segunda-feira, 20 de junho de 2011

Às vezes, meu filho faz cara de Mona Lisa: ele me olha, mas não está ouvindo

Texto publicado no blog Foco em Gerações

Dias atrás, entrei em um papo no qual quatro mães conversavam. Eu era o único homem da roda e fiquei só ouvindo. Todas elas falando sobre seus filhos e a dificuldade em lidar com a geração Y. Saquei um papel e saí anotando algumas frases.

“Hoje os filhos não querem mais sair de casa, pois tudo de que precisam, eles têm lá dentro: conforto, liberdade, comida, um quarto todo aparelhado, internet. Tudinho, tudinho”

“Antigamente, nós queríamos sair de casa porque não tínhamos nossa liberdade. Queríamos o nosso canto e a nossa intimidade, ganhar nosso dinheiro. Hoje, os nossos filhos têm o mundo dentro no quarto, têm toda a liberdade, trazem a namorada e se trancam no quarto”

“O quarto do meu filho é uma toca”

“É melhor deixá-lo trazer a namorada para dentro de casa do que deixá-lo passar a noite toda fora. Pelo menos, ele fica em um lugar onde sei que ele está”

“Digo para ele: Eu sou sua mãe. Você me tira do sério. Eu não posso mais bater porque você já é adulto. O que eu faço? Ponho você de castigo?”

“Uma vez, o meu filho disse para mim: Mãe, está surtando? Aí, eu virei e falei: E isso lá é modo de se falar com sua mãe?”

“Meu filho virou pra mim e disse: Mãe, eu já conheço você. Eu sabia que você iria reagir dessa forma”

“Eu disse para ele: Você só pensa em você. Primeiro você, depois você e sempre você. Sabe o que ele me respondeu? Eu aprendi com você”

“Eles não tomam iniciativa. Houve uma vez em que ele me ligou da rua, dizendo: Mãe, o pneu do carro furou. Me ajuda? Eu não sei como fazer”

“Ele sabe que o pai tem o poder financeiro. É o pai que paga as contas. Eu, mãe, não tenho poder. Ele virou pra mim e disse: Quem paga é meu pai”

“Meu filho, às vezes, chega para me contar uns segredos cabeludos. Aí, eu falo para ele: Não conta para mim, eu não sou sua amiga, sou sua mãe”

“Muitas vezes, eu converso com meu filho. Mas basta alguns minutos para ele fazer cara de Mona Lisa. Ele me olha, mas não está mais ouvindo. Houve uma vez em que ele virou para mim e disse: Mãe, quer saber? Eu estou perdendo meu tempo com você”

“Essa é uma geração que cansa. Sabe de uma coisa? Quer saber? Vai viver, vai quebrar a cara”

“Mãe, estou sem dinheiro, pode me dar 20 reais? Ele acha que é só pedir e pronto”

“Eles fazem tudo ao mesmo tempo. Como posso conversar, se ele olha o computador, o celular e a TV ao mesmo tempo?”

“É sempre bom conversar com vocês. É nessa hora que eu descubro que todas as mães do mundo estão com o mesmo problema”

Enfim, fragmentos da família moderna.

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6 comentários:

Silvestrin disse...

Achei super elaborado esse pensamento

E nele está a verdade sobre a

desfragmentação da família.

Larégia disse...

Sempre temos a tendência de olhar para o passado como se fosse melhor ou mais digno. Acredito que a ideia de família passou por uma remodelação em seu conceito, em seu significado. A família não está pior ou melhor. Está diferente. O nosso porto seguro pode ser outro. A relação com a minha mãe pode ser outra. Não significa ser ruim ou bom. Significa que as acentuações de determinadas características são simplesmente outras. Legal o post. @larissaregia

Mauro Segura disse...

Larissa. Que bom ler seu comentário. A minha cnclusão é a mesma. A família não está pior, nem melhor, está diferente, em várias dimensões. A sociedade toda está muito diferente. Abraços e obrigado por colaborar com o blog. Mauro.

André Rangel disse...

Mauro,

Super interessante isso. Tenho um filho de oito anos que às vezes se comporta como um adolescente mas no fim é mesmo uma criança de oito anos. Percebo que as crianças são reflexo da criação que recebem dentro de casa misturada com a sociedade atual.
Lembro bem, quando eu tinha oito anos, minha mãe apenas olhava para mim e eu ficava quieto no canto. Até hoje, ela olha e eu entendo. Os pequenos aprendem a questionar desde cedo, e é claro que se não impusermos limites, criaremos pequenos tiranos, mas concordo com a Larissa. O mundo de hoje não é nem pior nem melhor, apenas diferente. E nós precisamos realizar esta situação e não querer criar nossos pequenos (ou grandes) estritamente como fomos criados. É claro que existe um núcleo de valores e comportamentos inegociáveis, mas outras coisas como estudar, vendo televisão e almoçando é uma coisa normal, de nosso tempo conectado. Afinal de contas, nem tudo que fazíamos quando criança, resultava de fato em que nossos pais nos falavam que aconteceria ... eu por exemplo, nunca tive vitiligo, mesmo comendo quilos de pasta de dente Kolynos, ahhhhhhh :)

Mauro Segura disse...

boa André. Adorei seu comentário. Obrigado por contriburi com o blog. Abraços. Mauro,

Demetrio disse...

Dá pra tirar muita informação dessas frases, gostei \o/

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