom velhinho".
No final, o senhor falou para o garoto passar no décimo andar quando pudesse. E terminou: "Quando chegar lá, pergunte pelo Miguel, o pessoal vai saber dizer".
O resto do dia foi muito bom. O garoto conheceu pessoas legais, foi bem recebido, ficou impressionado com o gigantismo da empresa, que operava em diversas partes do mundo, e se assustou com a responsabilidade que iria receber.
No final do dia, o garoto, feliz, resolveu dar uma passadinha no décimo andar para falar com aquele senhor do café. Tomou o elevador e desceu no andar indicado. Era um andar diferente. "Que lugar bacana". A porta de vidro se abriu automaticamente e a secretária sorriu.
O garoto disse que queria falar com o Miguel. A secretária respondeu: "Ahhh, você é o garoto com quem o Miguel tomou café de manhã hoje cedo. Pode entrar". E apontou para uma porta grande ao seu lado. O garoto olhou, e havia uma plaquinha pequenina escrita "Presidente".
O garoto sorriu e, de repente, aquele senhor apareceu na porta. Pôs a mão no ombro do garoto e exclamou: "E aí? Paga o café?"
3 comentários:
Adorei esse post! Fiquei até emocionada... pena que com a loucura de hoje as pessoas só pensam em resultados, números, metas e esquecem que existem seres humanos por trás de tudo isso. Histórias como essa seriam devaneios ou realmente a saída para esse mundo louco em que vivemos? Abs.
Oi Mauro! Poxa, nao sabia que o blog tinha virado o livro! To sempre lendo aqui. Parabens!
Nossa, como identifiquei o saudoso Amorim. Que saudades. Costumava caminhar com ele por Ipanema. Gente finíssima.
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