quarta-feira, 26 de março de 2014

Vem aí a escova de dentes conectada

Muito se fala que nossas vidas estão sendo drenadas pela internet. Estamos o tempo todo conectados às mídias sociais, com os smartphones nas mãos e pendurados em qualquer dispositivo ligado à internet, mas esta é apenas a parte visível do iceberg. Estamos no início da era da internet das coisas, onde objetos e dispositivos a nossa volta estarão conversando entre si através da internet e conectados a grande bases de dados, redes e sistemas. Tais dispositivos estarão funcionando com vida própria, tomando decisões e muitas vezes agindo sem a interferência humana. O intenso nível de miniaturização e da nanotecnologia está permitindo que cada vez mais pequenos objetos possam interagir e se conectar. Carros conectados, roupas inteligentes, eletrodomésticos que se interagem, etc. Tudo começa a se tornar realidade.

A novidade que vem por aí é a escova de dentes conectada à internet. Criada pela P&G para a Oral-B, a nova escova cibernética usará bluetooth para se conectar a um aplicativo que estará rodando no smartphone. O seu dentista ajudará você a programar adequadamente o aplicativo para que você tenha a escovação mais adequada, atendendo áreas de sua boca que precisam de mais atenção. E, melhor, a escova orienta em "real time" a sua escovação, provendo conselhos customizados para você a cada escovação, como sugerindo ao usuário a escovar mais determinadas partes da boca ou diminuir a pressão da escova sobre os dentes se você estiver exagerando na força. Você também poderá competir com sua família para ver quem escova melhor. Testes mostraram que a escova aumentou a escovação de menos de 1 minuto de duração para mais de 2 minutos. Veja a foto reproduzida do daymail.co.uk que resume bem as capacidades do dispositivo.

Será que precisamos mesmo disso? Será que precisamos ter aparelhos a nossa volta nos monitorando e dizendo o que fazer, para onde ir e vir? O Waze nos diz o caminho, o Whatsapp nos interrompe no melhor do almoço e o Tinder diz com quem devemos estar. Daqui a pouco estaremos todos usando Google Glass, iWatch, Galaxy Gear, computadores de orelha e, até quem sabe, Smarty Ring. Poderemos chegar num ponto em que não teremos mais vida própria e livre arbítrio, porque sempre teremos algo para nos orientar o que fazer, sempre com recomendações racionais e baseadas em fatos e dados coletados. Viver pode ficar mais chato e burocrático.

Enfim, está interessado no novo brinquedinho para botar na boca? O preço ainda não está definido, mas a nova escova deverá custar entre 200 e 300 dóláres. Sorriso bonito sempre custou caro, mas conectado a web é muuuuuito mais caro.



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domingo, 23 de março de 2014

Dá para Confiar no Endoserment do LinkedIn?

Semanas atrás eu recebi uma mensagem no LinkedIn de um sujeito que eu não conheço, com uma proposta esquisita. Ele dizia mais ou menos assim:

"Oi, Mauro, Meu nome é Fulano e acompanho o seu blog já há algum tempo. Admiro o seu trabalho..." e blá, blá e blá. No final da mensagem ele dizia que ia fazer um endorsement a meu respeito no LinkedIn e me pediu o mesmo como cortesia. Ou seja, o sujeito veio me pedir que eu fizesse um endorsement sobre ele, que nunca vi "mais gordo".

Respondi delicadamente que eu não o conhecia e portanto seria impossível citar qualquer referência ou endorsement.

Ele me respondeu dizendo que entendia o meu ponto, mas que eu poderia dar um endorsement mais genérico, citando algo mais comportamental, como "forte espírito de time", "determinado", ou algo do tipo. No final, para meu espanto, ele disse que isso já era uma espécie de prática de mercado, ou seja, "eu endorso você... e você me endorsa". E disse que todos respondem positivamente para ele.

Como assim?
Fiquei surpreso e decepcionado. A primeira percepção é que o endorsement do LinkedIn pode ser um tremendo engodo, onde pessoas escrevem e apertam o botão de forma inconsequente e descomprometida. A segunda onda no pensamento foi imaginar se os caçadores de talento na web estão realmente levando a sério os endorsements. Será que os RHs das empresas, que vêm usando fortemente o LinkedIn como um aliado confiável na busca de profissionais, têm consciência dessa "prática de mercado" citado pelo "meu amigo virtual"? Uma espécie de "tomá lá, dá cá"...

Infelizmente, eu estou inclinado a acreditar que uma boa parte dos endorsements no LinkedIn não são realmente confiáveis. Os relacionamentos na web, especialmente nas redes sociais, são voláteis, privilegiando mais o contato rápido e superficial do que uma relação mais profunda e densa, isso faz com que nossas "curtidas" e conversas sejam mais inconsequentes. Gostei do que li? Achei interessante?  Aperto o "curtir". Puxa, o meu amigo que não vejo há muito tempo escreveu uma coisa legal? Aperto o "like". E por aí vai... A impressão é que o endorsement pode estar se tornando uma espécie de botão de "Curtir" ou de "Like", onde a facilidade e a conveniência do pressionar de um botão pode transformar uma declaração em algo leviano, um pouco irresponsável e inconsequente.

E, por fim, em relação ao pedido do mais novo amigo virtual, eu fiquei devendo...

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terça-feira, 18 de março de 2014

Três Conceitos Errados em Marketing Digital

Dias atrás, li mais uma vez uma matéria antiga chamada “É preciso entender o que motiva seus consumidores a interagir com suas marcas”, publicada na revista Pequenas Empresas Grandes Negócios (PEGN). Foi uma entrevista do Professor Henry Jenkins, coordenador do programa de estudos de mídias do Massachussets Institute of Technology (MIT).

O professor Jenkins comenta a importância de as empresas monitorarem as redes na web para ouvir seus consumidores, entender suas preferências e motivações, bem como sobre o que e de que forma eles querem interagir. O pulo do gato na entrevista é quando ele lista três conceitos errados que as empresas praticam e que prejudicam a sua interação com os consumidores.

Usando as suas argumentações, e agregando a minha visão, eis os conceitos:

1- COMUNIDADES

As empresas acreditam, e ainda teimam, em criar comunidades ao redor de suas marcas. Poucas realmente têm sucesso. Trazer consumidores e admiradores para as comunidades proprietárias das empresas continua sendo custoso e difícil para as empresas. Conceitualmente, o caminho correto é as empresas entrarem nas comunidades já existentes, criadas por terceiros, mas aí há um desafio complicado porque, muitas vezes, as comunidades não aceitam tal entrada. As empresas devem pensar em si como um convidado dessas comunidades, que precisa entendê-las e respeitar as práticas e normas já existentes. O caminho é de diálogo.

2- CONTROLE

As marcas querem entrar nas comunidades, mas tendo o controle destas. Esta é uma cultura enraizada em quase todas as empresas, existe um temor da perda de controle, mas a verdade absoluta é que elas já perderam o controle há um bom tempo. Existe um sentimento de conteúdo proprietário e a eterna fiscalização sobre o que os clientes e consumidores estão fazendo com ele. O desafio agora é desapegar. As empresas têm que dar liberdade aos consumidores para que eles façam o que quiserem com o conteúdo produzido por elas. E entendam conteúdo da forma mais abrangente possível: texto, imagem, vídeo etc. Estamos todos em busca de um novo padrão de interação entre empresa e consumidor, que seja significativo, proveitoso e divertido para ambos os lados.

3 - CONTEÚDO VIRAL

Gerar conteúdo que se torne viral parece ser um sonho de consumo de todo marqueteiro. As empresas querem que seu conteúdo seja multiplicado na rede, mas o conceito está equivocado. “Viral” sugere a ideia de que os consumidores serão meros divulgadores das mensagens das empresas. O professor Jeckins fala em conteúdo "espalhável", ou seja, as empresas têm que pensar em seus consumidores como promotores de seus conteúdos. Imagine os consumidores criando conteúdos inovadores a partir dos conteúdos das empresas, gerando valor, distribuindo isso para comunidades específicas e conforme seus interesses. Ou seja, o especialista fala em consumidores promotores ativos dos conteúdos das empresas, e não em promotores passivos. A diferença parece sutil, mas não é.

São três conceitos simples, fáceis de entender, difíceis de praticar.


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