segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O executivo quer um blog? Convide-o para uma degustação

Certa vez, num encontro inesperado no aeroporto, eu me deparei com um colega que eu não via há muito tempo. Fiquei feliz ao saber que ele acessava o meu blog de vez em quando para conhecer minhas histórias. Perguntei qual era o interesse e ele me surpreendeu ao dizer que estava pensando em ter um blog próprio.

Como executivo de empresa, ele enxergava naquilo uma forma de se aproximar dos funcionários e se tornar um executivo mais de vanguarda. Daí fiz a pergunta que sempre faço: "qual é a sua experiência anterior com mídias sociais?" A resposta veio rápida e certeira: "nenhuma". Na verdade ele tinha uma conta pouca acessada no LinkedIn. Coloquei a mão em cima de seu ombro, resgatando a velha intimidade de antigamente e falei: "por que você não abre uma conta no Twitter e no Facebook antes de tentar um blog? Brinca com isso e veja se gosta". Ele riu, mas entendeu o recado.

Passaram meses antes de encontrá-lo novamente no aeroporto, de forma casual mais uma vez, na fila do café. Ele me falou que tinha aberto uma conta no Twitter e outra conta no Facebook. Disse que não curtiu o Twitter e raramente acessava o programa. Afirmou que teve grande dificuldade para pensar no que postar e mais ainda em definir um propósito para gastar tempo em escrever num lugar onde ninguém poderia ter interesse. Já o Facebook ele gostou porque conseguiu acompanhar os filhos e alguns parentes que já se aventuravam por ali, mas me confidenciou que raramente escrevia posts, dava alguns "curtir" e que somente acessava tal rede social em momentos de total falta do que fazer. Ou seja, não existia nele a vontade e a necessidade de se conectar ao longo do dia. Por fim a pergunta fatal: "e o blog?" A resposta veio nua e crua: "Desisti. Descobri que não gosto disso, não vou dar atenção e dar prioridade. É melhor esperar um pouco mais".

Casos como esse não são raros. Conheço vários colegas de marketing e comunicação que passam pela mesma experiência. Infelizmente alguns colegas, por ansiedade e pressão, tentam forçar executivos a constituírem blogs e outras iniciativas de mídias sociais sem a devida fase de experimentação, tão necessária para assimilação e aprendizado.

Se você é profissional de marketing e comunicação, e o seu executivo chegar com esse papo de fazer um blog porque acha que é legal, convide-o antes para uma fase de degustação. Peça para ele escolher uma ou duas mídias e brincar: pode ser LinkedIn, Facebook, Twitter, Instagram ou Pinterest. Qualquer um serve. Não tem como criar relevância nas mídias sociais sem antes passar pela fase inicial de presença e experimentação. Ele precisa sentir na pele que as mídias sociais exigem planejamento, dedicação, propósito, vontade e perseverança. Oferecer esse período de experimentação permitirá que ele desista no meio do caminho se sentir que "isso não é para ele".

Enfim, não deixe o seu executivo tratar as mídias sociais como uma simples aventura.

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terça-feira, 20 de novembro de 2012

O bom mocismo eliminou os rebeldes dentro das organizações

Por que as empresas hoje não estão inovando ou tendo ousadia? Porque o bom mocismo dentro das organizações eliminou os rebeldes. A afirmação não é minha, é de Walter Longo, que fez uma brilhante palestra na HSM recentemente. Eu assisti e anotei tudo. Aliás, o título desse post é dele também, foi ele que repetiu várias vezes que o bom mocismo eliminou os rebeldes dentro das empresas e que está faltando coragem hoje em dia nas empresas.

Eles diz que a maioria das empresas alega falta de recursos e processos para a escassez de inovação, mas a real razão é que as organizações estão expulsando os rebeldes de suas estruturas devido à política do "bom mocinho", do trabalho em equipe, da inteligência emocional e coisas desse tipo. As organizações estão tirando as pessoas que pensam diferente, que incomodam, que questionam e que falam muito “por que”. Está faltando espaço para a rebeldia, para os questionadores e para o pensar diferente.

"Ihhh, lá vem de novo ele. Lá vem o chato. O cara não concorda com nada. Lá vem ele questionar de novo a mesma coisa".

A obsessão das empresas em formarem grupos de visão homogênea e espírito de equipe acabam tirando o espaço para aquele cara que é “do contra” e que faz muitas perguntas. Ele logo se torna um intruso. As empresas hoje se preocupam mais em ter respostas do que perguntas, e isso tira o espaço para o questionamento, a transgressão e a ousadia. 

Walter falou algo engraçado: "Uma organização só de acomodados quebra em 3 anos. Uma organização só de rebeldes quebra em 3 meses. É fundamental que uma empresa seja resultado da mescla de acomodados e rebeldes". Ele disse que "estamos convivendo com uma geração de acomodados que estão se dando muito bem nas organizações. Os táticos assumiram o poder com uma excessiva visão de curto prazo. São lideranças que pensam igual, que não gostam de incomodar". Perdemos muito da intuição e dos sonhos dos visionários e idealistas de antigas empresas. O mundo hoje exige a volta não somente de profissionais para as organizações, mas também de amadores, pessoas que amam aquilo que fazem, pessoas que lutam por uma ideia, que incomodam e não desistem facilmente. "Ninguém questiona mais nada. E quando questiona logo surge alguém para falar que aquele sujeito está incomodando e não está adequado à cultura da empresa". 

Empresas acham importante disseminar cultura. E é mesmo, porém não é só isso. Elas têm que nutrir a diversidade, mas não é a diversidade somente de gênero e inclusão de minorias. Estou falando de pluralidade de opiniões, pensamentos e visões. As empresas têm que nutrir os rebeldes. "Se a empresa não tem capacidade de nutrir rebeldes, então ela não tem um futuro assegurado numa era onde a imaginação não tem mais limite".


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domingo, 11 de novembro de 2012

As empresas estão em busca de novos profissionais de marketing e comunicação


Não é novidade que o mundo está em constante transformação no aspecto tecnológico. O Brasil, com o crescimento da economia, o aumento de investimentos internacionais e o acesso da nova classe média às diferentes tecnologias, vem se destacando nesse cenário. Diversas situações estão mudando, como o relacionamento entre as pessoas; a globalização dentro das corporações e entre elas; a interação das empresas com os consumidores; e o tempo de resposta, que se torna cada vez mais um diferencial de sucesso para as companhias.
   
Hoje as pessoas podem ficar conectadas em qualquer lugar, 24 horas por dia. A internet móvel e a um preço acessível nos colocou em um patamar de comunicação bem diferente da década de 90, quando a conectividade com o mundo ainda estava engatinhando. E o uso massivo das mídias sociais criou uma rede gigantesca e poderosa de informação e interação social e profissional.

No ambiente corporativo, esse novo cenário está mudando não apenas a relação entre os funcionários, a empresa e seus clientes, como os próprios departamentos internos. Uma área que vem se transformando é a de marketing e comunicação.

Para ser um profissional de comunicação e marketing é preciso ser proativo, comunicativo, criativo, saber fazer eventos e muitas outras questões já conhecidas. Mas hoje as companhias precisam mais do que isso e, dessa forma, estamos vendo emergir um novo perfil do profissional na área. 

Hoje, o profissional de marketing e comunicação está envolvido com tudo que acontece na companhia onde trabalha. Ele precisa saber navegar dentro da empresa, estabelecer parcerias e desenvolver bons relacionamentos. Acabou a era do profissional isolado e trabalhando sozinho. Ter espírito conciliador, ser capaz de influenciar e engajar parceiros passa a ser condição de sucesso. Por outro lado, a empresa continua esperando que marketing e comunicação seja ousado e transgressor, que leve a empresa para um outro patamar de imagem e relacionamento com o mercado, portanto inovação e criatividade continuam sendo alicerces para esse profissional, que tem que gostar muito de experimentação, novas tecnologias e ser um condutor da introdução desse “novo” na empresa. Estamos falando de um novo profissional multimídia. Não basta apenas escrever bem, tem que saber produzir fotos, elaborar e editar bons vídeos e participar intensamente das redes sociais. Procura-se um profissional multi-tarefa.

As empresas estão cada vez mais em constantes transformações, trabalhos e projetos estão mais complexos, exigindo a capacidade de saber lidar com pressão e mudança contínua, trabalhar com equipes multi-disciplinares, em prazos apertados e desafiantes. Capacidade de liderar, integrar equipes e gerenciar projetos, bem como ter visão holística devem fazer parte do menu de competências.

A comunicação não está mais restrita somente ao departamento de comunicação corporativa. As paredes caíram. Comunicação externa e comunicação interna precisam trabalhar juntas e alinhadas. Hoje em dia, todos os funcionários são propagadores da marca da empresa, ou melhor, porta-vozes. Por isso, é essencial capacitá-los e torná-los agentes ativos nos programas de marketing e comunicação da empresa.

A enorme explosão de dados existente dentro das empresas permitirá o conhecimento e o melhor relacionamento com seus clientes. Plataformas computacionais sofisticadas possibilitarão que marketing e comunicação trabalhem com grandes massas de dados, sendo capazes de filtrar, analisar, gerar conhecimento, ajudar a empresa a tomar melhores decisões e obter um retorno de investimento de seus programas de forma mais assertiva e eficaz. Matemática e estatística passam a ser disciplinas importantes para o novo profissional, o que parece ser uma ironia para todos aqueles que optaram pela área para fugir dos números e fórmulas. Eu sempre brinco dizendo que estamos diante de uma nova disciplina chamada "matemarketing". Quem quiser se destacar nesse mercado, tem que substituir a aversão aos números pela vontade e determinação em aproveitar as oportunidades que já estão aí.

Enfim, não espere que as empresas e as escolas desenvolvam esse novo profissional. Elas não sabem disso... ainda. Essa missão é pessoal e individual, está dentro de cada um. Se você é profissional de marketing e comunicação, faça disso o seu mantra e prepare-se para uma carreira de sucesso.

Artigo publicado no jornal Estado de São Paulo em 21/10/2012 e no blog da CRN 

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domingo, 4 de novembro de 2012

Você é o que você publica

O texto abaixo é o original enviado para publicação na revista Itaú Unibanco edição 36, de julho de 2012. Por motivos de espaço o texto foi editado e reduzido na publicação impressa, mas aqui ele vai inteirinho.

Você já experimentou digitar o seu nome na barra do Google? O que aparece? As empresas fazem isso também. A discussão a respeito da implementação e do uso de mídias sociais nas estratégias de marketing e comunicação das empresas se tornou prioridade. Todas discutem como as mídias sociais podem ser suas aliadas para os negócios, melhorar o relacionamento com os clientes e o engajamento dos funcionários. Essa discussão é importante, oportuna e quase sempre carrega riscos inerentes a qualquer rede social, como reputação da marca, vazamento de informações e produtividade. Por outro lado, eu raramente vejo a discussão ocorrendo pelo lado do indivíduo. Estou falando de você, indivíduo multifacetado, que é ao mesmo tempo funcionário, cliente, consumidor e cidadão. Não é comum vermos provocações nas pessoas para que elas reflitam no que procuram e realmente desejam com suas presenças nas mídias sociais.

Como fazer das mídias sociais aliadas da sua vida profissional? Cada um de nós deveria estabelecer uma estratégia pessoal para a internet. Sempre brinco dizendo que um dia os currículos desaparecerão e serão substituídos pelos seus registros e rastros na web. Você será conhecido e reconhecido pelo que publica e expõe nas redes sociais, nada mais. Isso parece utópico? Talvez, mas não estamos distantes disso. Facebook, YouTube, Twitter, Google +, Orkut, blogs e muitas outras mídias sociais formam um arcabouço riquíssimo que registra tudo que você escreve, opina, publica, fotografa e filma. Que conhecer melhor uma pessoa? Combine os registros que ela deixa nas redes sociais e terá um belo retrato de como ela pensa, no que acredita, o que valoriza e de suas capacidades. No que você acreditaria mais? No currículo feito pela própria pessoa ou no conjunto de insights providos pelo que a pessoa expõe e publica espontaneamente? Portanto, pense muito bem no que faz nas redes sociais. Você é o que você publica.

A internet vem provocando radicais mudanças na forma como vivemos, nos relacionamos, trabalhamos, compramos, consumimos e tomamos decisões. E a chegada das mídias sociais acelerou tais transformações. Falamos num novo conceito de escala, aumentamos o numero de interações e de amigos em nossa cadeia de relacionamentos. A velocidade também mudou, é tudo ao mesmo tempo e agora, na velocidade da luz. Podemos conversar com amigos e interagir em qualquer lugar e a qualquer hora por meio de nossos dispositivos moveis, sejam eles smartphones, tablets, notebooks ou qualquer outra geringonça conectada à internet. Tudo isso é muito positivo, pois estamos falando de inclusão, engajamento e consciência. Não existem dúvidas de que a sociedade está muito mais antenada e consciente do que ocorre em suas vidas e de suas decisões.

A tecnologia abriu caminho e criou novas possibilidades, no centro de tudo está um novo ser humano, mais poderoso, autônomo e influente. Por outro lado, no mundo das redes sociais, cada um de nós está num telhado de vidro. Estamos mais expostos, disponíveis e acessíveis. Estar nas redes sociais, quase sempre, é abrir o seu livro da vida e colocá-lo em cima da mesa, numa biblioteca pública, onde qualquer um pode ler, folhear, copiar e distribuir por aí. Ao mesmo tempo em que as redes sociais trazem benefícios, elas também trazem riscos que são facilmente controláveis, mas eles existem e não devem ser negligenciados.

Interagir de forma instantânea faz com que tenhamos menos tempo para pensar, costumamos agir mais emocionalmente do que racionalmente, às vezes comentamos ou replicamos coisas que nos arrependemos mais tarde, e aí surge uma das mazelas da internet: tudo que você publica estará lá para sempre. Raramente algo pode ser apagado. Portanto comentários e publicações na web são como cicatrizes.

As mídias sociais mudaram o conceito de privacidade. E não é possível falar no assunto sem falar na geração Y. Tal geração é a mais formidável da história da sociedade. São jovens com a cabeça aberta, mais informados com o que acontece no mundo, mais flexíveis e curiosos, parecem se divertir sempre e estão muito mais preocupados com o meio ambiente e a sustentabilidade. É uma geração mais investigativa, que não aceita as coisas porque "são assim". É uma geração que cultua a colaboração e o relacionamento, que valoriza a velocidade, pois o mundo está aí "para ser curtido". São capazes de fazer várias coisas ao mesmo tempo. Adoram tecnologia porque ela aproxima pessoas e quebra barreiras. Enfim, os jovens estão balançando valores antigos da sociedade, como a questão da privacidade.

O conceito de privacidade dos jovens é completamente diferente das gerações anteriores. Eles revelam informações pessoais no intuito de se manterem conectados com o mundo nos mais variados aspectos, sejam eles sociais, econômicos ou profissionais. Mesmo quando adultos e com mais responsabilidades, a geração Y segue compartilhando informações privadas com frequência. Ter consciência dos riscos desse obstinado comportamento é muito importante.

Para todos os efeitos, num mundo onde todos escrevem sobre todos, todos os funcionários são porta-vozes da empresa. E isso realmente acontece, independentemente se o funcionário fala ao telefone, escreve um email, conversa no churrasco do final de semana ou comenta numa rede social. Em todos esses momentos, ao fazer qualquer comentário sobre a empresa, a pessoa está sendo um porta-voz. Portanto, representar bem a empresa em todos esses momentos deve fazer parte do comportamento do indivíduo. No mundo hiper conectado em que vivemos não existem mais limites entre o pessoal e o profissional, está tudo misturado. Portanto, ser transparente com consciência e seriedade é importante. Não esqueça: você é o que fala e publica.

Dicas de uso das Mídias Sociais:

- Seja autêntico. Alguns blogueiros participam anonimamente, usando pseudônimos. As empresas desencorajam tal comportamento em blogs, wikis e outras formas de participação online, quando relacionado a assuntos corporativos. Portanto, use o seu nome verdadeiro. Escreva na primeira pessoa. Informe que trabalha para determinada empresa, mas não esqueça de deixar claro que está escrevendo por você mesmo e não pela empresa.

- Nas redes sociais, a diferença entre o que é público e privado, pessoal e profissional, é muito tênue. O simples fato de você se identificar como funcionário de determinada empresa gera percepções sobre seus conhecimentos e sobre a empresa para seus acionistas, clientes e público em geral, e percepções sobre você por parte de seus colegas e gerentes. Portanto, se preocupe em gerar orgulho e valor para sua empresa. Certifique-se de que todo o conteúdo associado a você seja consistente com seu trabalho e com os valores e padrões profissionais da empresa onde trabalha.

- Escreva sobre o que você realmente conhece. Fale sobre temas de suas áreas de conhecimento. Se estiver escrevendo sobre um tópico no qual a sua empresa esteja envolvida, mas não for um especialista no assunto, é importante deixar isso claro para os leitores.

- O que você escreve é de sua total responsabilidade. Portanto use o bom senso. Seja criterioso. Não conte segredos e entenda a política de confidencialidade de sua empresa. Saiba balancear a transparência com critério.

- Se você cometer um erro admita-o. Seja rápido na correção. Não entre em discussões por conta disso. Ao postar num blog, você pode modificar um post anterior, desde que deixe claro que você fez isso.

- Se pensar em publicar algo que o deixe minimamente inseguro, pondere muito antes de pressionar "enviar".


Mais do que ter consciência no uso das mídias sociais, o importante é você ter uma estratégia individual na sua presença na internet. Existem 4 dimensões de comportamento no uso de tais mídias:

- ESTAR PRESENTE: Para estar presente, basta ter uma conta em uma ou mais redes sociais e observar.

- EXPERIMENTAR: Ser curioso, estabelecer conexões e entender a dinâmica das redes, ou seja, ter participação ativa em uma grande rede social, por exemplo: Facebook, LinkedIn e Google+.

- SER RELEVANTE: Compartilhar suas ideias e propagar conhecimento. Plataformas sociais como Twitter e blogs são ótimos para isso.

- SER EMINENTE: Produzir conteúdo exclusivo, aprofundar e compartilhamento conhecimento através de conexões fortes e duradouras. Isso pode ser feito através de qualquer rede social.

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