sexta-feira, 31 de julho de 2015

O Uber é a salvação dos taxistas

Nas últimas semanas se intensificou no país o debate Uber versus taxistas, mas acho que essa conversa pode ser a ponta do iceberg. A questão vai muito além do Uber, nós estamos discutindo a prestação e as opções de serviço de transporte dentro das cidades, esta é a discussão real por trás de tudo, e não apenas o fato do Uber ser regulamentado ou não.

O Uber é a bola da vez, mas na fila já surgem outros modelos de compartilhamento de transporte que podem colocar o tradicional serviço de táxi em risco. O Lyft, o Zaznu e a startup brasileira Tripda são exemplos de aplicativos de carona. Você baixa o aplicativo, marca para onde quer ir e o aplicativo oferece opções de motoristas cadastrados que topam dividir a corrida com você. A ideia por trás destes aplicativos, com alguma variação, é conectar passageiros e motoristas de uma maneira fácil, rápida e conveniente, para que todos possam viajar gastando menos. Cada participante da carona paga o custo. A startup brasileira Fleety permite o aluguel de veículos particulares. A ideia é utilizar os veículos que costumam ficar parados por muito tempo e geram despesas aos proprietários. No aplicativo, o usuário pode disponibilizar o seu carro para aluguel ou procurar um carro que atenda as suas necessidades. Daqui a pouco as locadoras de veículos poderão reclamar de que estão invadindo a sua praia. O Moovit é um aplicativo que apresenta as melhores rotas de transporte público para qualquer lugar em sua cidade. Ele compara as opções de transporte público disponíveis e oferece instruções detalhadas de todo o caminho até o seu destino. O Easy Taxi e 99 Taxi são exemplos de aplicativos que já causaram mudanças no tradicional serviço de táxi das cidades, beneficiando motoristas e passageiros, mas prejudicando as antigas estruturas de associações e cooperativas de táxis. Estes são apenas alguns exemplos de aplicativos que estão aí e que sacodem, de alguma forma, o território protegido dos táxis regulamentados.

Segundo a excelente matéria do Fantástico (de quase 10 minutos!!) veiculada em 26 de julho, o Uber já está presente em 59 países e em mais de 250 cidades. A cidade do México foi a primeira cidade da América Latina a regulamentar o Uber, onde os seus motoristas pagam taxa anuais. Em New York, os táxis amarelos tradicionais já são minoria em relação aos carros do Uber. São 13,5 mil táxis amarelos contra 15 mil carros do Uber (dados da NYC Taxi and Limousine Comission).

O caso do Uber oferece uma oportunidade de ouro para os taxistas se conscientizarem de que a sua sobrevivência depende da sua capacidade de virarem o jogo, de começarem a prestar um serviço de melhor qualidade e criar diferenciais. Não basta ter a licença e pagar os impostos, o taxista é um prestador de serviço público, e no mundo atual só sobrevive quem prestar um bom serviço, com preço justo e competitivo.

Eu vivo no Rio e, infelizmente, o serviço de táxi na cidade é ruim. Sou usuário, portanto afirmo isso por experiência própria sem precisar recorrer a ninguém. Obviamente que existem bons profissionais, mas na maioria das vezes o serviço de táxi na cidade é roleta russa. Não desejo aqui discutir a legalidade do Uber e de outros aplicativos, como os citados acima, até porque eu não tenho opinião fundamentada sobre isso, mas o fato do Uber estar causando debates e manifestações por todo mundo já é uma indicação de que realmente ele abala o status quo. E isso é bom... muito bom.

O que a maioria dos cidadãos deseja em transporte é um serviço bem prestado, honesto, seguro, confortável e com preço justo. O Uber surge no rastro da qualidade questionável do serviço regulamentado dos táxis. Não vejo o Uber como um concorrente desleal e nem como algo do demônio, como alguns têm escrito, mas como algo que vai trazer benefícios de alguma forma para o serviço de transporte prestado para a população. Posso estar sendo simplista, mas é assim que eu vejo.

É interessante ver a declaração de Ronaldo Balassiano, engenheiro de gerenciamento de mobilidade da Coppe/UFRJ: "Não se pode prescindir de um sistema de transporte que, embora individual, atende milhares de pessoas, reduzindo o número de carros particulares nas ruas. O curioso é que 90% dos táxis do Rio utilizam algum dos 15 tipos de aplicativos de smartphones para conseguir clientes. Usam a mesma tecnologia do Uber. Não se deve impedir novas modalidades, e sim buscar regulamentá-las".

O Uber é mais um capítulo na imensa lista de quebras de modelo que nós vislumbramos hoje na sociedade. Algo na linha do que o Airbnb vem fazendo no segmento de hospedagem, o Spotify na música, o TripAdvisor em viagens e o Netflix no entretenimento. É mais um que chega na festa a base de Extasy da evolução e da inovação de serviços. O cenário é bem simples: ou os taxistas melhoram seus serviços ou alguém vai tomar o lugar deles. É esta a discussão mais importante que deveria estar ocorrendo na comunidade dos taxistas. Existe uma mudança acontecendo na área do transporte individual e eles estão prestes a serem atropelados por esse tsunami.

É perda de tempo esperar que o Uber vá recuar em seu negócio e em seu propósito. O bode já está na sala, ninguém tira mais. Eu não estou defendendo o Uber como empresa, até porque não sei detalhes, mas eles recorrentemente não se posicionam como uma empresa de transporte. Veja a declaração da companhia: "O Uber ressalta ainda que não é uma empresa de táxi, muito menos fornece este tipo de serviço, mas sim uma empresa de tecnologia que criou uma plataforma tecnológica que conecta motoristas parceiros particulares a usuários que buscam viagens seguras e eficientes".

Quer saber a maior ironia de todas? Os protestos dos taxistas no último dia 24 de julho deu tanta visibilidade para o caso que levou o Uber a se tornar o aplicativo mais baixado pelas pessoas neste dia de protestos no Brasil. Esta foi a primeira vez que o Uber ocupou o 1º lugar entre os aplicativos gratuitos mais baixados na Apple no Brasil desde o seu lançamento no país em 2014, segundo os rankings da App Annie. O movimento de download foi 20 vezes superior ao de dias normais.

E aí? Alguém tem dúvida de quem vai vencer essa batalha?

Enter your email address:


Delivered by FeedBurner

quinta-feira, 23 de julho de 2015

[PODCAST] Vida de Trainee: Cuidando da imagem pessoal nas redes sociais


Nos últimos dois anos eu me viciei em podcasts, daí comecei a pesquisar e fui descobrindo a existência de podcasts maravilhosos. Alguns passaram a fazer parte da minha vida porque geram valor e propiciam ver as coisas sob outro ponto de vista. Um dos podcasts que descobri nessa jornada foi o Vida de Trainee.

O Vida de Trainee (VT) é um blog sobre carreira e desenvolvimento, plenamente focado nos jovens. Ele foi criado, inicialmente, com foco em programas de trainee, mas o seu conteúdo foi se expandindo ao longo do tempo. Hoje o site aborda temas bem abrangentes que vão além dos programas de estágio, como planejamento de carreira e desenvolvimento. Os podcasts são divertidos e muito úteis, e não mais somente para os trainees, pois abordam temas variados como "aprendendo a ter jogo de cintura", "carreira no setor público", "como fazer apresentações" e "planejando as finanças". Ou seja, interessa todo mundo.

O projeto nasceu em 2010, da cabeça de Cíntia Reinaux, pernambucana e apaixonada por RH. A ideia foi fruto da sua própria necessidade em procurar informações a respeito de carreira. Ela procurou, procurou, procurou e descobriu que existia uma lacuna, ou uma oportunidade para jovens falarem para jovens sobre carreira, que nem ela. Ela já tinha experiência de ter passado por diversos processos seletivos e sentiu vontade de compartilhar o que aprendeu e vivenciou nos inúmeros processos que passou. O projeto nasceu como um site, com cara de blog. Além do site, o VT também tem uma página no facebook, com incríveis 30 mil curtidas !!

Conheci o VT através da indicação de amigos. Imediatamente assinei o podcast no iTunes e passei a ouvi-los regularmente. Num determinado dia eu tenho a feliz surpresa de receber o contato da Cíntia me sondando para participar de um podcast. Fiquei super honrado e aceitei na hora.

O convite foi para falar sobre o uso das redes sociais dentro e fora das empresas. Como as redes sociais podem nos ajudar na carreira e nos diferenciar no mercado? Como as empresas se utilizam das redes sociais? Quais os cuidados? Como isso afeta a carreira? A pauta era essa, mas a conversa foi muito além de redes sociais. Falamos sobre carreira, a transformação das relações dentro das empresas em função das novas tecnologias e o "novo" relacionamento chefe-funcionário. Falei também sobre os conselhos que eu gostaria de ter recebido no início da minha carreira.

Para conferir, é só fazer o download ou dar o play abaixo:



Enter your email address:


Delivered by FeedBurner

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Segredos de Palestrante

Dias atrás eu fiz uma palestra para mais de 250 pessoas. Acho que eu fui bem. Depois de muitos anos fazendo apresentações, confesso que eu encaro com tranquilidade o palco e não fico mais tão nervoso como antes. Apesar dessa aparente tranquilidade, minutos antes de encarar o microfone e a plateia, o meu coração está a mil, sinto a insegurança infinita de que vou esquecer de falar algo importante e as minhas mãos suam frio o tempo todo. Não tem jeito, isso sempre acontece, mesmo convencido de que eu vou me sair bem. Quando faltam 15 minutos para começar, eu torço para o tempo passar rápido e para a tortura da ansiedade ir embora. O nível de adrenalina está no máximo.

Por outro lado, depois de 10 minutos da palestra iniciada, tudo entra nos eixos e me sinto plenamente equilibrado, minha mente está sob controle, minhas mãos param de suar e eu entro num estado de domínio absoluto. Daí para frente minha preocupação é outra, eu fico obstinado em criar conexão com a plateia. Passo o tempo todo olhando para as pessoas, buscando os seus olhos, como se estivesse conversando individualmente com cada uma delas. É assim que funciona comigo. Em resumo, não é somente você que treme quando tem que encarar um microfone.

Eu tenho outro segredo para contar. Em todas as palestras, eu repito, em todas as palestras, sem exceção, sempre aparecem as mesmas figuras. Nessa minha última apresentação aconteceu mais uma vez.

Veja só quem aparece em todas as palestras:

O dorminhoco: são aqueles que dormem descaradamente durante tooooda a palestra. O cara está ali, na sua frente, babando de sono. Os olhos completamente fechados, o tempo todo. Esse é profissional do sono... e é profissional porque ele dorme direitinho, empinadinho, sem nem balançar a cabeça.

O sonolento: diferentemente do dorminhoco, este curte a palestra com os olhos mareados. Acho que aquela voz no fundo dá soninho. Ele abre e fecha os olhos, quase sempre com a cabeça balançando pra lá e pra cá.

A esfinge: são aqueles que olham para você fixamente, sem mexer um músculo. Você não consegue ter a mínima ideia se o cara está gostando e entendendo o que você está falando. Não dá nenhum sinal, nenhuma pista. Da até para desconfiar se o cara está vivo.

O confirmador: esse é uma delícia. É o cara que passa o tempo todo balançando a cabeça afirmativamente. Basta você olhar para ele, em qualquer instante da palestra, e ele generosamente balança a cabeça, quase dizendo assim: "sim, estou ouvindo você e concordo com tudo. Você é espetacular".

O viajante: é o cara com a cabeça na Lua. O cara não olha para você. Ele está o tempo todo olhando para o lado, desenhando na folha de papel, conversando com o vizinho. Só o corpo está lá, o interesse ficou do lado de fora.

O sorriso maroto: sim, é verdade, têm uns caras que passam a palestra sorrindo para você. Você olha e ele sorri.

O digitador: o cara passa a palestra todinha digitando no smartphone. Eu sempre tento imaginar o que o cara está jogando. Será sudoku? Eu gosto.
O sofredor: eu não sei descrever muito bem esse tipo. Não é uma questão de expressão facial, mas sim de expressão corporal. Ele está largado na cadeira, transmitindo uma sensação de sofrimento, com a seguinte inscrição na testa: "não aguento mais, quando essa tortura vai acabar?".

E aí? Curtiu?

Existem mais tipos, mas estes são o mais pitorescos. Eles estão sempre presentes, independentemente do tempo e do tema da palestra.

Viu como é difícil se concentrar no palco com tantas distrações e coisas mais interessantes do que você próprio falando? Eu luto para não cair em tentação e ficar olhando para estas figuras, criando apelidos para eles.

Quer saber de um segredo final? Às vezes, quando eu sinto que o número de pessoas distraídas começa a aumentar, eu faço uma pergunta para plateia e crio um silêncio constrangedor. Surge uma espécie de "vácuo absoluto". Alguns segundos de silêncio são suficientes para as pessoas levantarem a cabeça, se fixarem no apresentador e tentarem entender o que está se passando. Quase todos fazem isso: os sonolentos acordam, o confirmador para de confirmar, o sorriso maroto fica sério e até o digitador larga o smartphone. A única exceção são os dorminhocos, estes nem sabem o que está se passando.


Enter your email address:


Delivered by FeedBurner

terça-feira, 7 de julho de 2015

Quatro mil emails não lidos? Pirei !


Cara, numa boa, eu estou pirando! Estou com mais de quatro mil emails ainda não lidos na caixa de entrada, mas isso é apenas a ponta do iceberg. Diariamente, recebo mensagens por email, pelo Whatsapp, pelo Linkedin, pelo Twitter, pelo Messenger do Facebook, pelos comentários dos meus posts em diversas redes sociais, pelos meus blogs, etc. E, pasmem, até por mensagem de voz no celular! Ah, tem também o Instagram, onde de vez em quando pintam umas mensagens.

Como gestor de marketing e comunicação de uma grande empresa, é natural que eu seja abordado com pedidos de patrocínios, apresentações de projetos, pedidos de entrevistas com executivos da empresa, envios de currículo, solicitações de emprego, entrevistas para trabalho de final de curso de faculdade, papos sobre carreira, agências desejando apresentar suas especialidades e serviços, etc. Tudo isso é muito legal e faz parte da minha responsabilidade. Eu gosto muuuito e procuro ler tudo o que recebo com toda atenção, mas confesso que está mais difícil dar conta do tsunami.

Ok, você tem razão. O problema é meu. Saber lidar com tudo isso faz parte do jogo. Talvez eu não esteja sabendo gerenciar as coisas e preciso repensar as prioridades de minha agenda. Eu aceito bem esse feedback. A questão é que o tratamento às mensagens que recebo cada vez me consome mais tempo e a conta não fecha.

A questão é simples: para cada email que eu enviar, certamente eu vou receber um email de resposta, pelo menos. Aliás, essa regra vale para qualquer mensagem em qualquer tipo de canal. Sabe aquela lei de Newton que diz que toda ação gera uma reação? É por aí.

Eu sei que não existe uma fórmula mágica. Eu sei que não vou conseguir aumentar o número de horas por dia, já que estamos limitados a ridículas 24 horas. E também não sou capaz de diminuir minhas horas de sono. Obviamente que não dá para delegar nada disso para ninguém. E seria inaceitável me tornar um ermitão e ficar inacessível.

A maioria das mensagens que recebo é pertinente, sobre temas interessantes, com pedidos e projetos bem legais. Porém, algumas delas são bem estranhas, com propostas que não fazem sentido e/ou abordagens heterodoxas. Parece que o emissor colocou apenas o meu nome, sem se preocupar se o assunto tinha pertinência ou não. Por isso, pego carona nesse post para deixar alguns recados para alguns "amigos".

Meu caro Jorge, eu não conheço você. Certamente você é gente boa. Mas, por favor, não envie mais pedidos de patrocínio para festa junina. Eu sei que é legal, eu também curto muito um salsichão na brasa, mas não vai rolar, entende?

Meu querido Rick, não mande emails com o título "Want to grab a coffee, Mauro?". Depois de três emails no último mês, me bateu curiosidade e fui pesquisar onde você está. Cara, você está na Inglaterra. Entende porque mandar um email me convidando para um café não vai funcionar?

Roberto, nós só estivemos juntos uma vez, foi num evento, quando trocamos cartões. Nem conversamos muito, lembra? Portanto, não é uma boa você me enviar um SMS no dia do meu aniversário me desejando parabéns como se fossemos grande amigos. Não tem cola, sacou? E, se mesmo assim você deseja continuar sua celebração virtual, apenas evite me enviar a mensagem no primeiro minuto do dia, logo depois da meia-noite, como foi da última vez.

Prezada Abgail, porque seus emails sempre começam com "há quanto tempo não nos vemos" se nós nem nos conhecemos pessoalmente?

Têm alguns emails que começam assim "O senhor ainda não analisou...", mas eu combinei em algum momento que ia analisar?

Uma vez recebi uma mensagem me convidado para um evento. Dizia assim, venha ao evento e ganhe uma "massagem especial". Fiquei com medo e nem passei perto.

Geraldo, por que você insiste em me convidar para eventos de degustação de vinhos se eu não bebo vinho? Já respondi isso tantas vezes.

Ah, e tem o pessoal que me chama de Mario.

Você, leitor amigo, não fique chateado se você enviou uma mensagem para mim e eu não respondi. Tenha certeza que sua mensagem está aqui comigo, em algum lugar, eu apenas ainda não li. Mas eu chego lá!

Enter your email address:


Delivered by FeedBurner
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...