segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Volkswagen proíbe emails fora do horário de trabalho

Será que começaremos a ver diminuir o número de emails dentro das empresas, em troca de uma comunicação mais ágil e menos formal? Existe alguma esperança no ar.

Veja essa novela em 3 episódios:

Episódio 1
No início de dezembro eu li uma matéria que Thierry Breton, o CEO da Atos Origin, uma das maiores empresas de TI da Europa, quer acabar com o uso de emails dentro da empresa.

A alegação é aquela já conhecemos: o email não é mais um meio eficiente de comunicação. Fui estudar o assunto e descobri um press-release emitido pela empresa em fevereiro de 2011. Veja AQUI.

O plano do CEO visa incentivar o uso de mensagens instantâneas pelo Facebook e em outras redes sociais, e contempla o fim da troca de emails entre os funcionários da empresa até 2014. Algumas matérias na imprensa dizem que esse objetivo poderá ser alcançado em 18 meses. Segundo informações divulgadas pela empresa ao longo do ano, a redução de emails já alcançou 20% nos últimos 6 meses.

Breton disse que número de emails circulando na empresa é insustentável para o negócio. Também afirmou que os gerentes gastam entre 5 e 20 horas por semana lendo e escrevendo emails. E que, em 2010, os usuários receberam 200 emails por dia, sendo que 18% deles eram spam.

O próprio Breton afirma que não enviou um email interno nos últimos 3 anos (será verdade mesmo?). Ele usa isso como argumento para que os funcionários adotem mais rapidamente as mensagens instantâneas e as mídias sociais.

A Atos não é uma empresa pequena - é uma multinacional que possui 74 mil funcionários e atua em 42 países. Em 2010, a empresa obteve a receita de 8,6 bilhões de euros.

Episódio 2
No ano passado, uma pesquisa da Salesforce.com realizada com 1 mil trabalhadores do Reino Unido, indicou que 7 em cada 10 trabalhadores reclamaram que recebem emails com conteúdo irrelevante ou que não tem interesse nos emails em que são copiados.

A pesquisa também mostrou que o uso das mídias sociais está em franca ascensão no ambiente de trabalho. 46% dos pesquisados disseram que usam mídias sociais no trabalho todos os dias. Ao olharmos a geração de jovens trabalhadores com 20 e poucos anos, esse número salta para 56%. Acesse o release da pesquisa AQUI.

Existem muitas pesquisas equivalentes, confirmando o que cada um de nós sente no dia a dia: recebemos uma quantidade incrível de emails desnecessários, sem relevância, sem critério de prioridade e de difícil gestão.

Por outro lado, as mídias sociais surgem como algo magnético para a geração mais jovem de trabalhadores, que valoriza e curte participar de tais redes, pessoal e profissionalmente. No entanto, as empresas têm sido lentas na adoção dessas novas tecnologias.

Episódio 3
A Volkswagen da Alemanha, em um embate com os sindicatos, que sempre foram muito fortes e atuantes na Europa, tomou a decisão de desativar a função de envio de emails para os aparelhos Blackberry fora do horário do trabalho, limitando-a para 30 minutos antes e 30 minutos depois do expediente.

Tal decisão vale somente para os 1.154 empregados sindicalizados, de 6 fábricas da empresa na Europa, que recebem gratuitamente o Blackberry fornecido pela empresa. Para o restante da Volkswagen os emails continuam liberados.

A mensagem dos sindicatos foi clara: não é razoável que os trabalhadores fiquem acessíveis e disponíveis para o trabalho o tempo todo. Por trás disso aparecem estatísticas de doenças e perda de produtividade. Leia mais detalhes AQUI e AQUI.

O foco é criar uma fronteira mais clara entre o tempo pessoal e a jornada de trabalho dos funcionários da empresa. Essa é uma discussão muito atual em algumas empresas, que já começam a se pronunciar a respeito da invasão do trabalho nas 24 horas de vida de qualquer ser humano.

Essa novela de 3 episódios sinaliza que o problema dos emails está sério e gera impactos na produtividade, saúde e performance dos trabalhadores.

Isso tudo me lembra um post que escrevi a respeito de um debate que dizia que o "E-mail deve ser extinto até 2015”. Para o CEO da Atos isso parece ser mais do que verdade.

Eu, de minha parte, escravo absoluto dos emails, que cada vez mais parecem me envolver, continuo querendo contratar um Personal Email Killer. Aceito indicações !!! :)

Mas, por agora, ainda sonho com as "Ideias radicais para sobreviver à enxurrada diária de emails nas empresas" que publiquei meses atrás. Vai lá para conferir que a Volkswagen da Europa adotou a minha ideia número 3.
Aliás, cada dia que passo acho as minhas ideias ainda melhores!

Texto adaptado do original publicado na CRN e na Webinsider

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Um comentário:

Carol Terra disse...

Mauro, acredito piamente na inutilidade da maioria dos e-mails que recebemos. Agora, acabar com tudo parece um pouco radical demais para mim. Nem tanto ao céu, nem tanto ao mar: diminuir a quantidade de e-mails enviados e usar outros métodos mais ágeis de comunicação se faz imprescindível, da menor à maior organização existente. Muito bacana o post! Abs, @carolterra.

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