Ontem participei do 2o. Fórum de Comunicação do Governo Federal no Nordeste, em Fortaleza, a convite do BNB - Banco do Nordeste. Achei o evento excelente. Aprendi bastante. Dentre as palestras e debates, eu gostaria de destacar uma: "A Regionalizacao da Comunicação". A apresentação de Flavia Filipini, Diretora do Departamento de Relações com a Midia Regional do SECOM (Secretária de Comunicação Social do Governo Federal), me chamou a atenção.
Flavia falou sobre a estratégia da SECOM de desenvolver a regionalização da comunicação do governo federal, que virou prioridade no segundo mandato do Presidente Lula. Ela citou várias ações interessantes, mas uma, em particular, me surpreendeu. Eles estabeleceram uma nova estratégia de comunicação para as entrevistas do Presidente Lula para a imprensa. Até meados do ano passado, o presidente dava entrevistas com foco nos grandes veículos. Tudo se concentrava na fala do presidente. Após as entrevistas, de forma bem tradicional, um release era distribuído para imprensa.
O foco na regionalização da comunicação provocou uma mudança na estratégia a partir de ago/07. Eles iniciaram um processo de coletivas regionais, fora dos grandes centros do sudeste "maravilha". Eis as principais ações implementadas para as coletivas do presidente:
- A Assessoria de Comunicação do SECOM viaja três dias antes do presidente para o local (cidade) onde a coletiva será dada. Viaja junto com o cerimonial, segurança e outros assessores. Antes, ninguém da SECOM viajava com o presidente, ou seja, eles tentavam fazer as coisas funcionarem de Brasília;
- As mídias regionais são chamadas para as coletivas junto com os grandes veículos. É comum ver, agora, veículos (jornais, TVs e rádios) de pequeno porte ao lado da Folha e da Bloomberg. Todos num espaço democrático e com mesmo espaço;
- Na véspera, um ou dois dias antes da coletiva do presidente, é realizada um coletiva no local com fontes federais e locais, mostrando parceria e entendimento entre os órgãos;
- Um release é distribuído no dia anterior à coletiva do presidente;
- A imprensa entra na coletiva do presidente sabendo do assunto, bem informada e preparada, em função dos passos citados acima.
O mais interessante é que essa estratégia inverte a forma tradicional de fazermos coletiva de imprensa, onde comumente guardamos, a sete chaves, todas as informações e segredos para a hora "H" da coletiva. Esse novo formato da SECOM explora intensamente o pré-evento, ou seja, cria vários eventos anteriores de grande intensidade, antes da coletiva do presidente. Taí uma coisa que muita empresa privada, que é exemplo de comunicação corporativa, poderia pensar. Segundo Flavia, os resultados conquistados por essa estratégia têm sido estupendos:
- Em 1 ano (de ago/07 a ago/08), foram realizadas 41 coletivas, em 28 cidades, em 16 estados. Desse total, 12 coletivas foram no interior, em cidades como: Mossoró (RN), Delmiro Gouveia (AL) e Tucuruí (PA);
- Foram levados para mídia regional 103 fontes federais, de 29 órgãos, como ministérios, bancos estatais e autarquias;
- A coletiva se mostrou um ótimo instrumento para as TV's. As matérias veiculadas têm, em média, 3 minutos. Em 1 ano, foram trabalhados 346 veículos da mídia regional.
Uma outra novidade que eles implementaram foi atender, de forma seletiva, pedidos de imprensa para o presidente via entrevista escrita. Ou seja, as perguntas são apresentadas escritas e o presidente trata de respondê-las também de forma escrita. Em 1 ano (ago/07 a ago/08) foram produzidas 27 entrevistas escritas com o presidente Lula, que foram publicadas em 46 jornais de 21 estados.
Como profissional de comunicação, eu fico satisfeito com essas mudanças de estratégia pois elas mostram que não existem fórmulas únicas de se trabalhar. Foi legal descobrir que o governo federal está preocupado com a mídia regional, pois acho isso fundamental num país continental como o nosso. Por fim, como cidadão brasileiro, é muito bom saber que a SECOM está sendo comandada por pessoas sérias, profissionais e com pensamento ousado, fazendo coisas diferentes e comprovando com resultados pragmáticos. Enfim, valeu o dia.
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