sexta-feira, 29 de maio de 2015

Carta para o Café Brasil e Luciano Pires


Já escrevi num post passado que eu adoro podcasts.
Aliás, o meu post "Os 10 melhores podcasts do brasil" foi o maior barraco. Um monte de gente disparou mensagens por todos os lados (email, Twitter, Facebook, no blog M&M, etc) me bombardeando dizendo que minha análise era furada. Fui simpático com todos eles esclarecendo que aquela era minha opinião pessoal, que hoje em dia até mudou um pouco pois descobri uns podcasts legais para caramba :)

Ao longo dos últimos meses eu continuei consumindo podcasts alucinadamente, sou fã de carteirinha de alguns deles, mas tem um, em especial, que ocupou lugar no meu cotidiano: o podcast do Café Brasil, idealizado e comandado por Luciano Pires. Aliás, o projeto vai muito além dos podcasts, vale navegar pelo Portal Café Brasil inteirinho.

Ao longo dos meus mais de 6 anos do blog, o meu propósito tem sido fazer as pessoas pensarem, refletirem, aprenderem algo diferente e provocar reflexão sobre o ambiente de trabalho e nas relações das empresas com a sociedade. Por isso me identifiquei tanto com o Café Brasil, que nos provoca reflexão por algo muito mais profundo: o nosso papel como cidadão e construtor da sociedade que tanto buscamos.

Se existe algo que posso ajudar você, que chegou até aqui nesse post, separe um tempo para visitar o Café Brasil. Ouça um podcast, escolha um qualquer. O Café Brasil completa 10 anos, o que é uma marca extraordinária para quem produz conteúdo original, quase sempre questionando o que vemos por aí. É aquele barquinho atravessando o oceano.

Ao ouvir o programa 454, eu não resisti e escrevi um texto para Luciano Pires, que reproduzo abaixo. Eu não costumo fazer isso. Eu sempre disparo textos e comentários por aí, mas eu nunca reproduzo tal conteúdo aqui no meu blog, mas este é especial. São 10 anos de reflexão do Café Brasil. Fiz questão de escrever ao Luciano Pires porque o trabalho dele é algo tocante, profundo e que constrói um acervo e legado inestimável.

Enfim, curta o meu texto abaixo e visite o Café Brasil.

Olá, Luciano.

Parabéns pelos 10 anos de Café Brasil. Sou fã apaixonado do podcast e de tudo que você fala e publica.

Você é meu amigo íntimo, mesmo que não saiba disso. Está comigo nos lugares e horários mais impróprios, sempre cochichando no meu ouvido. Enfim, é uma consciência que me cerca e me alimenta de coisas interessantes. É o Tico... e também o Teco. Você diz coisas que faz a gente pensar. Algumas dessas coisas grudam na nossa cabeça e não saem.

Eu não me lembro mais em que episódio, mas teve um episódio que você falou mais ou menos assim: "Eu já andei por todo esse país e eu garanto que o Brasil não é exatamente o que vemos na mídia. O Brasil é bem melhor do que a imprensa mostra para gente". Certamente você não falou com essas palavras, mas foi assim que a mensagem grudou em mim. Eu lembro que você falou isso quando contou sobre sua experiência no interior da região centro-oeste... e ficou surpreso e encantado com o Brasil que descobriu numa região que, tipicamente, a imprensa insiste em mostrar como atrasada e repleta de más notícias como seca, enchentes, conflitos por terra, exploração de latifundiários, índios explorados, etc. Para coroar o quadro, Brasília fica lá... lá no centro-oeste. Você contou pra gente que descobriu um centro-oeste de progresso, com pessoas preparadas, com tecnologia avançada no trabalho agrícola e uma região encantadora de belezas naturais, com cidades onde as pessoas trabalham dignamente e uma percepção de país muito melhor do que algumas regiões no sul e no sudeste maravilha do nosso país.

Quando você disse que a mídia mostra um país diferente da realidade, parece que a minha ficha caiu, as nuvens se abriram, pois é esta a sensação que eu sempre tive. Porém, sempre pensei que a minha percepção era equivocada. Pensei que o meu otimismo e os meus "belos olhos" insistiam em ver a metade cheia do copo, quando o verdadeiro país é o lado vazio do copo, Não, não, é até mais do que isso, é o lado super vazio do copo, meio o "volume morto", sabe?

Fiquei entusiasmado com aquele rasgo de esperança citado por você de que o nosso Brasil pode ser realmente bem melhor do que vemos todos os dias na TV, nas rádios e nos jornais. Um país onde as notícias podem ser diferentes dos assassinatos, corrupção, serviços públicos deploráveis e vergonha. Um país diferente dos nossos lava-jatos rotineiros.

Estou pensando nisso desde que você falou aquilo. Toda vez que leio a notícia num jornal ou vejo um noticiário na TV, eu penso exatamente no lado cheio do copo. O que pode estar acontecendo de bom que contra diz o que estou ouvindo e assistindo? Confesso também que a minha paciência com a grande mídia brasileira está se esgotando, e por isso busco novas fontes de informação e aprendizado completamente diferente da máquina de moer cérebros da mídia tradicional. Aliás, esta seria uma forma diferente de cada brasileiro ajudar o país: mude a sua fonte de informação, busque alguém diferente, não ligue mais a TV no automático, cancele a sua assinatura de jornal de décadas e procure ouvir outras pessoas com pontos de vista diversos do seu. Saia da mesmice. Sacuda a sua rotina. É por isso que ouço o Café Brasil e muitas outras fontes alternativas que estão ajudando a abrir a minha cabeça.

Seria extraordinário se você pudesse fazer um podcast mostrando o Brasil verdadeiro que não vemos.
Não o Brasil do futuro ou o Brasil dos sonhos. Não o Brasil da desgraça do noticiário ou o Brasil da corrupção que o planeta nos enxerga. Mas o país verdadeiro. Aquele país que desconhecemos. Aquele país que está além da esquina da rua onde moramos.
Falar sobre o brasileiro verdadeiro.
Falar sobre o que acontece por todo esse Brasil gigantesco.

O que sabemos fazer... o que fazemos bem, além do samba, da floresta e do futebol, que nem somos mais tão bons assim.
Não estou falando de mostrar apenas um Brasil progressista... mas um Brasil realista.
Como estamos e quem somos nós quando botamos a cabeça para fora do nosso balde?
Como nos comparamos a Índia, China e Rússia?

Compartilha com a gente a sua visão de país, o que funciona e o que não funciona.
Como cada brasileiro pode ver o lado cheio do copo e como podemos encher cada vez mais esse copo? Mesma que seja com uma gotinha por dia.
Eu sei, eu sei.. você vem fazendo isso ao longo de todos esses anos... nos 10 anos do Café Brasil.
Você cutuca o nosso cérebro o tempo todo, mas conte para nós a sua visão do Brasil de hoje.
Como a imprensa poderia ser realmente contribuidora para tornar o Brasil um país diferente e melhor?

Temos um país de proporções continentais.
Segundo estudos, 15% da água doce do mundo está localizada no Brasil, nos rios e em grandes aquíferos que temos sob nossos pés.
Temos 22% da terra arável do mundo, mas apenas 17% está sendo explorada.
Comparando com o mundo, estamos entre os maiores produtores de grãos, carne, aves, café, chocolate, bebidas, minérios, aço, veículos, produtos de higiene, computadores, smartphones, etc. Eu poderia ficar aqui listando um monte de coisas.
Nós somos o 13o. país em volume de produção científica no mundo.
Somos o 4o. país na produção de energia através de fontes renováveis.
O Brasil lidera o ranking mundial de uso de biomassa na produção de energia.
O nosso povo é pacífico, ordeiro, gosta de trabalhar, é criativo, alegre e ousado.
Sabemos lidar com o improviso como ninguém. E, talvez, isto possa ser mais um problema do que realmente uma virtude, pois sempre nos sentimos seguros para ligar com o improviso. "Não faz mal, a gente vai lá e resolve".
Fala a verdade. É este o país que vemos nos noticiários todos os dias?
Tem alguma coisa errada na equação.

Por que não damos certo como país? Ou estamos dando certo e ninguém sabe?

Fico por aqui com este meu devaneio e na expectativa que você compre o desafio e conte pra gente o verdadeiro Brasil que nós não vemos.

Abraços para você, e os brasileiríssimos Ciça e Lalá.

Obrigado pela gotinha que ajuda a encher o copo todos os dias.

Ahhhhh... o programa que mais gostei nos últimos 10 anos foram 3...
O 436 - The Dark Side of the Moon que foi uma... porrada :)
A obra-prima 275 - Bohemian Rapsody, que é unanimidade...
e o 450, do Tico e do Teco. Desde então, sempre quando tenho que tomar uma decisão, eu coloco os dois para conversarem...

Abraços brasileiros. Mauro Segura


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domingo, 24 de maio de 2015

Você daria emprego para estes caras?

Pegando carona no último post sobre a campanha global da Coca-Cola contra o preconceito, aproveito para republicar um post meu antigo, super conectado com o tema "preconceito".

Uma vez eu publiquei um post chamado "Geração Y: a mais formidável da história da sociedade humana". O post deve ter incomodado pois recebi muitos "feedbacks" de pessoas dizendo que não concordavam com a minha opinião, que a geração Y não é essa coca-cola toda, etc. Eu entendi a reação, afinal eu havia escrito o post para provocar mesmo. O meu ponto era que nós, baby-boomers, em geral, somos preconceituosos e reativos quando falamos da geração Y. Aliás, é comum a geração anterior sentar o pau na geração seguinte.

Veja a foto abaixo. Olhe as figuras.
Me diga se você daria emprego para algum deles. Me diga se você investiria na startup company formada por essas figuras.


Você sabe quem são eles?

Veja quem está no canto inferior, lado esquerdo.
É Bill Gates com 23 anos. O sócio Paul Allen está no canto inferior direito.
O quadro mostra os primeiros funcionários da Microsoft em 1978.
Era uma startup company. O IPO da empresa só ocorreu em 1986.

Meu filho, que é da geração Y, sempre fala o seguinte:
"Aposto que em 78, se você oferecesse uma garagem e uns sanduíches, de vez em quando, pra essa galera trabalhar, eles botavam você como sócio com 10% e hoje você seria multibilionário".

E aí? Vai um sanduíche?



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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Campanha global da Coca-Cola contra o preconceito é um tapa na cara

Não sou muito de publicar campanhas de marketing aqui no blog, mas esta campanha global da Coca-Cola é muito bacana e me encantou.  Eu gosto de tudo que derruba preconceitos e este projeto nos desafia a rever o nosso conceito sobre estereótipos. Acho que o mundo precisa mais destas reflexões.

A campanha inclui filmes comerciais que apresentam personagens que sofrem com a primeira impressão que temos deles. Após este primeiro momento, onde o preconceito impera, o filme nos convida a refletir por mais algum tempo. É um tapa na cara.

O principal vídeo chama-se "Experiment". Nele, voluntários analisam retratos de pessoas desconhecidas e apresentam as primeiras impressões. Veja o que acontece depois.

Outros 2 vídeos relatam casos reais de uma vovó e de uma modelo. Por fim, o último vídeo apresenta um grupo de crianças que tipicamente sofrem bullying. O que está por trás de cada uma delas?

Veja os vídeos e se encante. Esse é um exemplo de como as marcas podem ajudar a sociedade a refletir sobre suas mazelas e desafios. Assim se constroem as grandes marcas.









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quarta-feira, 13 de maio de 2015

IBM é a marca B2B de maior reconhecimento nas mídias sociais


Saiu o B2B Social Media Report 2015 da Brandwatch, que faz um raio-X bem completo do comportamento das empresas B2B no mundo das mídias sociais.

Enquanto as empresas B2C se lançaram rapidamente no mundo das mídias sociais, as empresas B2B têm sido mais cuidadosas, até porque o ambiente de jogo é diferente. Embora as B2B estejam atrás das B2C na curva de adoção das mídias sociais, elas estão desenvolvendo formas originais e poderosas de municiarem as suas decisões com base em "insights sociais" coletados das redes online.

O excelente estudo da Brandwatch analisou a atividade online de 200 empresas B2B, mostrando sua evolução, desenvolvimento e as diversas aplicações e usos das mídias sociais no mundo B2B. Foram mais de 5 milhões de conversas capturadas da web.

Atualmente, 76% das marcas estudadas possuem contas no Twitter e no Facebook.  Em média, a conta no Twitter das marcas líderes B2B tem 47 mil seguidores, já no Facebook a média é de 211 mil fãs por conta. Surpreendentemente, a proporção de marcas com nenhuma conta ou nenhuma atividade no Twitter é muito alto: 42% .

O estudo mostra que as B2B estão cada vez mais presentes e ativas nas mídias sociais. A plataforma mais utilizada é o Twitter, que não favorece muito a conversa com os fãs da marca, já que o Twitter não é a melhor plataforma para o desenvolvimento de diálogos. Apesar disso, várias marcas não usam o Twitter apenas como via de mão única. Interpretando de outra forma, ainda existe um enorme espaço para as B2Bs aumentarem e se aprofundarem nas conversas online. O estudo afirma que as marcas estão perdendo a oportunidade de desenvolver conversas online com seus consumidores a respeito de "customer service", intenção de compra e feedback sobre produtos e serviços. Isso fica mais evidente quando o estudo compara os números das empresas B2B versus as B2C nas mídias sociais. Vale ver no estudo.

As organizações, de forma geral, trabalham com múltiplas contas em cada mídia social, tipicamente Twitter e Facebook. Uma estratégia comum no uso de várias contas é ter uma ou mais contas focadas em engajamento - principalmente na forma de ofertas e notícias da empresa - e outras contas para atendimento ao cliente e recrutamento.

Surge um líder evidente na análise global da frequência de conversas sociais online por país, a IBM, que é a marca mais citada em mais de 100 países. O estudo diz que parte desse sucesso pode ser resultado do uso generalizado dos produtos e serviços da empresa no mundo, mas os esforços consistentes, bem planejados e executados pela IBM nas mídias sociais não pode ser negligenciado. A IBM tem sido uma das empresas B2B com maior presença nas mídias sociais ao longo dos últimos anos, com atuação consistente e inovadora.


A análise global revela que a distribuição de menções reflete a cultura, a geografia e o estado sócio-econômico de cada país. Por exemplo, países ricos em petróleo como a Arábia Saudita, Qatar e Emirados Árabes Unidos, falam mais sobre marcas de energia, como ExxonMobil , BP e Chevron.

A análise da atuação das B2B no Facebook revela que mais da metade dos posts publicados pelas empresas contém uma foto. As empresas já descobriram que os posts com foto recebem maior engajamento. Da mesma forma, posts com vídeos alcançam ainda mais respostas do que os com foto, recebendo mais comentários do que qualquer outro tipo de post. As B2Bs entenderam que compartilhar contéudo via imagens e vídeos é uma necessidade, possibilitando formas inovadoras de relacionamento, além de aumentar o engajamento com todos os públicos.

Em resumo, vale muito a pena fazer o download e percorrer o estudo. As análises mostram que as B2Bs estão adotando de verdade as mídias sociais em suas estratégias de comunicação, porém ainda estamos apenas no início da jornada.


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quarta-feira, 6 de maio de 2015

Funcionários desejam ter uma comunicação diferente com os líderes das empresas onde trabalham


Uma vez assumi uma posição executiva numa empresa na qual as coisas estavam muito mal. Logo ao chegar, me surpreendi com o pouco caso do grupo em relação à gravidade dos problemas que os negócios da empresa estavam passando. Não demorou muito para eu descobrir que o problema era muito mais sério. Não havia pouco caso, o que acontecia, de fato, era desconhecimento. Os funcionários não sabiam o que estava se passando. A gestão anterior omitia os fatos e negligenciava a participação dos funcionários no debate dos problemas e desafios e, principalmente, das soluções.

Eu decidi virar a operação de pernas para o ar, e passei a fazer reuniões semanais com todo o time, independentemente da hierarquia. Eu colocava todo mundo no auditório, desde os gerentes mais seniores até os funcionários mais juniores, e abria o livro. Nessas sessões eu apresentava os problemas, os riscos, os números (muito deles super confidenciais) e convidava – na verdade eu convocava – todos, sem exceção, para virarmos o jogo.

Confesso que as reuniões geravam muito desconforto e apreensão nas pessoas. No entanto, a transparência e a honestidade na relação geraram engajamento do grupo, muitos fizeram sacrifícios pessoais doando tempo, cancelando férias, indo além de suas áreas de responsabilidade para ajudar outros do grupo, virando noites e em poucos meses saímos de mares turbulentos e entramos em mares mais calmos. Os resultados vieram. As reuniões de acompanhamento foram diminuindo. Em seu lugar começaram as reuniões de reconhecimento e celebração.

A partir dessa experiência, aprendi a duras penas que comunicação transparente e honesta é fundamental para o sucesso de qualquer grupo e seu líder.

Portanto, não foi por acaso, que um levantamento feito pela Love Mondays apontou reconhecimento e comunicação como as atitudes que os funcionários mais esperam dos presidentes de empresas. Love Mondays é um site que coleta avaliações anônimas de funcionários das empresas onde trabalham.

O Love Mondays perguntou aos seus usuários quais os conselhos que eles gostariam de dar aos presidentes das empresas. O levantamento foi feito de dezembro de 2014 a janeiro de 2015. O site analisou as opiniões de mais de três mil pessoas, procurando descobrir as demandas mais comuns dos colaboradores aos principais líderes das empresas. No final, o portal publicou um ranking com 10 conselhos.

O que me chamou a atenção foi que, entre os cinco primeiros conselhos, três deles estão intimamente conectados à comunicação:

1- dar mais reconhecimento aos funcionários
2- melhor comunicação com os funcionários
3- estar mais informado sobre o dia a dia das empresas

Numa era em que todos nós somos seres super conectados, participantes ativos em múltiplas redes sociais e com smartphones cada vez mais poderosos em nossas mãos, me surpreende o clamor por mais comunicação. Ou seja, tem algo que não está sendo bem feito pelos líderes das empresas. Está faltando comunicar e interagir melhor com os colaboradores.

A fórmula tradicional e antiquada de cartas, emails e revistas internas não está sendo suficiente. Os funcionários querem informação direta, sem intermediários, desejam trocar opiniões, participar de alguma forma e deixar de serem meros coadjuvantes nessa relação com a liderança das empresas. Isso representa uma forma diferente de fazer comunicação corporativa. É por isso que hoje se fala tanto em engajamento. Aliás, já se fala que os CEOs deveriam agir como chief engagement officers e que as organizações de comunicação dentro das empresas têm um papel fundamental nessa tarefa.

Segundo estudo da Hay Group, as empresas que melhor engajam seus funcionários podem ter receitas até 4,5 vezes maiores do que as demais. Por outro lado, conseguir fazer isso está cada vez mais difícil, pois a cabeça dos funcionários mudou muito nos últimos anos. As motivações e valores atuais são diferentes das do passado. Segundo a Hay, essa transformação está acontecendo devido à influência de vários fatores, entre eles, o estilo de vida digital, a convergência tecnológica, as mudanças demográficas, a globalização e o impacto ambiental. Com base nessas tendências e em seus próprios estudos, a Hay identificou os principais desafios que as companhias enfrentam para incentivar e envolver os trabalhadores. Não é surpresa que colaboração e transparência apareçam na lista.

Charlene Li, uma das consultoras mais conhecidas em liderança digital, novas tecnologias sociais e colaboração nas empresas, autora de vários livros best sellers, afirma que os líderes mais engajados e de maior sucesso têm três características em comum: escutam estrategicamente, compartilham informação e se utilizam de formas genuínas de engajamento. Para ela, o líder engajado é um construtor de relacionamentos de valor, dentro e fora das empresas, que rompem a barreira da hierarquia e usam novas formas de interação. Não deixe de ler o excelente artigo chamado "3 Things All Engaged Leaders Have In Common", escrito por Charlene para a FastCompany. Vale muito a pena. O artigo é uma adaptação do recente livro publicado por ela: "The Engaged Leader: A Strategy for Your Digital Transformation".

Numa entrevista para o jornal Valor, Eduardo Gouveia, presidente da Alelo, contou algumas de suas estratégias na busca de melhor interação com sua força de trabalho. Ele faz almoços com funcionários e procura trabalhar em lugares diferentes dentro da empresa para ter chance de conhecer e interagir com mais funcionários. Ele disse que, sempre que pode, vai ao banheiro em andares diferentes do prédio, para circular mais pelos corredores. Essas são formas simples e muito interessantes de melhorar a comunicação interna, mostram um executivo que pensa diferente e que realmente procura interagir com os diversos escalões da empresa. No entanto, essas atitudes devem ser encaradas como ações complementares a algo maior e mais abrangente. Certamente não atende integralmente a demanda e a necessidade de empresas com milhares de funcionários.

Algumas empresas já descobriram que a adoção de mídias sociais internas faz toda a diferença. Pense em uma rede corporativa interna, onde os funcionários podem conversar uns com outros, compartilhar conhecimento e emitir opiniões. Criar um ambiente colaborativo, aberto, transparente e em tempo real é uma necessidade atual. Esta é uma forma interessante de aproximar as lideranças das equipes mais distantes e remotas. Por mais que apareçam opiniões contrárias, minha experiência pessoal mostra claramente que as mídias sociais internas trazem mais produtividade e inovação para as empresas, além de mais satisfação e desenvolvimento para os funcionários.

Existem muito mais benefícios do que riscos na implementação e no uso de mídias sociais pelas empresas: comunicação direta, sem intermediários, quebra da barreira hierárquica, quebra da barreira geográfica, incentivo à inovação e à diversidade, aumento do sentimento de camaradagem e do espírito de equipe, ajuda no entendimento da estratégia da empresa, aumento do senso de pertencimento, cria referências, etc. Eu poderia ficar aqui enumerando muito mais razões.

Por outro lado, a entrada das empresas no mundo das mídias sociais precisa de planejamento, de objetivos definidos e de adequação à cultura da companhia. Não é algo simples, mas está longe de ser complicado. Já existem muitas empresas com histórias de sucesso que merecem ser estudadas, com lições aprendidas e bons exemplos de como fazer.

Os maiores riscos para adoção das mídias sociais nas empresas ainda residem no velho paradigma das empresas desejarem controlar o que rola dentro da empresa. Isso é um sonho impossível. Ninguém controla mais nada. Na era dos smartphones, internet, redes sociais e conectividade total, o controle virou história da carochinha, algo de tempos passados. O tempo agora é de participar e influenciar na conversa em vez de comandar e controlar a conversa. Portanto, esqueça o desejo de inibir a interação aberta entre os funcionários, em vez disso trate de criar ambientes dentro das empresas para as pessoas conversarem cada vez mais, de preferência através dos canais de comunicação da empresa, onde os papos podem ser vistos, acompanhados e compartilhados.

Voltando ao início do post, é este o ambiente que os funcionários desejam. Todos nós queremos ambientes mais transparentes e abertos, onde os líderes falem e compartilhem seus pontos de vistas, percepções, planos, objetivos e até, inseguranças. Ironicamente, a principal barreira para a adoção das mídias sociais pelas empresas continua sendo os executivos. Infelizmente, ainda existe um número significativo de líderes empresariais que não entendem o poder das mídias sociais como ferramenta de comunicação e engajamento dos funcionários. Existem várias barreiras. Fiz uma pesquisa anos atrás e cheguei a 10 principais barreiras, mas o resumo é que a maioria ainda acha que vai perder tempo nas mídias sociais, além de não ter certeza do benefício do diálogo aberto e descontrolado.

Enfim, a comunicação interna dentro das empresas precisa passar por uma transformação gigantesca. Os funcionários estão clamando por mais e melhor comunicação de suas lideranças. Cabe aos CEOs das empresas dedicarem mais tempo em suas agendas para as atividades genuínas de relacionamento com seus times, especialmente usando ferramentas sociais digitais. É tempo de mudança.


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